Capitulo 32

Mensagens de Voz

«Sim. Ensina-me a viver sem ter que matar» era o que me apetecia dizer à pequena que ainda agarrava a minha mão e me fitava com esperança de uma resposta positiva, como aquela que lhe queria dar. Mas ainda continuava a ser uma Volturi. As coisas podiam estar um pouco tremidas naquela altura mas ainda tinha o meu cargo e a as minhas responsabilidades. Pensando no assunto, teria? Como é que Aro despedia a sua guarda? Matando-a? Bem, pelo menos ainda estava viva…quer dizer, mais ou menos.

Não queria dar a Renesmee falsas esperanças. E se me deixasse seguir pelo plano alimentar dos Cullen e depois regressasse para Volterra? Não, era melhor não alterar absolutamente nada do que eu era sem primeiro resolver as coisas.

- Adorava aprender tudo o que tens para me ensinar, mas agora não consigo. – Senti o olhar de dúvida de Renesmee e apressei-me a explicar. – Eu ainda pertenço aos Volturi. Não quero que te desiludas quando eu voltar e recomeçar a ter os meus hábitos normais.

- Mas podes renunciar aos Volturi. O Elazar saiu da guarda para se juntar aos Denali. – A voz de Edward soou mais alto do que se esperava devido a tal pensamento tão optimista.

- Se renunciar aos Volturi estarei a renunciar à única família que me lembro. A quem me acolheu quando mais precisei. Tudo bem que eles podem ter errado nesta última parte, mas qual a família que não erra? – Os restantes membros dos Cullen não faziam ideia do anel de casamento e eu queria manter as coisas assim.

- O que eles te fizeram foi gravíssimo. Não se esconde assim o passado de uma pessoa, muito menos quando eles sabiam o quanto sofrias pela tua condição. – Todas as cabeças balançavam entre mim e Edward enquanto tentavam perceber a discussão.

- Tudo bem, Edward. Não vou arranjar desculpas para o que eles me fizeram, mas foi o único erro que cometeram comigo.

- Que tu saibas! – Disparou cruzando os braços ao nível do peito.

- Estás a querer insinuar alguma coisa? – A minha voz subiu uma oitava e o meu corpo inclinou-se para a frente pronto a deslocar-se ao mais pequeno pensamento de o fazer.

Edward fitava-me com intensidade enquanto eu lhe devolvia um olhar irado. Estava ciente da mão de Renesmee na minha e do resto da família Cullen no mesmo espaço. Em segundos, e sem que conseguisse controlar, comecei a formar um plano de batalha de como acabar com cada Cullen sem que saísse ferida. «A miúda será poupada. Emmet desgastar-me-á mais devido ás suas proporções, terei que usar mais poder com ele, Bella é a que dará mais trabalho. Vai conseguir bloquear alguns dos meus poderes, terei que usar os mais fortes com ela». De imediato senti um formigueiro pelo corpo vindo de Jasper.

Mas onde é que eu tinha a cabeça? Nunca seria capaz de atacar este clã. Nunca me tinham recebido de outra forma senão com alegria e calor. Não iria obter resposta de Edward, os seus maxilares cerravam-se com tanta força que conseguia ver pelo exterior das suas bochechas. Sem mais uma palavra saí do quarto deixando-os a todos para trás.

Estava agora sentada na mesma rocha onde me tinha encontrado pela primeira vez com Edward. O som do rio a correr enquanto embatia nas pedras pelo caminho produzia um efeito calmante. Tirei o telemóvel do bolso, que tinha pegado antes de sair do quarto, e premi a tecla para o ligar. Inseri o meu código e esperei pela rede.

«2 mensagens de voz» apareceu no visor.

Suspirei e ajeitei-me na rocha antes de encostar o aparelho ao ouvido.

«Primeira mensagem de voz: Caroline, por favor, desculpa-me aquilo que aconteceu no teu quarto. Nunca foi minha intenção ofender-te. Eu só estava desesperado, não queria que fosses para Forks, não queria que me deixasses aqui sozinho, eu…não queria que me abandonasses. Fiquei cego com a ideia de fugires de mim para ires para os braços dele. Por favor, perdoa-me. Liga-me quando ouvires isto. Tenho saudades tuas.”

O tom desesperado da voz de Jayden dilacerava-me o peito. “Fiquei cego com a ideia de fugires de mim para ires para os braços dele”, essa frase percorria vezes sem conta o meu pensamento. Principalmente porque não foi isso que aconteceu, eu não fugi de Jayden, eu fugi de quem me mentiu. Aro. Angel. Senti-me culpada por Jayden ter sido apanhado no meio desta discussão.

«Segunda mensagem de voz: Fugir não é a solução para tudo, Caroline, e tu, mais do que ninguém, deverias saber isso. Volta e vamos resolver as coisas. Não gosto que as coisas entre nós estejam desta maneira. (Pausa). O Aro pediu-me que te dissesse que gostava imenso de resolver as coisas. Em breve precisaremos de juntar toda a guarda, algo de muito errado se está a passar e nós precisamos de ti.»

O que é que Angel queria dizer com “algo de muito errado se está a passar”? O que estaria a acontecer? Deveria ser algo de muito grave para juntar toda a guarda. Queria imenso ligar a Angel para lhe pedir mais pormenores mas uma ideia assaltou-me a cabeça antes que fosse levada por esse impulso. E se ele só estaria a fazer bluff para me apanhar em Volterra e assim eu não podia escapar de falar com ele e Aro? Se tudo não passasse de uma “armadilha”? Seria Angel capaz de descer tão baixo? No entanto, denotava uma nota de preocupação e tensão na sua voz.