Pouco Além (A Harry Potter Story) escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 31
Kaiba e os irmãos - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Parte 2 de 2

Kaiba e Excelência continuam sua conversa sobre os planos futuros da irmandade. Enquanto isso, Matt Stick chega à América, e se dá conta de que uma importante data para o mundo bruxo está se aproximando.



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            Excelência e Kaiba chegaram ao salão onde havia ocorrido a videoconferência com os imperadores. Kaiba indicou a mesa de reuniões com um gesto, mas Excelência balançou a cabeça.

— Tentarei ser breve, Kaiba. Não podemos abusar da generosidade do tempo.

— Claro, milorde. Então, sobre o que deseja tratar?

— Percebi que seus irmãos desejavam saber sobre os próximos passos do Trio do Apocalipse. Eu pretendia falar, mas não na frente deles. Por isso preferi que você e eu continuássemos esta conversa a sós. Principalmente agora que Meribá está iniciando sua parte nesta tarefa, e você também terá uma parte nisso.

— Não entendo, milorde. Não foi o senhor mesmo quem disse que os Guardiões de Tumbas não seriam acionados nesta fase inicial?

— Eu disse, sim. Mas vocês conquistaram minha confiança. Seria injusto deixa-los no banco nesse momento. Não acredito na hipótese de Meribá e suas tropas falharem, mas sempre é bom termos um plano B. Se, por algum motivo, Meribá e seus agentes fraquejarem e demonstrarem que não poderão completar a tarefa sozinhos, caberá a vocês, Guardiões de Tumbas, entrarem em ação.

            Aquilo não era exatamente a perspectiva que Kaiba desejava para os Guardiões de Tumbas, de ir para uma ação em campo mas ter esperar que a equipe primária falhasse para só então serem acionados, mas já era um avanço.

— Imagino que Pegasus e o Mestre tenham gostado bastante de saber disso – comentou o guardião do Olhos Azuis.

            Excelência abriu um sorriso inexpressivo.

— Milorde? – questionou Kaiba. – O senhor não contou a Pegasus e Bakura ainda?

— Estou estabelecendo prioridades, Seto. Pegasus e Bakura saberão no momento certo... em breve. Decidi revelar isso logo a você, a sós, sem seus irmãos ou os demais Guardiões de Tumbas por perto. Tenho grandes planos para você, visando o futuro de nossa irmandade.

            Excelência se afastou, fitando o horizonte, visível apenas por uma pequena janela numa das paredes distantes. Kaiba o observava, confuso.

— Milorde, receio que eu não esteja entend...

— Kaiba, sejamos francos! Você é o mais poderoso de seu grupo. Pegasus e Bakura podem torcer o nariz o quanto quiserem, mas você é o mais poderoso. Se o Faraó se libertasse hoje, só você e eu estaríamos em pé de igualdade para combatê-lo. E sendo mais franco ainda, apesar de eu desejar mais do que tudo me tornar o Senhor da Morte, ainda não desvendei o segredo para alcançar a imortalidade. Por isso, preciso preparar planos de contingência. Se, por algum triste infortúnio, eu partir deste mundo, preciso deixar minha irmandade nas mãos de alguém de confiança. Você é o único em quem consigo pensar para me suceder adequadamente.

            Kaiba quase caiu para trás ao ouvir isso.

— Milorde, e-eu... eu estou lisonjeado, mas eu nem sequer sou um dos líderes diretos dos Guardiões de Tumbas. Como eu poderia ascender diretamente para...

— Não ainda – interrompeu Excelência. – Não ainda. Em breve.

            Kaiba engoliu em seco, com receio de falar algo fora de hora.

— Bakura e Pegasus saberão logo de minha decisão. Não vejo problema em eles compartilharem a liderança dos Guardiões com mais alguém. Mas, por enquanto, Seto, não conte a eles que você é meu escolhido para sucessor. Pretendo guardar essa informação por mais algum tempo. Por enquanto, será importante ter vocês Guardiões de prontidão para auxiliar Meribá e sua tropa e garantir o sucesso de nossa empreitada. Depois é que faremos uma reunião para esclarecer essas questões.

— C-claro, milorde – disse Kaiba, recuperando a voz. – Devemos esperar instruções o quanto antes?

— Sim, certamente. Meribá a essa altura já está se encaminhando para Roma. Se necessário, vocês já se unirão a ele lá. Será também uma oportunidade para avisar a nossos amigos imperadores que você estará impossibilitado de atuar nas missões financiadas por eles por algum tempo. Eu mesmo avisarei a eles... É mais algo que preciso fazer antes de deixar a América.

