New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 128
Ponderações de Aiolos, parte 2


Notas iniciais do capítulo

Parte 2 de 2
Aiolos continua a revisitar as lembranças do passado, do tempo em que sua alma estava presa na Torre dos Deuses e seu espírito vagava pela terra para vigiar os movimentos dos Cavaleiros de Bronze novatos em suas primeiras missões. É revelada a causa do sumiço da Armadura de Sagitário naquela época e o porquê de os Cavaleiros de Bronze não a terem encontrado.
É revelada também a causa do intenso ódio nutrido por Matt de Fênix pelos Cavaleiros Negros e de sua rixa interminável com eles.
De volta ao presente, Aiolos e os demais cavaleiros continuam combatendo as criaturas do mar, até que o Cavaleiro de Sagitário se dá conta de que Hades está apenas usando os lacaios de Poseidon para mandar um aviso sutil aos Cavaleiros de Atena: a vida de Poseidon está perto de terminar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/264005/chapter/128

Continuação do flashback.           

O Fênix Negro Delta, nesse meio tempo, havia corrido para longe dali, ciente do massacre que os Cavaleiros de Aço estavam aplicando contra seus companheiros e da intensa batalha entre os Cavaleiros de Bronze e os Líderes Negros, ocorrendo no outro lado da floresta, e buscava se manter longe de ambos os embates. Ele corria com a urna de Sagitário nas costas, e ela parecia mais pesada a cada passo que dava.

            Ele ponderou se seus colegas já haviam sido exterminados. Aqueles garotos de armadura tecnológica tinham sangue nos olhos. Quem quer que fossem, não estavam de brincadeira e tinham um plano muito sólido e sombrio para pôr em prática, plano esse em que os Fênix Negros haviam sido apenas um obstáculo temporário. Seus colegas provavelmente não haviam tido chance contra eles. Ele também não queria pensar nas chances de seus mestres, Jango e Gigars, tendo que enfrentar aquele tempestuoso Cavaleiro de Fênix. Podia não ser tão poderoso quanto Ikki, mas aquele garoto também tinha uma força extremamente agressiva e sanguinolenta dentro de si. Se Ritahoa, o mais forte dos Fênix Negros, não havia conseguido conter o moleque, então Gigars e Jango teriam pelo menos a mesma dificuldade contra ele; isso sem falar que os outros quatro Cavaleiros de Bronze estavam presentes, e poderiam assumir o combate caso Fênix falhasse. Eles haviam se desgastado muito nas lutas contra os Quatro Veteranos, mas, àquela altura, eles já tinham tido tempo suficiente para se recuperarem parcialmente, o suficiente para enfrentarem Gigars e talvez até Jango de igual para igual.

            Ele estava perdido em meio a esses pensamentos enquanto avançava pelo caminho, e acabou não notando alguém que surgiu ali em meio às árvores, bloqueando a passagem. Era o mesmo homem de armadura branca e alada que havia ficado observando escondido os Cavaleiros de Aço massacrando os Fênix Negros.

            Delta estacou de repente, ao perceber a intensa luz branca emitida pela armadura do homem. Inicialmente, pensou se tratar de um anjo. Mas a armadura dele era bem definida, e cobria-lhe o corpo todo, semelhante às armaduras dos Cavaleiros de Ouro. Com um sobressalto, ele notou que a armadura do homem era especificamente familiar. Era o espírito de Aiolos de Sagitário, usando uma versão branca e luminosa de sua armadura, e seu cosmo estava se manifestando diante de Delta, como se o próprio Aiolos estivesse realmente ali.

— Então, você é quem está carregando minha armadura para longe – trovejou Aiolos com sua voz solene. – Receio que não poderá avançar mais, meu jovem.

— Ora, cale-se, seu defunto! – rosnou Delta. – Eu não cheguei até aqui para ser impedido por um cavaleiro moribundo que...

— Basta – disse Aiolos. – Vá dormir.

            O antigo Cavaleiro de Sagitário ergueu a mão, e uma intensa luz branca irrompeu de seu braço. A luz cegou o Cavaleiro Negro, embora este usasse um visor que protegia os olhos. Delta levou as mãos aos olhos em desespero, e Aiolos abriu a palma da mão, empurrando o Fênix Negro para o chão, como se ele tivesse sido atacado por uma força invisível. Com o impacto, Delta caiu semiconsciente no chão. A urna da Armadura de Sagitário escorregou do braço dele enquanto ele caía, e Aiolos estendeu a mão, fazendo a armadura levitar até ele.

— Aí está você, velha amiga – murmurou ele para sua antiga armadura, que pareceu brilhar mais intensamente quando o antigo Cavaleiro de Sagitário se abaixou e tocou sua urna.

