Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 6
Capitulo 6 – Habilidades necessárias, treinamento


Notas iniciais do capítulo

Saga 1 - Preparativos



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Capitulo 6 – Habilidades necessárias, treinamento para sobrevivência

Se você reúne um grupo de pessoas, joga em um ambiente hostil e diz que apenas um poderá sair de lá é certo que brigas irão começar e que logo mortes irão acontecer. Mas, que tipo de mortes irão acontecer? Assassinatos? Acidentes? Doenças? Fome? Sede?

Para os jogos vorazes não havia coisa pior do que ver um tributo morrer sem que ele esteja protagonizando uma grande cena de ação, ou ao menos de suspense. Era morrer pela espada, ou pelas garras de um bestante ou forte armadilha.

Os organizadores dos jogos detestavam mortes fracas. Não atraia o publico. Não chocava. Assim como não dizia tenham medo. Para que isso não ocorresse, além dos mentores era dado aos tributos professores que lhes ensinariam a arte da sobrevivência na arena.

Alguns dias para treinarem algumas habilidades. Camuflagem. Armadilhas. Nós. Cozinhar. Acender um fogo. Encontrar água. Manusear armas. Melhorar seu condicionamento. Os tributos eram jogados em uma espécie de academia de sobrevivência, onde cada qual precisava adquirir, ou melhorar, talentos.

Para motivá-los, ao final do treinamento, cada tributo tinha a chance de demonstrar suas habilidades para os organizadores que lhes atribuiriam uma nota, conforme ficassem surpreendidos. Essa nota parecia idiota, mas intimidava os inimigos e atraia os patrocinadores. Claro que somente se a nota fosse alta, pois se fosse baixa, era sentença de morte.

Os professores achavam certa graça que entrava ano, e saia ano, as coisas se repetiam. Pessoas tentando esconder habilidades. Pessoas buscando ganhar habilidades. Pessoas procurando alianças e pessoas fugindo de alianças.

Não havia passado mais do que uma hora e havia um grupo já formado. Pessoas de porte atlético e que jamais escondiam suas habilidades. Habilidades que não deveriam existir, mas existiam, contrariando as próprias regras dos jogos.

Jovens que secretamente, ou de forma escancarada, treinavam para que quando fossem chamados aos jogos estivessem aptos a serem vitoriosos eram chamados de carreiristas. Uma termo criado em especial para o distrito 2, mas que era usado de forma geral a todos que mostravam aptidões pouco prováveis.

Quando você inicia uma profissão, antigamente, você poderia ascender a posições e cargos mais alto, para tanto você traçava um plano de carreira, ou seguia o plano de carreira que seu local de trabalho possuísse, se possuísse.

A carreira profissional mais conhecida, não importava qual momento da história estivesse a sociedade, é a carreira militar. Justamente a especialidade do distrito 2. O distrito 2 treinava pessoas para serem pacificadores. Logo os jovens, desde cedo acabavam sendo submetidos ao condicionamento militar. Quando eram selecionados para os jogos, ou se voluntariavam, estavam de frente para oportunidade de subir em sua carreira, ganhando título de campeão e mais forte de seu distrito, sem ter que viver toda a carreira militar dos pacificadores.

Ser um carreirista era basicamente estar se preparando para os jogos, para acender de posto.

Os carreiristas já haviam formado um grupo relativamente grande. O distrito 1 normalmente juntava-se ao distrito 2. Algumas vezes, como era o caso esse ano, o distrito 4 juntava-se a eles.

O distrito 1 tinha Amber Wazor que era muito habilidosa com bastões e lanças. Ruiva dos olhos castanhos, seu corpo demonstrava uma elasticidade e firmeza que assustava até os professores. Ela não parecia ter habilidade para jogar a lança contra um alvo distante, mas estocava com facilidade mantendo um perímetro seguro entre ela e qualquer adversário.

Sorte, ou azar, os tributos não lutavam entre si durante os treinos. Desta forma Amber quando enfrentava os professores com o bastão, ou a lança nos bonecos de treino, parecia sempre desanimada e esperando algo mais desafiador. Sorte não terem de sofrer antes da arena. Azar se aquela ansiedade fosse acumulada.

No entanto, seu parceiro de distrito parecia feliz. Ônix Tank era habilidoso no corpo a corpo. Olhos negros e cabelo raspado. Parece um tanque sendo um dos mais musculosos. Realmente era um jovem gigante e o apelido de Tanque já corria por entre todos os tributos, principalmente por ele sorrir, após derrubar, facilmente, um dos professores de luta.

Ambos com 18 anos, foram eles que iniciaram a abordagem dos demais tributos ditos carreiristas. Eles se aproximaram do distrito 2 assim que viram o quão afiados eram com as laminas.

Atalanta Old era uma jovem de 17 anos que manuseava facas em um velocidade grande. Até arremessava as facas por distancias consideráveis. Ela possuía um cabelo curto, quase que cortado como o de um garoto.

Steven You era o que se chamaria de oriental. O garoto era muito veloz com uma espada, e era nítido que tinha muita habilidade e flexibilidade no corpo.

