Dois Uchihas, Uma Haruno escrita por Mari May


Capítulo 15
Na enfermaria




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/26433/chapter/15

         “Ela não voltou até agora...”, pensava Sasuke. “Onde será que ela se meteu? Não é possível que esteja com Itachi até agora! Ou será que está?”

         Ele se recusava a admitir, mas estava consumido pela preocupação... E pelo ciúme.

         Dentro de alguns minutos, pensou: “Saco! Se não voltar daqui a dez minutos, eu mesmo vou atrás dela! Eu, hein! Daqui a pouco bate o sinal do segundo tempo e ela perde aula por causa daquele cretino?! Vou atrás dela, nem que tenha que ir até o fim do mundo!” Sua testa estava mais franzida que o normal. “Putz, onde já se viu sumir desse jeito??? Só porque a ignorei??? E se eu desse um fora, ela se matava??? O que eu faço ou deixo de fazer é tão importante assim???” Essa última constatação deixou Sasuke vermelho.

- Er... Uchiha?

- Sim, professor Iruka?

- O senhor parece estar entretido numa sofrida e intrigante batalha interior. Há algo que eu ou algum colega de classe possamos fazer por você?

- Vocês podem mudar o passado? Não. Então, não podem fazer nada.

         Um silêncio sepulcral se instalou na sala.

         Antes de prosseguir a aula, Iruka falou:

- É verdade. Mas você pode mudar seu futuro. Pense nisso.

         Aquilo foi como uma luz para Sasuke.

--------------------------------------------------------------------------------------------

- Uh? AAAH! EU DORMI? JÁ SE PASSARAM QUANTAS HORAS? JÁ É NOITE?

- Hahahaha, calma, menina! - tranqüilizou a enfermeira - Você veio descansar por causa da dor de cabeça, e estava tão absorta em pensamentos que acabou dormindo...

- Ah, então... Então foi isso... Hehe, desculpa...

- Tudo bem! Pode descansar mais um pouco se quiser!

- Obrigada!

         O que Itachi lhe contara havia aumentado sua indecisão e reforçado seu dilema: qual dos irmãos Uchiha deveria escolher? Quanto mais pensava, mais confusa ficava. O cansaço mental era tanto que ela acabou adormecendo de novo. E foi por esse mesmo motivo que ela tinha dormido antes.

 --------------------------------------------------------------------------------------------

         Passaram-se dez minutos. Iruka havia dado exercícios para a turma fazer. Sasuke foi à sua mesa.

- Iruka-sensei, preciso resolver uns assuntos...

- Hã? Assim, do nada?

- Aham. É urgente.

- Hum... Tem a ver com mudar seu futuro?

- Sim. Não quero que meu futuro seja...

 

A visão de Sasuke para o futuro [mode on]

 

 

A visão de Sasuke para o futuro [mode off]

 

- Argh! - o Uchiha exclamou, com cara de nojo.

- Credo! Vai de uma vez, meu filho!

- Muito obrigado.

         “Não vou na biblioteca porque estamos em horário de aula, ou seja, se ela quisesse ficar por lá, teria que provar que estava em tempo vago... Os únicos lugares onde ela poderia ficar em horário de aula são: banheiro ou... Enfermaria.”

         Então, Sasuke foi aos banheiros de cada andar. Digo, ele foi, mas no sentido figurado, pois quem realmente entrou nos banheiros foram as inspetoras, que verificaram se havia alguma menina com a descrição que Sasuke dera.

         Sem obter sucesso, partiu para a segunda opção. “Se ela não estiver lá, vou ter que considerar a hipótese dela ter saído do colégio... Aí, eu mato. Mas se ela tiver fugido com o Itachi, mato de vez. É, eu sei, isso não fez nenhum sentido, mas e daí? Hunf!”

         Então, brigando consigo mesmo (algo que sempre fazia quando estava nervoso), chegou à enfermaria. Descreveu Sakura, e a enfermeira confirmou que a mesma estava ali. Sasuke sentiu um alívio indescritível. “Então, ela não foi louca a ponto de sair do colégio... Graças a Deus!”, pensou.

- E ela está bem?

- Sim, foi só uma dor de cabeça. Mas ela parecia bem abatida... Acho que a dor dela não é algo físico não... Haha, mas quem sou eu pra me intrometer na vida particular dos alunos, né? Hehehe...

- A-abatida?

- Sim, sim... Ela até dormiu. Aliás, está dormindo até agora.

- Ah... Entendo...

- Se quiser, pode entrar pra vê-la!

- Ah, obrigado, eu... Eu só queria saber onde ela estava e... Se ela estava bem... Hehe...

- Pois então, meu jovem! Entre e veja por você mesmo!

- Ah... Então, tá...

- Espera!

- Hum?

- Sei que acabei de dizer que não devo me intrometer na vida particular dos alunos, né... Mas não posso conter minha curiosidade!

