A Moonlight Waltz - Spellbound escrita por JoyceSW


Capítulo 5
Capítulo 5




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Lirith Venuto


Era difícil correr pela rua deserta com meus pensamentos me atormentando. O vento gelado que parecia querer me cortar jogava minha saia contra minhas pernas impossibilitando-me de correr mais rápido. O medo parecia ter paralisado metade de meu corpo e minha velocidade havia sido demasiada afetada. Com muito custo consegui chegar a um beco, meu corpo parecia estar dormente, meus comandos apesar de serem enviados ao cérebro com precisão, eles pareciam não ser reproduzidos da mesma forma. Paralisada e assustada deixei minha casca oca embater a parede e deslizar pelos tijolos cinza. Eu precisava me acalmar, precisava colocar tudo em ordem na minha cabeça. Aquele chão sujo e lotado de lixo me trazia lembranças, milhares de lembranças. Fazia-me lembrar do meu passado sujo e de tudo que eu vivenciara até ali. A forma como encontrei Vlad; O simples jeito como me hipnotizou; O primeiro passo rumo ao castelo; cada acontecimento dentro dele; a primeira noite com Vlad; o dia que ele disse que me amava e que eu era a única; minha primeira desilusão com ele, o único homem que eu amava; o fato de ter que dividi-lo com mais três; a sensação de ter virado uma prostituta barata; a raiva e a fuga que eu fiz para tentar recuperar meu tempo perdido. O momento em que eu me encontro aqui, em plena sarjeta jogada ao nada. Sem amor. Sem tempo. Sem vida.

-Achamos ela!-Uma voz feminina gritou próximo a mim, maldita hora em que tive que entrar num beco sem saída. Idiota, idiota. Um flash de luz bem forte fez-me cair no chão. Eu não conseguia ver, na verdade eu tinha medo de abri-los e me deparar com o que eu não queria ver. Covarde. Mas afinal, que diabos estava acontecendo?-Pegue ela!- Uma voz mais forte e grossa ecoou ao fundo. Senti mãos me agarrarem me impedindo de me mover, pelo que eu posso imaginar com olhos fechados estão apontando uma cruz para mim... Só pode ser isso! Com certeza era isso, mas se eles realmente estão interessados em me matar eu não vou facilitar. Mesmo impedida de mexer eu girava de um lado para o outro batendo meu corpo com os daqueles que estavam me segurando. Não seria fácil, eu não iria deixar ser fácil. A voz rouca que havia dado ordem de pegar-me começou a falar em outro idioma, embora não fosse muito claro eu tinha quase que certeza que era um ritual de exorcismo, pois o modo como eu girava meu corpo e a força que eu colocava estava sendo quase que sobre-humana.

Com muito custo e após me cansar, as pessoas em volta levantaram-me e colocaram-me dentro de algo de madeira. No inicio o silencio foi completo e eu não conseguia ouvir nada e muito menos sentir algo, aos poucos os primeiros passos foram dados e eu sentia meu corpo embater de um lado a outro em algo duro, talvez madeira. Abri meus olhos cuidadosamente e percebi que eu havia sido trancada dentro de um caixão. Desesperada comecei a gritar, mas pelo jeito ninguém ouviu e se ouviu não se importou; para eles eu era um troféu, um monstro capturado para ser exposto e morto em praça publica talvez. É isso?Depois de tantos anos vividos vou morrer por causa dos caçadores da igreja?Sou realmente idiota, como pude me dar de bandeja a eles? Idiota, me amaldiçôo por ser tão ingênua a ponto de não perceber que poderia estar sendo seguida. Idiota. O caminho parecia ser curto, mas para quem estava na minha situação parecia ser muito tempo. A procissão com meu caixão estava chamando a atenção de muitos que estavam na rua aquela hora da noite, as altas gargalhadas e as orações poderiam ser ouvidas do outro lado da montanha. Mas aonde será que eles vão me levar? No cemitério? Porque eu tive que ser tão descuidada? Se eu não tivesse sentido medo e muito menos fugido, se eu tivesse o enfrentado de frente não estaria aqui agora. Droga! 

