Pouco Além (A Harry Potter Story) escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 30
Kaiba e os irmãos - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Parte 1 de 2


Kaiba , reunido com seus irmãos, é visitado por Excelência, e eles conversam sobre os progressos das missões recentes.



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            Kaiba estava sentado à mesa, no salão principal do bunker, ao lado de seus irmãos. O banquete estava sendo servido, mas Hobson não estava à vista, provavelmente ainda com receio de encarar o mau humor do patrão. Mesmo assim, os irmãos de Kaiba pareciam estar apreciando a refeição, sinal de que Hobson havia levado muito a sério o pedido do patrão. No entanto, Seto mal havia tocado na comida, desde que havia voltado da conferência com os imperadores.

            Seus irmãos estavam entretidos com a comida, e de início não notaram a apatia de Seto. Quando já iam para o terceiro prato, Mokuba notou seu irmão mais velho parado, ainda com o primeiro prato intocado, e olhando fixamente para um ponto vago no centro da mesa.

— Seto, vamos, coma alguma coisa – disse, por fim. – Você parece péssimo. A conversa com os patrocinadores foi tão ruim assim?

— Não diria que foi ruim – falou o mais velho, com a voz um tanto rouca depois de tanto tempo em silêncio. – Mas talvez tenha sido mais intensa do que eu esperava.

— Intensa, como? – indagou Mokuba.

— Pelo visto, os patrocinadores vão requisitar mais missões minhas. Você sabe que não gosto de ficar tanto tempo sem visitar vocês. E também desgosto de ficar tanto tempo longe da Ishizu.

— É, Seto, a gente sabe que não tá fácil – garantiu Mokuba. – Mas você se comprometeu com as missões com Sua Excelência. Talvez, após cumprir mais essa, ela resolva diminuir a carga do seu trabalho... Depois a gente pensa nisso com atenção. Agora vê se tenta comer algo.

            Kaiba ainda parecia abatido, mas começou a comer.

— Agora você bem que poderia nos contar sobre as missões – sugeriu Mokuba. – Especialmente agora que o Noah já comeu três pratos. A menos que você pretenda repetir... Não sei como você consegue se alimentar tanto mesmo ainda se adaptando ao novo corpo.

            Noah fungou e olhou com desprezo para o meio-irmão.

— O lado bom de ter um corpo automatizado, Mokuba, é que a minha fome não conhece limites.

            E ele encheu o prato novamente, com um enorme bife e batatas fritas.

— Credo – disse Mokuba. – Nem quero saber para onde vai toda essa comida. Bom, Seto, acho que agora podemos falar sobre as missões...

— Sim, está bem – falou Kaiba, baixando os talheres por um instante. – Então, sobre as missões...

            De repente, uma voz ressoou no salão.

— Espero não estar atrapalhando, irmãos Kaiba. Mas vejo que estão tendo um belo banquete e Seto irá lhes contar os detalhes das missões. Eu não perderia isso por nada.

            No instante seguinte, Excelência se materializou no salão, caminhando em direção à mesa.

— Por favor, não se incomodem – disse ele, fazendo sinal para que Mokuba e Noah permanecessem sentados, quando os dois fizeram menção de se levantar e prestar reverências ao líder da irmandade. – Continuem aproveitando seu banquete. A mesa está mesmo bonita. Mandem meus cumprimentos ao chef de vocês. Estava a caminho do Cairo, com Pegasus e Bakura, quando decidi fazer um pequeno desvio para a América, reunir-me com nossos patrocinadores e prestar-lhes esta visita, irmãos Kaiba. Noah, vejo que está se adaptando aos poucos ao novo corpo de forma satisfatória. Ótimo, ótimo.

— Certamente, Vossa Excelência – respondeu Noah, entre uma garfada e outra. – A única coisa que não consigo solucionar é essa fome insaciável.

