New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 137
Um chamado urgente, parte 2


Notas iniciais do capítulo

Parte 2 de 4



Paulo de Órion pede ajuda a Marília de Grou e Diandra de Caçadora para executar uma missão importante, em meio às tentativas de defender o Santuário dos monstros invasores, enquanto ainda esperam por notícias do grupo de Cavaleiros de Bronze que está no Templo Submarino.



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            De volta à fronteira do Santuário com a costa mediterrânea, Paulo logo localizou Diandra e Marília, repelindo alguns dos monstros.

— Vocês duas, venham comigo, rápido! – disse ele em tom urgente.

            As duas hesitaram brevemente, mas logo o seguiram. Marília parou no meio do caminho e chamou alguém na multidão:

— Suryudan!

            O novato entrou em cena. Havia um mangá meio escondido na barra de sua cintura, como se ele estivesse lendo-o durante as pausas da batalha.

— Por favor, assuma o nosso posto na fronteira, está bem? Voltamos logo – pediu ela.

— Sim, senhora! Considere FEITO! – exclamou o novato de Boieiro, sem conter a animação, e pôs-se a disparar rajadas de gelo para os monstros que tentavam subir a encosta. – Tremam, criaturas imundas. Suryudan, o rei do gelo, irá cavar covas para todos vocês!!

— “Senhora” – falou Marília, um tanto contrariada, mas rindo de leve enquanto ia ao encontro de Paulo. – Ele acha que tenho quantos anos??

            Quando chegaram a um lugar mais afastado, Paulo baixou o tom de voz.

— O mestre Gomes recebeu uma mensagem de Asgard. Estão sob ataque. Quer que eu vá e verifique a situação, e neutralize-a se for preciso. Ele permitiu que eu levasse duas pessoas comigo.

— Sério? E quem você vai levar?? – indagou Diandra.

            Marília e Paulo a fitaram.

— Poxa, sabe que eu nem sei ainda? – ironizou Paulo.

— Nós, querida – disse Marília, dando um tapinha de leve na cabeça da amiga. – Só assim para ele nos chamar no meio de uma batalha intensa.

            Ainda parecendo um pouco desorientada, Diandra passou a mão na parte de trás da cabeça, onde Marília lhe deu o tapa.

— Hm, tá, mas, 3 cavaleiros saindo assim, em meio a uma invasão... Não estaríamos nos arriscando a deixar as fronteiras desprotegidas?

— Não. Mestre Gomes me garantiu que há mais reforços chegando o tempo todo – confidenciou Paulo, apontando o caminho para Palaestra com a cabeça; era possível ver diversos cavaleiros vindo da escola em direção ao local da batalha. – Poderemos sair do Santuário sem nos preocupar com a proteção da fronteira. O que nos traz de volta ao assunto da missão...

            Marília assoviou, impressionada, observando a movimentação dos recém-chegados.

— Pelo jeito, a missão é séria. E sem Rina e os outros aqui, nós provavelmente somos os mais adequados para isso.

— Justamente – concordou Paulo. – Gostaria muito que Rina e os outros já tivessem voltado do fundo do mar. Mas, sem eles, teremos que colocar a mão na massa. Não sabemos ainda quem está atacando Asgard, mas, com os Guerreiros Deuses incapacitados e com os Cavaleiros de Ouro longe, temos que presumir que somos os únicos aptos a ir até lá para averiguar essa ameaça.

— Seja quem for, devem ter um timing excelente... – ralhou Marília. – Atacar Asgard justo quando estamos sendo invadidos e com Rina, Matt e os demais ainda lá no reino de Poseidon. Te falar, viu!! Não existe mais espírito esportivo...

— Acorda Marília... desde quando temos espírito esportivo numa guerra??? – Diandra olhou para os lados, em alerta, como se tivesse se lembrado de algo. – Gente! Se vamos sair, temos que avisar ao Suryudan pra continuar no nosso posto... Talvez devêssemos pedir ajudar ao Lauro e ao grupo dele pra que deem uma cobertura ao novato.

— É uma ótima ideia – disse Paulo, fazendo menção de se levantar, mas a Caçadora o deteve.