— Milorde, se me permite – começou Kaiba, tentando acompanhar o fôlego do superior. – Não seria melhor acionar o Mouath? Não é ele quem está encarregado do território americano?

— Ideia tentadora, Kaiba, mas não. Vejo que acertei em escolhê-lo para meu sucessor, mas não é hora de acionar Mouath ainda. Ele ainda está atarefado com sua própria missão. Não podemos desviá-lo de seu foco. Meribá é nosso destaque atual, principalmente porque a missão dele começará antes das de Mouath e Salis... mas me arrisco a dizer que a de Mouath será a mais importante. Afinal, é ele o responsável por nosso arremate final, que irá sepultar de vez o Ministério, a Ordem da Fênix, os Cavaleiros do Zodíaco e todos os nossos demais inimigos.

            Kaiba estremeceu. Ouvia falar bastante de Mouath e, pelo visto, tudo era verdade. Excelência confiava realmente no potencial dele. Mesmo com Meribá recebendo todo o holofote naquele momento, devido às atividades da organização na Europa, era no terceiro Guerreiro em quem Excelência estava depositando todas as suas fichas. Mesmo ele tendo confidenciado a Kaiba que o julgava mais poderoso do que seus colegas duelistas, Kaiba pressentia que Mouath não ficaria tão atrás dele numa escala de poder. Talvez até estivessem no mesmo nível, e Excelência não quisesse admitir para não deixar Kaiba intimidado. E isso de Mouath ser o responsável pela ação final, que sepultaria os principais inimigos da irmandade... Só fazia Kaiba ter mais calafrios. Quanto poder aquele homem, escondido em algum lugar da América, realmente detinha?

— Mas ainda temos algumas questões para resolver, Seto – disse Excelência, tirando Kaiba de seus devaneios. – Preciso que alguém vigie Dora Sabah constantemente. Sei que é a prometida do Mestre, mas ela é muito amiga dos aurores Fadden e Stick. Sempre tenho um pé atrás com laços assim. Enquanto ela não provar em definitivo sua lealdade para conosco, preciso de alguém no encalço dela.

— Posso providenciar alguns espias para tal tarefa, milorde.

— Excelente. Eu ia encarregar os homens de Pegasus, mas eles já estarão no auxílio do Meribá em Roma. Fico mais tranquilo se nossos espiões não estiverem... sobrecarregados. Mande seus agentes seguirem Sabah. Ela estará em Roma também, acompanhando os passos de Meribá.

— Perfeitamente, meu senhor – disse Kaiba, mas ainda estava um pouco confuso. Excelência afirmava não confiar plenamente em Dora, no entanto, nas cerimônias ocorridas em seu quartel-general, sempre direcionava altos elogios à esposa do Mestre e suas habilidades. E mesmo assim, enquanto alegava desconfiar dela, havia lhe mandado para o coração da operação de Meribá. Talvez Excelência tivesse planos específicos para Dora também, especificamente para testar se a lealdade dela para com os Guerreiros era genuína. Se havia algo que Kaiba havia aprendido ao longo dos últimos anos, era que Excelência não divulgava todos os seus planejamentos para uma única pessoa. A maioria desses planejamentos sequer era divulgada até bem perto de serem executados. Talvez nem Pegasus nem Bakura tivessem noção da real extensão dos planos de Excelência... afinal, ele escondera durante anos seu acordo com os imperadores, e Kaiba só havia tomado conhecimento deles há poucos anos. Era notório que Excelência detinha um conhecimento vasto demais para qualquer outro Guerreiro do Apocalipse ser capaz de medir.

            Kaiba sacudiu a cabeça discretamente para afastar aqueles pensamentos. Haveria tempo suficiente para ponderar sobre tudo aquilo depois. Felizmente, Excelência ainda estava de costas, e não notou a inquietação do subordinado.

— A rainha de Sabah testou Salomão nos tempos antigos, e agora essa nova Sabah está sendo um teste para mim... Que bela coincidência – ia dizendo Excelência, talvez mais para si mesmo do que para Kaiba. – Mas poderemos discutir melhor sobre ela depois. O Mestre precisa saber de minha desconfiança, também. Seria deselegante continuar escondendo isso dele. Kaiba, antes de nos despedirmos, espero que seu regresso ao Cairo seja o mais breve possível. Dar-lhe-ei alguns dias para que se certifique da segurança de seus irmãos aqui, mas, depois disso, sua presença em nossa sede é extremamente exigida. Preciso que nossos principais líderes estejam todos ao meu lado quando partirmos para Roma. E quando chegarmos ao Cairo... Tenho uma tarefa para você.

