Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 7
Capitulo 7 – Amizades


Notas iniciais do capítulo

Saga 1 - Preparativos



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Capitulo 7 – Amizades

É difícil viver em grupo e não fazer amizades. É difícil você estar caminhando para a morte e não sentir-se com vontade de aproveitar a vida ao máximo.

Tendo 24 tributos na arena, a ideia era manter-se afastado de qualquer um, para facilitar as mortes. Mas, alianças eram tão normais quanto respirar. O convívio era tão natural, que ao final de três dias de treinamento era complexo demais para qualquer pessoa dizer que não tinha alguma afinidade.

Os carreiristas formavam um grupo de seis pessoas bem coesas. Amber a menina ruiva dos bastões e lanças. Ônix o jovem tanque. Steven era o ágil espadachim. Atalanta era faqueadora. Ainda compondo o grupo havia a menina que eles haviam apelido de canivete suíço, por conseguir fazer qualquer coisa virar arma. A harmonia era perfeita entre os cinco. Havia ainda um sexto integrante que parecia gostar de conversar. Carlos Neves era o rapaz de um folego incrível.

Carlos Neves vagava por todos os lados sorrindo e conversando com todos. Apesar de visivelmente fazer parte dos carreiristas, gostava de papear, em especial na hora do almoço. Seus amigos mais interessantes eram os tributos do 11 e do 12.

Negros e possuíam uma estatura mediana, os tributos do 11 eram realmente parecidos. Não pareciam ser uma ameaça real quanto a habilidades, mas definitivamente tinham agilidade com as mãos e conheciam de plantas como nenhum outro ali presente. Carlos havia se afeiçoado a eles pela quantidade de alimentos que eles conheciam. Falar de comida parecia ser algo que unia aqueles três.

Os tributos do 12 eram os mais expressivos depois do grupo de carreiristas. Fênix era o jovem que já trabalhava nas minas. Com isso possuía músculos desenvolvidos e habilidades peculiares em usar coisas para esmagar outras coisas. Ele até foi convidado a juntar-se aos carreiristas, mas recusou-se, porque sua amiga de distrito não queria. Flora já era uma mulher realmente. Ela não tinha nenhuma habilidade para lutas, mas conhecia de primeiros socorros. Carlos sempre ia até eles logo pela manhã, faziam juntos a camuflagem, onde riam a respeito de como se pode ficar sujo fosse dentro de uma mina ou em alto mar.

– O tal Carlos é bem carismático. - Diz Alex a Amabile. - Acha que é estratégia? -

– Eu não sei. Tipo, o pessoal que tem aliança com ele parece não gostar muito que ele fique conversando tanto com os demais. - Amabile olhou em volta enquanto estava na fila para fazer o prato para seu almoço. - Eu ainda estou pouco a vontade com tudo isso. Mas, acho que é legal ver alguém que está tentando aproveitar o tempo que ainda resta para se divertir. -

Alex concordou com a cabeça e com um sorriso. Por sinal, ele não poderia mais falar, já que de repente Carlos Neves estava sentado em uma mesa, junto com tributos do 11, fazendo sinal para que os dois se juntassem a ele.

– Vamos aproveitar, né? - Riu Alex. - Eles não podem nos matar agora. -

Os dois tributos sentaram-se a mesa para onde foram convidados.

– Aqui estamos hoje com nossos convidados do distrito 5. Sendo o deus dos raios e a anja de energia. - Carlos falava de forma animada. - Nosso tema do almoço de hoje é o de todos os almoços... Comida. -

– Hoje o Carlos está animado, mas também pudera... Não da para imaginar que tipo de comida se come no cinco. - Disse o jovem negro do 11.

– E este que nos falou foi Druw. Jovem que adora pães de alpiste e gergilim. - Riu Carlos. - E essa moça negra calada é Dalia. Seu gosto por milho só é afetado pela falta do mesmo em seu prato diário em seu distrito. -

– Pelo menos eu posso comer isso aqui. - Riu a menina. - Não liguem para esses dois, eles fingem que um dia tomarão o lugar de Caesar na apresentação. -

– Ele não pode viver para sempre! - Grita Carlos.

– Até parece que você pode sobreviver a arena. - Riu Druw.

– Eu posso sonhar, não é verdade? - Carlos questionava ao demais da mesa arrancando gargalhadas dos outros três.