— Não, deixa, eu faço isso – disse a garota báltica. – Posso falar pra eles que você recebeu essa ordem do mestre Gomes?

— Hm, claro. Só não demore, temos que ir pra lá o mais depressa possível – avisou ele.

            Diandra assentiu e se dirigiu até Suryudan, que ainda gritava intimidações para os monstros entre uma rajada de gelo e outra.

— Quando eu sugeri que nós dois devíamos passar mais tempo juntos, só os dois, não era exatamente isso que eu tinha em mente, sabe – disse Marília, em tom descontraído. – Uma viagem para o gelado extremo norte, e ainda por cima para conter um ataque ao palácio de Asgard...

— É o quê?

— Deixa – respondeu ela, mas estava rindo de leve. – E como chegaremos lá?

— Essa é parte fácil – disse Paulo, observando pelo canto do olho que Diandra e Suryudan se dirigiam até o local onde Lauro, Cícero e os outros cavaleiros de Bronze estavam de guarda. – Você pode nos levar com o teleporte.

— Ora, estamos folgados hoje, hein garoto?

— Qualé, Mari – disse o garoto, retribuindo o sorriso da lemuriana e usando o apelido íntimo que ela contara apenas para ele. – Você tá me devendo essa, já que não contei pra ninguém que você levou a Fernanda para lá, para que ela pudesse entrar na passagem que leva ao reino de Poseidon.

            Ele piscou levemente para ela. Marília ficou ruborizada, em parte devido ao choque, em parte devido a uma pequena raiva.

— Como é que você sabe que...

— Ora, meu amor. Ainda consigo ler mentes. E a sua, às vezes, é um livro aberto.

            Marília bufou, mas decidiu não se dar por vencida.

— Certo, espertinho. Mas isso não acaba aqui. Se vou nos levar até Asgard, em troca... em troca você me ensinará meditação!

            Ele ergueu uma sobrancelha.

— Ora, e-eu não quero reprovar nessa matéria! E é a única em que tenho tido dificuldade – disse ela, um pouco sem jeito.

            O garoto riu um pouco mais alto do que deveria.

— Fechado. Quando voltarmos... vamos tentar salvar sua nota.

            Ela não disse nada, mas sorriu de volta para ele – um sorriso tão afetuoso que Paulo sentiu que seu coração iria derreter. O rosto dela, quando sorria, era muito parecido com o de uma atriz da novela brasileira Os Mutantes, com uma beleza ao mesmo tempo natural e estonteante; e Paulo tinha a impressão de que não conseguiria nunca dizer não para aquele sorriso. Marília era realmente uma aluna aplicada, e Paulo ali conseguiu vislumbrar o quanto ela queria passar na matéria, mesmo com a guerra envolvendo o Santuário. Ela conseguia se lembrar de uma preocupação talvez trivial, como passar em uma prova da escola.

            A voz de Diandra fez os dois saírem de seus devaneios.

— Pessoal, tudo certo! Lauro, Suryudan e os meninos vão tomar conta de tudo, e já chamaram os Cavaleiros de Aço pra ajudar.

            Paulo pigarreou e se pôs de pé, enquanto Marília fingiu estar tirando poeira das juntas da armadura.

— Ó-ótimo, excelente, hã... Então vamos. Marília me contou que soube de um jeito, hã... de chegarmos a Asgard.

— É mesmo? Conta então!

— Hm, é que, bem... – Marília se levantou um pouco sem jeito, um pouco atordoada ainda por terem tido seu momento interrompido. – Disseram-me que podemos nos teleportar para um local próximo à área do palácio de Asgard, assim, não chamaremos a atenção de quem quer que os esteja atacando, e as pessoas de Asgard também não irão achar que viemos ataca-los também. Hm, os instrutores me disseram isso, q-quero dizer.

            Diandra  olhou confusa para os dois, sem entender por que estavam agindo de forma tão estranha no momento.

— Okay... Se os dois lesadinhos resolverem acordar pra vida, então acho que poderemos ir para Asgard, afinal estávamos com um pouco de pressa, não é mesmo?

— S-sim – disse Paulo, saindo de seu torpor e tomando a dianteira, se afastando do local da batalha. – Vamos para um local mais tranquilo, aí poderemos nos teleportar para lá.

