Haley

   Não percebia bem se estava ansiosa ou assustada. Também não é todos os dias que vais passear a Veneza com o teu ídolo. Com aquela mistura de mediadade (palavra que eu acabei de inventar) acordei ás 8 da manha, ou seja 3 horas antes da hora marcada para estar na praça de S.Marcos. Vesti uns calções e um top em 5 minutos e fui tomar o pequeno-almoço. Sim, eu não sou daquelas raparigas que fica duas horas a preparar-se. Eu vou dar um passeio não casar me com ele... Bem não me importava nada mas eu visto uns ténis, um top e uns calções e tou bem.
    Devi confessar que sou um pouco esquisita com a comida e, bem... Não havia assim nada que eu gostasse e acabei por comer uma maça... Belo pequeno-almoço Haley... Eram ainda 9 horas. O que hei- de fazer para passar o tempo?    Decidi andar por aí a explorar um pouco e fiquei a pensar e a tirar fotos.

   - Então Hal uma hora mais cedo é?

   Estava a passar pelo hotel do James e nem dei conta. E ainda por cima ele saiu assim sem mais nem menos enquanto eu estava a passar.

   - não podes falar muito não é? - ri eu.
   - ok pronto. Não tenho culpa, acordei as 9 sem sono, vesti-me e tomei o pequeno-almoço e estava farto de estar no quarto sem fazer nada e decidi ir dar uma volta.
   - era precisamente o que eu estava a fazer! Então, vamos?
   - já que estas aqui... - sorriu.

   Estava com uma camisa aos quadrados verde e rosa aberta com uma camisola branca por baixo e uns jeans. Adoro vê-lo com aquele look... Deu-me o braço como tinha feito no dia anterior mas mesmo assim ainda fiquei um pouco nervosa quando pus a mão naquele enorme braço.
Depois de muito caminhar, tirar fotos, conversar, etc. parámos num restaurante numa rua apertada que tinha óptimo aspecto.

   - Vamos comer aqui? - perguntei
   - Aham. Todos dizem que é bastante bom e queria trazer-te cá.

   Sentamo-nos. No menu só havia coisas tipo chiques, com molhos e cogumelos e ceninhas assim que eu não gosto. Os pratos eram todos gigantes e depois trazia um montinho de salada a um canto. Uns fios de molho a decorar e depois um bife bem pequenino ali no resto que sobrava. Pedi um pouco de esparguete e voilá ali estava o meu almoço. Apesar de ter nascido nos EUA eu fui para Portugal muito cedo e habituei me á boa comidinha da minha mãe feita á descrição e aos bifes enormes servidos nos restaurantes por isso aquilo para mim era estranho. Olhei para o James e ele estava a rir.

   - Que foi?!
   - és mesmo estranha rapariga. Nada de molho, bife... Porque é que não comes algo italiano? - disse ele enquanto não parava de rir
   - Para isso é que esta aqui o esparguete - disse enquanto deitava a língua de fora.
   - nunca conheci alguém como tu.
   - isso é bom. Eu gosto de ser diferente dos outros. - disse eu sorrindo.
   - sim, é bom - disse ele devolvendo o sorriso que era meio... Pensativo.
   - tas a pensar em que?
   - um... n-nada esquece.
   - agora vais dizer.
   - não sei... Como nos conhecemos, foi tão ao acaso. Parece que o destino nos quer juntar.
   - o destino somos nos que o criamos. Quando me convidaste para dançar mudaste o teu e decidiste conhecer-me o que mudou o meu também.
   - bom ponto de vista - suspirou enquanto remexia o esparguete e olhava os movimentos do garfo. - Sabes és uma grande amiga Hal. Sinto que já nos conhecemos há muito tempo. É estranho.
   - é porque somos parecidos... Em termos de quem somos. Não nos preocupamos sobre o que os outros dizem de nós.
   - yap. Um brinde a sermos nós e termo-nos conhecido - disse levantando a cabeça e sorrindo.
   - a isso - disse eu batendo com o copo no dele.