- Até já sei o que vai perguntar...

- Ué, sabe?

- Sim. Sinto desapontá-la, mas não sou namorado dela.

- Oh, mas nem era isso que eu ia perguntar! É óbvio que você é o namorado dela e não quer admitir! Timidez, né? Hihihi!

         Sasuke quase morreu de constrangimento. “Como será que é a seleção de médicos desse colégio???”, indagou a si mesmo. “Ela é mesmo enfermeira ou algum protótipo de psicóloga??? Tenho até medo de deixar a Sakura sozinha com um ser desses...”

- Você tem algum parente estudando aqui?

- Uh? Tenho, por quê?

- Porque um rapaz muito parecido com você veio trazê-la aqui mais cedo. Aí, eu dei a ela o remédio, mas ela logo voltou. A coitadinha estava cheia de dor de cabeça... Mas antes ela nem estava se sentindo tão mal, saiu daqui sorrindo... Mas voltou toda tristinha... Fiquei com uma pena...

- HÃ?

“COMO ASSIM AQUELE *censurado* TROUXE ELA AQUI? Aposto que andou falando mais bosta a meu respeito... É mesmo um *censurado [2]*!”, Sasuke pensou, furioso.

- V-você está bem?

- Nunca estive melhor. - respondeu, com uma enorme veia na testa.

- T-tô vendo... Hehehe... - ela disse, com uma gota.

- Hunf!

- Q-quer um copo d’água?

- Tem maracujina?

- S-sim.

- Duas doses, por favor.

- Enfermaria não é bar!

- Duas doses, POR FAVOR.

- S-sim, senhor!

         Após tomar o remédio...

- Vou dar só uma olhadinha e voltar pra sala.

- F-fique à vontade.

         Ele passou do que seria a “recepção” da enfermaria e foi até onde havia as camas. Viu Sakura dormindo serenamente. Tal cena mexeu com ele.

         Se aproximou vagarosamente. Não queria acordá-la. Não queria que ela soubesse que ele esteve ali.

         Fitou seu rosto. Rosto que inspirava inocência, calmaria... Porém, mesmo quando furioso ou triste... Não perdia a beleza. Sasuke não sabia explicar porque sempre se sentiu tão atraído por aquele rosto. Talvez por isso evitasse olhá-la nos olhos, a não ser que fosse para provocá-la.

         Lembrou-se do... Beijo. Não o dela com Itachi, e sim o dela com ele... E que ele nem se lembra. Só sabe que aconteceu porque lhe contaram.

         Aproximou-se mais. Sentiu a respiração dela misturando-se com a sua. Aproximou-se perigosamente dos lábios dela. Caiu em si e, vendo o que estava prestes a fazer, deu um pulo. Totalmente rubro. Refreou o impulso de beijá-la. Mas não o desejo, que palpitava em seu peito. “D-droga... Imagina se ela acorda... ‘Imagina’ não, ela ia acordar! E com que cara eu ia ficar??? Com que cara ia explicar, ou tentar explicar???”, pensou, desesperado. “Como sou cara-de-pau! Aproveitando que ela está ali, indefesa, como pude ter tamanha coragem de quase...??? Droga!!!”

         Saiu dali correndo. Nem se despediu da enfermeira. Seu rosto estava corado, e muito. “Vai ser difícil de resistir da próxima vez que ficarmos tão próximos assim... MUITO difícil...”, constatou.

         Quando viu que seu rosto havia voltado à cor normal, adentrou a sala de aula. Iruka perguntou:

- E aí? Resolveu?

- Não necessariamente...

- Hum... Voltemos à aula!

 --------------------------------------------------------------------------------------------

         Minutos após o sinal do segundo tempo bater, Sakura chegou.

- Desculpe o atraso, Iruka-sensei! Estava na enfermaria! Aqui o atestado médico!

- Tudo bem! Pode se sentar!

- Obrigada!

         Ao se sentar, Sakura pensou: “Estou tentando ser o mais natural possível, mas... Vai ser meio impossível depois do que aquela enfermeira disse...”

 

INÍCIO DO FLASHBACK

- Oh, vejo que finalmente acordou!

- É, e agora é pra valer! Que horas são?

- Acabou de bater o sinal do segundo tempo.

- QUÊÊÊ?

         Ela levanta apressada.

- Calma, calma, esqueceu que tem que levar o atestado médico?

- Ih, é! Hehehe!

- Como vocês são afobados...

- “Vocês”?

- Hum? Opa! É mesmo, você estava dormindo!

- Hã?

- Seu namoradinho veio aqui te ver.

- HÃ?

- Ele era muito parecido com o outro rapaz que tinha te trazido aqui. Mas, quando perguntei quem era o outro rapaz, ele simplesmente se enfureceu! Tive até que dar maracujina pro garoto se acalmar!

