New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 114
Os questionamentos de Fernanda e a força da Excalibur


Notas iniciais do capítulo

Gustavo precisa se mostrar merecedor do poder da Excalibur para enfrentar Krishna de Chrysaor, mas o adversário também possui seus trunfos.
Thiago chega ao Pilar do Oceano Ártico e se depara com alguém inesperado.
Enquanto isso, Fernanda, após se dar conta do real poder da Armadura de Libra, confidencia para Isabella sua desconfiança sobre quem realmente tramou a revolta dos Cavaleiros de Aço.



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Thiago alcançou o Pilar do Oceano Ártico, após uma longa caminhada. Estava extenuado, mas ainda em condições de lutar, se fosse necessário. Ele deu uma rápida olhada em volta; não havia ninguém a vista para defrontar.

Ele não esperava que não houvesse um General protegendo o pilar; talvez o General tivesse precisado se reportar a Hades e se ausentar de seu posto de guarda temporariamente, justo na hora em que Thiago chegara ao pilar. Bom, tanto melhor... Thiago poderia destruir o Pilar sem intromissões.

Ele ponderava sobre como destruiria o imponente pilar quando ouviu passos à distância, vindo em direção a ele, de trás do pilar. Ignorando o cansaço da corrida, ele assumiu uma postura de combate esperando ver o General que guardava o pilar. Porém, ele estacou quando quem era a pessoa a quem pertencia o barulho dos passos.

— Betinho? – disse o cavaleiro de Cisne, embasbacado, ao ver seu irmão, o Cavaleiro de Pégaso, aparecendo de trás do Pilar, aparentemente também tendo feito um longo caminho até ali.

— Ah, é você, Thiago – constatou o outro filho de Berto de Coroa Boreal. – Eu achei que estivesse correndo para o Pilar do Atlântico Norte, e de repente vim parar aqui. Aí senti um cosmo no local, e achei que fosse o General Marina deste pilar.

— Eu também achei que fosse o General – comentou Thiago, relaxando ao ver o irmão. – É estranho que ele não esteja protegendo o local, mas, pelo menos, com nós dois aqui, vai ser mais fácil destruir o Pilar. Não é?

— Sim – concordou Betinho, soturnamente. – Vai ser bem mais fácil...

— Mas você comentou uma coisa engraçada agora – disse Thiago, dando as costas para o irmão e contemplando o caminho pelo qual viera. – Você disse que achou estar indo para um pilar diferente deste, mas veio parar aqui no Ártico. Pelo jeito, você também correu um bocado no caminho até aqui, não é?

— Sim – disse Betinho, rispidamente. Sua respiração estava mesmo ofegante.

— Não tive a impressão de que a trilha para cá fosse tão longa – continuou Thiago. – Na real, acho que eu me senti andando em círculos no caminho até este pilar, como se alguém estivesse usando uma ilusão contra mim. Você teve essa impressão no seu caminho também, Betinho?

O cavaleiro de Pégaso não respondeu.

— Betinho? Você me escutou ou...

Thiago não teve tempo de se virar. Ele sentiu um golpe forte na parte de trás da cabeça, e apagou ao cair de cara no chão.

...

...

...

...

Isabella e Fernanda continuavam correndo em direção ao Pilar do Pacífico Sul. Elas sentiam, à distância, os cosmos de Rina e do general Io de Scylla entrando em colisão durante o combate.

Finalmente, elas alcançaram uma elevação na trilha, de onde podiam ver o Pilar do Oceano Pacífico Sul e a batalha em volta dele. Naquele momento, Rina estava se levantando; parecia ter sido jogada para trás pelo golpe do General, mas seu cosmo exibia confiança e determinação, como se ela soubesse exatamente o que fazer para vencer a luta. Então, quando ela ficou totalmente de pé, aconteceu o mesmo fenômeno que as duas amazonas tinham visto no Pilar do Pacífico Norte: a Armadura de bronze de Andrômeda ficou completamente dourada.