Aos poucos os demais tributos juntava-se aos cinco rindo das piadas e das falas de Carlos e Druw.

– O que será que está rolando? - Perguntou Lirian a John que haviam chegado um pouco depois. - Será que agora Carlos fez amizade com todos? -

– Não acho... O grupo de carreiristas está lá no canto olhando feio. - John observou os dois grupos distintos. - E o que quer fazer, isolar-se, juntar-se a fanfarra ou visitar os leões? -

– Nós almoçamos com o Carlos ontem, e minha barriga ainda dói de tanto que eu ri... - Sorria Lirian. - Vamos passar um pouquinho de medo. Estou curiosa para saber porque eles nunca se juntam na fanfarra de Carlos. -

John deu de ombros e seguiu com Lirian na direção dos carreiristas que pareciam surpresos ao ver que eles não apenas não se juntavam a Carlos, como também caminhavam para a direção deles.

– Podemos nos sentar aqui? - Perguntou John. - Está meio barulhento lá na outra ponta. -

– E quem disse que queremos a companhia de vocês? - Questionou Atalanta irritada com a presença dos dois.

Lirian e John olharam o grupo e depois se olharam. Então acabaram sentando ali, mesmo sem permissão.

– Gosto do estilo de vocês. - Disse Onix. - Muitos nem se aproximam de nós. -

– Normal têm medo de nós. Afinal quem não fica assustado com nossas habilidades? - Questionou Atalanta.

– Deixe-os comer em paz Atalanta. - Disse Steven. - Eles já viram as habilidades e tão pouco parecem estar com medo. -

Lirian sorriu agradecendo por eles não poderem ler a mente dela. Ela tremia tanto por dentro que as vezes olhava para baixo para ter certeza que não estava tremendo.

– Só não os convide para nossa aliança. - Disse Atalanta de mal humor. - De esquisitos já basta Carlos. -

– Me parece bom que ele tenha com quem almoçar além de vocês. - Disse John comendo e escutando tudo aquilo. - Realmente dá para comer enquanto o cara fala naquela velocidade? -

De repente Canivete Suíço começou a rir e foi seguia de Amber. As duas até então estavam caladas.

– Vou ter que concordar carinha do sangue... Dá dor de cabeça ouvir ele falando. - Amber ainda ria. - Não imagino como Canivete conseguia ficar num barco de pesca com ele. -

– Eu nunca sai para pescar com ele. Sequer o conhecia até o dia da colheita. - A menina ria. - Eu teria o jogado no mar se fosse o caso. -

– E como é? - Perguntou Lirian. - O mar? Eu nunca o vi. -

– Pronto. Abriram a caixa de pandora. - Atalanta revoltada levantou-se. - Eu vou vou dar uma volta. -

Canivete começou a falar do mar para as pessoas da mesa. Tão logo, Carlos havia se juntado ao grupo, de repente, falando animadoramente do mar, junto com Canivete. Os demais migraram junto a Calors e os 23 tributos estavam todos escutando as historias uns dos outros.

Atalanta olhava aquilo com muita fúria. Balançava a cabeça não acreditando no que e presenciava.

– Acho que isso não acontece sempre. - Diz Fred assustando Atalanta.

Atalanta olhou surpresa, pronto para xingá-lo, mas percebeu se tratar de um mentor. Por Sinal Fred era realmente um bom mentor. Apesar de o 10 não ter tido vencedores há muitos anos, o distrito 10 estava sempre chegando entre os 8 sobreviventes desde que ele vencera o seus jogos.

– Na sua vez, você fez tantas amizades? - Perguntou Atalanta.

– Não sei dizer. - Diz Fred. - Quando você mata alguém, ficar se perguntando se ele era seu amigo, ou não, causa pesadelos terríveis a noite. - Fred olhou o grupo divertindo-se ao longe. - Mas, também viver sabendo que não aproveitou o que podia quando teve chances também é de tirar o sono. -

Atalanta torceu o nariz. Não precisava de outro tutor, fosse quem fosse, lhe dizendo o que fazer.