— Pois não? Milorde, sabe que existo para servi-lo. Pede-me o que quiseres, e eu o farei.

— São dois jovens com um potencial incrível. Duelistas, como você. Eu me encarregaria de supervisioná-los, mas devido à missão de Meribá, quero estar por perto para acompanhar nosso sucesso nessa empreitada. Então, preciso que você os oriente para conduzir e concluir o treinamento de iniciação de ambos. Eles já se encontram no Cairo: Mary Katsuya e Victor Merchant. Tenho certeza que você irá simpatizar com eles.

            Kaiba achava difícil simpatizar com dois duelistas novatos, que provavelmente deveriam ser bem inexperientes, mas por se tratar de um pedido direto de Sua Excelência, tinha que ser formal.

— É claro, milorde. Assumirei o treinamento de ambos. É certo de que poderei, hm, “simpatizar” bastante com eles.

— Mostre a eles aquela arena de duelos que você e Marik usam com frequência. Será um ótimo lugar para iniciar as aulas deles. Torço para que eles se provem bastante úteis para nossos projetos. Creio que já tratamos de tudo... Preciso fazer uns últimos contatos com os agentes do Brasil e da costa leste americana antes de partir para o Cairo. Quero que esta área esteja dentro dos conformes para quando Mouath iniciar sua missão, que, se o cronograma for seguido à risca, deverá se iniciar dentro de dois anos. Não quero que eventuais “surpresas” atrapalhem nossos planejamentos.

            Como sempre, Kaiba continuava sem fazer ideia de boa parte do que Excelência dizia, mas se esforçou para se manter formal, principalmente agora que sabia que Excelência o nomearia como sucessor eventual.

— Perfeitamente, milorde. Em breve chegarei ao Cairo para me reunir aos nossos irmãos, como o senhor ordenou.

— Assim espero – declarou Excelência. – Que a força do Apocalipse o guie sempre, Seto Kaiba. Até breve.

            Excelência ergueu o braço em um gesto de comando, e Kaiba curvou-se respeitosamente. Em seguida, o líder dos Guerreiros desaparatou à sua maneira, sumindo no ar como se estivesse se desintegrando, deixando Kaiba sozinho na sala.

...

...

...

...

            Matt Stick saiu do avião, chegando ao aeroporto internacional de Boston. O ar de início da primavera da costa leste americana encheu seus pulmões.

            Enquanto se encaminhava para buscar sua pequena bagagem, ele se lembrou de um artigo que havia lido no Profeta Diário no dia anterior. O dia 2 de Maio, aniversário da queda definitiva de Voldemort, estava se aproximando, e o Ministério da Magia britânico pretendia fazer uma celebração em homenagem aos 15 anos daquela ocasião e em memória dos que haviam perdido suas vidas na guerra que se encerrara naquele dia. Dentro de poucas semanas ocorreria a celebração, desde que não estivessem sob ataque dos Guerreiros do Apocalipse na data, é claro.

            Com tudo o que parecia estar prestes a ocorrer, Stick se perguntava se era uma boa ideia manter a celebração de pé. No entanto, ele mesmo sentia que era necessário reverenciar aquela grande vitória do passado, especialmente em tempos tão turbulentos quanto os atuais. Quem sabe a celebração também não pudesse fornecer a inspiração de que eles tanto precisavam para frear o progresso dos Guerreiros que crescia assustadoramente pelo mundo.

            Com um sobressalto, ele se deu conta de que a data 2 de Maio, além de marcar a data da queda de Voldemort, também simbolizava, para todos os efeitos, o início da Guerra do Apocalipse, o termo que os aurores usavam para se referir àquela guerra longeva e lenta que travavam contra os Guerreiros pelos últimos 15 anos. Foi naquela mesma data em que os Guerreiros haviam enfim saído do exílio e revelado sua existência para o mundo bruxo. O chefe dos aurores se perguntou se aquela coincidência, na proximidade do aniversário de 15 anos da data, seria um bom presságio ou não.

            Preferindo torcer para que a data se revelasse como símbolo de bom presságio, Stick pegou sua bagagem e se encaminhou para a saída do aeroporto. Ainda havia algum caminho a percorrer até chegar à cidade onde se encontrava o tal homem que Kingsley lhe havia incumbido de procurar.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima... Não vai demorar para engrenarmos com vários capítulos seguidos.



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