— Ahá! É isso! A Rina também despertou o cosmo dos Cavaleiros de Ouro em sua armadura! – exclamou Isabella. – Vamos, Fernanda! Se tudo der certo, a Rina vai ter a mesma sorte que o Betinho teve no outro pilar! O tempo que a gente leva para descer isso aqui vai ser o tempo que a Rina vai ter para vencer o General! Vem logo, Fer...

Ela se calou ao ver que a rival estava plantada no chão, muito atrás dela, olhando estranhamente para a urna da Armadura de Libra.

— Isabella. – Fernanda falou o nome de sua rival pela primeira vez em meses, depois de passar as últimas horas usando os nomes das princesas dos filmes da Disney para se dirigir a ela. – Desde que você teve aquela conversa com o Betinho, não consigo tirar isso da cabeça.

— Tirar o que da cabeça?

— O fato de que eu, junto com os outros Cavaleiros de Aço, tinha roubado justamente essa Armadura de Ouro, a de Libra, que estava com os Cavaleiros Negros, para desafiar os Cavaleiros de Bronze e atacar o Santuário. Desde que nós enfrentamos Gildson... Não, antes disso. Desde que nós fomos derrotados pelos Cavaleiros de Bronze, eu e os outros antigos Líderes de Aço começamos a nos perguntar por que tínhamos iniciado aquela rebelião. A gente tinha acabado de se graduar na Academia dos Cavaleiros de Aço quando tivemos essa ideia. Ou será que tivemos mesmo? Quer dizer, por nós mesmos?

— Do que você está falando? – Isabella estava começando a ficar preocupada com o rumo daquela conversa.

— Desde que a gente recebeu o perdão de Atena e fomos aceitos no Santuário, nós ficamos nos perguntando por que tivemos aquela iniciativa tão repentina. No fundo, nós sabíamos que não tínhamos motivo para atacar o Santuário, e nossos próprios mestres ficaram horrorizados quando foram informados da nossa batalha contra os Cavaleiros de Bronze. E foi então que nos demos conta de que nós não nos lembrávamos de nada que havia acontecido entre o dia em que nos formamos na Academia de Aço e o dia em que derrotamos os Cavaleiros Negros que levavam a Armadura de Libra! Vários dias haviam sumido da nossa memória! Eu mesma não consigo me lembrar até hoje do que aconteceu conosco naquele período... Aposto que os outros Cavaleiros de Aço também não! Você não vê, Isabella? Por que outro motivo alguém nos mandaria roubar justamente a ÚNICA armadura de Ouro que possuía armas? Armas tão poderosas que no passado destruíram o templo do deus dos mares, e sabe-se lá quantas outras façanhas elas realizaram?

— Você está dizendo que... – começou Isabella, acompanhando atentamente o raciocínio da rival, mas com receio do que ela viria ouvir em seguida.

— Que alguém nos manipulou, é claro. – Fernanda olhou para a urna da armadura e depois novamente para a amazona de Taça, em tom sombrio. – Alguém mexeu com as nossas cabeças e nos fez planejar o ataque contra os Cavaleiros de Bronze e o Santuário. Eu tenho certeza de que não teria feito nada daquilo se realmente não quisesse, mas também era certo de que eu e os demais Cavaleiros de Aço não estávamos agindo por vontade própria. Éramos fantoches de alguém. Eu tinha me esquecido disso, mas nós até que tentamos dizer isso para os Cavaleiros de Bronze há alguns meses, quando voltamos da luta contra Gildson lá em Natal, mas era como se não conseguíssemos formular as ideias direito, juntar as peças do quebra-cabeça... Na hora, a ideia simplesmente voou da minha cabeça, por que os Cavaleiros de Bronze estavam tentando se reconciliar conosco. Mas agora... Quando eu escutei aquilo que você disse ao Betinho sobre a Armadura de Libra, quando eu bati os olhos nela... Tudo ficou claro. A pessoa, seja lá quem for que estava nos manipulando contra o Santuário, queria que nós usássemos as Armas de Libra para derrotar os outros Cavaleiros e tomar o controle do Santuário. E nós tínhamos chegado quase às fronteiras do Santuário. Se não fosse pelos Cavaleiros de Bronze...