— Pelos deuses... Que horror – comentou Mokuba em desgosto. – Mil perdões, Lorde Excelência. Os modos de Noah parecem estar decaindo com esse novo corpo.

— Não se incomode, Mokuba – disse Excelência. – Deixe nosso amigo aproveitar o banquete e o novo corpo. Seria um crime desperdiçar tanta comida.

            Noah olhou com desprezo para o meio-irmão, arrotou e pegou mais um punhado de batatas fritas para seu prato. Mokuba levou as mãos ao rosto, resignado.

— Lorde Excelência, é uma honra recebe-lo aqui – exclamou Kaiba. – Mas devo dizer que é uma visita inesperada.

— Sim, é mesmo. Mas ocorre que eu me recordei de que você viria prestar seu depoimento aos patrocinadores hoje, e decidi fazer companhia a vocês enquanto traz o relato de suas missões a seus irmãos. – Excelência sentou-se na cadeira ao lado de Mokuba e Noah, e defronte de Kaiba. – Espero que minha presença não atrapalhe a conversa.

             Kaiba percebia, pelo tom de Excelência, que ele estava sendo apenas formal. Independente do que Kaiba dissesse, mesmo que estivessem em sua residência, o líder da irmandade não iria embora até ouvi-lo relatar suas missões. Seto tinha sentimentos mistos em relação ao líder: tinha por ele um grande respeito, mas ao mesmo tempo ficava intrigado por ele incumbi-lo de tantas missões, em comparação com seus colegas Guardiões de Tumbas.

            Além disso, Kaiba percebia a intenção de Excelência em se sentar à sua frente, mas exatamente ao lado de seus irmãos. Era como uma ameaça velada, uma intimidação: se Kaiba não contasse o mesmo que havia contado aos imperadores, Excelência poderia retaliar descontando em Mokuba e Noah, em consequência da eventual falha do irmão mais velho em cumprir sua ordem. Um lembrete de quem era o superior e quem era o subordinado da situação.

            No fundo, Kaiba também se perguntava: o que o líder queria tanto com ele, a ponto de manda-lo em diversas missões e visita-lo em seu bunker apenas para “ouvir seu relato”? Ele geralmente conseguia entender as maquinações de Excelência antes de todo mundo compreendê-las por completo, mas agora estava totalmente no escuro. Decidiu que, no momento, era melhor cooperar para ter uma chance de descobrir o que o líder pretendia com tudo aquilo, evitando também que Sua Excelência precisasse “impor” sua autoridade ali, na mesa da família Kaiba.

— Pois bem, milorde. Vamos começar. Mas, antes, o senhor não quer se servir de algo?

— Sim, eu quero, mas não consumo essas comidas ocidentais. Sua assistente virtual está presente, Kaiba?

— Sim, está. É a C4.

— Por favor, peça a ela que alguma refeição halal decente seja preparada para mim – comandou Excelência.

— Muito bem. C4, você ouviu. Providencie para que o pedido de Vossa Excelência seja atendido – disse Kaiba.

Certamente, mestre Seto! – exclamou a voz da assistente de A.I. de Kaiba. – Irei contatar os cozinheiros agora mesmo para prepararem a refeição de Lorde Excelência.

— Muito bem, e, por favor, informe a eles que torço para que a refeição de nosso convidado não demore a chegar. E que esteja, pelo menos, excelente, em homenagem a nosso convidado.

É pra já, mestre Seto!

            Kaiba voltou-se para Excelência, que sorria com satisfação.

— Inteligência artificial. Realmente, são servos extremamente eficientes – falou o líder dos Guerreiros. – Bem mais do que certos servos humanos.

            Kaiba deu um sorriso forçado.

— Posso começar, milorde?

— É claro – instou Excelência.

— Certo. Consegui contatar Akhenaden. Ele pareceu satisfeito em ver que ainda temos interesse em uma aliança, e se colocou à disposição de Vossa Excelência para planos futuros. Também ofereceu sua guarda pessoal para vigiar o cárcere do Faraó por nós.