            Aiolos ficou tomado de nostalgia ao contemplar sua antiga armadura. Naquele momento, o espírito dele estava vagando pela terra, tencionando ver a nova geração dos Cavaleiros de Bronze em ação. Apesar de seu cosmo estar conseguindo se manifestar na forma de seu corpo ali naquela floresta japonesa, sua alma, na realidade, estava presa na Torre dos Deuses, localizada numa montanha próxima ao Santuário, juntamente com a alma dos demais Cavaleiros de Ouro falecidos na guerra santa do século XX. Apenas o mestre Shion, que havia voltado à vida por intermédio do conselho dos deuses para reassumir a função de Mestre do Santuário, e Kanon de Gêmeos, que havia voltado à vida por meios desconhecidos, não estavam aprisionados na Torre dos Deuses, dentre os cavaleiros que haviam tomado parte naquela guerra santa.

            Os cavaleiros de Ouro conseguiam, de tempos em tempos, manifestar seus cosmos para fora da Torre dos Deuses, quase sempre aparecendo naquela forma celestial, utilizando uma versão branca e luminosa de suas armaduras, para oferecer conselhos e orientações para os Cavaleiros da geração atual. Contudo, mesmo que aparecessem naquela forma em locais distantes do Santuário, os deuses poderiam sentir a presença deles e puni-los. O castigo deles já era eterno, por terem enfrentado deuses no passado, mas a estadia na Torre dos Deuses já estava sendo bem dolorosa para os espíritos dos Cavaleiros de Ouro, e podia ficar pior. Algumas horas antes, Milo de Escorpião havia se aventurado para fora da torre para ajudar uma amazona ferida, e conseguiu voltar para a prisão antes que os deuses percebessem, contudo o conselho olimpiano já estava desconfiado de que o selo da torre estava perdendo suas forças e que, em breve, os cavaleiros de Ouro poderiam rompê-lo e sair de lá em definitivo. Por isso, os deuses já planejavam fortificar a torre e intensificar o aprisionamento dos espíritos dos 12 guerreiros de Atena, até que a ameaça de Marte havia ressurgido e esses planos tiveram que ser postos de lados, para que os deuses pudessem compreender o que haveria motivado esse novo levante da versão romana do deus da guerra. A própria Atena já considerava a hipótese de acionar suas forças para dar combate a Marte, apesar dos esforços iniciais bem-sucedidos dos Cavaleiros de Bronze novatos.

            Com todos esses pensamentos rodeando sua cabeça, Aiolos percebeu que não teria muito tempo livre ali para executar seu plano de auxílio aos cavaleiros novatos, e que precisava se apressar antes que os deuses notassem seu sumiço da torre. Mesmo ocupados tentando antever os passos de Marte (e de quem quer que o estivesse manipulando para que enfrentasse novamente os Cavaleiros de Atena), os deuses certamente poderiam reservar um tempo para castigar um Cavaleiro de Ouro insolente que ousasse se aventurar fora de sua prisão.

— É melhor levarmos você para um lugar seguro, velha amiga – comentou ele para a armadura de Sagitário. – Os cavaleiros de Bronze não precisam se preocupar com a sua localização agora, eles já tem muito com o que se ocupar. Ademais, se escondermos você por uns tempos, os Cavaleiros Negros não terão mais como te procurar e esse novo grupo de cavaleiros rebeldes que eu estive observando não se dará ao trabalho de tentar te localizar. Tenho certeza de que Seiya não irá se importar se você ficar de folga uns dias.

            A armadura continuou a brilhar intensamente, como se estivesse de acordo com as palavras de seu antigo usuário. Aiolos pendurou a urna da armadura em seu ombro, e olhou em volta.

— Vamos deixar este rapaz junto com seus companheiros – disse ele, indicando o Fênix Negro Delta, caído semiconsciente no chão. – Assim os Cavaleiros de Bronze não saberão que estive aqui e nem que ele se distanciou de seus companheiros. Como eu disse, eles já tem muito com o que se preocupar.

            Aiolos puxou Delta pela gola da camisa, e saiu levitando velozmente, como se conseguisse voar (um das vantagens de estar na forma de espírito sendo um cavaleiro de Ouro), em direção à clareira onde jaziam os demais Fênix Negros, vitimados pelos Cavaleiros de Aço. Então, ele depositou Delta no chão, junto com seus companheiros derrotados, ao chegarem lá. Aiolos se abaixou e disse para o guerreiro:

— Lembre-se, jovem... Quando os Cavaleiros de Bronze chegarem, você é o único que estará em condições de falar. Conte a eles que a armadura de Libra foi roubada e indique quem foram os responsáveis. Quanto à armadura de Sagitário, você não fará ideia do que aconteceu a ela.

— Mhr... – grunhiu o Fênix Negro, incapaz de formular palavras compreensíveis.

            Aiolos se deu por satisfeito e deu as costas ao grupo de Fênix Negros. Desde que havia despertado o Oitavo Sentido no mundo inferior, há vinte anos, havia ficado excepcional com técnicas de manipulação da mente, ainda mais contra inimigos de nível bem inferior. Ele avistou o monte Fuji a uma curta distância.

— Preciso agora decidir aonde te guardar, cara amiga, antes que Seiya reclame a sua posse novamente – disse Aiolos, se dirigindo novamente à armadura. – Entrarei em contato com o cosmo dele para definir quando ele deve te convocar de volta. Até lá... Acho que o lago onde você ficou escondida após a Guerra Galáctica original, há vinte e cinco anos, é bastante apropriado, não é mesmo? Naquela profundeza, ninguém conseguiria te encontrar.