Finalmente o caixão parou de balançar e eu pude sentir meu corpo se estabilizar sob aquela madeira vermelha. Passos fundos ao longe e um portão rangendo foram os sinais necessários para que meu caixão fosse pego com mais cuidado e colocado em cima de algo mais sólido, um banco ou talvez uma mesa. Com muito cuidado e com aquela luz em minha face eles abriram o caixão e me colocaram de pé, em cima de uma mesa dourada acorrentando-me a seguir. A luz que me cegava foi retirada me dando plena visão do lugar, era uma capela antiga feita de mármore, com pouca luz. Nas paredes pinturas renascentistas de Deus e seus anjos decoravam o teto dando um ar sombrio ao lugar. As pilastras com santos em cima eram de mármore, porém estavam empoeiradas e cinzas pelo tempo. O chão era de madeira avermelhada, carvalho talvez. As lindas rosáceas reinavam na entrada dando um ar gótico a primeira olhada. As pessoas que ali estavam me olhavam de forma nada sutil, horrorizadas... Embora outras estivessem plenamente orgulhosas de seu feito. O silencio era constrangedor. Os olhos frios percorriam minha face, não demorou muito para que os insultos começassem. Os gritos eram estridentes e em altos decibéis "Monstro! Assassina! Demônio”. Aquelas palavras por mais rudes e cruéis que pudessem parecer não eram capazes de me afetar, porque aquilo realmente era eu. Não era uma mentira. Isso era realmente o que havia me tornado.

O padre caminhou em minha direção e levantou uma de suas mãos. As pessoas se calaram imediatamente e se sentaram para ver o sacrifício. Minha morte.

-Boa noite amados. –Disse Le em alto e bom som parecia estar contente. -Estamos aqui reunidos para celebrar o sacrifico das trevas. –Como é?Que tipo de religião de Deus violenta é essa?-Temos aqui... A filha do diabo. -As pessoas que ali estavam começaram a gritar e me insultar por alguns segundos. – Bom vamos começar logo com isto. – finalizou ele.
As pessoas começaram a festejar e dançar, afinal seria o triunfo deles, a cada ser de nossa espécie que matavam era uma vitoria a mais para eles e uma derrota a mais para nós. O velho senhor a minha frente se pôs a rezar em uma língua estranha enquanto limpava a adaga de ouro no pote de água benta. Ele encurtou a distancia que havia entre nós e apontou a adaga em meu coração.

-Agora... Iremos perfurar o adormecido coração da besta. – Dizendo isso ele atravessou meu peito com a adaga atingindo em cheio meu coração. Aquilo realmente doía e eu não conseguia parar de gritar por mais que eu soubesse que isso não iria cessar a dor causada. Ele por sua vez parecia contornar meu coração com a afiada adaga. De uma só puxada eles rasgou minha pele e arrancou meu coração; guardando-o em uma caixa... Como se fosse um prêmio. Eu comecei a ficar tonta e ter alucinações.
Aquela sensação de medo começou outra vez, tomando-me por inteiro e se infiltrando em meu intimo, fazendo-me tremer. Olhei para o padre implorando para que ele parasse.

-Agora... Com o intuito de finalizar nosso sacrifício; cortemos a cabeça!-As pessoas começaram a festejar ainda mais!
O que esses santos malditos vão ganhar me matando se tem muito mais iguais a mim pelo mundo? 

O padre passou por trás de mim, abraçando-me pelos ombros encostando sua adaga afiada em meu pescoço. Automaticamente fechei meus olhos e agradeci pelo menos a Deus por esse sofrimento estar acabando. Quando tudo parecia se encerrar e minha morte premeditada e anunciava vinha de encontro a mim o barulho de algo no telhado e todos os vidros coloridos se quebrando despertou-os de seu transe comemorativo e os fez encolher-se em meio aos destroços causados. 

O show de horror iria começar agora.


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