Capitulo 10

Encontro

Mais uma viagem de avião. Mas desta vez não estávamos a ser mandados, íamos porque queríamos. Angel tinha aceitado vir comigo, dizendo que Aro não deveria achar muita piada vendo-o chegar ao castelo em Volterra sem mim. Não tínhamos avisado ninguém dos Volturi sobre o que planeávamos fazer, era como se a missão na Escócia tivesse demorado mais tempo do que o previsto.

O avião atrasou-se, devido ao mau tempo, o que nos obrigou a chegar a Washington já a manhã ia a meio. O sol espreitava por entre as nuvens, mas usando a desculpa do frio que se fazia sentir, cobri-me toda com um casaco grosso. De carapuço e luvas lá conseguimos passar por entre a multidão que saudava os seus familiares. Dirigimo-nos para o quarto de hotel.

– Já tens algum plano? – Perguntou Angel enquanto arrumava a sua mala a um canto.

– Não. Acho que só quando estiver na situação é que penso nela. – Olhei pela janela para as nuvens que se aproximavam e ameaçavam acabar com o dia de sol. Seria prefeito, assim não teríamos que esperar pelo cair da noite para podermos sair.

Angel pediu serviço de quartos e matou a fome enquanto víamos um episódio de Vampire Diaries.

– Também quero um anel daqueles para poder andar à luz do sol. – Disse-lhe enquanto o via comer uma uva.

– Então podias ser muito mais fixe e ser um anjo caído. – Começou a rir.

A meio da tarde as escuras nuvens encobriram totalmente o sol e pingos começaram a cair. Saímos do hotel, alugamos um carro e dirigimo-nos para Forks. O plano era irmos até à clareira onde tivemos o confronto e a partir daí seguir algum rasto. Por sorte apanhamos um. Seguimo-lo até à beira de um riacho quando começamos a ouvir risos de criança. Silenciosamente, dirigimo-nos para o som.

Junto a uma rocha, meio agachada por entre as ervas estava a criança que pensávamos ser imortal. Eu e Angel paramos atrás de uns arbustos altos, a favor do vento para que não detectassem o nosso cheiro e observamos. Ela estava a brincar. Depois de fincar muito bem os pés na terra deu um salto rápido e aterrou em cima da rocha, que tinha duas vezes a sua altura, só para apanhar uma borboleta. Soltou mais uma risada quando viu que tinha sido bem sucedida.

Aparentemente estava sozinha e então dirigi-me até ela! Ela estava sentada na rocha, de costas viradas para mim com a borboleta pousada no indicador. Assim que me sentiu aproximar virou o corpo na minha direcção. Os seus olhos castanhos estavam abertos e observadores, as faces coradas, talvez devido à quantidade de roupa que trazia vestida e a sua boca estava entreaberta mostrando uns pequenos dentes de leite.

– Olá! – Saudei-a com um sorriso amigável. Agarrei uma mão na outra para que ela visse que não estava a atacar.

A criança não falou.

– Como é que te chamas? – Perguntei. Não me aproximei muito dela, não queria que se assustasse.

– Renesmee. – Acabou por responder baixinho. A borboleta no seu dedo voou para longe e ela olhou tristemente ao vê-la partir.

– Oh, desculpa. Não queria assustar a tua borboleta. – Disse.

A menina voltou a encarar-me com os seus olhos de chocolate. Colocou-se em pé, na pedra e saltou, aterrando perto de mim.

– Eu conheço-te. – Disse apontando o seu dedo pequenino na minha direcção. – Estavas com os Volturi no outro dia.

Agachei-me e pousei um joelho no chão, para ficar mais ao seu nível.

– Sim é verdade. – Confirmei.

– O Eleazar disse que eras muito forte. Ouvi-o dizer ao meu avô enquanto o Aro falava. Que poder tens? – Perguntou. Os seus olhos perscrutavam o meu rosto em busca de algo que eu não sabia bem o que era.

– Bem, eu consigo absorver um bocadinho do poder dos outros vampiros para depois o poder usar. – A sua boca pendeu num “O” pequenino de admiração.

– A sério? E podes fazer isso com o meu também?

