Assim que soube sobre a prisão de Matt, Cassy sentia que finalmente poderia dormir em paz. Sentia ainda um aperto no coração, mas tudo indicava que ele era o verdadeiro culpado. Por mais que fosse lindo, sexy e lhe despertasse todos aqueles sentimentos que há tempos estavam adormecidos dentro de si, no fundo sempre soube que havia algo de muito errado com aquele homem.

E depois, havia apenas cumprido seu papel como cidadão. Se Matt por acaso fosse inocente, não demoraria muito para que fosse solto, afinal confiava na justiça.

Naquela noite finalmente pôde dormir tranqüila sem medo de estar correndo perigo, por mais que lhe doesse a idéia de que ele era realmente o assassino. Tudo havia mudado desde a noite em que ele havia chegado. Era só uma questão de tempo para que o esquecesse e tudo voltasse ao normal.

Talvez Alder não demorasse a aparecer, agora que a polícia estava cuidando disso.

Serviu-se de um delicioso chá de ervas calmantes e em seguida deitou-se em sua cama após trocar os lençóis para garantir que não ficasse nenhum cheiro de Matt ali.

Acordou horas depois estranhando a superfície dura, incapaz de se lembrar do que havia sonhado naquela noite. Abriu os olhos devagar e então se assustou ao perceber que não estava em sua cama.

Sentou-se notando que haviam apenas árvores envolta de si, muitas delas em um lugar da floresta que conhecia, bem perto da trilha local. Como havia ido parar ali? Mas o pior ainda estava por vir.

Um gosto estranho estava em sua boca e quando olhou para as próprias mãos viu que estavam manchadas de vermelho. Ela sabia bem o que era aquele líquido pegajoso: sangue.

Soltou um grito e rapidamente colocou-se de pé assustada, sem entender como havia ido parar ali. O sangue não era seu, não havia nenhum corte ou ferimento em seu corpo, embora suas roupas estivessem rasgadas.

Provavelmente sangue inocente ou talvez da pessoa que a havia tirado de sua cama em seu quarto para trazê-la até o meio daquela floresta.

Assustada começou a correr sentindo que havia alguma coisa de muito errada ali.

Assim que chegou a casa, notou que a porta não parecia ter sido forçada de modo algum. Tudo parecia na mais perfeita ordem exatamente como havia deixado antes de ir dormir na noite anterior.

O cheiro do sangue a incomodava, tratou de olhar cada canto pra ver se havia alguém ali, assim que certificou-se de estar sozinha e em segurança novamente tratou de ligar o chuveiro para tirar aquele sangue de seu corpo.

Enquanto deixava a água lavar toda a sujeira, pensou que não poderia ir até a polícia, pois não sabia o que havia acontecido.

 E se tivesse machucado alguém? O pior de tudo era não se lembrar de nada do que havia ocorrido na noite anterior.

Era quase como se fosse algo sobrenatural. Assim que saiu do banheiro, procurou por seus amuletos de proteção. Não desacreditava totalmente neles e precisava sentir-se protegida de alguma forma.

Não queria ficar sozinha naquela casa, precisava ir trabalhar como se nada tivesse acontecido.

No caminho, quando se preparava para entrar em seu jipe, viu o carro do detetive Andriy  chegando e estacionando perto de sua propriedade.

Parou para ver o que o homem queria consigo.

- Detetive Andriy, está tudo bem? - perguntou sentindo uma estranha intuição de que havia algo errado.

Claro que o homem não estava ali para uma visita social.

- Na verdade não, vim alertá-la sobre algo. Ontem depois que você ligou, chegamos à conclusão de que Ecser era o responsável pelos últimos acontecimentos, mas parece que essa madrugada não se sabe como, ele arrebentou a cela e fugiu. Vim verificar se estava tudo bem com a Senhorita. - disse o detetive preocupado.

Cassandra engoliu em seco, por um momento ficou sem fala e com a pele branca feito um papel.

- Bem, não há motivos para pânico, Srta. Velkan, apenas tenha cuidado, mas como é a única testemunha é meu dever garantir sua proteção. Alguns policiais ficarão de olho na propriedade para garantir que Ecser não volte a perturbá-la. - disse Andriy.

A jovem limitou-se a assentir com a cabeça, mas agora tinha certeza de que Matt havia estado em sua casa e armado tudo aquilo para assustá-la. Não estava segura.

Não contou a Andriy sobre o que tinha acontecido naquela noite, pois sabia que ele não seria capaz de protegê-la.