            A armadura brilhou mais intensamente, como se estivesse concordando.

— Então está resolvido – disse Aiolos, tirando a urna da armadura do ombro e lançando-a para o alto, onde ela flutuou. Ele fez um aceno com a mão, e a armadura voou para longe, em direção ao sul, rumo ao lago onde havia repousado duas décadas antes. – Agora... Acho que ainda tenho tempo para ver os jovens garotos em ação. Como será a performance desses aprendizes do Seiya e dos outros em combate? Estou ansioso para descobrir.

            Aiolos lançou-se novamente no ar, levitando em velocidade surpreendente. Decorridos alguns segundos, havia alcançado um dos pontos altos do Monte Fuji. Abaixo dele, se desenrolava a luta entre Matt de Fênix e Jango. Os outros quatro Cavaleiros de Bronze estavam atrás, observando seu amigo lutar. Num canto próximo, Ritahoa de Fênix Negro e Gigars de Fogo jaziam sem forças no chão.

—... mas vejamos se essa sua força será o bastante para me vencer! – ia dizendo Jango, em meio a gargalhadas, não demonstrando receio mesmo com a derrota de seus dois lacaios, desfalecidos na frente dele. – Cumprimente, Fênix, as... Chamas do Inferno da Rainha da Morte!!!

            Jango fez irromper gigantescas chamas roxas de seus braços, que avançaram contra Matt e arrancaram seu elmo; porém, o garoto não se intimidou e estendeu as mãos para frente, contendo com algum sucesso o golpe do Cavaleiro Negro líder. Ao mesmo tempo, ele se movia para frente, tentando chegar até Jango, que estava de pé sobre uma rocha.

— Seu idiota! – gritou Jango, sem acreditar no que via. – Desse jeito vai ter as mãos arrancadas!

            Matt não lhe deu atenção, e continuou contendo as chamas de Jango, até que seu cosmo conseguiu absorver as chamas e usá-las a seu favor. O pupilo de Ikki estendeu o braço contra Jango e lançou seu próprio fogo.

Ave Fênix!!!

            As chamas vermelhas de Fênix, fortalecidas pelo fogo absorvido de seu inimigo, atingiram Jango em cheio e jogaram-no contra algumas pedras enormes da base da montanha; ele caiu sem forças no chão, ainda consciente, e foi então que Matt avançou até ele. De longe, Aiolos podia sentir o ímpeto na cosmo-energia do garoto, como se a raiva contida dentro dele começasse a transbordar; certamente ele já tinha uma história com o grupo dos Cavaleiros Negros, e a recente batalha fizera os sentimentos envolvidos nessa história aflorar no rapaz.

O jovem cavaleiro de Fênix pareceu se certificar de que Jango não estava morto ainda. Ele chegou até onde o líder dos grupo das trevas estava e começou a chacoalha-lo.

— É o fim, Jango. Abra o bico! Você infernizou meu mestre quando ele era mais jovem, e seus colegas infernizaram a mim durante todo o meu treinamento de cavaleiro. Qual é o propósito de tudo isso? Por quê queriam levar as armaduras de Ouro? Vamos! Exijo respostas, e das boas, seu desgraçado.

— He, he, he... - Pelo que Aiolos conseguiu perceber, a voz de Jango estava nas últimas, mas ele ainda tinha força o suficiente para rir de leve. - Você nem faz ideia do que está para acontecer, Fênix. As repetições... Você e seus amigos presos nesse loop interminável... É apenas o começo.

— Do que está falando?

— Você jamais saberá o porquê de "tudo" estar se repetindo... - continuou Jango. - Você e seus amigos continuarão fadados a repetir esse loop, até que nosso mestre se dê por satisfeito. E ele nunca se dá por satisfeito... Só lamento não poder viver mais para poder ver o sofrimento de vocês...!

— Do que você está falando afinal, seu pedaço de esterco?? "Nosso" mestre de quem você fala é o Marte, é isso?

— He, he, he... Você não saberá, Fênix. Deixo-lhes com este mistério como meu último suspiro... Espero que seu sofrimento seja duradouro...!

E, dizendo isso, a cabeça do Cavaleiro Negro caiu para trás. Ele não se moveu mais.

Então, Aiolos notou algo estranho e, ao mesmo tempo, viu que o menino Fênix também notara: parecia que o tempo em volta deles havia parado, enquanto Matt estivera conversando com Jango. A cosmo-energia que sentiu em volta daquela cena era intensa e colossal, como se envolvesse Jango e os Cavaleiros Negros por todo o percurso que eles haviam feito, desde o coliseu da Guerra Galáctica até aquela floresta; provavelmente, era essa energia o elemento responsável por aquele fenômeno singular. Os amigos do cavaleiro de Fênix estavam literalmente parados no ar, em meio a algum movimento que estiveram fazendo logo que Matt dera o golpe final contra Jango, e sem sinal algum de haver percebido a conversa do aprendiz de Ikki com seu adversário. Aiolos sentiu-se confuso, mesmo com toda a sua experiência de cavaleiro; e pelo que podia sentir advindo do garoto, o pupilo de Ikki ainda não sabia também que juízo de valor fazer acerca das palavras de Jango. Por ora, Aiolos decidiu que pensaria sobre isso em um outro momento; pelo que conseguia sentir, não demoraria muito para que os deuses, agora, percebessem o antigo Cavaleiro de Sagitário, tão longe da Torre dos Deuses e entreouvindo a conversa entre Matt e o líder dos cavaleiros negros. Sentiu, através do cosmo, que o garoto também escolhera refletir sobre aquelas afirmações posteriormente.