Não era difícil ligar Atalanta e Steven aos dois guerreiros da carruagem. Realmente eram perigosos de se ficar olhando. Os quatro juntos já ofereciam um perigo e tanto.

– Não deveria haver gente assim aqui. - Disse Lirian olhando assustada para os carreiristas. - Parece que eles treinam para isso desde que nasceram. -

John fez sinal para ela não falar. Ele foi gentil ao fazer aquilo e sorrindo para ela a encaminhou para a área de nós.

– Tome cuidado com o que fala e tente não demonstrar tanto medo. - John cumprimentou rapidamente o professor, visto que ele estava sozinho em sua área de ensino. - Você não pode deixar que eles sintam você frágil. Você é uma pessoa acostumada a sangue e a materiais cortantes. Essa é a nossa vantagem. A vantagem que nosso distrito tem. -

Lirian compreendia, mas não deixava de se assustar. Ela viu o motivo de os tributos do quatro terem sido recrutados. O jovem vestido de mergulhador no desfile estava prendendo a respiração por mais de quatro minutos e parecia tão bem e a vontade que ela duvidava que ele fosse humano. Já a menina parecia que transformava qualquer coisa que tocava em uma arma. Ela tirou o sapato e amarrou os dois cardaços fazendo deles uma arma que derrubara o professor. Seus próprios cabelos se transformaram em uma arma, pois usou-o para tentar enforcar outro dos professores.

John e Lirian apreendiam sobre os nós com calma. John até conhecia vários, mas sentia que não deixar sua amiga Lirian sozinha era o certo a se fazer naquele momento. Fred havia lhes dados prioridades para aprender. Fazer fogo, como manusear objetos cortantes, aumentar força ou flexibilidade, aprender a arremessar coisas era definitivamente uma perda de tempo. Eram coisas que ou eles sabiam, ou morreriam tentando replicar nos dias de treino.

Por sorte, manusear ferramentas de corte e acender fogo era o que aqueles dois sabiam fazer. Dadivas do distrito 10. Fred orientou que eles aprendessem nós e armadilhas, pois seria essencial. Depois eles deveriam aprender sobre camuflagem. Por fim eles aprenderiam a fazer armas, afinal as chances de conseguir uma arma seria pequena na cornucópia. Era o que eles mais precisavam de acordo com Fred. O restante o próprio ensinaria.

Lirian e John confiavam em Fred, que estava confiando no plano de vitória criado pelo filho.

– Escute... Você sabe, onde estão os tributos do cinco? - Perguntou um dos professores, a outro, enquanto via John e Lirian repetindo o que haviam acabado de aprender.

– Não... Mas, ainda é cedo. Devem vir apenas depois do almoço. - Disse um outro professor.

Aquilo não havia passado despercebido aos ouvidos de Lirian. Ela tentou se lembrar como eram os dois que faltavam, mas o fato era que ela não havia prestado muita atenção no desfile.

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– Vamos repassar. - Clark com uma prancheta falava aos dois jovens, vestidos com moletons sentados no sofa a frente deles. - Manuseio de facas. Camuflagem. Plantas. Fogo. Água. Cozinha. Nós e armadilhas. Primeiros Socorros. - Dizia Clark. - Os dois vão passar por esses locais. Podem passar por mais, mas saiam de lá sabendo isso. -

Os dois assentiram.

– Vocês sempre terão a parte depois do almoço para isso. Então aproveitem bem e tentem ficar juntos para se sentirem mais a vontade. - Dizia Clark. - Amabile, você fará luta corpo a corpo também. - Clark colocou a mão na própria cabeça. - Parece a coisa mais absurda do mundo um pai dizer isso para uma filha... Mas aprenda a quebrar braços, pernas e pescoços. Não é muito difícil a partir do momento que conseguir agarrar a pessoa. -

Alex riu da situação. Clark e Selena tinham criado um plano, mas eles ainda não sabiam do que se tratava. Apenas seguiam estritamente o que eles falavam, com o máximo de dedicação que possuíam.

– Alex. Precisa aprender a usar uma arma de longa distancia com precisão milimétrica. Pelo que sei é inteligente. Então acredito que dardos em zarabatanas ou arco e flecha venham a ser bons nesse caso. - Clark ponderou. - Nenhum dos dois precisa de força e a mira dos mesmos é mais refinada conforme o calculo do ângulo. E isso eu sei que você sabe fazer, calcular os ângulos, certo? -

– Sei... - Alex parecia preocupado. - Mas, quais as chances de eu encontrar uma dessas armas? -

– Nisso você está certo. - Clark ponderou. - Arco e Flecha é mais garantido de se ter na arena. Mas, eu vou ensinar aos dois a fazer armas. Zarabatanas são muito simples de fazer, independente do lugar. -

Clark moveu-se rapidamente para frente deles. Pegou a caneta que fazia anotações desmontando-a. Logo, ele tinha o tubo da caneta como uma zarabatana. Cortou rapidamente um pedaço de papel. Colocou na boca e mascou. Logo, ele lançou pequenas bolinhas pelo canudo zarabatana contra os dois que começaram a correr, rindo da situação.

– Agora vejam. - Disse Clark.