— Fernanda – chamou Isabella. – Isso tudo é...

— Sem noção? Sem sentido? – a outra fez cara de amarga. – Vai fundo, pode me zoar.

— Não, isso faz muito sentido – admitiu Isabella. – Mas, ao mesmo tempo, é assustador.

— Por quê? – Fernanda pareceu confusa.

— Ora, você mesma não vivia dizendo, lá nas aulas em Palaestra, que a turma de vocês tinha sido considerada a melhor turma de Cavaleiros de Aço desde a fundação da Academia? – inquiriu Isabella.

— Sim, mas isso era verdade! – retrucou a amazona de Fogo.

— Justamente por ser verdade, é o que torna isso assustador. – Isabella sentiu os cosmos de Rina e do general entrarem em colisão novamente, mas parecia que Andrômeda estava com o controle da situação. Confiante que a amiga conseguiria se virar sozinha, ela decidiu se focar na conversa, para tentar esclarecer a hipótese de Fernanda ali mesmo. – Se vocês eram a melhor turma, com um pouco de treinamento e incentivo a mais, vocês seriam mais fortes que os Cavaleiros de Bronze. Talvez até do que os Cavaleiros de Prata... Seus próprios mestres, no passado, ajudaram Seiya e os outros a vencer os Cavaleiros de Prata do Mestre Ares, não é? Fernanda, você sabe melhor do que eu que foi naquela época que você e os outros Cavaleiros de Aço começaram a desenvolver suas cosmo-energias, em meio às lutas contra os Cavaleiros de Bronze. Pelo que o Matt disse, você inclusive foi a primeira a conseguir isso. – Ela fez um pausa, a contragosto, esperando que a rival se vangloriasse, mas Fernanda não disse nada. – Não sei sobre os seus amigos, mas hoje, você possui o cosmo praticamente igual ao de um Cavaleiro de Bronze. Se essa pessoa que, supostamente, manipulou vocês, foi a responsável por vocês desenvolverem seu cosmo, o que impediria essa pessoa de desenvolvê-los um pouco mais? A ponto até, talvez, de superar os Cavaleiros de Ouro e usar as Armas de Libra para derrota-los e subjugar o Santuário? Faz sentido, não?

— Pensando bem, você está certa. – Fernanda mordeu o lábio, como se não acreditasse no que tinha acabado de dizer, mas voltou ao foco da conversa. – Afinal, seria necessário muito poder para manipular assim, logo de cara, os quarenta melhores alunos da história da Academia de Aço e, entre eles, os dez mais fortes em combate... Por isso que nos intitulamos de “Líderes de Aço” naquela época. – Ela fez uma careta, repentinamente horrorizada com algo. – Mas será que até nisso essa pessoa pensou? E se foi ideia dela nos proclamar como Líderes, só para demonstrar como éramos superiores em força ao resto dos Cavaleiros de Aço?

— Se for verdade, e acho que nem você conseguiria mentir tão bem, Fernanda, então essa pessoa pensou em cada detalhe da revolta de vocês com muito cuidado. – Isabella fitou a rival por um momento, em seguida se virou para contemplar a luta entre Rina e o general, lá embaixo, enquanto matinha o tom da conversa. – Só me pergunto, quem seria capaz de tudo isso...?

— Que tal o Hades...? – sugeriu Fernanda. – Não é ele quem está por trás da manipulação de quase todo mundo que os Cavaleiros de Bronze têm enfrentado nos últimos tempos? Os Cavaleiros Negros, os Cavaleiros de Prata, os Marcianos, os Cavaleiros de Ouro, e os Guerreiros Deuses...?

