A Viagem Dos Novos Argonautas escrita por O Coração Negro


Capítulo 33
Capítulo 33 O Desabafo de Juno – POV Jason




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Capítulo 33 O Desabafo de Juno – POV Jason

Era estranho ver a rainha do Olimpo tão humana, Jason sabia melhor do que ninguém como eram todas as suas faces, afinal carregava seus milhões de aspectos e sua verdadeira aparência gravados no cérebro, mas ali, olhando para ela viu algo em seu rosto que nenhuma de suas faces possuía e também não havia visto no rosto de algum olimpiano, mas não sabia dizer o que era.

- Então o meu pequeno finalmente revelou para vocês seus segredos? Agora sabem por que quero que cuidem dele? – a rainha do Olimpo parecia preocupada, não com o sucesso da missão, mas com o fato de que talvez o jovem Eric não fosse aceito pelos outros, que ficasse excluído, Jason não podia imaginar porque a rainha dos deuses se preocupava tanto com Eric.

- Não nos importamos que o nascimento dele não tivesse sido... convencional, ele é difícil, se esquece de tudo, talvez dê mais trabalho viver com ele do que com qualquer outra pessoa, mas ele é um amigo... mas tenho que perguntar, por que Juno? Por que você dentre todos decidiu se importar com esse único meio-sangue? – Jason podia imaginar milhões de respostas, parecia importante saber a ligação que Eric possuía com a deusa, como se fosse ajudar a cumprir a missão e derrotar Gaia.

A deusa estava mais séria do que ele jamais havia visto, ela suspirou, olhou para Eric como se ele fosse um bebe, foi um choque, nunca havia visto Eric tão carinhoso, muito menos Juno.

- Ah!Jovem Jason, não sei se você pode entender, mas eu vim aqui com a intenção de contar, você viu tudo pelas lembranças de Eric, mas agora o que vem a seguir cabe a mim dizer, espero que vocês entendamo porquê de eu ter decidido fazer o que fiz, e não me arrependo, faria de novo mil vezes se fosse necessário.

Todos observaram quase hipnotizados quando ela começou a falar, era algo que desejavam saber.

- Você se lembra quando Gaia me fez prisioneira? Permaneci em cativeiro durante dois meses, claro vocês vieram mesalvar, mas... o que aconteceu nesse meio tempo você não pode imaginar...

A deusa parou alguns minutos para escolher as palavras, afagou os cabelos de Eric e continuou.

“Gaia sugava minhas energias, eu ficava mais fraca todos os dias, ela é astuta, sabia que eventualmente eu juntaria os heróis destinados a me libertar, então colocou de vigia na minha cela um cão de guarda, seu mais fiel homem, o único que não tinha escolha além de servi-la, seu homem de confiança era Eric Beilin, porém naquela época ele ainda não tinha um nome, mas era o líder do grupo de semideuses denominados por elas de os Arautos”.

Jason ouviu em silencio, era estranhamente chocante ouvir tudo contado por Juno, claro que ele já sabia que Eric havia trabalhado para Gaia, mas saber que ele havia sido o vigia da rainha dos deuses era igualmente chocante.

“Eu soubeno momento em que o vi, ele estava destinado a ser o sétimo, porém Gaia o havia quebrado, domado-o, ela o havia criado desde o nascimento para ser seu algoz, talvez eventualmente algo mais... porém isso apenas Gaia e o próprio Eric podem dizer, ele havia crescido para ser um assassino, treinado para matar meus amados semideuses, sim eu sou dura com vocês crianças, mas os amo como uma mãe...”

“Quando o vi, tive como vocês mortais dizem... vontade de chorar, ele não tinha memória, vontade ou futuro, um verdadeiro cão – concluiu ela, o Eric atual parecia ignorar o que ela dizia, como se fosse algo tão desinteressante como respirar - eu sabia que se vocês tivessem encontrado-o do jeito que ele estava... durante o renascimento de Porfírio, cercados por lobisomens, talvez tivessem que enfrentar até Quione, que é apesar de tudo uma deusa menor, vocês teriam sido mortos, o pior de tudo por alguém que poderia ser um amigo, um aliado, eu não pude agüentar essa possibilidade”.

Jason abriu a boca para dizer algo, mas a deusa acrescentou – não estou dizendo que vocês são fracos, ou nada disso, mas ele também carrega um sangue poderoso, foi treinado justamente para matar meio-sangues, tinha do seu lado um exercito, sei que se vocês lutassem sozinhos teriam vencido, mas naquela situação desvantajosa vocês nada poderiam fazer...

“Então eu tomei uma decisão, iria me aproximar dele, confesso, inicialmente não tinha a intenção de ajudá-lo, eu queria matá-lo, sabia que sozinha e enfraquecida não poderia quebrar sua maldição, e mesmo que pudesseeu não o faria, pois Gaia simplesmente iria encarcerar sua mente de novo, afinal eles tinham uma ligação muito forte, porque apesar de tudo são irmãos.”