— Fascinante – disse Excelência, acenando com a cabeça para que Kaiba continuasse.

— Mandei Roland continuar monitorando a situação do Japão e do oriente, de forma sigilosa, utilizando a infraestrutura da KaibaCorp. Fuguta, Kuwabara, Scott Irvine, Daimon Gebelk, Teks e Isono estão com ele, auxiliando-o na tarefa. Tenho vontade de mandar Hobson para lá também, assim não terei que aturar a incompetência dele aqui. Hm, claro que isso é irrelevante para o relatório, Lorde Excelência. Como eu ia dizendo, a KaibaCorp assim irá monitorar a situação dos Ministérios daquela região. Também estaremos atentos aos movimentos da Fundação Graad. O velhote Tatsumi não poderá esconder nada de nós.

            Ele fez uma pausa. Excelência meneou a cabeça novamente, sinalizando que estava acompanhando cada detalhe, e incentivando Seto a continuar.

— Pedi também que a KaibaCorp rastreasse o paradeiro daqueles traidores miseráveis, mas Gansley, Crump, Jonhson, Nezbitt e Leichter sumiram do mapa, ao que tudo indica. Isso, infelizmente, é um contratempo. É necessário que nós eliminemos o risco que eles apresentam o mais cedo possível, por isso orientei Roland que devotasse mais recursos na busca por eles.

— Certamente... Deixa-los em liberdade é uma variável perigosa – disse Excelência, servindo-se de uma xícara de chá. – Mal sabemos ao certo que tipo de informação valiosa eles podem ficar tentados a oferecer aos nossos inimigos.

— Isso mesmo. No entanto, nossos esforços de busca também têm sido recompensados. Conseguimos localizar Gozaburo Kaiba, e aprisiona-lo.

            Nesse momento, tanto Mokuba quanto Noah largaram os talheres e olharam para Kaiba, admirados.

— Ora... isso é uma ótima notícia – admitiu Noah, praticamente se esquecendo de sua comida pela primeira vez no dia.

— E como! – complementou Mokuba. – Então, Seto, você deu uma lição no velhote? Ou o deixou mofando na jaula esperando o dia em que nós todos teremos nosso acerto de contas com ele?

— Será ótimo rever o pai – disse Noah, soturnamente. – Tenho poucas e boas para dizer a ele depois de tudo o que aprontou conosco.

            Kaiba sabia que tanto Noah quanto Mokuba tinham muitas lembranças ruins em relação a Gozaburo, mas resolveu que aquele não seria o momento para planejar uma “reunião familiar”. Especialmente com Excelência presente. Seto percebeu que o líder dos Guerreiros, enquanto bebia seu chá, continuava observando com atenção as reações de Noah e Mokuba após saberem que o antigo patriarca da família Kaiba estava agora encarcerado, em poder da irmandade.

— Creio que podemos tratar de Gozaburo com mais calma em outro momento. Não queremos entediar nosso visitante com esse drama familiar.

            Excelência baixou a xícara e soltou uma risada leve.

— Por favor, Seto. Draminhas familiares nunca me entendiam. Levando em conta o meu histórico familiar... Mas, por favor, prossiga com seu relato.

— Certamente. Mokuba, Noah, basta vocês saberem que Gozaburo está devidamente trancafiado e vigiado por alguns de nossos agentes numa prisão oculta no Oriente, próxima de uma de nossas bases. Excelência conhece o lugar a que me refiro. Em breve, tentarei leva-los até lá para que possamos... hm, “conversar” com nosso antigo responsável. Porém, gostaria de trazer outra boa nova. Milorde, após algum esforço, conseguimos capturar Mako Tsunami.

            Excelência, que havia voltado a beber o chá, baixou novamente a xícara, e ergueu as sobrancelhas ao ouvir esse nome.