            Ele saiu marchando, decidido e tentando esconder o nervosismo pela conversa recente com Marília. Diandra deu de ombros e o seguiu de imediato. A amazona de Grou sofreu um leve delay de 2 segundos, então se deu conta de que os amigos já estavam em movimento, e pôs-se a segui-los.

...

...

...

...

            Continuaram andando até os barulhos da batalha diminuírem devido à distância.

— Aqui está bom – declarou Paulo; estavam a uma distância razoável da Sala do Mestre. – Marília poderá se concentrar e fazer o teleporte.

— Certo – concordou a lemuriana, tendo recuperado a seriedade. – Vamos, então. Me deem suas mãos e...

— Espera – disse Diandra. – Paulo, você não mencionou nada sobre os Guerreiros Azuis. Não devíamos tentar contatá-los antes de ir para Asgard? Eles podem ser úteis na batalha e...

— Comuniquei-me mentalmente com o mestre Gomes antes de ir falar com vocês duas. Tive essa mesma dúvida. Ele me falou que Alexei e os demais Guerreiros Azuis estão incomunicáveis. Talvez estejam tendo que enfrentar seus próprios problemas em Graad Azul e, por isso, não podem se comunicar conosco; ou talvez estejam a caminho de Asgard justamente para auxiliá-los também, e como a jornada é longa e passando por áreas geladas e inóspitas, também estariam inalcançáveis no momento para que pudéssemos contatá-los. Além disso, não há relatórios, segundo o mestre Gomes, de algum Cavaleiro de Ouro que tenha estado próximo a Graad Azul recentemente para nos dar uma informação mais precisa acerca do que está ocorrendo por lá. No momento, é um buraco negro. Para todos os efeitos, temos que considerar que estamos indo sozinhos nessa.

— Okay. E quanto a Isabella e àquela outra menina? Fernanda...? Podíamos chamar elas para ir conosco. Sei que você falou que mestre Gomes disse que levasse apenas duas pessoas com você, mas devido às circunstâncias acho que talvez...

            Paulo e Marília trocaram um rápido olhar. Rapidamente, a garota compreendeu e assentiu levemente, imaginando o que o garoto ia dizer.

— Isabella teve que cumprir uma tarefa a mando do Mestre Shion – informou Paulo. – Provavelmente ela não esteja no Santuário no momento. Quanto à Fernanda... Pelo que eu soube dos outros cavaleiros de Aço, ela está desaparecida. Ninguém a vê já tem umas horas, deram por falta dela quando os cavaleiros de Aço foram convocados para defender as fronteiras.

            Marília mal podia acreditar – Paulo estava contando uma mentira para encobri-la, pois a lemuriana havia ajudado Fernanda a sair do Santuário. Ao seu lado, Diandra ficou de queixo caído.

— O quê?? Mas isso é muita irresponsabilidade! Como ela pode desaparecer num momento crítico como esse? Tudo bem que ela costumava fazer umas besteiras para impressionar o Matt, mas isso é completamente inaceit...

— Tudo bem – interveio Paulo, para fazê-la acalmar os ânimos. – Não se preocupe com isso agora. Provavelmente ela resolveu ir para Rodorio ajudar na realocação dos aldeões. Alguns instrutores estavam pedindo especificamente a alguns cavaleiros que fossem ajudar lá. Talvez ela tenha sido uma das primeiras a ser chamadas, e como você bem colocou, para poder contar ao Matt e impressioná-lo quando ele voltar, ela aceitou a tarefa e, por isso, não tenha sido vista durante a batalha. De qualquer forma, em breve alguém saberá do paradeiro dela, com toda essa movimentação que estamos tendo hoje. Teremos tempo para nos preocupar com ela depois.

            Diandra torceu a cara, mas, ao seu lado, Marília suspirou aliviada, de forma discreta.

— Hm, tudo bem. Só acho que...

