- Se você fizer aquele negócio de ficar reclamando da comida do restaurante, me fazer sua escrava e – dei ênfase ao “e” – sair sem pagar, eu te mato – falei séria no caminho do meu emprego – só um aviso.

Sorri pra ele, obviamente, sarcástica.

Sua expressão foi indiferente, mas logo depois abriu um sorriso e falou: - Eu só dei aquele teatro porque queria te deixar irritada, e deu certo – seu riso preencheu o carro.

- Nem sei porque perco tempo com você – balancei a cabeça negativamente, colocando a mão na testa.

- Por que você me ama – Justin se inclinou pra me beijar, mas eu o empurrei de volta ao seu lugar.

- Eu quero chegar no meu trabalho viva, ao menos.

- Ah, é assim? – ele riu fraco e irônico, como se seu riso falasse por ele e ele dizia exatamente: “você me paga mais tarde”.

- Sim, é assim – confirmei e o silêncio preencheu o lugar. Até pensaria que Justin estava bravo comigo, mas ele não era do tipo que ficava assim comigo pelas minhas grosserias diárias, aliás, ele era igual.

Mas, mesmo assim, poderia pensar que ele estava bravo ou algo do tipo, mas qualquer pensamento que me veio a mente sumiu com o toque da sua mão cálida em minha perna, enquanto a outra estava no volante.

Me atrevi a colocar minha mão por cima da sua, e ele entreabriu seus dedos, dando espaço pra os meus dedos entrelaçarem os deles, quando o fiz, ele apertou minha mão. E mais uma vez senti que ele queria me proteger, era sua necessidade.  

Chegamos em frente ao restaurante e o que eu não imaginava, mas aconteceu, era ninguém estar lá aquela hora. Agradeci a Deus silenciosamente por não ter que agüentar aquelas pessoas em cima de Justin o tempo todo e livrar da vida que ele tanto queria, a vida de um garoto normal.

Entrei junto com ele, e enquanto ele se sentou na mesma mesa que já estivera antes, joguei minha mochila na bancada e fui até Bethy.

- Bom dia, querida, vejo que trouxe seu... Ahn... Seu... Como você diz?

Sorri pra ela, porque na verdade eu não sabia se devia contar pra ela se nós namorávamos agora.

- Ele veio tomar café da manhã, você sabe que eu não sei cozinhar.

- Hm, então, ele está com você? – ela deu aquele sorriso natural que já pertencia normalmente ao seu rosto. Olhei seus olhos e tentei achar algum pingo de maldade ou até mesmo curiosidade dentro deles, mas só o que encontrei foi Bethy. Seu olhar Bethy, sincero e bondoso.

- Acho que sim – dei de ombros e um passo, já estava com Justin.

- Fala o que você quer – sentei na mesa, o olhando.

- Você.

- Fala logo o que você quer, porra.

- O mesmo que pedi naquele dia – ele falou, parecendo entediado.

Anotei seu pedido e entreguei a Bethy, demorou um tempo até estar pronto e eu ter que voltar – como empregada – até Justin.

- Antes de comer isso, prometa que você não vai fazer aquela birra toda – pedi, cautelosamente.

- Eu to com fome – ele se inclinou e tomou a bandeja de minhas mãos – e prometo.

- Obrigada, caso contrário, você sabe o que acontece – tentei sorrir docemente, mas o meu sorriso ficou mais pra um sorriso falso. Sentei a sua frente, o olhando atacar sua comida.

- Sabe o que eu pensei a primeira vez que eu vim pra cá? – perguntei, já sabendo a resposta.

- Você acha que eu leio mentes?

- Panaca – revirei os olhos pra ele, mas logo me recompus e continuei a falar – Eu pensei que aqui era bonito, mas não era um lugar que um famoso escolheria pra vir.

- Pois é, o que eu não faço por você – sua voz saiu irônica e risonha.

- Olha que eu tomo sua comida em um instante e ainda te tiro daqui nos tapas – falei séria e ele riu, assentindo.

Ao terminar sua comida, nos conversamos, quer dizer, ele me irritou, na verdade, ele sempre faz isso. Chegaram clientes e eu tive de abrir mão de ficar mais um tempo com Justin. Quando ele partiu – depois de um longo beijo... Ele insistiu – senti meu estomago revirar, como se alguma coisa me dissesse, que não importa o que custasse, ele tinha que ficar.