A Corça escrita por Minene


Capítulo 31
Always




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A ficha não caíra. Era impossível. O pensamento em si o deixou aflito. Como seria verdade que o Lorde das Trevas invadira a casa dos Potter, com seu filho mais novo... Como seria verdade, se Dumbledore lhe disse que os protegeria, assim que soube que Voldemort achara que era deles de quem a profecia falava. Não podia ser.

Dumbledore esperou durante um minuto que o homem a sua frente, em pé, se acalmasse. O olhava tranquilo por baixo dos oclinhos de meia-lua. Por fim, disse:

- Sei o quanto pode ser difícil a porcentagem de um deles estarem a salvo. Uma em dez milh...

- NÃO! - Interrompeu-o Severo Snape, começando a tremer - Eles... Eles estão vivos... Nada... Nada aconteceu...

O diretor suspirou.

- Gostaria muito de poder acreditar nisso, Severo. Mas... Tente encarar a verdade.

- NÃO VOU ENCARAR NADA! - Berrou Snape - O senhor... O senhor disse... Disse a mim que ia salvá-los... Disse a mim que ia protegê-los! Disse...

- Eu não disse nada disso, Severo.

O homem de cabelos negros levantou os olhos, como uma criancinha e observou aturdito a expressão fria de Dumbledore.

- Não disse - Continuou - E sabe disso. Por mais que eu quisesse isso, não poderia. Sabe por quê. Pedro...

- Não me venha falar desse desgraçado!

Dumbledore esperou, pacientemente, enquanto Snape arfava de ódio.

- Preciso que vá ver. Preciso que investigue e me diga como aconteceu. Se quiser é claro. Sem forcá-lo a nada.

Silêncio...

- Ir... Olhar...

Dumbledore afirmou.

- Eu... Eu... Sim, senhor.

Severo se virou para sair, e quando estava com a mão na maçaneta de latão, o diretor o chamou.

- Eu sinto muito.

Com um pouco mais de força do que desejava, Severo fechou a porta e desceu pelas escadas da gárgula. Passou pelos corredores e saiu nos terrenos sombrios da escola, sem mudar a expressão decidida, a capa enfunando as suas costas. Não olhou para trás nenhuma única vez. E foi colocar o pé para fora dos altos portões de Hogwarts que ele dera um giro e sumira.

O ar da noite engolfou-o e cortou-lhe a alma com o vento frio. Ele olhou para cima.

A bonita construção dos Potter estava em perfeita ordem. Tudo parecia estar bem Porém, ao olhar para cima, viu: O pedaço da parede desabara. Sentiu frio, mas não pensou em voltar.

O homem queria pensar que fora apenas um desabamento surpreso, e que Lilian e Tiago estariam com Harry na sala de estar, preocupados com o teto que quase matara seu filho. Mas não conseguia. Sabia que alguma coisa tinha acontecido.

Severo caminhou pesaroso pelos jardins bem cuidados e atravessou-o por fim, parando na soleira da porta. Fechada. Dessa vez olhou para trás. Silêncio... Ninguém sabia do ocorrido ainda. Severo bateu na porta, devagar, mas nada se movimentou lá dentro.

Então ele se assustou. Uma vozinha fina gritava ao longe. Não, era um choro, de criança. A esperança lhe engoliu e ele abriu a porta sem esperar e entrou.

Sem fechá-la, olhou em volta. com medo de ver alguma coisa que não devia ali. Havia apenas a luz de um abajur lustroso acessa. Seguiu, relutante, em direção a cozinha. Com as luzes desligadas e nada fora do comum. Queria pensar que eles tinham saído de casa para passear em uma noite tranquila, mas só lhe veio a cabeça uma coisa: Aconteceu lá em cima.

A criança ainda chorava, e o cérebro de Snape pedia para ele voltar, com medo, mas o homem insistia. Não era um covarde.