— Di, por enquanto deixa isso pra lá – falou Marília, recuperando a voz e assumindo o tom mais sóbrio que conseguia reproduzir. Seu coração, porém, saltitava feliz, e ela não conseguia controlar. – Eu entendo que você se preocupe com a Fernanda, eu também me preocupo com ela. Nos últimos meses ela progrediu tanto, nos treinos e nas aulas... vem se tornando praticamente uma amiga nossa... seria uma pena se ela jogasse tudo isso fora por alguma necessidade inútil de se exibir para Matthew ou quem quer que seja. Mas acho que ela já amadureceu a ponto de saber que isso não vale a pena, e não se arriscaria dessa forma. Quando voltarmos da missão, provavelmente ela já terá aparecido. Aí você pode dar as broncas que quiser a ela.

            Por um momento parecia que Diandra não iria se convencer. Mas, por fim, a moça estoniana da patente de Prata deu de ombros e sorriu penosamente.

— Tudo bem... Vamos às prioridades, salvar Asgard e etc. Deixo meu sermão pra Fernanda pra depois.

— Perfeito – disse Paulo. – Creio que agora podemos ir. Marília...?

— Me deem suas mãos – pediu ela.

            Paulo e Diandra ambos fizeram como pedido.

— Agora deem a mão um ao outro para fechar o círculo – disse a lemuriana.

            Novamente, eles obedeceram.

— Me deem alguns instantes para me concentrar. Quando eu der o sinal, fechem os olhos, e poderemos nos teletransportar.

            Os dois assentiram, e Marília fechou os olhos. Enquanto se concentrava, ela refletiu sobre o gesto de Paulo: encobrindo sua falha ao levar Fernanda até Asgard, para que Diandra não perdesse a confiança nela logo antes de saírem em uma missão. Marília já tinha em mente contar a verdade à garota báltica assim que concluíssem a missão, mas Paulo demonstrara uma compreensão e apoio que ela não havia antecipado. Agora ela devia mais uma a ele. A ironia da coisa é que estava justamente seguindo os conselhos de Fernanda acerca de se aproximar dele, que a amazona de Aço havia lhe dado em troca de ajuda-la a chegar até o reino de Poseidon. De certo modo, agora estava devendo mais uma a Fernanda também. Marília não gostava de dever favores, mas, em se tratando de seus amigos, não parecia ser isso, e sim, que estava ajudando seus amigos a confiarem mais nela, bem como ajudando a si própria a confiar mais nos amigos.

            Nossa... Marília se deu conta de que havia acabado de admitir, tanto em pensamentos, quanto em voz alta para Diandra um pouco antes, que realmente considerava Fernanda como uma amiga, depois de todos aqueles meses treinando juntas, talvez como uma amiga no mesmo patamar que Paulo e Diandra, ou até mesmo que Isabella, Rina, Matt e os demais da turma deles. Pelo modo como demonstrara sua preocupação com a amazona de Fogo, Diandra talvez também compartilhasse dessa opinião.

            Essa constatação fez com que ela se sentisse mal por ter mentido para Diandra, e a fez decidir, em seu íntimo, que contaria à amazona de Caçadora a verdade sobre o paradeiro de Isabella e Fernanda na primeira oportunidade, talvez antes mesmo de voltarem ao Santuário. Isso também a fez refletir que estava realmente aprendendo a confiar mais em seus amigos, como desejava, e que esse aprendizado poderia fazê-la ficar mais próxima dos amigos, em especial Paulo, Isabella, Fernanda e Diandra, talvez aqueles com quem ela tinha mais afinidade, depois de Rina.

— Agora – disse ela após atingir o nível preciso de concentração.

            Paulo e Diandra fecharam os olhos, e Marília usou seu comando mental para teleportar a si mesma e os outros dois para o ponto desejado: a floresta em torno do Palácio Valhalla, onde havia deixado Fernanda horas atrás.

            No instante seguinte, como se fossem sugados por um turbilhão, os três foram teleportados para longe do Santuário.

            Enquanto sua mente estava concentrada no teletransporte, Marília fez uma rápida prece, voltada para o Templo Submarino:

Rina, por favor... se puder me ouvir, peço que se apresse... Que você, Matt e os outros tenham sucesso em sua batalha e possam retornar o mais breve possível!!


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Notas finais do capítulo

Revisão do capítulo concluída em 10.06.2020



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