Capítulo 8 O Grande Problema – POV Percy

Percy ficou esperando com os pés no leito do pequeno Tibre, esperava que o sétimo não demorasse muito, afinal queria passar mais tempo com uma determinada pessoa, mas o tempo passava e ninguém chegava; demorou algumas horas, mas ele começou a sentir uma aproximação, uma forte aura de semideuses se aproximando, viu três pessoas marchando em sua direção.

Ele pôde perceber de cara que eram semideuses poderosos, talvez filhos dos três grandes, mas logo se lembrou que isso era impossível; a que vinha na frente entre os dois parecia uma garota, tinha um cabelo curto e preto, o elmo era fechado ao ponto de não poder ver seu rosto, usava uma armadura grega, uma capa preta, ela transmitia a sensação de que era alguém a ser respeitado.

Os outros dois que a seguiam pareciam ser homens, eram mais altos e usavam lanças de madeira com pontas de ferro comum, com armaduras verdes feitas de bronze celestial, ambos com corpos musculosos e bem treinados, isso o alarmou, inicialmente achou que se tratavam de semideuses romanos, voltando após uma patrulha, mas que meio-sangue romano usaria uma arma que poderia ferir mortais?

Ele instintivamente destampou sua caneta que se desdobrou em contracorrente e a ergueu de maneira a impedir o caminho deles; os três olharam para ele ironicamente, era como se duvidassem que ele fosse uma ameaça, separados pelo poderoso pequeno Tibre, eles se fitaram, a garota parecia ser a líder, ela deu um passo a frente sem pisar na água.

– Deixe-nos passar Percy Jackson – era uma ordem, e a garota possuía uma voz familiar, ele teve a sensação que conhecia a garota, mas não reconheceu.

– Acho que não – disse ele, o fato de estar em desvantagem não o assustou, próximo a água, e com uma centena de semideuses atrás das muralhas para lhe dar cobertura, não teria problemas, a qualquer momento as sentinelas na muralha veriam um distúrbio e soariam um alarme, ele só precisava lutar para mostrar que estavam sendo atacados.

– A mãe quer você Percy Jackson, mas isso não significa que você seja intocável – disse a figura do meio ameaçadoramente; Percy jamais deixaria eles entrarem, no momento que elas disseram essa frase o filho de Poseidon sabia que eles serviam a Gaia, um dos semideuses bateu pesadamente o cabo da lança no chão, o mesmo se moveu, mas não era bem um terremoto, era mais como se ele pudesse controlar a terra.

Sem hesitar ele buscou força no rio, o Tibre respondeu o seu chamado, ele criou um pequeno tsunami com a intenção de nocautear os três, pela água ele viu a figura do meio se mexer fazendo algo, mas a pequena tsunami cobriu sua visão e não pode ver o que havia acontecido, quando a água baixou os três haviam sumido.

Procurou sentir algo dentro do rio, mas nem sinal dos estranhos, logo dois sentinelas se postaram ao seu lado.

– Pretor? – disse um deles, ambos estavam apostos procurando sinais dos intrusos.

Ele sacudiu a cabeça pensando, eles eram poderosos e queriam algo no acampamento, não era ele, haviam tentado passar sem ser percebidos, mas Gaia não queria nada no acampamento Júpiter antes, ela queria destruí-lo, significava que havia algo novo no acampamento que não estava aqui antes.

– O sétimo já está aqui... – ele falou consigo mesmo, os sentinelas o olharam ainda esperando instruções – dobrem a guarda em todas as entradas, qualquer um estranho que se aproximar deve ser capturado sem perguntas e levado a Principia, fui claro? – ele havia reunido toda a autoridade possível, ficou satisfeito ao ouvir a resposta.

– Sim – responderam os soldados bem treinados - SenatusPopulusqueRomanus!

Ele deu as costas aos dois, precisava contar aos outros tudo que havia acontecido, principalmente a Reina e Annabeth afinal elas liderariam os romanos até que o Argo voltasse, não podia deixar os estranhos invasores em segredo das duas.