Logo em seguida, Matt piscou, tirando as mãos do corpo de Jango, e o tempo pareceu voltar ao normal.

E nesse momento os Cavaleiros de Bronze recuperaram os movimentos, e desataram a comemorar.

— Conseguimos galera! – exclamou Rina.

— Derrotamos os Cavaleiros Negros de Marte! – vibrou Thiago.

— E recuperamos as armaduras de Ouro... Ufa! – concluiu Gustavo, parecendo satisfeito e aliviado.

— Esperem! – bradou Matt, correndo em direção à Armadura de Aquário. – Só há uma armadura de Ouro aqui... – e ele se voltou para Jango, que surpreendentemente ainda estava vivo, imóvel no chão e de olhos fechados, mas lançava um sorriso maldoso para os cinco.

            Matt foi até Jango e o segurou pela camisa, sacudindo-o para ver se ele reagia. O cavaleiro de Demônio abriu os olhos penosamente, e o cavaleiro de Fênix o sacudiu mais, dizendo-lhe em tom ameaçador:

— Jango, seu inútil... Onde estão as armaduras de Ouro???

— Você... notou? – gemeu Jango. – Os Fênix Negros fugiram com elas... quando você estava sofrendo a ilusão do Espírito Diabólico de Fênix Negro... eles vão leva-las ao nosso mestre... para serem destruídas.

            Assim que disse isso, a cabeça do Cavaleiro Negro líder pendeu para trás, e ele faleceu.

— NÃO!! – gritou Matt, angustiado, e largou Jango, cujo corpo caiu de volta para as pedras. O cavaleiro de Fênix correu em direção às pegadas deixadas pelos Fênix Negros e as seguiu, rumo ao interior da floresta. Seus amigos, Betinho, Gustavo, Thiago e Rina o seguiram, com Rina pendurando a urna da armadura de Aquário nas costas.

            Avançaram pelo interior da floresta, com Aiolos flutuando no alto atrás deles, quase imperceptível. Eles alcançaram a clareira onde jaziam os Fênix Negros, e recuaram devido ao susto. Aiolos pousou numa árvore alta perto dali, continuando a observá-los, fora do alcance de visão deles. Olharam em volta e não viram nenhuma das outras duas armaduras de Ouro, enquanto contemplavam, em choque, as feridas extensas que cobriam os corpos dos Cavaleiros Negros.

            Delta, o Fênix Negro abatido por Aiolos, se mexeu levemente, sendo o único deles com ainda alguma consciência; Matt de Fênix foi até ele, se abaixou perto do inimigo e indagou:

— Onde estão as armaduras de Ouro?? Responda, seu verme!!

— Nós... fomos atacados... – gemeu Delta, sentindo a vida lhe deixando. – Eles... eles levaram a armadura de Ouro...

— Eles? Eles quem?? – ralhou Matt, tomado de confusão. – Quem pegou as armaduras de Ouro??? Fale logo, seu rato miserável!!

— Eles eram... eles... – Delta começou a falar, tentando reagir à frustração do Cavaleiro de Fênix; contudo, sua energia havia se esgotado, e ele sentiu seu espírito se apagar. Antes que pudesse terminar a frase, seu corpo se paralisou, e começou a rachar em mil pedacinhos, até que se desfez com uma pequena explosão de poeira.

            Matt se afastou do corpo dele, enquanto seus companheiros também eram reduzidos a pó como resultado do massacre ao qual haviam sido submetidos. O cavaleiro de Fênix deu um soco na terra, completamente angustiado.

Mas que droga!!— esbravejou ele para si mesmo, ajoelhado sobre a terra enquanto esmurrava o solo. – Depois de todas essas lutas, nós só conseguimos recuperar UMA, apenas UMA armadura de Ouro!! Porra, o que o Tatsumi vai dizer?!?

— Ei, Matt, acalme-se. – Thiago de Cisne foi até o garoto de Fênix e pôs a mão no ombro dele.

— Você está sendo muito pessimista – disse Rina em tom comedido, mas também se aproximou do cavaleiro de Fênix, se abaixando e passando a mão pelas costas dele. – Não foi tudo em vão. Você deveria agradecer por termos derrotado os Cavaleiros Negros e recuperado ao menos a Armadura de Aquário. Venham, vamos voltar.

            Matt assentiu para eles e se levantou, contendo sua decepção. Eles deixaram a clareira e seguiram pelo caminho de volta ao monte, mas, no caminho, Betinho pigarreou.

— Sem querer me meter, mas Matt, por que você estava agindo tão ferozmente com os Cavaleiros Negros? – indagou o cavaleiro de Pégaso. – Parece até que você já os conhecia.