— Mas, Fernanda, Hades manipulou todas essas pessoas porque elas estavam mortas. Suas almas e corpos estavam nos domínios dele, no mundo dos mortos, o que só facilitou o serviço dele em trazer todo esse pessoal de volta à vida. – Isabella franziu a testa. – Vocês foram manipulados em vida. Já é trabalhoso manipular alguém que estava morto, mas manipular as mentes de pessoas vivas dá muito mais trabalho. E nem Hades consegue manipular tanta gente viva de uma vez só... Kiki e o próprio mestre Shion já me confirmaram tudo isso, e...

— Oh! – exclamou Fernanda, levando as mãos à boca, sendo assaltada por algum pensamento aterrorizante. – Isabella, e se essa pessoa que tiver nos manipulado for alguém perigoso... Mais perigoso até do que... Poseidon e Hades??

Isabella olhou de esguelha para a rival, em seguida voltou a olhar para a batalha que se desenvolvia aos pés do Pilar do Pacífico Sul.

— Se for mesmo alguém tão perigoso e poderoso assim, Fernanda... Essa pessoa só pode ser um deus. Vocês foram manipulados por alguém com o poder de um deus.

Fernanda assimilou aquela informação e fitou os próprios pés, horrorizada.

— Mas então... – começou ela, timidamente.

— Não temos tempo para discutir isso agora – cortou Isabella. – Temos assuntos mais urgentes para resolver. – Ela começou a descer a elevação.

— Como o que...?

— A Rina terminou de lutar. Temos que impedir que ela resolva se jogar contra o Pilar ou tentar alguma outra tática suicida para derrubá-lo.

...

...

...

...

Gustavo levou a mão à boca do estômago. Havia tentado golpear Krishna de Chrysaor pela segunda vez, mas o General, em vez de se defender com sua lança como da primeira vez, esquivou-se rapidamente do punho do Dragão e desferiu um chute contra a barriga do Cavaleiro de Bronze, lançando-o para trás.

Gustavo não conseguia chegar a uma distância boa de Krishna. Toda vez que atacava, era arremessado pelo contra-ataque ou pelo golpe da lança do general. Estava ficando sem opções.

— Vou acabar com seu sofrimento, Cavaleiro de Dragão. – Krishna riu ao ver a cara de espanto de Gustavo ao ouvir aquelas palavras. – Ah, sim. Reconheço a armadura, apesar de ela estar um pouco diferente do que era há vinte anos. Ela foi do Shiryu no passado. Conhecendo a hierarquia dos Cavaleiros, presumo que ele tenha sido o seu mentor e mestre.

— S-Sim – gaguejou Gustavo.

— Shiryu foi sem dúvida um adversário valoroso – continuou Krishna. – Ele me derrotou, sim, mas a um preço muito alto. Pelo que vejo, porém, ele não treinou um bom discípulo. Sua habilidade é muitíssimo inferior à dele.

— Ora, seu... – ofegou Gustavo, erguendo-se.

— Humpf... vou poupa-lo de seu tormento, novo Dragão. – Krishna ergueu sua lança e a apontou para Gustavo; no mesmo instante, faíscas de relâmpago se desprenderam dela. – Contemple a... Lança Relâmpago!!

Foi como se a lança tivesse se multiplicado por centenas, e tomasse a forma de uma centelha de relâmpagos. Gustavo mal teve tempo de reagir, ainda atordoado pelos contragolpes anteriores do general. Ele foi atingido na velocidade da luz, várias vezes, pela haste pontiaguda, abrindo ferimentos ao longo de sua pele e produzindo pequenas fendas em sua armadura.

