Back To Baker escrita por Mel Devas


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, não só tive bloqueio, como também TPM x.x Misericórdia, enfim, acho que consegui postar em tempo.
BOA LEITURA!!!!



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Eu até pensei em falar alguma coisa, mas as palavras estavam presas na minha garganta, a única coisa que consegui fazer foi uma pequena mesura enquanto encarava os olhos castanhos do homem à minha frente.

Sherlock Holmes.

Engoli saliva nervosamente, já era informação demais pra mim, mas conhecer seu detetive favorito é totalmente desconcertante. Watson, percebendo minha situação me apresentou:

– Esta aqui é a Senhorita Holly, acho que vai se interessar por ela. – Eu estendi a mão num cumprimento, o médico começou a explicar para seu companheiro sobre eu vir do futuro, e etc e tal, coisas básicas. Este assentia e levantava as sobrancelhas, só interrompendo esse ritual para colocar mais tabaco em seu cachimbo.

Quando Watson terminou ele deu um profundo suspiro e se inclinou para trás em sua poltrona, apoiando a cabeça nos braços. Afastei minha vista dele quando percebi que Salem se mexeu levemente, aliviada, dei-lhe carícias atrás da orelha.

– Senhorita... – Holmes começou depois de dois minutos de silêncio. – Deixe eu observar sua mão. – Eu estendi-a para ele, que olhou com curiosidade.

– Bem, é uma mão de uma preguiçosa qualquer... – Fui reclamar, porém fui interrompida. – Exceto esse calo. – Ele apontou na mão o canto oposto ao polegar da palma, o mais embaixo possível antes do pulso.

Comecei a gargalhar. Ele provavelmente ficaria surpreso ao saber que praticamente todo mundo do meu tempo tem esse calo, às vezes menor ou maior, dependendo. Nem sei como ele percebeu o meu, que era bem leve.

– I-I-Isso é... – Tentei falar, ainda rindo. – Um calo de... de... computador!!! A maioria na minha época tem.

Ele me olhou confuso, e parecia desconcertado com isso. O fenomenal Sherlock Holmes não gostava de se sentir confuso, notei.

– Computadores são máquinas que são usadas para acessar a internet entre outros. – Expliquei prontamente, mas só aumentei a incerteza do detetive. – Internet é uma coisa que se usa para navegar entre páginas online, ou seja, em tempo real, esses sites podem ter informações, jogos, filmes, seriados, livros... Ah!! Um monte de coisa!! – Era um tanto quando cansativo explicar sobre o futuro, tudo está interligado e uma coisa depende da outra.

– Enfim... – Holmes abanou a mão. – Acho que entendi... Pelo menos a essência. E bem, o que pretende fazer aqui?

– Te responderia se soubesse, mas não faço nem a mínima ideia de como em VIM pra cá. – Suspirei dando de ombros. – Sei tanto da Inglaterra de 1890-1910 quanto um jogador de futebol sabe cantar o Hino Nacional.

– Como você chegou aqui? Melhor começarmos com isso, não acha? – Watson sugeriu, tentando ser útil.

– Ahn... Claro, mas é tão bizarro quanto ao fato deu estar aqui... Eu estava arrumando o sótão da minha nova casa quando eu encontrei uns objetos... – Me interrompi. Não queria falar sobre o diário de Watson. Os dois me olharam, inquisidores. Não, eu não ia contar. – Entre eles estavam uma bicicleta de rodas grandes... – Eu observei uma praticamente idêntica passando pela janela. – roupas da época e... Esse cachimbo. – Apontei justo quando o detetive recarregava e acendia-o de novo.

– A senhorita está querendo dizer que eu furtei seu cachimbo? – Ele sugou de leve o bocal do instrumento algumas vezes e soltou uma grande baforada de fumaça.

– Não. – Ri com a perspectiva de Holmes roubando meu cachimbo, depois de tanto tempo naquela fumaça enjoativa e da minha viagem-sem-noção-nem-sentido-no-tempo não queria nem pensar em chegar perto daquele cachimbo de novo. – Estou só dizendo que provavelmente é o cachimbo que me fez parar aqui. Ele me cobriu com uma fumaça e quando acordei estava aqui.

Ele pareceu refletir, pousou novamente o cenho nos dedos entrelaçados, olhando para o tampo de sua mesa. Ficou assim uns 5 minutos até eu perceber que Salem, totalmente curado, tinha escapado de meus braços e percorria curioso pela mesa de Sherlock. Olhei para Watson alarmada, arregalando os olhos tentando fazê-lo entender meu sinal. Ele simplesmente sorriu e maneou a cabeça, num óbvio: “Vamos ver no que vai dar...”.

O gato preto colocou o focinho num pote cheio de tinta nanquim e espirrou, espalhando borrifos pretos para todo lado, fiquei preocupada com ele, o médico, atrás de mim, tentava conter uma gargalhada. Claramente incomodado, Salem procurou um lugar para esfregar o nariz, molhando as patas na tinta também e imprimindo patinhas felinas por toda a mesa. Holmes não esboçou nenhuma reação, na verdade, ele não tinha saído da posição, mal dava para percebê-lo respirando.

Salem, meu gato e, consequentemente outro retardado, foi esfregar seu nariz no detetive, aliviado de ter tirado a sujeira, miou satisfeito, balançou o rabo e lambeu a bochecha do Holmes, este, por sua vez, despertou com a língua áspera do gato. Levemente estupefato, mas sem esboçar nenhuma outra reação, ele encarou a mim e a seu parceiro.

– Então, meu caro companheiro? – Zombou Watson.

– Andei pensando sobre a vinda senhorita e...

– E o que?? – Me empertiguei na cadeira, curiosa.

– Elementar, meu caro Watson! Isso elementarmente não faz sentido nenhum! – Ele parecia desconcertado. - Não vi nada parecido ou que tenha lógica! Isso tudo deve ser uma grande mentira!

Ele se levantou de sua mesa afoito, assustando Salem. Ainda com a marca do focinho de gato no seu nariz, pegou seu sobretudo, chapéu e bengala e saiu, batendo a porta.

–-x---


Eu e Watson estávamos comendo biscoitos e tomando o chá depois da súbita fúria do companheiro de quarto do médico. Sra. Hudson enxugava as louças enquanto conversava calmamente conosco. Era bom ter uma mulher ali. Estendi as pernas e cruzei-as debaixo da mesa.

Não tenho a mínima noção de quando que eu fiquei tão relaxada naquele lugar, mas, depois de bebericar mais uma vez meu chá verde, me perguntei o que estava pensando anteriormente.

Mas meu estado relaxado foi completamente interrompido quando Holmes entrou, afobado:

– Watson, estavam procurando por você lá fora e olha o que achei.

O detetive havia escancarado a porta empurrando um garoto enfurecido, com sua elegante bengala de mogno. O menino protestava, mas Sherlock não aliviou, sem tirar a bengala do lugar, fechou a porta com pé e pendurou o sobretudo e o chapéu no cabide.

Tentei achar algo de estranho, observei melhor o garoto:

Ele usava calça jeans.


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Notas finais do capítulo

Não sei se eu consegui captar as essências do Watson e do Holmes, estou dando meu melhor, mas é tão difícil... x.x
Espero que tenham gostado, qualquer crítica é só falar o/