            Matt de Fênix parou de andar, e os outros estacaram em torno dele, cercando-o.

— Sim – admitiu ele com voz fúnebre. – Eu os conheço muito bem.

— Ué, primo? De onde os conhece? – quis saber Gustavo.

— Vou lhes contar no caminho. Não quero ter que explicar na frente do Tatsumi, por que ele provavelmente vai nos dar um outro sermão quando chegarmos lá. Embora eu ache que o velhote já saiba sobre isso. – Matt respirou e retomou a fala, enquanto ele e os demais voltavam a percorrer a trilha. - Os Cavaleiros Negros, originalmente, habitavam a Ilha da Rainha da Morte, onde o mestre Ikki treinou e conquistou a armadura de Fênix. Com a destruição da ilha, eles se mudaram para as outras ilhas do Pacífico. Quando souberam que o mestre Ikki tinha montado base no Havaí, eles se espalharam pelo arquipélago, para ficar de olho nele e tramar para mata-lo, mas não sabiam que ele havia se tornado um Cavaleiro de Ouro. Ikki sempre os derrotava. Então eu virei seu aprendiz, e ele me ensinou a lutar por meio das batalhas que travávamos contra os Cavaleiros Negros. Passei seis anos enfrentando eles durante meu treinamento. Aqueles cinco Fênix Negros que acabamos de ver sendo desintegrados... Eram apenas recrutas na época em que eu vivi lá, no Havaí. Talvez a magia do Marte os tenha feito se desintegrar, quando a energia emprestada pelo deus tenha abandonado os corpos deles. Jango, Ritahoa e os Quatro Veteranos, pelo que sei, foram derrotados pelo Ikki, pelo Seiya e pelos outros antigos Cavaleiros de Bronze, vinte anos atrás, mas eu cresci ouvindo falar que eles haviam sido a geração mais forte de Cavaleiros Negro que havia existido. Por isso, talvez, o Marte tenha levado eles para o seu lado. Gigars foi derrotado pelo Ikki alguns anos atrás, durante uma viagem que ele fez ao Santuário, por que o Gigars estava tentando usar a armadura de Cavaleiro do Fogo para se voltar contra o Santuário, apoiado pelos Cavaleiros Negros. Pelo que sei, um parente dele havia sido Cavaleiro de Fogo anos antes, e foi derrotado pelos Cavaleiros de Bronze também, e ele queria vingança pelo parente falecido. Meses depois, o Gigars foi até o Havaí se vingar do Ikki, usando uma armadura negra e parecendo um morto-vivo, mas o Ikki o matou facilmente. Eu vi a luta deles, quando ainda era criança. Por isso eu soube como deter o golpe do Gigars para vencê-lo.

            Ele suspirou, fazendo uma pausa, como se sentisse o peso daquelas informações que acabava de compartilhar.

— Isso é bem intenso – disse Rina, parecendo preocupada. – Esses caras, pelo jeito, não te deixaram viver sua infância direito. Bom, aprendiz de cavaleiro já não tem uma infância fácil, mas eles pelo visto conseguiram tornar a sua ainda mais infernal.

— É por isso que eu tenho esse ódio deles – falou Matt, assentindo. – É por isso que eu queria ir atrás deles sem a ajuda da Fundação e do Tatsumi, por que sentia que era minha responsabilidade lidar com eles novamente. Quando os vi no Coliseu, eu pensei: “eles vieram atrás de mim, de novo”. Eu precisava acabar com eles, e fazer justiça ao meu passado. Eles podem até dizer que vieram atrás das armaduras de Ouro, mas, para mim, aquilo foi só para despistar. Para mim, essa batalha era puramente pessoal.

— Bom, seja como for, você conseguiu – argumentou Betinho. – Você derrotou eles novamente, Matt. E dessa vez, eles contavam com o poder de um deus, e mesmo assim, você não vacilou diante deles. Não conseguimos as armaduras todas, mas pelo menos saímos vivos dessa missão.

— Obrigado, Betinho – agradeceu Matt, erguendo a cabeça e abrindo um leve sorriso. – Sabe, a Rina tem razão. Temos que agradecer pelo sucesso dessa missão, ainda que parcial. Depois a gente se entende com Tatsumi, e vamos dar um jeito de encontrar as outras duas armaduras.

— Yay! – exclamou Gustavo, aplaudindo. – Assim você me dá orgulho, primo. Vamos lá aguentar o sermão do velhote!

            Os outros quatro riram despreocupados, e seguiram com mais ânimo pela trilha. Para quem havia enfrentado os Cavaleiros Negros mais poderosos da história, encarar sermão de Tatsumi podia ser fichinha.

            À distância, Aiolos ficou observando, no topo da árvore, os cinco cavaleiros desaparecem na floresta, rumando de volta para a Fundação Graad. Ele se permitiu sorrir, contente ao ver que a determinação daqueles jovens era fomentada por boas intenções.

— Bom trabalho, Cavaleiros de Bronze. O primeiro percalço de vocês foi superado com primazia. Logo em breve, sinto que me encontrarei com vocês em outras situações. Espero também poder lutar ao lado de vocês algum dia, se eu ainda tiver chance de viver neste mundo.