Ele pegou o ziper de sua blusa e foi até a uma das plantas de enfeite do local. Os dois jovens se aproximaram. Ele passou com força o ziper no caule da planta, fazendo um talho, fazendo a seiva da planta escorrer um pouco.

Alex e Amabile ficaram olhando atentos ao que estava sendo feito. Clark estava ensinando a construir uma nova zarabatana, mas desta vez, com plantas.

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Era um restaurante pouco movimentado, mas a comida era sempre preparada a mão, então para muitos o gosto era muito mais delicioso do que os feitos pelas máquinas automáticas. Havia um certo pesar em esperar para a comida ficar pronta, mas para mentores e acompanhantes que tentavam conseguir seus patrocínios, era perfeito para a arte do convencimento.

– Deixa-me ver se entendi. - Um elegante homem falava pausadamente enquanto saboreava um prato exótico. - Selena Sega, do distrito 5, a mentora mais ardilosa que já vimos, está pedindo meu apoio para que aqueles anjos sobrevivam a arena? -

Selena havia deixado as instruções do dia para Clark, enquanto ela cuidava pessoalmente de conseguir os primeiros patrocinadores, que seriam na verdade extremamente importantes para a sobrevida no primeiro dia.

– Eu concordo que seria uma pena perder aquela anjinha na arena. - O velho de repente passou a língua pelos lábios como se tentasse saborear ainda mais o sabor de algo. - Mas, a verdade é que as chances de qualquer tributo conseguir dadivas no primeiro dia é muito pequena. -

– Por isso estou aqui te oferecendo a chance de inovar. Inovamos na entrada e inovaremos na arena. - Dizia Selena. - Não se esqueça que passaremos algum tempo na capital após a vitória. Não seria interessante poder desfilar ao lado de um belo vitorioso? -

– Isso dizendo que a Anja Amabile vencesse. Não podemos esquecer que vocês ainda possuem o deus dos Raios Alex. - Sorriu o senhor. - Que também pode até ser uma companhia interessante como segunda opção. -

Naquele momento Selena deu um pequeno sorriso, que mais parecia um pequeno convite ao desejo oculto que havia sido mostrado pelo senhor a sua frente.

– No entanto... Estamos jogando com hipóteses futuras. Eu só ganho se eles vencerem. Não vejo porque ajudá-los logo de inicio se vocês não tem nada a mais a me oferecer do que promessas que só serão cumpridas caso vença. -

– É uma pena. Seu amigo com o qual me viu no café da manhã está disposto a fazê-lo. Ele está disposto a trazer um dos dois jovens do cinco de volta. Seja quem ele for, tendo como recompensa a mesma coisa que lhe ofereci. - Selena sorriu. - Claro que aquele que seria atendido primeiro, caso os dois aceitassem, fosse quem colaborasse mais. Mas, vejo que alguém não terá concorrentes. -

O senhor começou a rir. Ria tão alto que Selena ficou desconsertada. O senhor acalmou-se e olhou para o lado sendo seguido pelos olhos de Selena.

– Aqueles são Fred e Ellen. Eles estão tentando o mesmo que você. Só que não estão fazendo esses joguinhos, estão oferecendo algo direto. Retornos diretos e imediatos a cada patrocínio feito. - O senhor encarou Selena de forma debochante. - Como não quero estragar a estratégia de ninguém, não vou dizer a nenhum dos dois o que cada um está oferecendo. Mas, precisa me oferecer algo se quiser que eu aposte tanto desde o começo, e não como de costume. -

Selena ficou encarando Fred e Ellen, do dez, por algum tempo. Eles conversavam com outro que costumava patrocinar tributos. O negocio estava sendo bem trabalhado por eles.

– Bom... O que eu te ofereci é para você. - Sorriu Selena. - Mas, se quiser algo para o publico, eu só ia propor isso mais a frente, depois que aceitasse. - Selena colocou uma pasta vermelha na mesa. - Isso é o que vou propor a partir do terceiro dia. -

O senhor abriu a pasta e começou a correr os olhos calmamente pelo que parecia ser um documento que continha algumas explicações simples.

– Agora está falando a minha língua. - Sorriu o senhor. - Mas, isso não vai acabar com a sua oferta inicial? -

– Talvez. - Selena finalmente começava a comer com tranquilidade visto que ela já havia fisgado o patrocínio. - Se ler com atenção, você e seu amigo da manhã seriam os únicos que poderiam acabar com a própria recompensa... Mas, sim haveria um risco grande e muito grande no jogo de acabar acontecendo algo que diminuísse o valor da recompensa. Mas, como eu disse, isso seria a partir do terceiro dia quando vocês já estivessem fazendo patrocínios para outros tributos. - Selena apontou-lhe o garfo de forma sensual. - Veja bem, não estou te enganando. Você patrocina-nos, apostando que tudo dará certo. Eu continuo buscando patrocínios que não interferem em sua recompensa. Agora, em nenhum momento disse para ti que sua recompensa teria um grau de importância que está lendo ai no final. -

O senhor olhou-a com frieza e começou a rir dizendo que o negócio estava fechado.


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