Não havia nada no andar térreo, então ele resolveu subir as escadas no canto. 

Então ele se assustou. Um homem, já com o que parecia ser trinta anos, estava caído no fim da escada, os óculos tortos e a expressão paralisada.

Severo bambeou, mas não parou no corpo de Tiago Potter. Agora estava em um corredor um pouco estreito, e seu coração saltou quando viu os destroços no último quarto. Não havia mais ninguém em seu campo de visão. Severo travou. Não queria chegar lá. Caminhou devagar, tentando ouvir algo que não seria o bebê, que agora soluçava. Mal entrou por completo no quarto quando viu.

Lilian Potter, caída no chão, os olhos abertos. Morta. Severo sentiu falta de ar e caiu de joelhos no chão, enquanto só se via o vazio. Nem olhou para o berço, onde o bebê ficara em silêncio com a chegada de outra pessoa. Severo puxou o corpo da mulher para si, e as lágrimas pularam de seus olhos encharcando toda a visão. Ele queria morrer. Morrer. Apenas isso, para poder descarregar aquele sentimento, e cuspir para fora a coisa travada em sua garganta. Queria gritar, mas não tinha voz. Apenas agarrou-se ao corpo de Lilian, e chorou feito um bebê. Pois a dor só iria embora quando fosse sua hora de partir.

*   *   *

- Pensei que o senhor fosse mantê-la segura... - Snape choramingou para Dumbledore, em seu escritório.

- Ela e Tiago depositaram sua fé na pessoa errada... - Ele falou - O filho deles sobreviveu. Ele sobreviveu. E tem os olhos de Lilian. Você se lembra, não é?

- NÃO! Ela se foi... Morreu...

- Isto é remorso, Severo?

- Eu...Eu gostaria que eu é que estivesse morto...

- E que utilidade isso teria para alguém? - Dumbledore perguntou friamente.

*   *   *

- Conte-lhe que na noite em que Lord Voldemort tentou matá-lo, quando Lilian pôs a própria vida entre os dois como um escudo, a Maldição da Morte ricocheteou, e um fragmento da alma dele irrompeu do todo e se prendeu à única alma sobrevivente da casa que desabara. Parte de Voldemort vive em Harry, e esta é a parte que lhe dá capacidade de falar com as cobras e de invadir a mente de Voldemort. E enquanto esse fragmento de alma estiver em Harry, ele nunca poderá morrer.

- Então... O garoto deve morrer? - Perguntou Severo, calmo.

- E é Voldemort quem deve matá-lo, isso é essencial.

Seguiu-se um longo silêncio.

- Nós o protegíamos porque era essencial que fosse ensinado, criado e pudesse experimentar a própria força - Explicou Dumbledore. Snape estava horrorizado.

- Você o manteve vivo para que morresse na hora certa? Você me usou.

- Em que sentido? 

- Espionei por você, menti por você, corri o risco mortal por você. Supostamente tudo para manter o filho de Lilian Potter vivo. Agora você me diz que o esteve criando como um porco para o abate...

- Isso é comovente, Severo... - Exclamou Dumbledore, sério - Você acabou se afeiçoando ao menino, afinal?

A ele? - Gritou Snape - Expecto Patronum!

Da ponta de sua varinha irrompeu a corça prateada: ela pousou, correu pelo soalho do gabinete e saiu voando pela janela. Dumbledore observou-a se afastando pelos ares e, quando seu brilho se dissolveu, ele se dirigiu a Snape, e seus olhos estavam cheios de lágrima.

- Depois de todo esse tempo?

- Sempre.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, povo....
Eu sei que demorei... Mas é como se eu não quisesse que A Corça morresse assim. Mas eu passei dos limites, deixei vocês esperando demais.
Espero que tenham gostado da fic, eu sentirei saudades de todas vocês :')
Agora vocês já podem marcar a história como lida, enfim.
#Júh
Obrigada por tudo.



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