— Ora, ora... isso é fascinante. Pelo visto, os amigos do Faraó estão começando a fraquejar na resistência. Depois de capturar o primeiro, os demais vão começar a se descuidar, facilitando nosso trabalho. Tsunami mencionou algo sobre o paradeiro de seus compatriotas?

— Ainda não, milorde. No entanto, os agentes estão o interrogando noite e dia. Já o deixaram sem comida e sem água, e sem banho de sol. Eventualmente, ele irá ceder. Estamos confiantes. Sabemos que Tsunami não era um amigo tão próximo do Faraó e de seus companheiros... mas mesmo assim, qualquer informação que consigamos extrair será relevante.

— É claro. Compreendo a situação. No entanto, meu caro Seto... talvez tenhamos mais sorte do que você imagina. Recebi recentemente uma ótima notícia acerca dos movimentos dos amigos do Faraó.

            Seto se empertigou na cadeira.

— E o que seria, milorde?

— A duelista Mai Valentine foi avistada atravessando a fronteira da China – afirmou o líder da irmandade. – Ao que parece ela se dirigia para o Vietnã, e tenciona seguir para o sul. Isso foi há poucos dias. Presumo que ela esteja tentando chegar a Cingapura, que é considerado um local neutro, um porto seguro. Mal sabe ela que o caminho até lá está infestado com agentes infiltrados dos Guerreiros. Um passo em falso, e ela cairá na nossa teia... E, com isso, ficaremos mais próximos de descobrir o paradeiro dos demais amigos do Faraó.

            Seto se impressionou. Excelência estava mesmo acompanhando todos os passos daquela guerra. Ele conseguia se inteirar de tudo o que os demais Guerreiros do Apocalipse descobriam, faziam e apuravam em suas missões ao redor do mundo. Nenhum detalhe passava despercebido pelo líder dos Guerreiros. Provavelmente, tudo era resultado de seus inúmeros planos, que o próprio Kaiba nem sequer imaginava quais eram, em sua maioria, e que Excelência fazia questão de vê-los sendo executados de perto e da maneira como ele havia idealizado.

            Ele notou, então, que Excelência o observava com expectativa, como se esperasse que ele aproveitasse aquela deixa para retomar seu relato. Seto pigarreou antes de continuar.

— Certamente é uma excelente notícia, milorde, e espero que nossos irmãos de armas consigam tirar bom proveito dela. Nesse ínterim, consegui contatar também Lady Adena. Ela parece não estar mais com a opinião negativa de antes sobre a nossa irmandade. Creio que as conversas de Vossa Excelência com ela renderam um efeito positivo, e ela se dispôs a cooperar conosco no que for possível. Ah, e ela mandou lembranças a você, Mokuba. Pareceu ansiosa em revê-lo.

— É mesmo? – comentou Mokuba, esperançoso. – Ela sempre foi tão simpática...

            Excelência observou o interesse elevado de Mokuba com atenção.

— Amor juvenil – disse ele. – Sempre uma graça de se ver. Prossiga, Seto, por favor.

— Perfeitamente, milorde. Estive reunido com Dartz. Depois de ver nossos avanços nos últimos anos, ele parece mais disposto a se juntar a nós em definitivo. Ficou acertado de que ele, juntamente com seu servo Gurimo, irá até a casa do Apocalipse no Cairo para solicitar uma reunião formal com o senhor, milorde, para efetivar os termos dessa aliança. É para o Cairo que o senhor está indo, não é? Ficará supervisionando as atividades de nossas tropas de lá, eu presumo?

— Isso mesmo – disse Excelência. Os serviçais da família Kaiba enfim chegaram com o prato halal de Excelência (Hobson não veio com eles), e o puseram na mesa defronte ao líder da irmandade (Kaiba fuzilou os serviçais com os olhos pela demora com o prato, e eles, após fazer uma breve reverência ao líder supremo, saíram apressadamente do salão). Noah e Mokuba contiveram o riso diante do mau humor de Kaiba ante o atraso dos criados. Excelência, porém, não deu atenção a isso, e mal olhou direito para o prato antes de dizer: - Enquanto eu me sirvo, continue seu relato, por favor.

