Back To Baker escrita por Mel Devas


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem, como não lembro muito bem dos detalhes da casa do Sherlock e mais coisas assim, me perdoem por qualquer erro. Enfim, boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/264416/chapter/2

Passei a mão pela capa marrom do diário, automaticamente varrendo a poeira. Estava totalmente hipnotizada. Abri e folheei as páginas amareladas, preenchidas por uma bela letra cursiva, voltei à página inicial e comecei a ler, ávida. Depois de somente 3 linhas pude perceber. Por pouco não soltei o livro assustada.

Era o estilo de escrita de Watson.

Não podia ser. Ele é só um personagem. Tentei me convencer, mas o livro na minha mão gritava o contrário.

Minha mãe me chamou, tirando do meu transe e reclamou da minha demora. Com certa relutância, deixei o pequeno caderninho marrom de lado e comecei a limpar a pilha de livros restantes. Creio eu, que em circunstâncias normais veria um livro um por um, sem me importar com a ira da minha mãe e sua pia assassina, digamos assim, mas não eram circunstâncias normais.

Sem nem prestar atenção, limpei em um minuto, colocando-as no cantinho junto com a bicicleta e o baú. Varri e passei pano em todo o chão e no teto, onde aranhas me olhavam acusadoras. Coloquei a bicicleta, o baú e os livros de volta no lugar, peguei o diário e corri para o meu quarto, quase trancando Salem no sótão.

Mergulhei na minha cama e abri o livro, lendo freneticamente. Aparentemente, Watson descrevia um caso de assassinato na cidade vizinha, num chalé que alugava quartos. Ignorei quando minha mãe resmungou por eu ter deixado os materiais de limpeza no sótão, continuei a leitura – Que filha exemplar que sou! – Fui obrigada a parar, já era hora do meu curso, peguei minhas coisas, apressada, e joguei o diário na minha bolsa.

Quando fui sair algo me deteve: Queria o cachimbo comigo.

Era um desejo sem sentido, mas algo se agitava dentro de mim e me vi subindo a escadinha do sótão e remexendo no baú. Depois de checar que o cachimbo estava em segurança na minha bolsa, fui para o cursinho correndo, tinha ficado atrasada.

Depois de uma hora fingindo ouvir o que meu professor falava, mas pensando até na morte da bezerra em vez disso, suspirei aliviada quando o professor dispensou a classe e a mesma me esmagou tentando passar todos juntos pela porta. Encontrei um cantinho na frente do curso para me sentar enquanto esperava minha mãe vir me buscar. Estendi meu casaco na grama e sentei, abrindo minha bolsa para pegar meu cachimbo. Dois olhos azuis me encararam.

– Salem! - Exclamei, surpresa. - O que você está fazendo aqui?

Ele somente pulou para fora da bolsa, sem se importar que eu poderia ter sido expulsa do curso por levar um bichinho de estimação. Enroscou-se no meu colo e dormiu. Dei de ombros e agarrei o cachimbo antes que outro gato maluco aparecesse do nada.

O cheiro de fumo parecia mais forte, muito forte. Era como se alguém tivesse acabado de usar, observei curiosa. Percebi que um fino fio de fumaça saía dele. Fiquei totalmente desesperada, só faltava alguém achar que eu estava fumando! Mas parei de pensar nisso quando percebi que a cada segundo a fumaça se tornava mais e mais densa, sendo que eu não tinha posto nem tabaco nem fogo nele. Cogitei se Salem pudesse fazer isso. Mas logo percebi que por mais maluco que o gato fosse, ele não faria isso, na verdade a maluca era eu por sequer cogitar isso.

Comecei a tossir, devia ter jogado o cachimbo longe, porém eu não tinha coragem de fazer isso com algo tão precioso, tão belo. Consegui ouvir alguém me chamando ao longe, mas eu logo desmaiei, sufocada, mergulhando na escuridão e sentindo que estava mergulhando eu um tipo de ar mais denso, frio, sinistro.



–--x---

– Doutor, doutor! Olhe essa mutação. - Uma mulher gritou alvoroçada.

– É realmente uma anomalidade pertubadora. - Uma voz de homem respondeu. Senti algo mexendo de leve nos meus cabelos. Minha vista ainda estava totalmente escura, meu corpo não me obedecia, continuei estirada enquanto sentia o sol fustigava meus olhos fechados e ouvia o barulho, muito barulho.

Ouvia cavalos trotando e rodas de carruagem, saltos altos de pessoas apressadas batiam no chão. Máquinas de diversos tipos zumbiam.

– Tudo nessa senhorita é estranho. - A voz masculina afirmou. - Nunca vi nada igual, acho melhor levá-la ao meu caro companheiro. - Fui erguida com um leve grunhido. - Até mais, Lady Harvey.

– Te vejo outra hora, boa sorte, Dr. Watson. - Tentei abrir os olhos, espantada. Tinha algo de errado, muito errado, mas meu corpo não cooperava e me deixei ser carregada pelas mãos fortes.

–-x--

Não faço a mínima ideia de quando caí no sono de novo, mas quando acordei estava deitada em uma cama simples, de madeira e com lençóis brancos. Vi Salem também desmaiado do meu lado, e quando fui acariciá-lo gemi baixinho de dor, me sentia um trapo velho.