— Ugh – gemeu ele quando foi jogado longe pelo impacto do golpe. Ele não era especialista em golpes na velocidade da luz; era Matt quem havia enfrentado vários oponentes com essa habilidade a ponto de desenvolver uma técnica de contra-ataque que lhe permitia se esquivar de sucessivos golpes na velocidade da luz e neutralizar o ataque do oponente. Ele teria que tentar outro viés para não ser derrotado. Pelo menos, ele já conhecia a técnica de Krishna. Poderia se desviar dela da próxima vez, enquanto pensava em um jeito de quebrar aquela arma. Pelo jeito, sem ela, Krishna ficaria indefeso.

— Ainda resiste? – indagou o general ao ver o garoto se levantando mais uma vez. – Devo reconhecer sua determinação, meu jovem. Por causa disso, já que ao menos em um aspecto você puxou ao Shiryu, vou permitir que diga seu nome.

Já cansado do tom de superioridade do general, Gustavo tomou fôlego.

— Sou Gustavo da constelação de Dragão. Marque bem o meu nome, General de Chrysaor, porque vou fazer você desejar não ter se aliado a Hades.

— Hm! Vejo que é bem determinado... Vou poupa-lo de seu sofrimento e lhe oferecer uma morte rápida e indolor. – Krishna ergueu sua lança novamente. – Prepare-se! Sinta a técnica secreta de Krishna de Chrysaor! Lança Relâmpago!!!

Gustavo se concentrou, pois sabia que só teria uma chance. Quando a lança de Krishna disparou os relâmpagos, ele saltou para o alto. O general ainda apontou a arma para o alto para fazer os feixes de luz atingirem o garoto, mas o cavaleiro de Dragão continuou saltando e se esquivando dos golpes.

— Haaaa! Não te avisaram que um golpe não funciona duas vezes contra um...

Gustavo não conseguiu terminar a frase. Quando pareceu que Krishna tinha desistido do ataque e baixado a lança, ele sentiu o ar lhe cortando em diversas partes do corpo. Ele caiu no chão com um baque surdo, gemendo de dor.

— Rah, Dragão Gustavo. – Krishna exibiu seu semblante superior. – Acha que minha técnica de velocidade da luz pode ser detida com alguns saltos? O próprio ar em minha volta é afetado pela lança dourada cortante de Chrysaor, aumentando a precisão e a eficácia da minha técnica em 100%. Em outras palavras, é preciso ser um mago do Teletransporte para ter alguma chance real de escapar da minha Lança Dourada com vida. Não parece ser o seu caso, não é?

Gustavo se levantou mais uma vez, ignorando os escárnios do general.

— Não vou... – balbuciou ele.

— Não desiste? – completou Krishna. – É tocante o seu esforço a essa altura, quando ficou óbvio que meu golpe não te dá oportunidade de fuga e que você não tem como contra-atacar. Por que não coopera comigo então, jovem Gustavo? Permita-me exterminá-lo sem lhe causar mais sofrimento; não desejo tortura-lo. Apenas darei um fim em sua existência de maneira serena. Meu próximo golpe acabará com você.

— Não cante vitória tão cedo – alertou Gustavo, mas ele estava já com as pernas bambas por mal se aguentar em pé, devido ao impacto dos golpes anteriores.

— Que seja... Vou facilitar sua escolha. Lança Relâmpago!!

Krishna ergueu a lança mais uma vez e efetuou o lançamento do conjunto dos relâmpagos; Gustavo sentiu sua pele ser mais transpassada do que das outras vezes, e desta vez até sua armadura rachou em alguns pontos.

O impacto foi demais para ele. Ele foi jogado para trás e caiu no chão, ainda de olhos abertos, sem se aguentar em pé. Seu corpo inteiro gemia de dor, como se os inúmeros relâmpagos da lança dourada estivessem fatiando suas veias e artérias.

— Faça uma boa viagem ao Meikai, Dragão. – Krishna, ao observar o estado do garoto, deu as costas a ele e foi para junto de seu pilar.