Todos olharam espantados frente as declarações da deusa, nem em seus mais inimagináveis sonhos tinham pensado que Eric era o guarda que vigiava a cela de Juno, tampouco que a deusa já teria cogitado matá-lo, foi chocante.

“Peço que não me julguem, existem varias ocasiões que os heróis destinados a algo nas profecias podem ser mudados, tive esperança de que essa fosse uma dessas vezes, como eu poderia arriscar bilhões de vidas por apenas uma? O destino do mundo estava em jogo e por isso tomei a mais dura das decisões, eu seria sua executora, minha arma seria nada mais do que minha voz.”

“No começo eu apenas falava por detrás das barras de minha jaula, ele ouvia quieto, depois de uma semana percebi que talvez meus esforços fossem inúteis, afinal qual o objetivo de tentar fazer amizade com alguém que no dia seguinteesquece-se de tudo? Comecei simplesmente a falar com ele, já havia desistido de ganhar sua confiança, apenas contei historias de coisas que havia visto e sentido, apenas passando o tempo, e ele começou a me responder.”

“Nossas conversas ficaram prazerosas, embora fosse uma prisão me diverti um pouco, ele usava seu poder para afastar os olhos de Gaia, por isso a deusa da terra nunca ficou sabendo como exatamente consegui roubar-lhe um de seus mais estimados tesouros, quando alguém vinha checar ele dizia que estava praticando, vi nisso minha oportunidade de matá-lo já sabia como chegar nele e afetar sua vontade.”

“Perdi a conta de quantas foram as minhas oportunidades, mas era como se algo me segurasse, nós deuses geralmente não apresentamos duvidas, somos aspectos de perfeição em nossos respectivos campos de domínio, somos como vocês mortais dizem... digamos teimosos, não me entendam mal, mudamos de opinião, sim mudamos, mas é difícil... realmente muito difícil”.

“Com o passar do tempo, ele pegou o habito de dormir menos, era como se nossas conversas fossem algo tão precioso para ele como eram para mim, era estranhamente gentil para alguém que não conhecia nenhuma forma de gentileza, três dias eram seu limite antes que ele finalmente fosse vencido e forçado a dormir e se esquecer.”

“Lembro quando contei a ele que os semideuses tinham o habito de jogar comida no fogo em honra aos deuses, contei que eu não tinha filhos mortais e por isso geralmente não recebia tantos sacrifícios, confessei que isso me incomodava um pouco, que gostávamos do cheiro, ele prontamente foi caçar e voltou com um punhado de carne, esta que ele preparou em uma fogueira e jogou ali mesmo um punhado da mesma dizendo “Juno”, era simples, mas foi um doce aroma”.

“Era realmente uma criança adorável, mas eu ainda tinha que fazer, porém eu hesitava e não entendia o porquê, as oportunidades não me faltavam, o que poderia estar me impedindo?”

“Eventualmente ele até mesmo ofereceu minha liberdade, por incrível que pareça eu neguei, não direi que foi por que gostava de sua companhia, embora parando para pensar sua companhia era algo que apreciava, mas porque se eu fosse ser salva tinha que ser por você Jason, se não fosse assim Leo e Piper jamais adquiririam a confiança necessária para vencer Gaia, o destino do mundo estava em jogo, sim o nascimento do rei gigante seria atrasado, mas não impedido, quando ele ressurgisse já não haveriam sete heróis capazes de derrotar nossos inimigos mortais.”

“Não tenho certeza de quando foi, mas em meio a nossas longas conversas, em algum momento, eu percebi que não podia matar aquele jovem, ele era meu carcereiro, provavelmente se Gaia tivesse ordenado ele cortaria minha cabeça sem hesitar, não que isso fosse servir de algo, convenhamos sou uma deusa.”

“Ele me procurava sempre, se privava de seu sono para guardar por mais tempo nossas conversas, embora eventualmente sempre o esgotamento o vencesse e se tornava novamente uma folha em branco, ele era um dos sete, mas estava quebrado, corrompido, Gaia o havia feito dela.”

“Comecei a vê-lo como ele realmente era, um filhote de cão abandonado, não... mais como um bebe eternamente recém nascido, abandonado em uma cesta na porta de casa, dia a após dia esperando que uma verdadeira mãe o acolhesse, eu sou a deusa da família não lhe pude negar isso, eu fiz o que pude por ele, lhe dei a capacidade de diferenciar o certo do errado, de se lembrar daquele momento em que lhe dei tudo o que ele possui hoje, “Eric” nome que ouvi uma vez uma mãe dar a um filho em homenagem a um conto infantil, apenas parecia adequado, “Beilin” o sobrenome da mortal que ele nunca chegou a conhecer.”

“Ele pôde se lembrar de pouco, seu nome, seus possíveis companheiros de aventura, ele poderia se lembrar até mesmo se eles eram amigos e inimigos, o que levando em conta sua maldição já era muito, saberia o que Gaia havia feito com ele, poderia até aprender algumas coisas novas, não tudo, pois sua maldição era muito poderosa, aquele se tornou nosso segredo”.