– Ei.. - Chamou Fred vendo a menina sair com cara de poucos amigos. - Eu não me refiro exatamente a eles ali. - O homem apontava o grupo. - Me referia a tudo. Comida, lugar diferente. Cultura diferente. Padrão de vida diferente. Imagino que por mais interessante que o Distrito 2 venha a ser, nada se compara ao luxo que um tributo consegue usufruir nesse período, não é? -

Atalanta não se deteve, apesar de ter diminuído para escutar tudo aquilo. Para ela aqueles questionamentos até fizeram algum sentido. Será que algum daqueles outros 23 em algum momento aproveitaram as regalias da viagem de trem, das comidas, da paisagem em sua volta. Do conforto dos colchões da capital, ou de qualquer outra coisa que existisse ali e tão somente ali? Ou será que como ela, todos estavam preocupados em como fariam para sobreviver e aquele era o único momento de descontração que estavam tendo antes de voltarem a dura e cruel realidade?

A verdade era que naquele ano quase ninguém estava fazendo aquilo, com exceção de Carlos. Pouco percebiam os detalhes ou se dispunham a brincar com as tecnologias do local.

O distrito 1 e 2 não costumavam fazer isso. Dedicavam-se a vencer. O Distrito 3 era quem construía aquelas coisas. No distrito 4 Canivete e Carlos se divertiam no andar, mas limitaram-se apenas a isso. No distrito 5 e 10 havia apenas foco em suas estranhas e misteriosas estratégias. Nos demais distritos talvez as pessoas estivessem curtindo as regalias, mas o medo da morte era sempre mais forte.

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– Foi um dia agradável. - Diz Amabile. - Já consegui aprender quase tudo que pediram-me. - Amabile se preparava para ir dormir, mas ficava perambulando pela sala a falar com Alex. - Não acha estranho não ter visto meu pai ou Selena, ou mesmo nossa acompanhante, durante o dia inteiro? -

– Estranho é... Mas, acho que temos que nos virar sozinhos também, não é verdade? - Sorriu Alex. - Amanhã já começam as entrevistas e ainda temos que treinar as nossas habilidades pessoais para apresentação. -

– Eu sinto dificuldades ainda com combate corpo a corpo. - Amabile sentou-se próximo a Alex. - Quero dizer, sempre imaginei que eu deveria matar a pessoa logo de uma vez, mas Selena me ensina a Imobilizar. -

– Bom, eu realmente estou treinando para usar as armas, mas... Agora que você falou-me, você está conseguindo entender qual o objetivo dos treinamentos da manhã? - Questionou Alex. - Tipo... Dança, rebolar, desfilar. Fora a quantidade de livros que nos deram para ler. -

Amabile de repente ficou com a face ruborizada. A vergonha dela naquele momento era nítida. Ela também não sabia o motivo de algumas coisas, mas sabia que algo estava bem errado. Clark já havia sentado para conversar com ela cerca de duas a três vezes, mas começava e de repente desistia.

– Eu já ouvi alguns vitoriosos falando sobre aprender etiqueta e a ser amável ao extremo quando se é vitorioso. - Ela balançou a cabeça. - Mas, só mesmo depois que se vence. -

– É verdade... Você conviveu com os vitoriosos do 5. - Respirando com calma Alex encarou-a. - Acha que temos alguma chance realmente? Digo... Confio na Selena e no seu pai. Mas, que tipo de estratégia é essa que eles estão montando, que nunca nos contam? - Ele olhou para os lados levantando-se e andando de forma elegante e com um olhar penetrante. - Para que aprender a fazer isso? -

– Eu fico meio envergonhada quando tenho que fazer o que a Selana pede. Mas, se houver uma chance de sobreviver, não acha que vale a pena fazer qualquer coisa? - Perguntou Amabile.

Alex não conseguiu responder. Ele tinha uma duvida grande quanto aquilo.

– Tem razão. Eu também não sei ainda. - Amabile suspirou. - Bom, vamos dormir que amanhã é dia da entrevista. -

Alex assentiu seguindo para seu quarto. No caminho ele parou fechando os olhos. Cabelos dourados. Uma voz aveludada. Olhos como joias. Um sorriso gostoso, ainda mais quando se está com vergonha.

– Mesmo não gostando disso... - Alex suspirou. - Isso causa um desejo. -


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Notas finais do capítulo

Quanto um futuro negro e sombrio pode fazer o mundo mudar aponto de todas as crianças do mundo mudarem a ponto de nunca demonstrarem ser crianças e adolescentes?