            Ele olhou para o alto, imaginando se os deuses já teriam dado conta de sua ausência. Decidindo que sua aventura já havia se estendido demais, Aiolos lançou-se aos céus, e flutuou como se voasse, numa velocidade incomparável, para que conseguisse voltar o quanto antes à Torre dos Deuses sem levantar suspeitas.

...

...

...

...

            Enquanto enfrentava os monstros e criaturas marinhas que tentavam invadir o Santuário pelas encostas, com a ajuda dos jovens cavaleiros de Prata, Bronze e Aço chamados por Marília de Grou, Aiolos remoía aquelas lembranças intensamente na memória, enxergando a importância de todos os eventos decorridos na jornada dos Cavaleiros de Bronze até aquele momento. A estrela desses meninos era forte, apesar da má sorte de terem tido que lidar com vários obstáculos oferecidos pelo senhor do mundo inferior desde que haviam se tornado cavaleiros, poucos meses antes. Por quanto tempo mais Hades seria uma influência tamanha nas ações dos novos Cavaleiros de Bronze?

            Enquanto pensava, Aiolos notou um grupo de monstros puxando alguns cavaleiros de Aço com seus tentáculos, tentando arrastá-los para o mar. O irmão de Aiolia saltou até onde eles estavam e exclamou:

Trovão Atômico!!

            Seu punho disparou bolas de trovão que eletrocutaram os monstros, que largaram os meninos de Aço.

— Voltem para o topo! – ordenou Aiolos, e os garotos obedeceram. O cavaleiro de Sagitário olhou em volta e viu Marília e seus amigos darem combate aos demais monstros.

Chute Reluzente!!— gritou Marília, erguendo uma das criaturas no alto com o impacto de seu chute; o monstro caiu atordoado na água, sem se mexer, de volta de onde viera.

Arco Sagrado!!— bradou Diandra, projetando um arco feito de luz de seu braço e lançando-o contra uma dezena de monstros, que foram lançados contra as pedras pelo impacto do golpe.

Captura de Órion!! – Paulo evocou um laço de luz de sua armadura e prendeu cinco monstros com ele, que foram imediatamente eletrocutados pelo golpe. Em seguida, o jovem cavaleiro de Órion usou o laço para atirar os monstros desacordados de volta ao oceano.

            Paulo olhou em volta, vendo seus amigos dando combate aos monstros aquáticos. Ele pensou em tentar usar as técnicas que havia aprendido com Shaka naquele confronto, mas considerou que as criaturas do oceano não eram adversários dignos para as habilidades que havia aprendido (ao menos no campo espiritual) com o maior Cavaleiro de Virgem da história do Santuário. Além disso, ainda não havia tido tempo suficiente de se concentrar para praticar e realizar aquelas habilidades apropriadamente, e não queria manchar o legado de Shaka usando suas técnicas de qualquer jeito. Decidiu manter-se com suas técnicas regulares.

            Ele notou que Marília e Diandra estavam sendo cercadas por um grupo de monstros enormes, apesar de terem afastado boa parte deles com seus golpes. Voltando a focar na luta, ele se voltou para aqueles monstros.

Círculo das Estrelas!!— exclamou ele, disparando feixes de raios de seu punho, que tomaram a forma de estrelas e cercaram os monstros; em seguida as estrelas dispararam choques de trovão contra as criaturas, pulverizando-as e reduzindo-as a pó.

            Marília sorriu para ele ao ver os monstros serem destruídos.

— Valeu – murmurou ela.

— Disponha – respondeu ele. Os dois se entreolharam por um longo momento.

— Pessoal! – exclamou Diandra, cortando o clima dos dois. – Tem mais deles vindo!

            Paulo se posicionou em frente as duas, e os três dirigiram seus golpes ao mesmo tempo contra os monstros que se aproximavam.

            Um pouco acima deles, Aiolos observava os movimentos dos cavaleiros jovens, que afastavam os monstros da encosta e tentavam jogá-los de volta para o mar. Subitamente, ele notou algo estranho nas águas. Havia um ponto do Mar Mediterrâneo no qual havia se formado uma abertura circular, a alguns quilômetros da costa do Santuário, mas que era perfeitamente visível para quem estivesse observando dos pontos altos do litoral. Daquela fissura circular, que parecia se projetar para o fundo do oceano, os monstros saíam em maior quantidade do que dos demais pontos do mar.

— O que houve, senhor Aiolos?!? – perguntou Marcolino de Lama ao cavaleiro de Ouro, vendo que este observava fixamente o oceano.

— Aquele ponto no oceano, meu jovem – explicou Aiolos, indicando a fissura com a cabeça. – Parece que os monstros estão convergindo de lá.

— O que isso muda na batalha, senhor Aiolos? – indagou Marcolino. Visto que a maioria dos monstros já fora abatida, alguns outros cavaleiros jovens estavam se aproximando para ouvir o Cavaleiro de Sagitário.

