Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 31
Capítulo 31 - Decisão




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Capitulo 31

Decisão

Já passou uma semana desde que deixei Volterra para trás. Estava sentada num divã branco, num enorme quarto. Olhava pela janela, conseguia visualizar o verde da floresta que rodeava a casa, e ao longe o pequeno rio que atravessava as terras dos Cullen. Era um dia soalheiro, e aparentemente era tradição dos Cullen, irem fazer sempre um piquenique com a pequena Renesmee nesse dia. “Algo de uma família normal” dissera Esme. Quando o convite foi alargado a mim, recusei, já bastava estar ali naqueles dias, numa família que não era a minha.

Após 20 minutos da saída deles tinha-me arrependido de tal decisão. Estar sozinha não era de todo a melhor das ideias. A minha mente divagava por locais indesejados, como Volterra, Edward ou numa tentativa frustrada de tentar recordar o passado. Na última das hipóteses, a única coisa que conseguia era uma terrível dor de cabeça.

Enquanto viajava no efeito da minha pele cristalina nas paredes daquele quarto ao som da música “Moonlight Sonata”, tinha um telemóvel a olhar para mim. Telemóvel esse que permanecia desligado desde que recebi uma chamada de Jayden ainda antes de embarcar no avião para Forks. Não queria falar com ninguém e não me agradava estar constantemente a rejeitar chamadas. Precisava de pensar, e para tal, não queria ouvir ninguém que influenciasse tais pensamentos.

Apenas tinha contado a Edward o que realmente se tinha passado, apesar de eu saber, que o mais provável, era Bella também já o saber. No entanto, nunca o referiu, e eu estava eternamente grata a ela por não ter abordado o assunto, obrigando, assim, a que eu falasse sobre esse tema.

Lentamente, levantei-me, fazendo com que o arco-íris cintilante no quarto se movesse, e alcancei o telemóvel. O meu dedo repousava a tecla para ligar o aparelho electrónico, no entanto não exercia pressão alguma sobre a mesma. Parte de mim ansiava por ligar aquele pequeno aparelho, no entanto temia a dor que aquela coisa inofensiva aos olhos de muitos, me poderia transmitir, com uma simples palavra, ou mesmo nome. Docemente envolvi o telemóvel com a mão e voltei a colocá-lo no mesmo local.

Já em pé dirigi-me à caixinha em cima de uma grande estante de livros e discos e retirei de lá o meu anel. Como se este fosse a criptonite para a minha solidão. Fiquei a mira-la e a desejar arduamente que aquele tempo regressasse, o tempo em que eu era uma simples humana, em que a única coisa que tinha que me preocupar era se no meu casamento queria lírios ou gladíolos.

Ouvi a pequena Renesmee longe, parecia divertida. Os Cullen deviam estar a chegar, eu tinha permanecido horas a fio naquele quarto, naquela mesma posição absorta nos meus pensamentos. Rapidamente, apressei-me a guardar o anel, o mesmo que ainda ninguém, para além do Edward, tinha visto. Nem mesmo a Bella.

Renesmee apressou-se a subir as escadas até ao meu quarto, pelos visto o seu lobo de estimação já tinha regressado ao seu covil.

-Caroline! – correu lançando-se nos meus braços.

-Olá pequena! Então divertiste-te? – perguntei enquanto a acomodava no meu colo.

-Sim. Foi pena não teres vindo. Teria sido mais divertido, com as coisas todas que tu podes fazer. – colocou a mão no meu queixo e mostrou eu a mandar o Jasper imitar uma galinha e este a fazer contra a sua vontade! Não consegui evitar de sorrir perante tal imagem.

-Para a próxima eu vou. Prometo – estiquei o meu dedo, de forma a ela entrelaçar o dela em gesto de promessa.

-Fixe! – depois olhou à sua volta torcendo o nariz – que fizeste o dia todo? Ouviste esta música deprimente?

-Sim, estive aqui deitada a ouvir esta música “deprimente”. – frisei o deprimente, apesar de a musica ser mesmo deprimente, e reflectir em parte o meu estado de espírito, não iria admitir isso a uma pobre criança.

Renesmee levantou-se e foi mexer no aparelho de musica, e sem que eu desse conta estava a dar Rihanna.

-Muito melhor! – Renesmee olhava para mim, como se fosse obvio que aquilo era 20.000 vezes melhor. – Pareces o meu pai a ouvir estas músicas. Até são fixes, mas só de vez em quando, e nunca quando estamos sozinhos.

-Renesmee! – exclamou Bella, quando entrou no quarto - Deixa a Caroline descansar e ouvir a musica que ela quer.

Renesmee olhava para mim e para Bella confusa.

-Mamã, ela é vampira, não descansa! Para além que ela tem que animar. E eu preciso mesmo de falar com ela.

-Não faz mal Bella. Estava mesmo a necessitar de uma pequena distracção. E sabes que acho a tua filha adorável. Agora diz lá Renesmee, qual é o tema da nossa conversa? – tanto eu como Bella tínhamos a nossa atenção focada em Renesmee.

-Direito. – perante o nosso olhar confuso, a pequena apressou-se a explicar. – Do género advogados, juízes, tribunal, essas coisas. Mas dos vampiros. Dos humanos daqui a uns anos posso ir para uma faculdade e estudar, ou ler livros. Agora do mundo dos vampiros, acho que não existe nenhuma faculdade acerca disso. Então nada melhor que ir directamente à fonte, e olha que giro. A fonte está aqui à minha frente! – Renesmee apontava as duas mãos para mim como se estivesse a apresentar uma obra de arte num leilão. Bella e eu limitamo-nos a sorrir.

