- O que aconteceu, Pontas? - Exclamou Sirius, correndo para o amigo, que mancava, as mãos segurando o lado da cintura, que sangrava.

- Longa. História - Falou Tiago, pausadamente e respirando fundo. Ele estava pálido devido à perda de sangue.

- Tiago! - Falou Remo, dando apoio para o amigo - Vamos, nós precisamos levá-lo para a Ala Hospitalar!

E assim foram. Sirius e Remo de cada lado de Tiago, no qual se apoiava.

- Mas o que foi isso? - Perguntou Madame Pomfrey assustada quando chegaram, ajudando a levar Tiago para a maca mais próxima.

- Sectusempra - Gemeu Tiago, se contorcendo.

- Mas que horror! - Ela exclamou, correndo para o outro lado, buscando um copo com água - Vamos, beba um pouco.

- O que é isso? - Perguntou Tiago, assustado, se encostando no travesseiro.

- É apenas água, criança! Vamos, beba! - Ela reclamou, e Tiago obedeceu. Enquanto isso, ela levantou a varinha e movimentou-a algumas vezes no ar. No mesmo instante, Tiago parou de sentir dor e sentiu, com um pouco de ardor, a ferida se fechar. O sangue parou de escorrer - Agora vamos limpar isso aqui. Suspenda um pouco a camisa, meu jovem - Tiago obedeceu e ela, com um pano limpo com água, passou de leve pela cicatriz, limpando o sangue. Nesse momento, a porta da enfermaria se abriu e entrou Lilian, correndo afobada.

- Oh, meu Merlin, Tiago, você está bem? - Ela perguntou, olhando para o machucado já fechado. Corou de leve quando viu metade do seu abdômen exposto.

- Estou melhor agora... Por que veio atrás de mim? Não deveria ter ficado com o Ranhoso? 

- Ora, por favor! Me desculpe! Sei que não deveria ter te deixado num estado desses. Mas, parece que vocês não tem jeito! Eu não preciso de proteção!

- Ah, olhe aqui... - Ele fez que ia levantar, mas Madame Pomfrey o empurrou de volta.

- Quietinho, menino! Estou cuidando de você, não vá se exaltar.

- Okay, desculpa - Ele voltou a sua posição normal, respirando fundo.

- Então, eu cheguei no Salão Comunal e eles disseram que o Sirius tinha te trazido até aqui. Mas, se vai continuar assim com esse ciúme bobo, estou indo embora.

Ela saiu, murmurando um "tchau" para os outros dois.

- Pois pode ir - Tiago disse, aumentando o tom de voz - Porque eu não vou pedir pra você voltar!

Lilian virou a cabeça para olhá-lo como se fosse um idiota, uma sobrancelha erguida.

- Mancada - Disse Sirius, rindo. 

Apesar de Tiago dizer que já estava se sentindo novo em folha, Madame Pomfrey o obrigou a passar uma noite inteira na ala hospitalar para descansar. Seus amigos foram embora um pouco depois, pois tinham uma pilha de deveres acumulados e amanhã seria um domingo de sol imperdível. 

Já passava das nove da noite, horário do toque de recolher, quando a enfermeira trancou a porta da enfermaria, para não mais visitas e foi se recolher em sua sala. Tiago suspirou e afundou nas cobertas. O pior era que não havia ninguém ali para lhe fazer companhia...

- Alorromora

Então, estranhamente, as portas rangeram baixinho e Tiago ouviu pequenos passos. Ouviu a porta trancar de novo.

- Potter? - Era Lilian. Mas por que ela viria atrás dele á essa hora da noite? Ela chegou perto dele, sem expressão e ficou em pé ao seu lado. Em seguida levantou a varinha para o escritório da enfermeira - Abaffiato.

- Mas o quê...

- Será que posso falar com você agora? - Ela ainda parecia um pouco irritada.

- Pode, é claro. 

- Bom. Enfim, não consigo me segurar. Talvez, porque eu seja meio lenta demais, ou burra demais pra conseguir enganar a mim mesma. Eu preciso lhe pedir desculpas.

- Só isso?

- Sim... - Lilian sentia seu coração quase saltar da garganta, e seu estômago parecia descer uma rampa inacabável de tão embrulhado.

- Como assim? 

- Bom, eu fui um pouco grossa com você. Até porque... Você estava "tentando", inutilmente - Ela riu consigo mesma -, me proteger. Eu a-acho.... Acho que deveria retribuir de alguma forma.

Tiago engoliu em seco. Sério que Lilian Evans estava falando aquilo pra ele? Chegou até a tentar se afastar um pouco da ruiva.

- Lily... Eu... - Então ela se aproximou... E parecia, dava para perceber em sua expressão, explodir em nervos. Tiago poderia aproveitar que ela estava se oferecendo para dar-lhe um beijo. Mas ele realmente não queria que fosse assim, como forma de agradecimento, apenas. Ainda por cima com ele deitado numa cama. Queria que fosse muito mais especial que isso. Queria que fosse eles dois, sozinhos, em algum lugar bonito, quando ela lhe dissesse que gostava dele, mais que tudo. E então, quando eles se beijassem, começaria a chover, e seu cabelo ficaria molhado e escorrendo. E ele a carregaria para um lugar seguro onde tiraria sua capa e colocaria sobre ela.

Mas ele não conseguia raciocinar, ela estava próxima demais...

Tiago fechou os olhos. Seria esperar demais por aquilo.