— Talvez seja daquele ponto que todos os monstros venham – explicou Aiolos. – Se fecharmos aquela fissura, podemos impedir que os monstros saiam das águas e continuem a tentar invadir o Santuário. Impediremos que o cosmo de Hades continue a agitar os oceanos e provocar o cosmo de Poseidon a liberar as criaturas das profundezas do oceano para nos atacar.

— Mas como faremos isso? – perguntou Pedro de Tigre. – Aquele ponto está muito distante da costa. Se tentássemos nadar até ali para alcançar a fissura e fechá-la, os monstros nos impediriam.

— Não precisamos nos aproximar da fissura para fechá-la. Afastem-se, todos – ordenou Aiolos, mantendo sua voz serena.

            Os cavaleiros de Aço e de Bronze a sua volta obedeceram, e Aiolos levou a mão às costas, convocando seu arco, que surgiu da luz emanada por seu cosmo. Em seguida levou a mão a uma reentrância na perna de sua armadura, tirando dali uma flecha feita de luz, que se tornou dourada ao tocar o arco. Aiolos posicionou a flecha no arco para atirá-la, e apontou para o alto.

— Que Atena esteja conosco – exclamou ele. – Que esta flecha da justiça alcance seu objetivo e destrua nossos inimigos. Flecha Dourada!!!

            Aiolos atirou a flecha para o alto, e ela cortou os ares como um raio dourado. Em seguida ela voou em direção à fissura no meio do mar, penetrando nela com um pequeno barulho de sucção e causando o surgimento de um brilho dourado no interior da fissura.

            Poucos segundos depois, o mar implodiu com um estrondo no local da fissura, jorrando para o alto e gerando ondas um tanto revoltas. Os cavaleiros jovens que estavam expulsando os monstros de volta para o mar recuaram e subiram a encosta de volta, para não serem tragados pelas ondas. Aiolos fez seu arco desaparecer. Quando as ondas cessaram e o mar se acalmou, a fissura havia desaparecido. Os monstros marinhos restantes olharam para trás e, notando que sua rota de passagem rápida para a superfície havia sido fechada, recuaram de volta para o interior do oceano, abandonando a tentativa de invasão ao Santuário.

            Os cavaleiros de Aço, de Prata e de Bronze concentrados em frente à sala do Grande Mestre comemoraram efusivamente a retirada dos inimigos. Aiolos suspirou aliviado, e viu ao longe seus companheiros Cavaleiros de Ouro do passado indo até onde ele estava, tendo conseguido expulsar as criaturas das demais porções da fronteira do Santuário. Aiolia foi até ele e o abraçou.

— Bom trabalho, irmão. Digno de um grande mestre – afirmou o Cavaleiro de Leão.

— Menos, irmão, sem exageros – advertiu Aiolos, mas sorriu diante do comentário do irmão.

— Sua flecha esteve impecável como sempre – comentou Aiolia. – Que raciocínio rápido para fechar a fissura e afugentar os monstros. De onde nós estávamos, só conseguimos ver a fissura quando você lançou a flecha.

— Bom, muito bom, mas agora voltamos a como estava antes – disse Saga de Gêmeos, chegando perto dos irmãos, acompanhado dos demais Cavaleiros de Ouro. – Temos que ficar aqui aguardando em frente ao salão do Mestre pelo retorno do mestre Shion com a decisão de nos liberar ou não para sair do Santuário e ajudar os Cavaleiros de Ouro do presente. Eu vou dispensar os cavaleiros jovens que ajudaram na defesa desse local da fronteira, para que voltem aos seus afazeres rotineiros.

            Saga passou por eles em direção aos cavaleiros jovens, mas Aiolos não estava prestando atenção ao que o geminiano dizia. Ele havia voltado a fixar seu olhar no oceano. Sentia que havia algo de errado com a situação que haviam acabado de enfrentar.

— Saga, sempre sério e estragando a euforia – comentando Aiolia. – Irmão, o que sugere que façamos enquanto esperamos o mestre Shion? E por que ainda está olhando para o mar?

— Algo não faz sentido. – Aiolos levou a mão ao queixo. – Os Cavaleiros de Bronze foram para o templo submarino horas atrás. Por que Hades liberaria os monstros marinhos contra o Santuário apenas agora, se já poderia ter feito isso desde o momento em que eles foram para os domínios de Poseidon?

            Além disso, Aiolos estava perturbado com outra coisa, mas não teve coragem de dizer: como o poder de Hades havia crescido tanto a ponto de conseguir influenciar o cosmo de Poseidon para controlar os monstros marinhos e direcioná-los contra o Santuário, além de causar enchentes, tempestades e inundações ao redor do globo mesmo com Poseidon enclausurado em sua fortaleza?

— O que está querendo dizer, Aiolos? – quis saber seu irmão.

— Esse ataque não foi apenas para nos intimidar ou assustar. Isso foi um sinal. – Aiolos olhou para a posição do céu. – Amigos, há quanto tempo os Cavaleiros de Bronze desceram para o templo de Poseidon? Alguém sabe dizer?

            Os cavaleiros de Ouro se entreolharam rapidamente, tentando se lembrar.

— Faz pouco mais de dez horas, Aiolos – respondeu Mú de Áries, por fim.

