Capítulo 11

Dan

Dan foi arrastado para a casa dos Kabra por Amy. Ele ainda estava cheirando à Natalie, mesmo depois de ter trocado de blusa. Ele, sinceramente, gostava do cheiro. Não era muito forte e era um pouco adocicado, mas não exagerado. Ele não estava apenas cheirando à Natalie, como também grande parte dos seus pensamentos estavam dominados por ela. Ele começou a pensar em ninjas e jogos de basquete, para tirá-la da cabeça.

Amy parecia distraída, mas, ao mesmo tempo decidida. O que era completamente estranho. Ele pensou em perguntar se ela estava bem, mas ela provavelmente mentiria ou mandaria ele calar a boca e cuidar da sua própria vida.

Dan percebeu que a casa dos Kabra não era muito longe da mansão de Grace, apenas alguns quarteirões de distância.

–Eu não imaginava que seria tão perto. Estava com receio de ter que arrastar você por muito tempo, meu braço estava começando a doer. - Amy disse, virando a esquina.

–Não sei se fico feliz ou triste por a casa deles ser tão perto. - Dan resmungou.

–Dá um tempo, Dan. Quanto mais cedo chegarmos, mais cedo iremos embora. - Amy disse, mas não foi a coisa mais inteligente para se ter dito, porque logo após estas palavras, Dan saiu em disparada pela rua, arrastando Amy.

–Ai! Mais devagar! Você vai acabar me machucando. - Amy gritou.

–Quanto mais cedo chegarmos, mais cedo iremos embora! - Dan repetiu.

–Não garanto nada. - Amy disse com um sorriso sarcástico, enquanto Dan desacelerava. Estavam em frente à casa do Kabra.

–De qualquer jeito, já chegamos mesmo. - Dan deu de ombros.

Amy empurrou o pequeno portão que dava para o jardim. Um caminho feito de pedras grandes atravessava o jardim e ia até a porta da mansão. A grama estava bem aparada e era coberta por plantas e flores que formavam belos desenhos. Uma fonte simples borbulhava no canto do jardim, cercada de plantinhas e pedras. Dan estranhou, uma casa tão grande, sem nenhum guarda na porta, ou senha, ou código.

–Dan, fique atento, sabe se lá que tipo de armadilhas existem nesse lugar.-Amy disse, como se tivesse lido os pensamentos do irmão.

–Uma delas se chama Natalie Kabra. - Dan resmungou.

–E me parece que você caiu direitinho nela. - retrucou Amy, rindo.

Dan lançou-lhe um olhar furioso. Mas não devia tê-lo feito porque ele acabou se distraindo e pisou numa armadilha e foi jogado para o alto e depois segurado de cabeça para baixo por uma corda.

–Dan! - A expressão de Amy passou de gozação para assustada, enquanto ela se aproximava do irmão. - Você está bem?

–Não vou nem responder, Amy. - Dan murmurou entre dentes.

Um alarme alto começou a tocar no jardim da casa enquanto Amy tentava soltar o irmão da corda. O rosto de Dan já estava quase roxo quando os irmãos Kabra irromperam da porta da frente da casa, correndo. Observando a situação de Dan, Ian e Natalie tentavam fazer esforço para não rir. Amy se virou para os dois.

–Mexam-se! - Ela gritou, tentando ser ouvida acima do som do alarme. Ian foi desligar os equipamentos de segurança, enquanto Natalie pulava com um pé só até Dan para ajudar Amy a tirá-lo dali.

O alarme parou e Ian voltou para o jardim. Natalie conseguiu desfazer o nó em volta do pé de Dan e ele caiu no chão com força.

–Pronto. -ela disse.

–Ai!. - o rosto de Dan ainda estava vermelho, Amy não sabia se era por causa de raiva ou pela queda.

–Agora podem rir. - Amy disse. No mesmo instante, Ian e Natalie estouraram em gargalhadas e bateram na mão um do outro.

Dan se levantou devagar, cambaleando e se apoiou em Amy. Ela o ouviu murmurar algo como "Cobras desgraçados". Os risos dos irmãos Kabra cessaram e eles apenas ficaram encarando os dois Madrigal.

–Desculpa, é que todos que vêm aqui acabam caindo nessa armadilha. - Ian disse.

–Aham. Mas, então, o que você queria nos mostrar? Conseguiu descobrir algo? - Dan disse, impaciente.

–Venham. - Natalie falou, entrando na mansão, seguida por Ian, Amy e Dan.

