À Francesa escrita por Nana San


Capítulo 6
Capítulo 3




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A mãe aconselhou que parasse de se esforçar tanto para não ter retribuição. O pai achou que ela deveria encarar como desafio e continuar até que o velho cedesse, o irmão mais novo não prestou muita atenção em suas palavras e continuou chupando o dedo, e o gato... Ah, o gato só disse miau.

Lívia tentou esquecer por um momento a opinião da família e tentou pensar no que ela faria se não houvesse escutado tantos conselhos. 

Ia ao asilo uma vez na semana, sempre as segundas-feiras. No resto dos dias acompanhava as aulas da faculdade, cuidava do irmão mais novo, lia algum romance e pensava nas provas que teria que fazer futuramente.

Não sabia bem se escolheria a psicologia voltada para área empresarial ou prestaria provas para as forças armadas. Se montaria um pequeno consultório ou se trabalhava na parte administrativa de uma escola.

O curso a vinha encantando desde que assistiu a primeira palestra. Ela sempre soube que trabalharia ajudando pessoas, de alguma maneira. Mas nunca soube que seria tão difícil.

- Não consigo encontrar uma maneira de fazê-lo sentir-se à vontade comigo. - Escreveu no arquivo da pesquisa. - Eu nunca nem o vi, não o ouvi, mas exatamente por esses fatores, creio que sofreu um terrível acidente. Alguma história mal resolvida... 

Afastou o teclado do computador para pensar. Não... Estava começando a fazer hipóteses, e isso não estava certo. Teria que procurar mais informações sobre ele. Mas quem, quem além dele saberia mais sobre sua vida?

Pegou o telefone e ligou para o asilo.

- Casa de repouso... 

- Olá, Marta! Tudo bom? O senhor Matias está? - Disse Lívia interrompendo a maravilhosa voz de telefonista com sono da recepcionista.

- Verei se não está ocupado e já passo a ligação.

Alguns, muitos, rabiscos no bloquinho que estava ao lado do telefone depois...

- Olá senhorita Lívia. No que posso ajudá-la? - Perguntou o senhor.

- Gostaria de falar em particular dia desses. Tem tempo? - Adiantou.

- Claro, podemos marcar. Deixe-me ver na agenda... - Lívia ouviu o barulho de papéis sendo remexidos - Mas, por favor, não me assuste é algo grave?

- Digamos que o senhor Eduardo de Magalhães não tem sido um bom 'vovô'.

- Ele a maltrata? - Perguntou Matias, preocupado.

- Disso falamos pessoalmente. Na próxima segunda depois do horário de visita está bom para você? 

- Sim. Aguardo-a em minha sala. 

- Obrigada e boa tarde. - E desligou o telefone.

Agora ela iria começar a pensar nas perguntas que faria ao dono do asilo, além de como, quando e em que situação Eduardo de Magalhães chegou àquele lugar.

 Três meses. Aquela semana completavam três meses que Lívia passava por aquela recepção apenas para sentar frente a uma porta. Marta continuava a mirando de cima a baixo todas as vezes, para analisar - e invejar secretamente - as roupas que a moça trajava. As vezes esbarrava com Calvin pelos corredores, trocavam algumas palavras ou só batiam as mãos de longe, acenando.

- Calvin, pode me arrumar uma daquelas esteiras de yoga? Acho que vou deitar um pouco, minhas costas doem quando fico muito tempo sentada. - Ela disse enquanto apressava os passos pelo corredor, engolindo o que faltava do suco de seu almoço.

- Sr. Eduardo? Já cheguei. Espero que tenha passado bem a última semana. Não sentiu nenhuma dor, não é? - Esperou por alguns segundos e nada - Como eu imaginava. Está ótimo, como sempre. Eu também estou ótima. Hoje vou descobrir umas coisas sobre uma certa pessoa... Tem algum chute? Valendo um doce! Mas não conte ao Calvin...

E silêncio continuava do outro lado da porta, mas ela não se importava e continuava falando, como se toda aquela situação fosse normal. 


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