Gustavo ficou ali olhando para o alto, contemplando a abóbada formada pelo Templo Submarino no meio do oceano. Era isso, então? Seu fim havia chegado? Realmente, o poder de um guerreiro de elite de um deus olimpiano, apoiado pelo cosmo de outro deus olimpiano, era algo que ele nunca havia defrontado antes. Possivelmente, era algo para o qual ele nunca estivera preparado. Silenciosamente, pediu perdão a Shiryu e a seus amigos por seu fracasso.

Então, de súbito, ele ouviu uma voz chamando-lhe.

“O que houve, Dragão? Perdeu o espírito de luta? Levante-se!! Você pode vencer esta batalha!!”

Era Shura de Capricórnio, que devia estar já recuperado da luta contra Matt ocorrida semanas antes, e que estava no Santuário com os demais Cavaleiros de Ouro do passado observando, de longe, os passos dos Cavaleiros de Bronze naquela missão.

“Você é esperto o bastante para descobrir o que fazer. Eu não lhe confiei a minha técnica da espada sagrada Excalibur, que agora habita também em seu corpo, quando enfrentou o Máscara da Morte? Pois bem, rapaz, faça uso dela, mais uma vez! Nem o seu mestre Shiryu, a quem tenho muita estima, coube esta honra de receber a Excalibur em todos os seus membros. Vá, Gustavo de Dragão! Mostre por que foi merecedor da Excalibur e da Armadura de bronze de Dragão!!”

É claro! Como ele pudera ser tão obtuso? A Excalibur poderia fazer frente à Lança Dourada sem problemas! Ele tentou se mexer, mas as dores ainda eram excruciantes. Como poderia retornar ao campo de batalha?

Então seu torpor foi novamente interrompido, pois outras duas vozes distantes se dirigiam ao cosmo dele.

Vamos lá, moleque, mostre àquela mesma fibra com a qual me enfrentou nas 12 Casas! – era a voz de Javier de Capricórnio, o atual cavaleiro da décima casa, que estava em algum lugar da Espanha reunindo os cavaleiros dispersos para que pudessem engrossar as fileiras do Santuário devido à ameaça de Hades. – Nem o tonto do meu aprendiz seria tão molenga numa luta como você está sendo agora! Levante-se rapaz. Seja metade do cavaleiro que seu mestre foi, e ainda é, e será o suficiente para vencer esta luta. Sinto que Shura lhe confiou o uso da Excalibur. Use-a sabiamente! Não decepcione a nós, Cavaleiros de Capricórnio, que lhe legamos nossa técnica mais poderosa!!

Gustavo nem sabia até aquele momento que Javier tinha um discípulo, e registrou momentaneamente a pena que já sentia do garoto que nem conhecia, por ter que aturar um mestre megalomaníaco, mas agradeceu o incentivo de Javier; contudo, foi a segunda voz que ouviu que o fez se encher de ânimo novamente e recuperar-se por completo.

Gustavo, conheço a sua capacidade melhor do que ninguém. Você sempre consegue se superar. Esta luta está longe de terminar. Não apenas seu embate contra o general Chrysaor, mas principalmente o embate de você e seus amigos contra as forças de Hades. Eu sei que nós dois ainda lutaremos juntos nesta guerra santa, mas você precisa fazer por onde para que isso seja possível. Nenhuma dor que você sente é capaz de se sobrepor à “Vontade de Atena”, que é o que motiva todos os Cavaleiros a seguir em frente. Mas isso você já está cansado de saber. Shura, Javier e o Mestre Ancião, que doou o sangue para sua nova armadura, contam com você, assim como eu e todo o Santuário. Lembre-se de seu primo. Lembre-se de seus amigos. Lembre-se dos irmãos que você prometeu reencontrar depois de se tornar um cavaleiro. Todos eles são a sua força, todos eles são o seu motivo para continuar lutando...! Agora... De pé! Mostre a força de um Cavaleiro de Dragão!!