Algo rangeu e virei os olhos para onde veio o som, assustada. Um homem de bigode e cabelos claros tinha se ajeitado na sua cadeira, baixando um livro. Usava um terno bege e um chapéu de mesma cor estava apoiado ao seu lado. Ele sorriu levemente:

– Graças que você acordou! Estava ficando preocupado, já passaram-se três dias desde que a vi desmaiada.

Tentei me sentar, contudo desisti quando senti uma forte dor de cabeça. Levei a mão à testa enquanto desabava na cama de novo.

– Agradeço muito, senhor. - Algo me disse para ser formal. - Não sei o que seria de mim sem você. Onde estou?

– Na minha casa e a de meu companheiro, Baker Street, Londres, senhorita.

Arregalei os olhos. Não podia ser.

– Qual o seu nome?

– John Watson.

– Uma última pergunta. Em que ano nós estamos?

– Uma pergunta certamente curiosa.1902.

Minha cabeça girou. Continuei quieta por uns bons minutos.

– Hann... - O homem arriscou. - Posso fazer minhas perguntas agora?

– Hm?? - Despertei - Claro...

– Primeiro de tudo... Que mutação é essa no seu cabelo? - Seus olhos brilharam. Olhei instintivamente para meu cabelo, apesar de saber como ele é, e meu pescoço protestou. Soltei uma leve risada, ele era descolorido e avermelhado nas pontas.

– É uma coisa chamada Californiana, é um tipo de mecha nas pontas.

Ele me encarou confuso, como se eu estivesse falando grego. Suspirei, ia ser uma longa história.

– Sei que você não vai acreditar, mas eu sou do futuro. De 2012, para ser exata. - Ele tentou falar alguma coisa, eu agitei minha mão, num gesto para ele me dar tempo. - Não só sou do futuro, mas também lia muitos livros de detetives, entre os quais meu favorito era Sherlock Holmes. - Parei para recuperar o fôlego, Watson ergueu uma sombrancelha, cruzando os braços. - Nunca achei que vocês fossem reais, todo mundo acha que vocês são personagens fictícios de Arthur Conan Doyle, que escreve como se fosse você.

– Como você disse, não acredito. É estranho, porém não impossível a senhorita saber nossos nomes, nunca ouvi falar de Conan Doyle. Creio que está doente, minha cara, a não ser que prove que estou errado.

– Hmm... Já sei!!! Em 1914 haverá a Primeira Guerra Mundial!!

– Mas isso é óbvio para todos. Estamos no meio da Paz Armada, falta pouco para a Guerra.

– Em 1939 eclodirá a Segunda!! - Exclamei, vitoriosa. - Depois de uma revolta Alemã, planejada por um austro-húngaro chamado Adolf Hitler, que perseguiu milhares de pessoas, principalmente Judeus, causando um total genocídio.

– Extremamente interessante. E como você pode provar isso?

– Não tenho. Você podia acreditar em mim. Deve ser útil alguém do futuro. - Tentei encontrar uma posição mais confortável e senti algo no meu bolso. Meu celular!!

– Aqui!! Olha só, no futuro existem telefones portáteis, chamados celulares. O meu está aqui, vou te mostrar ele, apesar de não ter sinal. Ah, e vou desligá-lo depois, já que aqui não vai ter carregadores. - Eu peguei o aparelho enquanto o médico chegava mais perto. Apertei uns botões e expliquei o sistema. Seu semblante parecia a de uma criança ao ganhar um grande brinquedo, totalmente encantado. - Agora acredita em mim? - Perguntei, desligando e guardando o celular no meu bolso.

– Agora é outra história, Senhorita...

– Holly, meu nome é Holly.

– Senhorita Holly!! Consegue se levantar? Gostaria que conhecesse meu companheiro, que você já deve conhecer, mas tanto faz. - Meneou a cabeça. Tentei me levantar com sucesso, me sentia bem melhor, porém Salem não tinha acordado.

– E o meu gato? - Segurei-o no colo.

– Então ele é seu mesmo! Ele me seguiu por todo o caminho até aqui e deixei-o entrar. Quando coloquei-a na cama ele desmaiou. Não sou veterinário, mas acho que daqui a pouco deve acordar, que nem você.

Embalei Salem e levei-o comigo de qualquer jeito. Descemos as escadas, nos encontrando com a governanta, Sra. Hudson, no caminho, que acariciou meus cabelos.

– Conto com você, Senhora Hudson - Watson fez uma leve mesura.

Chegamos num escritório central, com as paredes brancas e estantes de madeiras cobertas de livros. No centro um homem de cabelos pretos rentes, nariz aquilino e olhos sagazes que me encararam, entrelaçando os dedos e apoiando a cabeça sobre eles. Fumava um cachimbo. O MEU cachimbo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalmente a história começou a andar... Ainda não engatou totalmente, mas pelo menos a Holly já tá na antiga Londres ~le não queria prolongar muito as coisas.
Espero que tenham gostado >—
E me desculpem pela escrita ruim desse capítulo, mas estou tentando deixar mais formal, o que é difícil para mim. Juro que as coisas vão melhorar.
Qualquer crítica é só falar >w