A Moonlight Waltz - Spellbound escrita por JoyceSW


Capítulo 4
Capítulo 4




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Atualidade

Lirith Venuto

Mais uma noite tediosa havia começado a me agraciar e eu fui invadida por lembranças, as quais se eu pudesse apagaria terminantemente de minha memória. Lembrar as vezes em que Vlad e eu íamos caçar agora me repugnava o estomago. A figura pálida e sombria que ele tinha habitava meus pensamentos e sonhos constantemente. Eu poderia passar o resto de minha existência fugindo dele, mas jamais conseguiria fugir do pedaço dele que havia em mim. Teoricamente ele havia me dado novamente a “vida”, embora esta não fosse a que eu tanto almejava. No começo superou minhas expectativas, eu cheguei a pensar que apesar de tudo, do que ele era, do que eu havia me tornado graças a ele, eu havia achado o que eu tanto procurei nos homens. Mas o encantamento acabou de forma mais rápida do que havia começado. Quando Vlad apareceu no castelo com suas outras vadias, eu percebi o quanto fui ingênua e idiota. Ser a outra ou fazer parte delas não era uma coisa que me agradava. Por mais que Vlad fosse perfeito na cama e até então me completasse em todos os sentidos, isto era algo que eu jamais permitiria ou me submeteria. Aos poucos os meus sonhos foram derrubados e as ruínas da minha vida vieram à tona para me afrontar.

Minhas noites desde então passaram a ser monótonas e rotineiras, após as sete horas eu vagava por entre as ruas acabando com os vilarejos e causando o caos por conta própria. Mesmo me “divertindo” eu já havia enjoado desta maneira de viver. Havia cansado de ser uma morta viva. Por fora eu era um monumento em forma humana, os homens dariam qualquer coisa por um único beijo meu ou uma única noite ao meu lado. Isso não era uma coisa da qual eu me orgulhasse ou me sentisse satisfeita ao ver como eu era desejada. Na verdade isso me causava ainda mais nojo. Por dentro eu estava oca e vazia. Havia algo faltando. Algo o qual eu nunca soube o que era.

A minha loucura e o resto existente de sensatez me fizeram tomar a única decisão certa: Ir embora definitivamente.

Tudo mudou e eu nunca mais o vi. Deixei-o, larguei-o. Cansei dele e de suas aventuras. Cansei de ser mais uma quando deveria ser a única. Com o único fio de esperança ao qual eu prendia meu corpo, lancei minha sorte e fui para um pequeno vilarejo localizado na Alemanha. Outros ares, caras novas e muitas caças e sangue, talvez me fizessem sentir melhor e revigorada.

Com o tempo, acabei sabendo que eu não sou a única vampira na cidade, junto com isso descobri que havia uma espécie de boate naquele lugar sem graça. A nossa existência lá podia ser revelada e a comida era facilmente arranjada.

Novamente o sino da igreja local me despertou com as sete badaladas de seu sino e eu amaldiçoei Vlad por ter feito isto comigo. Levantei-me vagarosamente da cama de aço com dois colchões reclináveis e lençóis de seda cor de sangue. Ao meu lado mais um corpo. Um homem alto, loiro, dos olhos verdes e de porte musculoso e viril encontrava-se em minha cama nu e ainda sangrando fresco. Foi o melhor sangue que eu provei em toda minha vida: parcialmente doce e viscoso. Um líquido quente e viciante. O drink da luxúria.

Rumei em direção ao meu guarda roupa e tirei de lá um corpete branco, seguido por uma longa saia de babados da cor da noite e sapatos de salto agulha. Vesti-me rapidamente e arrumei o cabelo e minha maquiagem. Antes de sair de minha casa abandonada afastada de tudo e todos, dei uma última olhada em meu recinto. Enormes janelas que iam do chão ao teto me davam plena vista do quão linda estava a noite. A cama havia sido minha mesa de jantar na madrugada anterior. O chão estava repleto de roupas espalhadas e o sangue derramado escorria por entre o lençol e caia feito cascata no chão, formando uma poça. Eu não havia bebido tudo. Apenas após uma noite de sexo selvagem eu o havia matado enforcado e provado apenas um gole de seu preciso sangue. Não tinha fome. A forma como cheguei e como continuaria sendo minha existência daqui por diante seria algo próprio. Eu seria algo que caminharia por si próprio. Eu não me importava se um dia ou outro alguém descobrisse meu segredo e me matasse por isso. Até porque eu já havia me cansado e tudo até aqui estava sendo em vão.

Fechei a porta de meu quarto e sai fazendo barulho no assoalho. A casa a qual eu vivia agora era bem diferente do luxuoso castelo em que eu um dia vivi. Era considerada mal assombrada, porém era linda e reconfortante. Não sabia entender porque as pessoas tinham medo. O trajeto até a boate não era demorado, eu poderia muito bem ir com minha velocidade, mas andar não mata ninguém, a não seja que eu pegue o azar de achar cristãos, católicos ou algo do tipo no meio do caminho.