“Obrigado, mestre Shiryu”, pensou Gustavo depois do incentivo de seu mestre. Ignorando as dores, que pareciam estar sendo sanadas pelas palavras de Shiryu e dos cavaleiros de Ouro, ele se ergueu e contemplou o pilar do Oceano Índico, e chamou pelo general que o protegia.

— Krishna! Nossa batalha ainda não terminou.

O general se virou para ele, incrédulo por ver que ele estava de pé novamente.

— Você não sabe a hora de desistir, não é mesmo? – debochou ele. – Você teve três chances de sofrer uma morte indolor. Agora, não terei piedade. Você será tragado por toda a força da Lança Dourada de Chrysaor, o grandioso semideus filho de Poseidon. O golpe será tão forte que é capaz de você ir parar no Tártaro com este impacto.

— Jura? – Gustavo abriu um largo sorriso. As dores haviam sumido de vez. – Estou ansioso para descobrir se essa potência é verdadeira.

— Já chega! – bradou Krishna, visivelmente impaciente. – Este é o seu fim, Gustavo de Dragão!! Lança Relâmpago!!

Assim que Krishna brandiu sua lança, Gustavo soube que só teria um ínfimo momento de concentração. Mas isso não o preocupou, era tudo do que precisava.

Nesse momento, a armadura de Dragão começou a brilhar. Suas fendas causadas pela lança dourada desapareceram, e seu tom esverdeado foi substituído pela cor dourada. O sangue dos Cavaleiros de Ouro havia despertado na armadura de Bronze. Gustavo sentiu aquele brilho energizando seu cosmo, que parecia aumentar infinitamente. Ele soube o que fazer, como pareceu saber desde sempre, e se concentrou no golpe secreto que desejava desferir. Ele ergueu o braço direito.

Excalibur!!!

BUM!!!! A rajada cortante da espada dourada se sobrepôs aos raios de luz da lança dourada. Krishna observou sua arma se partir lentamente em duas, e sua escama rachou em diversos pontos.

Ele olhou espantado para Gustavo, notando o brilho dourado em sua armadura de Bronze. O cavaleiro de Dragão sorriu levemente, e viu o que precisava ser feito.

— Parece que nosso impasse terminou. Cólera do Dragão!!

O golpe secreto do Cavaleiro de Dragão atingiu Krishna em cheio, se aproveitando um pouco das correntes marítimas do exterior do Santuário Submarino, que alimentaram o elemento Água do golpe, para danificar a escama de Chrysaor, já seriamente avariada, em definitivo, deixando o general com o peitoral à mostra e lançando-o de encontro ao seu pilar.

A edificação não sofreu danos com o choque, mas Krishna caiu aos pés dela, exibindo um semblante agonizante. Enquanto sua armadura voltava à sua coloração normal, Gustavo contemplou o adversário caído.

— Bom! Agora poderei destruir o pilar. – Gustavo sorriu ao avaliar a situação que lhe pareceu controlada, mas, ao dar dois passos em direção ao pilar do Oceano Índico, ele sentiu o cosmo de Krishna reagir violentamente; as peças restantes de sua Escama que haviam aguentado os dois golpes seguidos de Gustavo ficaram ainda mais negras, como se o cosmo de Hades as tivesse envolvido por completo.

— Faço minhas as suas palavras de antes, Dragão. Nossa batalha ainda não terminou. Você está de parabéns. Tornou-se um adversário digno de testemunhar a força máxima de Krishna de Chrysaor.

O general Marina se levantou enquanto falava, e flutuou até ficar numa posição de lótus, sentado sobre uma força invisível com as pernas cruzadas. Seu cosmo havia se expandido e parecia tentar englobar não só a área em volta do Pilar do Oceano Índico, mas também toda a área do Templo Submarino.


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Notas finais do capítulo

Conte-nos o que achou do andamento da história até aqui!

Gente, quero fazer uma pequena enquete com vocês. Respondam: em que estado do Brasil vocês moram? caso morem no exterior, em que país vocês habitam? Obrigado pela atenção!



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