Já tinha visto que Renesmee tocava com a sua mão no rosto e que em quem ela tocava conseguia ver as coisas que ela queria transmitir. Estava curiosa para saber se era tão real quanto afirmavam. Acedi ao seu pedido e ela colocou a sua mãozinha no meu rosto. O seu toque era quente, muito quente, aliás. Não estava à espera. Ouvi o seu coração bater e o sangue a pulsar nas suas veias, mas não me dava vontade de o beber. De repente, uma imagem apareceu no meu cérebro e eu tive a sensação que estava a decorrer mesmo à minha frente naquele momento. Edward, que eu fiquei a saber que era o seu pai devido à forte ligação que me mostrava, brincava com Renesmee, atirando-a ao ar, cada vez mais alto. Renesmee dava gritinhos de alegria enquanto voava, antes de voltar a cair nas mãos seguras do seu pai. Entretanto, Bella, a mãe, apareceu e juntou-se a eles. Edward apanhou Renesmee e aconchegou-a nos seus braços e Bella passou os braços à volta dos dois, num abraço forte e ternurento.

Afastei-me do seu toque quando senti uma pontada de ciúme a invadir todo o meu ser. Eu não sabia quem Edward era ou o que representava para mim, mas sentia ciúmes de o ver com outra mulher.

– Agora eu. Agora eu. – A menina saltava à minha frente, com os olhos a brilhar de excitação.

Sorri-lhe e coloquei uma mão na sua bochecha. Passei-lhe a imagem de mim e Angel a rir, enquanto fazíamos uma luta de almofadas no meu quarto do castelo. Haviam penas a voar em todas as direcções que alcatifavam o chão de branco.

Renesmee deu gargalhadas quando a visão acabou.

– Uau. É isto que as pessoas vêem quando lhes toco?

Acenei a cabeça a confirmar.

– É fantástico. Mais? – Pediu.

Antes que pudesse aceder ao seu pedido uma voz surgiu do meu lado esquerdo, o que me fez levantar subitamente.

– Sabia que virias. – Era uma mulher baixa, de cabelo preto, curto, espetado em várias direcções e andar dançante. A cor âmbar dos seus olhos não enganava ninguém. Era Alice Cullen, a vidente do clã vegetariano, que Aro sempre cobiçara.

Renesmee correu para a sua beira e encostou-se às suas pernas.

– Olha tia Alice, a…não sei o teu nome. – Disse, voltando a virar-se para mim.

– Caroline. – Respondi.

– A Caroline mostrou-me como funciona o meu poder. Ela colocou uma mão na minha cara e deixou-me ver uma luta de almofadas. – A rapariga dava gargalhadas enquanto falava.

– Sim, meu amor. Deve ter sido divertido. – Agachou-se para falar perto da criança. – Porque não vais para casa, daqui a pouco a tua mãe vem à tua procura.

Renesmee acenou com a cabeça, virou-se para mim e acenou-me um adeus acompanhado de um sorriso. Acenei-lhe de volta e a menina partiu, deixando-me sozinha, frente-a-frente com Alice.

– O teu poder é realmente incrível, tal como Eleazar nos tinha falado. – Começou ela por dizer.

– Ouve, eu não quero confusões. – Disse-lhe.

– Sim, eu sei! – Piscou-me um olho. – Ah, podes dizer ao teu amigo para sair de trás dos arbustos, não vai acontecer nada.

Angel caminhou calmamente na nossa direcção até se colocar a um metro atrás de mim. Tinha uma aparência calma mas eu sabia que estaria pronto a atacar assim que fosse preciso.

– Eu sei quem és Caroline, só não sei bem o que vieste cá fazer. Sei que está relacionado com o Edward mas não sei mais nada. Acho que isso é porque tu também não sabes o que vens cá fazer, não é verdade?

A mulher era um espanto. Nunca tinha falado com ela, nem me tinha aproximado muito dela durante o confronto, mas no entanto, ela sabia tanto acerca de mim como eu. Agora entendia porque Aro a desejava na sua guarda.

– Sim, é mais ou menos isso. – Concordei.

– Muito bem. Eu posso ajudar-te. Mas só se quiseres a minha ajuda! – Alice sorriu e senti uma pontada de esperança.

Esta vampira podia levar-me até Edward, podia falar-me sobre ele, mas, será que iria trazer algum benefício? O que iria descobrir sobre ele? Será que iria gostar?