***

A mansão dos Kabra era enorme (Ah, não diga!) Chegava a ser maior até do que a de Grace, mas não tinha a mesma classe e elegância. Os móveis eram escuros e rústicos, haviam quadros nas paredes de Cahills famosos, agentes Lucian, esportistas, cantores e artistas. Ian os guiou até o escritório, no andar superior da casa.

Chegando lá, ele colocou duas cadeiras em frente ao computador, para que pudessem se sentar. Ele abriu o arquivo onde estavam os dados dos irmãos Cahill.

Amy analisou a ficha dela com um meio sorriso no rosto. Dan observou sua ficha e pareceu indignado.

–"Gosta de ninjas", como assim, gosta de ninjas? Eu amo ninjas. - Dan disse, cruzando os braços. Natalie revirou os olhos.

Ian mostrou a mensagem de código para Amy e Dan. Automaticamente, Dan começou a desvendar o código, sem precisar de caneta e papel, pois tinha memória fotográfica. Enquanto desvendava o código, ia falando cada palavra.

–"CAPTURE OS NETOS DE GRACE CAHILL, ELES CONHECEM TODAS AS PISTAS. TEM PERMISSÃO DE MATAR QUEM TENTAR PROTEGÊ-LOS OU AJUDÁ-LOS". - ele leu em voz alta. - Parece que você e Natalie também estão ferrados, Ian. - ele completou, mas com o rosto sério.

Amy estava pálida.

–Isso só pode ser coisa dos Vesper. - disse ela.

–Sim, são eles. - disse Ian. - A questão é...

–Estamos todos correndo perigo. - completou Natalie.

Dan permaneceu calado. Se a pessoa queria capturá-los... ela devia estar por perto.

–Ian, você não tinha visto um homem estranho andando pela escola? - Dan lembrou.

–Realmente, ele deve ser o espião dos Vesper. Não consegui encontrar muito mais informações, elas estão bem protegidas por senhas difíceis.

–Isso significa que devemos ficar longe da escola por algum tempo. - raciocinou Natalie.

–Não adianta, eles vão nos encontrar onde quer que estivermos. - disse Amy.

Dan agora estava de pé e andava de um lado para o outro da sala, isso parecia irritar Natalie, mas ele não ligava.

–Mas nós podemos retardar esse encontro ou adiá-lo. - Ele disse.

Todos olharam para ele.

–E como faríamos isso? - questionou Ian. Ele tinha alguma ideias em mente, mas não sabia se eram realmente boas a ponto de expô-las para os outros ouvirem.

–Estou trabalhando nisso. - Disse Dan - Mas, por enquanto, é melhor agirmos como se não soubéssemos nada.

–E temos que ter cuidado. Muito cuidado. - disse Amy.

Um silêncio sepulcral tomou conta do escritório. O sol entrava na sala e batia em metade de suas faces, fazendo com que o outro lado ficasse coberto por sombras. A única coisa que se ouvia era o som da respiração dos ali presentes.

De repente, um tremor sacudiu a mansão e todos pularam de susto. Natalie gritou e pulou no colo de Dan. Amy segurou com força a mão de Ian.

–O-O que foi isso? - Amy gaguejou, ainda com a mão entrelaçada à de Ian.

–Não sei, talvez uma bomba. - chutou Dan, tentando não cair com o peso de Natalie.

Ian olhou para Dan e Natalie e depois para Amy, ele se soltou de Amy e disse:

–Eu vou lá ver o que foi, fiquem aqui. - ele saiu do escritório em direção a escada.

–Ian! Você não pode ir sozinho, é perigoso! - Amy saiu correndo atrás do Kabra.

Enquanto isso, Dan colocou Natalie em uma cadeira.

–Não faça isso de novo. - ele a fulminou com os olhos. Natalie apenas deu de ombros.

–Seu olhar não chega nem perto de ser tão ameaçador como o meu, ninja Cahill. - ela sorriu.

Dan andou até a porta e olhou em volota, depois voltou e se sentou ao lado de Natalie.

–É melhor irmos atrás deles? - Dan perguntou.

–Vamos. - disse Natalie. - Mas você vai ter que me levar.

Dan suspirou e pegou Natalie no colo novamente. Depois saiu correndo do escritório antes que pudesse mudar de ideia e jogá-la escada abaixo. Chegando no primeiro andar, viram Ian e Amy, lado a lado e foram até eles. Quer dizer, Dan foi carregando Natalie até eles.

Então eles viram: havia um buraco de mais de um metro na parede e, tapando parte dele, tinha uma lona branca onde estava escrito em letras vermelhas: "Vocês foram avisados".

Dan colocou Natalie no chão ao seu lado e deixou que ela se apoiasse nele. Amy se virou para eles, séria e pálida.

–Parece que vamos precisar de ajuda.