-Então Renesmee, o que queres saber?

-Tudo que há a saber sobre as leis dos vampiros. – disse Renesmee acomodando-se melhor no chão em frente a mim. Bella imitou a filha e sentou-se também, parecia tão interessada quanto a filha.

-Bem, sabes que a base de qualquer lei é manter o segredo da nossa existência aos olhos humanos. Ou seja, um vampiro tem que ter cuidado na forma como se comporta, nas suas caçadas, ou seja, não pode dar nas vistas perante nenhum humano.

-E se um humano descobrir? – perguntou Renesmee

-Então, o vampiro está encarregue do o… - não poderia dizer a Renesmee de o matar. Não queria que ela pensasse que éramos monstros. Mas era o que o vampiro teria que fazer, caso um humano descobrisse a verdade acerca de nós. – Terá de o silenciar.

-Queres dizer matar? – sorri de forma acanhada, não queria ser tão directa, mas ela tinha percebido. Claro, eu ainda subestimava aquela pequena criança que aparentava ter 9 anos, mas tinha uma mentalidade de uma mulher de 20 anos. – E se o vampiro não o matar? É aí que vocês intervêm?

-Sim é nessa altura. Ou se aparecer algo muito suspeito nas notícias, ou num livro de ficção. Os Volturi intervém. – tentei explicar eu.

-Foi isso que foste fazer ao México? – eles não sabiam ao certo o que se tinha passado no México, até agora ainda ninguém tinha perguntado. Quando a Renesmee terminou de formular a pergunta grande parte da família, à excepção de Rosalie e Esme, encontrava-se no quarto.

-Sim, foi mais ou menos isso. Dois recém-nascidos estavam a dar demasiado nas vistas, deixaram-se ver por humanos. Mataram vários deles inclusive. Tivemos que intervir.

-Mas eles sabiam que não podiam fazer aquilo? – perguntou Carlisle com a sua voz calma, no entanto cheia de compaixão.

-Não, o criador abandonou-os durante a transformação.

-Então, eles não tinham culpa. Eles não sabiam das regras. O criador é responsável pela sua cria, certo? – Bella olhava agora para os restantes Cullen à espera de reforços.

-Sim Bella, é verdade. – disse eu com calma. – Mas mesmo que o recém-nascido ignore o conhecimento das leis, ou do que é, ele é punível pelos seus actos.

-Então eles morreram? – perguntava Renesmee incrédula.

-Sim. Não os podemos colocar em prisões como os humanos fazem. Não havia nada que nos aguentasse presos. A morte é o nosso castigo.

-E os humanos? Disseste que havia testemunhas. – continuava a Renesmee. Não sabia se poderia responder ou não. Hesitei, mas como ninguém interrompeu, subentendi que poderia continuar.

-Havia três testemunhas que alegavam ter visto o assassino. Uma delas acabou por ser uma das vítimas dos recém-nascidos, o que não trouxe problemas para nós. Quanto às outras duas, apenas uma teve um final trágico, a outra era uma criança de 6 anos, o testemunho dela não iria ser credível.

-Então, todos os humanos que descobriram sobre os vampiros morreram? – Renesmee parecia aterrada, mas ao mesmo tempo cativada pelo tema.

-Não! Os Volturi conhecem pelo menos um caso em que a humana se safou. – olhei para Bella. A única humana a quem foi dada uma segunda oportunidade.

-A mamã! – sorriu Renesmee enquanto sorria para Bella. Esta acariciou-lhe o ombro.

-Então de onde veio aquelas ideias todas de que os vampiros ardem ao sol, das cruzes e água benta, da estaca e a mais fixe de todos, que nos transformamos em morcegos? – todos riram.

-Bem, esses mitos partiram de nós. Dos Volturi. Foi uma forma de iludir a nossa existência com certas histórias acerca de vampiros. Aposto que se disseres a alguém que és uma vampira, se vão rir e mandar internar. A menos, claro, que dês prova disso. Para além que se alguém desconfiar que és vampira, vai pensar que te queima com uma cruz, e se te colocar uma à frente não te acontece nada, ou alho, ou coisa do género. É sempre uma mais valia.

-Tu já matas-te muita gente? – todos focaram os olhos em mim. Neste momento quer quisessem quer não, todos me iriam julgar. E eu sabia-o!

-Sim, já matei vampiros e humanos. Não que me agradasse, mas era algo que tinha que ser feito, é o meu trabalho!

- E não estás cansada de matar pessoas, Caroline? – Perguntou Renesmee.

Encolhi os ombros perante tal pergunta. Inocente, mas ainda assim bastante sábia. Como poderia saber se estaria cansada? Nunca me tinham dado outra escolha. Esta fora a vida que sempre conhecera, pelo menos enquanto não recuperasse totalmente a minha memória. Estava treinada para fazer o meu trabalho sem pensar muito no assunto, se seria certo ou errado. Renesmee ainda aguardava uma resposta.

- Para ser sincera, Renesmee, nunca conheci outra parte da vida que não envolvesse matar para sobreviver.

Senti todo o peso dos olhares da família Cullen. Acho que nunca tinham pensado em mim daquela maneira. Viam-me como uma máquina de seguir ordens para matar e não como uma vampira sem qualquer outro tipo de experiência na vida.

Renesmee levantou-se, caminhou na minha direcção e agarrou-me a mão.

- Podes ficar aqui connosco. Eu posso ensinar-te a não matar! – Olhou em redor do quarto para toda a sua família. – Todos nós podemos mostrar-te uma vida que não conheces. O que achas?


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