         “Sasuke-kun!”, Sakura deduziu, sem acreditar na própria afirmação.

- Iiih... Ele se estressa e você fica muda... Ô casalzinho complicado... Aqui, ó! Não sei o que aconteceu entre vocês, mas espero que dê tudo certo!

- T-tá...

         Ela pegou o atestado e acenou para a enfermeira, agradecendo pelo cuidado, e uma pergunta ficou martelando em sua cabeça ao subir as rampas: “Por que ele foi me ver? Aliás, como ele descobriu onde eu estava? Isso é mais do que estranho!”

FIM DO FLASHBACK

        

         Durante as aulas do professor seguinte, Sasuke recebe uma mensagem de celular de Itachi:

 

“Minha turma foi liberada + cedo e to indo p/ ksa do Deidara. Ñ sei se volto hj. Avisa o pai e a mãe.”

 

         “Hunf... Seria melhor que não voltasse nunca. Nem faria falta.”, o Uchiha mais novo pensou, apagando a mensagem logo após ler.

         Mais uma manhã escolar se passa. Pouco antes do sinal bater anunciando o fim do dia, começa a chover forte.

         Os alunos descem e ficam no pátio alagado, olhando o portão da escola enquanto a chuva caía cada vez mais forte. Por causa da ventania, a inundação causada pela água era maior.

         Os mais corajosos saíram debaixo da chuva mesmo.

         Naruto e Sasuke desceram juntos, e viram o grupo formado por Sakura, Ino, Hinata, Lee e Shikamaru, que estavam decidindo o que fariam em relação à chuva. Os dois se juntam a eles.

         Sasuke e Sakura se encararam rapidamente e desviaram o olhar. Os outros continuavam discutindo, até que Naruto discretamente (sim, pasmem, discretamente) puxou Lee num canto e cochichou:

- Ei, vamos fazer todo mundo sair no meio da chuva pra deixar o Sasuke e a Sakura a sós!

- Boa! Pra você vai ser fácil arrastar a Hinata, e Shikamaru vai dar um jeito da Ino ir com ele!

- Sim! Mas temos que ser rápidos!

         Então, eles deram um jeito de todos ali enfrentarem a chuva para deixar Sasuke e Sakura sozinhos.

         Havia uma pequena distância entre eles, e nenhum dos dois se atreveu a se aproximar um do outro.

         A jovem estava tremendo de frio e murmurou:

- Droga... Não trouxe o casaco e esqueci o guarda-chuva...

- Quer o meu casaco?

- Hã?!

         Pela primeira vez em vários dias, Sasuke lhe dirigiu a palavra. “Por mais que eu ainda esteja muito sem-graça e chateado, não posso deixar a garota morrer de frio...”, o rapaz pensou.

- M-mas... V-você... – ela ainda estava incrédula – Você vai querer usar... N-né? Não precisa passar frio... Por... Minha causa...

         Ela estava tão sem-graça quanto ele. É verdade que queria conversar, mas queria se preparar primeiro, e não falar com ele de maneira tão repentina.

- Não sou fresco que nem você. – ele retira o casaco da mochila – Toma, pega.

         Dito isso, Sasuke joga o objeto em cima dela.

- Aaaiii! Quase que cai no chão!

- E daí?

- Grrr!

De repente, ouve-se um estrondo de trovão. Sakura estremece e dá um pulo para trás, assustada. Troveja mais um pouco, e ela continua tremendo. Agora, não de frio, pois estava agasalhada, mas de medo.

         Sasuke se aproxima.

- Pensei que já tivesse superado isso...

- Pensou errado! – ela respondeu, abraçando a si mesma, num ato involuntário para tentar espantar o medo.

         O rapaz à sua frente sentiu vontade de abraçá-la, mas se conteve.

- Quer ir pra casa? Eu trouxe guarda-chuva.

- T-trouxe? – ela o fitou, com brilho nos olhos – Querer eu quero, mas...

         Ela abaixou a cabeça.

- “Mas”...?

- Meus pais estão trabalhando, e você sabe que eu morro de medo de ficar sozinha numa tempestade dessas...

- Tempestade? – ele disse, sorrindo com desdém – Não acha que está exagerando?

- Hunf! Me deixa!       

- Aiai... Então, não vai ter jeito...

- Hã?

- Eu te levo em casa e te faço companhia até seus pais voltarem.

- HÃ???

- Por que um espanto maior que o outro?

- S-sei lá... Não esperava... Q-que você... Fizesse isso...

- Hunf... Vai agora ou não?

- N-não sei...

- Olha, eu vou agora. Não sei se essa chuva vai piorar, então...!

- VAMOS! – ela disse, agarrando o braço dele desesperadamente.

- T-tá! – ele disse, com uma gota.

          E assim, eles dividiram o guarda-chuva para ir até a casa de Sakura.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!