– Muito bem Percy Jackson, uma voz ecoou em sua cabeça, inicialmente achou ser Gaia. “aqueles três não podem pisar no acampamento, você fez bem em pará-los”, ele finalmente reconheceu a voz de Hera e respondeu.

– Eles vieram atrás do sétimo não é? – disse ele mentalmente, “sim, ele passou as defesas de Roma, foi bem treinado... Gaia o quer de volta, ela tem planos para ele, assim como tem para você” Percy ficou impressionado por ele conseguir entrar no acampamento sem ser notado, porém duvidava que ele pudesse permanecer assim para sempre e quando ele fosse notado, bem... havia se tornado mais importante ser rápido.

– Onde ele está? – perguntou para a deusa em sua mente, mas ela havia ficado muda, ele se lembrou de ela dizendo que ele era problemático, e sua chegada em si já havia gerado um problema, Percy sinceramente não estava ansioso por viajar com ele.

Ele correu pelas ruas atento, olhava para os lados, logo a frente viu um rapaz loiro bonito, ele passou por Jason chamando – vem comigo! – o loiro o seguiu enquanto Percy contou para ele da chegada dos estranhos, as suas conclusões sobre a chegada do sétimo e até a conversa com Hera, tudo parecia importante.

– Percy temos que encontrá-lo rápido, um semideus andando pelo acampamento Júpiter sem ser membro da legião, ele é um invasor! Ele será morto! – dizia Jason confirmando as suspeitas de Percy.

Para piorar a situação havia um incontável número de amazonas nas ruas, elas não usavam as roupas da legião, tornando impossível diferenciar um estranho na multidão, ele acreditava que talvez não o encontrassem a tempo.

Eles viraram uma esquina indo em direção a Principia quando depararam com algo que os fez parar, Hylla a rainha amazonas com Kinzie sua assistente mais sua guarda pessoal, estavam próximas a um garoto que não usava as roupas da legião.

O garoto usava trapos imundos, possuía cabelos negros lisos escorridos, desarrumados cheios de folhas de arvores, mas ele não parecia se importar, um rosto andrógeno e devia ter pelo menos quinze anos, tinha olheiras tão profundas nos olhos que Percy teve a impressão que ele não dormia há dias, usava em cada braço algo que lembrava um escudo em miniatura, arredondado e ornamentado bem justo nos braços com fitas de couro, parecia ser feito de bronze celestial de aspecto pesado e solido, lembrava a Percy duas Katars retrateis e pesadas que ele havia visto no acampamento uma vez, ele não gostava, segundo Quiron uma arma comumente usada por assassinos.

– Homem! Está é Hylla a rainha das amazonas – dizia Kinzie, aparentemente a discussão era por um motivo idiota, porém ele conhecia o orgulho das amazonas, elas tinham pavio curto quando se tratava de homens – quando você passar perto dela demonstre respeito! Vista-se descentemente, ponha-se no seu lugar!

Uma pessoa normal teria se encolhido quando 10 guerreiras amazonas brigam com você por algum motivo, seria mais fácil e bem mais seguro simplesmente ignorar, mas aquele garoto não era bem normal, ele olhou para Kinzie com seus olhos negros que lembravam o céu noturno, e um olhar debochado.

– Rainha? Essa pirralha? Já vi mais nobreza em pudous – disse ele, Kinzie girou para chutá-lo imediatamente, mas ele se desviou graciosamente e sem dificuldade, ela tentou golpeá-lo com a lança, mas ele também se desviou, e antes que as outras guerreiras pudessem fazer algo, ele chutou com o joelho a mão de Kinzie a lança da garota voou três metros no ar, por um momento todos olharam para onde a lança ia cair.

Percy havia piscado por alguns segundos e não viu bem o que aconteceu, o garoto parecia ter derrubado Kinzie, e a dominara de forma a prendê-la com o peso do seu corpo colocando o joelho em cima de suas costas mantendo o rosto da garota contra o chão, ela inutilmente tentava se levantar.

As outras guerreiras baixaram as lanças, por um momento Percy achou que o garoto seria morto ali mesmo, mas ele agarrou a lança de Kinzie enquanto ela caia, colocando a ponta perto do pescoço da guerreia ao mesmo que as companheiras da garota paravam o ataque a 10 centímetros dele com medo que a companheira se ferisse.

