Capitulo 15

Caçada

Aceitei ir com os Cullen caçar. Afinal, o que tinha eu a perder? “Há que experimentar coisas novas”, já me dizia o Angel!

Embrenhamo-nos na floresta. Bella tinha decidido ficar na casa por causa de Renesmee, não fosse a menina acordar. Para dizer a verdade, até me senti aliviada, a presença dela incomodava-me, principalmente quando estava próxima de Edward. Jasper continuava a olhar para mim com um ar muito desconfiado, mas de vez em quando via Alice a dizer-lhe alguma coisa ao ouvido e ele parava de me olhar fixamente. Emmet mantinha-se próximo de mim e eu sabia o porquê, a minha ironia e o meu mau perder divertiam-no. Estávamos sempre a mandar bocas um para o outro. Em certas alturas Edward aproximava-se do irmão e mandava-lhe uma cotovelada, ou lançava-lhe um olhar mais duro e Emmet ria-se. Cá para mim ele iria dizer alguma coisa que Edward não achava adequada.

Paramos junto de uma clareira onde estava uma manada de cervos a pastar. O vento estava a nosso favor e trazia o cheiro dos herbívoros até ao meu nariz. Enruguei-o visivelmente quando aquele cheiro me atingiu.

- Sim, o cheiro deixa muito a desejar! Agora, se fosse um urso… - Disse Emmet ao meu lado. Sorri ligeiramente e voltei a encarar os animais.

- Mesmo? – Apontei para a manada com o indicador interrogando Edward.

- É assim que nos alimentamos. O sangue não nos põe tão fortes como o de um humano, mas dá perfeitamente para sobrevivermos. – Encolheu os ombros.

- E digamos que esta cor de olhos é menos alarmante do que o teu vermelho. – Disse Alice aparecendo de trás de Jasper.

Pois, há que manter a aparência mais natural junto dos humanos.

- Quando estiveres pronta. – Disse Edward dando-me uma pancadinha de encorajamento no ombro.

Foquei a minha atenção no alvo. Inalei mais uma vez o ar á procura de um cheiro que me chamasse mais à atenção, mas tudo cheirava a legumes cozidos. Decididamente, teria que ir pele aspecto. Um macho captou o meu olhar, estava escolhido. Agachei-me um pouco preparando-me para arrancar a alta velocidade na sua direcção. Recuei um pouco e depois lancei-me na sua direcção. Cheguei perto dele e saltei para o seu dorso, arremessando-o contra o chão mais rápido que um piscar de olhos. Nessa altura, e com o cervo preso debaixo do meu corpo, toda a manada se dispersou e, ele lutava furiosamente para se libertar. Achei que respirar seria um erro, se ao bocado já era nojento agora que estava em cima dele seria insuportável. Fechei os olhos e cravei os meus dentes na sua garganta. O animal soltou um grunhido e mexeu-se ainda mais. Ao fim de duas goladas do seu sangue parei abruptamente e deixei-o escapar. O cervo correu na direcção das árvores a toda a velocidade, grunhindo e levantando pó atrás de si. Cuspi para o chão algumas vezes, tentando livrar-me do mau sabor que tinha ficado na sua boca e de alguns pêlos que os meus dentes arrancaram. Alice e Edward pararam ao meu lado.

- Para primeiro animal, nada mal. Dois goles de sangue é bem mais do que alguns de nós conseguiram. – Animou-me Alice.

Continuava a ter a impressão de estar com a boca cheia de pêlos do animal e passei a manga na língua.

- Não sei como vocês conseguem! – Comentei.

- É tudo uma questão de hábito. – Disse Edward. – Cada vez vai ficando menos desagradável até que acabas por te habituar. Pessoalmente prefiro carnívoros, o sabor e até mesmo o cheiro é melhor, talvez tenhamos escolhido o animal errado para ti.

- Não sei se quero tentar outra vez. – Reclamei. – Tudo o que sei é que agora fiquei com sede. Tenho que passar pelo hospital.

Reparei na cara dele que a ideia não lhe agradava, mas seria muito melhor que ter uma vampira que bebia sangue humano, com sede, ali na cidade.

- Talvez o Carlisle possa fazer alguma coisa. – Disse.

Quando nos preparávamos para voltar apercebemo-nos que  Emmet estava a olhar fixamente para o local por onde o cervo tinha fugido.

- Que se passa? – Perguntou Alice.

Edward desatou a rir e a sua gargalhada aqueceu-me a barriga.

- Tu mordeste-o. – Disse Emmet voltando-se para mim. – Mas não o mataste. Será que se vai transformar num cervo vampiro?

Todos começamos a rir e fizemos coro com Edward. Cada um imaginou o seu cervo vampiro e voltamos para casa a discutir como ele seria e o que faria.