— Dez horas... dez horas... – dizia Aiolos consigo mesmo. – É isso! Por isso Hades enviou esses monstros. Poseidon só tem doze horas de vida restantes, ou tinha quando os Cavaleiros de Bronze seguiram para o templo submarino. Agora deve ter menos de duas horas. Ou seja, esse ataque foi para nos atrasar e nos impedir de avisar os Cavaleiros de Bronze que o tempo deles para salvar o hospedeiro de Poseidon está acabando. Doze é um número sagrado. São doze os titãs, são doze os olimpianos, são doze os cavaleiros de Ouro... Faz sentido Hades precisar de doze horas para encerrar de vez o cosmo de Poseidon por alguns séculos.

            Saga havia terminado de dispensar Marília, Paulo, Diandra e os demais cavaleiros jovens, e havia se juntado ao grupo. Os demais Cavaleiros de Ouro o puseram a par do que Aiolos havia descoberto.

— O que devemos fazer então, Aiolos? – perguntou Camus de Aquário.

— Temos que encontrar uma maneira de avisar aos Cavaleiros de Bronze que o tempo deles está se esgotando – decidiu o sagitariano. – Mú, Shaka... creio que vocês sejam os mais indicados para tentar isso.

            Os cavaleiros de Áries e de Virgem assentiram, e em seguida fecharam os olhos e baixaram as cabeças, se concentrando para tentar se comunicar com o cosmo dos Cavaleiros de Bronze, apesar da barreira formada pelo cosmo de Hades em volta do templo de Poseidon dificultar a comunicação cósmica.

— Nesse meio tempo, temos que alertar os demais cavaleiros para o perigo de eventuais novos ataques – continuou Aiolos. – Hades pode tentar nos atrasar e nos intimidar por outros meios.

— Eu avisarei o professor Gomes para dar esse alerta – disse Dohko de Libra, e saiu em direção ao caminho de Palaestra.

— E também... Temos que rezar para que o mestre Shion retorne logo e nos deixe lutar ao lado de nossos companheiros do presente contra as criaturas das trevas que estão surgindo em diversos locais do planeta – disse Aiolos, resignado. – Eu mesmo já estou angustiado de ter que ficar aqui no Santuário sem poder ajuda-los.

            Os demais cavaleiros de Ouro murmuraram em concordância. Pouco tempo depois, Dohko retornou para junto deles, informando que repassara a Gomes de Altar o pedido de Aiolos para que a vigia das fronteiras do Santuário fosse reforçada. Os cavaleiros de Ouro da década de 1980 estavam observando os cavaleiros das patentes inferiores formando grupos para montar guarda nos diversos locais da fronteira, quando sentiram, ao longe, o Pilar do Atlântico Sul ser destruído também. Aquele oceano também se acalmou em consequência disso, e agora apenas o Atlântico Norte permanecia revolto.

— Bom trabalho, Rina... – murmurou Milo de Escorpião com orgulho, sentindo o cosmo de sua irmã se manifestando contra o pilar destruído.

Aiolos desejou poder lançar sua flecha para alcançar os Cavaleiros de Bronze e avisá-los, mas sabia que a flecha não poderia ultrapassar a barreira do cosmo de Hades. Ele voltou a deixar seus pensamentos o envolverem. Não conseguia tirar da cabeça que havia algo de errado com o comportamento de Hades desde que aquela nova guerra santa havia eclodido. Controlar os espectros, os deuses gêmeos e os guerreiros falecidos de outros deuses eram uma coisa; conseguir controlar, manipular e influenciar os cosmos de Marte e Poseidon para assim exercer influência sobre os guerreiros falecidos desses deuses e sobre seus domínios naturais era outra bem diferente. Algo não fazia sentido acerca de como Hades estava se portando naquela guerra. Aiolos simplesmente não conseguia imaginar o deus do mundo inferior sendo capaz de tais proezas, ainda mais tendo sido derrotado pelos Cavaleiros de Atena menos de três décadas antes.

            A menos que Hades não esteja agindo sozinho nem por conta própria, pensou Aiolos com cautela. Contudo, por mais que aquela hipótese fizesse sentido, o cavaleiro de Sagitário preferiu não considera-la no momento. Hades já era difícil de enfrentar agindo sozinho. Sendo apoiado ou, pior, controlado por alguma outra entidade ainda mais poderosa, seria praticamente impossível para o exército de Atena enfrenta-lo de igual para igual. Aiolos temia até que, se fosse realmente o caso e Hades estivesse sendo também manipulado, os Cavaleiros de Atena da geração atual não estivessem preparados para um combate daquela magnitude, o que poderia representar o fim do Santuário e uma derrota trágica para Atena.

            Silenciosamente, ele fez uma prece para que Atena pudesse sanar as suas dúvidas e as dos demais Cavaleiros da sua geração, igualmente perturbados com o rumo que aquela guerra estava tomando.

...

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: A esperança dos cavaleiros
...
Aguardo a resposta de vocês a este capítulo. Agradeço aos comentários dos capítulos anteriores.



REVISADO em 03 de setembro de 2021



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "New Legends - Cavaleiros do Zodíaco" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.