O lugar ficava em uma rua deserta. Era negro e sua iluminação era fraca. Nenhum humano rondava por aquelas áreas. Elas eram famosas por ataques inexplicáveis. Claro que alguns consideravam lendas e perambulavam sossegados por ali. Para nós estes eram as presas perfeitas, embora muitas vezes eram deixados de lado para que acreditassem que a sorte existe.

Na porta de entrada tinha dois vampiros vigias que já me conheciam, então eu entrava direto.

Logo após entrar eu cumprimentava meus conhecidos e ia para o bar.

-Lirith!- Disse Richard o barman animado. - Realmente você sempre vem aqui primeiro.

-Claro. - Dei um sorriso malicioso. - O sangue vem primeiro.

-Sangue frio? - Richard deu risada. - Claro que não! Você só gosta de sangue quente.- Ele ergueu a portinha do bar e eu entrei. -Lembre-se... Sempre matamos a vitima de sangue quente.

-Eu sei querido. -Olhei a porta avermelhada e entrei nela. Lá dentro estava muito escuro e cheio de vitimas com medo. Algumas gritavam, outras pediam para morrer logo para sair desse pesadelo. Após andar por tudo e ver todas as vitimas existentes naquele lugar nefasto eu acabei por escolher uma mulher. Era loira, de estatura mediana, olhos castanhos. Tinha um corpo bonito. Enfim, era uma das mais belas pelo que eu vi.

-Por favor... –Ela implorava enquanto lágrimas jorravam por seus olhos tornando sua face úmida. Sua maquiagem estava borrada. -Não me mate.

Apenas a olhei com pena, ela era jovem e tinha uma vida pela frente. Mas humanos existem para nos saciar, e também existem para nos odiar. Cheguei próximo dela e preparei o seu pescoço, mordendo-o em seguida. Ela não gritou muito, aguentava a dor sozinha e também não demorou para que eu a sugasse totalmente e seu ultimo suspiro fosse dado.

Richard veio em minha direção e me abraçou pelos ombros andando comigo. Ao me deparar com a luminosidade de uma das salas notei que me corpete branco havia ficado vermelho. Totalmente ensanguentado. Como de praxe eu deixava uma capa com Richard, para que quando isso ocorresse eu pudesse vesti-la e disfarçar olhares dados pelos demais. Esta mesma encontrava-se embaixo do balcão do bar.

Assim que sai do antro de morte, me surpreendi com a visão que estava tendo. Todos os vampiros estavam ajoelhados com a cabeça baixa, enquanto quatro encapuzados adentravam o recinto. Richard que estava ao meu lado se posicionou da mesma forma que os outros, abaixei até ele resolvi perguntar-lhe.

-O que esta havendo?

-O rei está aqui. -Disse ele quase como um sussurro. Rei? Que rei? Não me lembro de rei algum. Principalmente no mundo dos vampiros.

Olhei para a multidão ajoelhada e pelo que deduzi o rei era o que vinha na frente sendo seguido por mais três. Usava uma capa preta com capuz. Enquanto os outros três trajavam uma capa arroxeada. Eram mulheres, a forma do corpo e o leve flutuar denunciava isso.

A cada passo dado por ele, uma sensação estranha se apoderava de mim. Mas o que está acontecendo comigo? Seria isto medo? Há tanto tempo que eu não o sinto, precisamente oitocentos anos. Ele então vagarosamente se aproximou de mim e abaixou seu capuz. Eu não tinha coração, mas algo começou a pulsar dentro de mim. A pulsar de medo. Era realmente ele que havia me dominado.

-Isso é forma de reagir? - Esbravejou o homem que eu jurava que não mais veria. -Eu que te criei. - Vlad sorriu.

-O que faz aqui depois desses anos todos? -Fui mais direta. -E por que essas três prostitutas continuam vivas? -Elas abaixaram o capuz.

-Mais respeito mocinha. - Disse Vlad me acariciando. – Hum... Vejo está com medo.

-Você está vendo coisas demais – Disse afastando sua mão de meu rosto enquanto me distanciava dele.

-Minha cara Lirith, você pode fugir de mim... Mas não pode se esconder para sempre. – Dizia ele enquanto eu corria para a saída. – Não adianta correr, eu vou te achar aonde quer que você vá. – ele gritava e essa foi a última frase que eu ouvi após atravessar a saída e bater o portão de ferro.

Por mais que eu não quisesse admitir, Vlad estava certo. Ele me acharia aonde quer que eu fosse. Mais mesmo assim eu não desistiria de fugir para longe. Eu não desistiria de me ver livre dele.


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