   James

   Se eu pudesse bater com a cabeça na parede batia. O que é que eu estou a fazer. Eu... Eu gosto dela. Sim. É isso. Mas é só o segundo dia que a conheces James, como... Agora tou a falar comigo próprio... Mas aqueles olhos, aquele sorriso. Ela. Ela. Ela. Pffff... Já não sei nada.
   Estávamos a passar por uma dos milhões de pontes que havia e vi uma gôndola com um casal. Toda a gente faz aquilo, porque não ir já? Também não tínhamos mais nada para fazer e Veneza é praticamente toda igual. E já tínhamos visto tudo do que consideram interessante. Bem falta as fabricas de vidro mas... Ainda temos vários dias.
   Peguei-a pela mão assim que vi uma gôndola sem ninguém.

   - Vamos!
   - Vamos aonde James? - olhou para as nossas mãos entrelaçadas. Eu sorri. Gostava do toque daquela mão, como ela me agarrava firmemente e com confiança apesar de ter nos olhos o nervosismo.
   - Vamos andar de gôndola! Virmos a veneza e depois não andarmos de gôndola...
   - Ok... - notei o nervosismo na sua voz.

   Entrei primeiro para depois dar-lhe a mão para ajuda-lá a entrar. Aquilo supostamente da para seis pessoas. Havia Um sofá para dois no fundo e foi aí que nos sentamos.
   Sentia o nervosismo a subir me pelo corpo. Eu nunca me tinha sentido assim tão nervoso desde que fazia audições quando era novo. Sentia o suor nas minhas mãos que já não sabia se era do nervosismo ou do calor que se sentia em Itália. Limpei-a as calças e só aí reparei que a minha mão direita continuava entrelaçada com a da Hal. Os nossos dedos estavam entrelaçados perfeitamente uns nos outros. Uma sensação de felicidade invadiu o meu corpo logo seguida da ansiedade. Estava a apaixonar - me demasiado rápido. Sim, acho que já não posso negar que vejo nela outra coisa para alem de amizade.
   Senti a não dela a separar - se da minha e ela começou a tirar fotos.

   - Pareces o Carlos - ri eu, pensando que gostava de falar com ele agora, para ver se me animava.
   - não pareço nada. - fez uma cara amuada - eu não tiro fotos a tudo o que vejo! - ela riu-se
   - pois so a quase tudo
   - parvo - chamou-me ela enquanto dava um murro no meu braço.

   Começamos a rir os dois por nada. Como duas crianças ali a passear num barco e a querer tocar na agua. Senti-me muito bem ali ao lado dela. Sem pensar a minha mão procurou a sua em cima do sofá e os nossos dedos entrelaçaram-se uma vez mais. Olhei para ela e os nossos olhares encontraram-se. Sorrimos e recostamo-nos no sofá. Meia hora depois o passeio terminou.

   - queres ir ao meu hotel para eu te apresentar a umas pessoas?
   - vindo de ti até tenho medo mas está bem, vamos - gozou ela pondo a língua de fora. Eu adorava isto e quando ela lambia os lábios e os mordia, coisas que fazia muitas vezes.

   Levei-a para o meu quarto de hotel e liguei o pc. Lembrei-me do que o Carlos tinha dito no dia anterior "tens de a trazer para a conhecermos". Bem iriam conhece-lá agora se estivessem online. Lá deve ser de manha cedo e como eles estão na nossa casa na praia... Vamos lá ver.
"Kendall a ligar" apareceu no ecrã. Atendi.

   - então bro já es-- eh quem é essa rapariga bonita aí? - disse o Kendall apontando para a Hal.
   - esta é a Haley, a minha amiga - custava-me dizer aquilo - Haley este é o Kendall, aquele ali ao fundo na cozinha é o Carlos e aqueles ali a jogar Nintendo são o Logan e o DBelt! Hey Dustin.
 - Hey James. Tou a ganhar ao Logan agora não posso falar.
   - Não por muito tempo - exclamou o Logan.

   Olhei para a Hal e ela estas com os olhos esbugalhados e boca meio aberta a olhar para o ecrã. Ah pois nos somos os ídolos dela. Esqueci-me.

   - Hal?
   - s-sim? Meu deus são... Eles! - um sorriso enorme apareceu-lhe na cara o que provocou o meu sorriso.
   - Então esta é que é a Haley... Muito prazer - disse o Carlos que entretanto já estava na frente do computador.