“Poderia ter sido um erro, mas tive esperanças que isso fosse o bastante, não suportaria vê-lo morto, muito menos induzi-lo a morrer, não posso ter filhos com mortais, afinal sou a deusa da família, por isso sempre invejei as outras deusas nesse aspecto, mas quando aquele menino que não possuía comigo qualquer laço sanguíneo me chamou de mãe pela primeira vez, me perguntei se aquela emoção que sentia era a mesma que as outras deusas sentiam, era injusto, eu também queria aquilo, ele já não era de Gaia, ele era meu filho e eu sua mãe”.

Todos ficaram sem palavras, a imagem de Juno tremeluziu e ela desapareceu, o que fazer em seguida? Jason não sabia, era muito para aceitar em pouco tempo, a primeira grande pergunta era: até que ponto poderiam confiar nele? O problema de memória afetaria a missão até que ponto?

– Estou quase acordando – disse Eric suspirando – se quiserem perguntar algo perguntem agora, quando eu acordar não me lembrarei...

Antes mesmo de alguém dizer algo a imagem da sala mudou, mostrando Eric com Juno, a deusa estava suja e Eric também, parecia com o dia em que haviam conhecido o garoto.

– Tem certeza? Vai realmente trair Gaia e levar uma vida mortal? – perguntou Juno, Jason reparou que o pé da deusa estava inchado.

– Sim – disse Eric convicto – depois de tudo não posso continuar com ela.

– Entende que ao trair a deusa da terra você perderá a imortalidade? – perguntou Juno com um olhar maternal.

– Sim – disse Eric – além de que, se eu não trair ela agora quem irá te carregar até o acampamento Júpiter? Acha que não sei que você não consegue se mexer bem com este pé?

– Muito bem, mas tenha cuidado – disse Juno suspirando – eu preferia que você fugisse, Gaia irá mandar os arautos atrás de nós...

– Eu posso despista-los – disse Eric pegando Juno e a pondo nas costas. Eles se moveram em silencio, então as imagens mudaram com Eric colocando a deusa na beira de uma estrada.

– Está bom aqui? – perguntou ele receoso, o garoto tinha profundas olheiras, dando a entender que havia ficado muito sem dormir outra vez.

– Sim está, você foi muito gentil, em breve Percy Jackson irá vir e terá a escolha de me ajudar – disse Juno – se ele me levar até o tigre a força do rio do império irá lavar minha ferida e curar-me.

– E se ele recusar? - perguntou Eric aflito – eu posso te levar até o acampamento Jupiter, é mais seguro.

– Que gentil – suspirou Juno – porém isto é algo que Percy tem que fazer ou ninguém no acampamento irá aceitar ele como membro e precisamos dele como membro dos sete, confie em mim, agora se apresse e se esconda ele já esta vindo.

Jason viu Eric se esconder enquanto Percy desceu deslizando o morro em uma bandeja de amostras grátis, então as imagens desapareceram.

– Você levou Juno até lá! – observou Percy – sempre me perguntei como ela tinha chegado lá com o pé inchado...

Jason sabia que não demoraria muito para Eric acordar e todos voltarem para a cela, porém o que fazer em seguida? Ele pensou em tudo que havia acontecido, até agora não haviam se arrependido muito de confiar em Eric, claro que agora que a atitude hostil dele estava desvendada eles poderiam agir melhor, afinal ele era assim para ninguém se aproximar o bastante para desvendar seus segredos; então se lembrou da luta com os arautos e em como havia sido difícil lutar contra alguém treinado para enfrentar meio-sangues.

– Ei, você sabe como lutar contra meio-sangues certo? – perguntou Jason para confirmar.

– Sim – Eric assentiu surpreso.

– Você sabe então nossos pontos fracos e como explorar eles certo? Acha que consegue nos ensinar quando sairmos daqui? – perguntou Jason, parecia bom saber como os arautos lutariam contra eles e era uma chance de melhorar.

– Claro – disse Eric no mesmo que a sala desaparecia – apenas falem com meu eu acordado, mas não se esqueçam acho que não irei me lembrar dessa conversa...

Então estavam todos novamente na sela, Eric estava acordado e novamente ferido, embora tivesse um ar melhor, porém olhava todos intrigados, como se não soubesse como havia chegado ali, porém logo recuperou a atitude.

– Olhando o que? – perguntou Eric, tudo estava normal, fora estarem em um calabouço.


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Notas finais do capítulo

Aguardem ansiosamente o resgate do Nico no próximo capítulo, peço desculpas a todos por não postar no domingo, a verdade é que os problemas na internet aumentaram tipo me loguei de um computador onde não tinha os capítulos por alguns minutos apenas com o intuito de ver os comentários, porém não tive como postar, pois os capítulos estão no eu computador particular em casa.
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