– Espertas, se vocês tivessem continuado tentando me perfurar eu teria matado sua amiga. Abaixem suas armas – disse ele ordenando.

As amazonas não obedeceram, a confusão parecia atrair mais e mais pessoas, amazonas e membros da legião, Percy ia argumentar com a rainha quando viu seus olhos, ela parecia furiosa com a atitude do estranho, ver sua amiga e braço direito sobre a mira de uma lança parecia triplicar sua fúria.

– Eu não irei repetir uma terceira vez, abaixem suas armas – ele olhava para a rainha ameaçadoramente, lembrava um animal selvagem sendo obrigado a viver na cidade, ele viu a ponta da lança roçar o pescoço da amazona, ele realmente não repetiria uma terceira vez.

A rainha amazona fez sinal para suas guerreiras, que obedeceram abaixando suas lanças, ele sorriu ameaçadoramente.

– Ótimo, vocês são amazonas certo? É a primeira vez que vejo vocês, nada impressionantes – disse o estranho – prestem atenção no que vou dizer, isso pode salvar suas vidas um dia amazonas... – disse como se fosse um insulto, provocando – não me importo como vocês vivem, se querem tratar todos os homens como animais, por mim tudo bem, agora tenham isso em mente, quando vocês me tratarem como um cachorro eu responderei no mesmo nível, se você me bate eu bato de volta, se quiserem agir como superior, para mim tudo bem, mas quando vierem contra mim eu irei colocá-las no seu devido lugar.

As amazonas ficaram ofendidas, Percy se lembrou “ele é problemático”, olhou para Jason, este sustentou seu olhar como se pensassem “o que fazemos?”.

O garoto fincou a lança de Kinzie próximo a cabeça de sua dona, errando a orelha por centímetros, antes mesmo que as outras amazonas pudessem fazer algo ele saltou, como um gato ou como um carneiro, mas um salto de três metros que pôs ele do outro lado do cerco das amazonas, e ele saltou de novo para a parede de uma casa se agarrando no que pudesse, e saltou de novo até estar no telhado de uma casa, tudo com uma agilidade e destreza características de um gato.

O garoto se virou para baixo – se vocês tiverem algum problema comigo, venham! Eu não tenho medo – disse ele, e duas laminas saíram dos pequenos escudos de pulso que o rapaz usava, Percy estava certo, eram Katars retrateis. – porém, estou com pressa agora, preciso procurar Pico.

Ele ergueu a mão em direção ao chão, e das sombras surgiram dois lobos escuros, de um único olho vermelho que lembrava um rubi, feitos de escuridão, os animais abriram as bocas, ou aquilo que chamavam de bocas, pois eram apenas machas escuras, revelando nada parecido com dentes.

Os animais atacaram amazonas, os animais sombrios não foram difíceis de matar, golpes indiretos pareciam não afeta-los, mas Percy conseguiu cortar um com contracorrente e o animal se desfez não em poeira dourada, mas em nada, afinal não era um monstro, aquele semideus havia criado ele de alguma forma, o outro também já havia sido morto por alguém, o garoto havia desaparecido.

Ele olhou para Jason, o garoto abriu a boca para falar, pensando o mesmo que ele.

– Percy ele é... – começou Jason.

– O sétimo – completou Percy.

– Percy Jackson! – era a rainha Hylla, ela parecia furiosa. – aquele homem é um dos seus companheiros?! – e sem esperar resposta ela continuou – encontre-o Percy Jackson, porque quando nós o encontrarmos ele será morto! - A rainha saiu liderando suas guerreiras.

Percy sabia o que a rainha havia querido dizer que ele devia esconder bem o garoto, porque se as amazonas o pegassem ela teria que executá-lo, afinal como rainha ela não podia demonstrar fraqueza, ainda mais frente a um ato daqueles, se isso acontecesse e Roma tentasse salvar o rapaz poderia perder as amazonas como aliadas, ele olhou para Jason desamparado.

– Isso é um grande problema – disse Percy preocupado.