   Ela olhou para mim como se perguntasse como é que ele sabe?

   - Eu falei com eles ontem há noite.
   - ahhh Olá rapazes.

   Ela corou e sorriu. Por baixo da mesa a mão dela encontrou a minha e agarrou-a, apertando-a como se dissesse obrigado.


   Haley

   Não acredito que o James me trouxe aqui... Eu estou a conhece-los. Era tipo um sonho impossível de realizar... Apesar de pronto já conhecer o James e era provável que ele nos apresentasse mas mesmo assim. Quando eu vi aqueles quatro rostos apetecia-me gritar e saltar. Era um misto de emoções. E depois era aquela mão grande e suave a segurar a minha debaixo da secretaria. O que significava aquilo? Amizade? Desde que ele me deu a mão quando íamos para a gôndola que este pensamento me invade a cabeça. A gôndola... Quando os nossos olhos se encontraram eu não pude evitar e sorri. Era um sorriso realmente feliz porque era mesmo assim que eu me sentia. Eu estava feliz por estar com o James de uma maneira... Diferente. Eu não sei o que sinto. Será amor? Eu nunca estive "apaixonada", nunca tive um namorado. Eu não sei o que é amor. Só queria saber o que era aquilo. O que eu sentia por ele... Eu nunca tinha sentido aquilo na vida.

   - Umm... James preciso de.. Um pouco de ar posso...
   - á vontade Hal. Quando quiseres é só bateres á porta.
   - Até já.
   - Ate já - responderam todos em uníssono.

   Fui para a rua e sentei me á borda de um canal ali perto com os pés descalços dentro de agua. Peguei nos fones e pus música. Precisava daquilo. A música esvaziava-me a cabeça. Começou a tocar " the way i loved You" da Taylor Swift. James... O nome dele e a sua cara pairavam na minha cabeça. Decidi voltar para ao pé dele e falar com os rapazes. Bem também não é todos os dias que tens a oportunidade de falar com os teus ídolos.


   James

   A Hal foi apanhar ar e deu-me uma oportunidade de desabafar com eles.

   - pessoal preciso de falar com vocês. Já não sei o que fazer. A Haley está a por me confuso.
   - tu gostas dela de verdade não é? - perguntou o Carlos com um sorriso
   - sim... Eu adoro-a. Apercebi-me melhor disso hoje. Fomos dar um passeio de gôndola e ficamos de mão dada. E o mesmo estava a acontecer agora. Eu sinto-me muito bem ao pé dela mas... Só a conheço há um dia! Não sei o que fazer - desabafei e bati com a cabeça no teclado varias vezes
   - sabes o que eu te digo - começou o Kendall - tens que lhe dizer. Não hoje mas amanha ou depois. Só vão estar juntos uma semana. Aproveita.
   - Mostra-lhe o que estas a sentir. - completou o Logan.
   - ou vais perde-la - disse o Dustin.

   Não tinha pensado naquilo. Só tínhamos uma semana juntos. Sete dias e dois deles já tinham ido. Portanto 5 dias e depois ela voltava para Portugal e eu para LA.
   A porta abriu-se, já que eu tinha-a deixado encostada para quando a Hal voltasse.

   - já voltaste? - perguntou o Logan
   - sim. Conhecer os meus ídolos assim de um momento para o outro não é muito fácil emocionalmente - riu- se ela enquanto fechava a porta e se sentava perto de mim. Senti novamente a sua mão a fechar-se na minha e um arrepio percorreu-me a espinha.

   - Para que são essas caras serias? De que estavam a falar? - perguntou a Hal depois de os ver todos a olhar para ela.
   - coisas de rapazes - desculpou o DBelt provocando um sorriso na Hal.
   - Muito bem muito bem. Então estão a fazer o que?
   - estamos todos na nossa casa na praia em Malibu a passar uns dias de ferias enquanto o James decidiu ir para Veneza.

   E assim eles ficaram a conhecer-se melhor, conversando entanto eu permanecia calado só falando quando me perguntavam alguma coisa. Olhava ora para a Hal ora para as nossas mãos e perguntava-me como e quando iria dizer-lhe e se era possível ela sentir algo por mim.