— Claro. Tive a chance, também, de efetivar o recrutamento de outros duelistas, embora de menor expressão, que também estavam com muito interesse de ingressar em nossa ordem. Johnny Steps... ele deseja se vingar de Téa Gardner, uma das amigas do Faraó que também se encontra foragida. Koji Nagumo... deseja se vingar do imprestável Joey Wheeler e de Yugi Muto, que também pertencem à trupe do Faraó, e deseja também se tornar o campeão mundial de Monstros de Duelo se for possível. – Kaiba fez uma pausa, rindo consigo mesmo diante do pedido do jovem duelista. – Bom, não podemos impedi-lo de sonhar com algo tão alto... e se esse sonho mantê-lo leal a nós, quando tivermos conquistado o mundo, talvez possamos fazê-lo se iludir de que realmente possui chances de se tornar o duelista campeão mundial. Também Jean-Claude Magnum... este deseja se vingar de Mai Valentine. Já que ela está tentando chegar a Cingapura, ao menos ele já teria uma missão motivadora para provar seu valor.

— Conversaremos sobre Magnum e suas intenções em capturar Valentine em outro momento oportuno, Seto – disse Excelência, começando a se servir. – Prossiga.

— Certo. Visitei o sepulcro de Cecelia, a pedido de Pegasus. O túmulo parece estar em perfeitas condições. Pelo que entendi, Pegasus deseja move-lo para outra locação, mas não entendo o que ele pretende fazer com isso.

— Esse assunto é entre mim e Pegasus – afirmou Excelência, enquanto saboreava sua refeição. – No momento certo, ele revelará suas intenções. Prossiga, Seto.

            Kaiba ficava cada vez mais intrigado com as informações que Excelência não estava contando, mas decidiu não protestar.

— Muito bem. Pegasus me pediu para conferir também a situação da gestão nas Ilusões Industriais. Kemo, Croquet, Mimicrawl, Doomford, e Saruwatari já se encontram seguindo nossas diretrizes, atuando na vigilância dos movimentos de nossos amigos no continente americano, em paralelo com a KaibaCorp que está realizando o mesmo no oriente e no Pacífico. Seus agentes de campo, Panik, Para, e Doxo, já se encontravam em nosso meio com os demais duelistas. E consegui excelentes recrutamentos no oriente, milorde. Os promissores duelistas Zane Truesdale, Chazz Princeton e Aster Phoenix aceitaram ingressar em nossas fileiras, bem como o Sr. Tetsu Trudge. E quem diria, Trudge também é um desafeto antigo de Wheeler, de Tristan Taylor e de Yugi Muto. Saber que estamos perseguindo-os foi um ótimo motivador para trazê-lo ao nosso lado.

— São adições importantes, Seto – comentou o líder. – Mas imagino que haja uma razão para o nome de Jack Atlas não estar incluído nesse meio.

— Atlas não quis conversa. Ele quase me desafiou para um duelo ali mesmo, caso eu continuasse insistindo que queria recrutá-lo. Não dá pra sabermos ao certo as intenções dele. Ele parecia ter rompido totalmente com os Signatários... mas, sempre que um de nós tenta atraí-lo para a causa, ele age como se ainda fosse membro deles.

— Esse rapaz precisa ser vigiado mais atentamente – ponderou Excelência entre uma garfada e outra. – Assim, poderemos nos certificar qual será o motivador do qual ele precisa para romper totalmente com os Signatários e se aliar a nós. Não se preocupe... Eu mesmo supervisionarei essa questão. Você já tem muitas funções aqui na América e na Europa. Vou deixar o oriente a cargo de outros agentes. Jack Atlas é poderoso demais para desistirmos tão fácil de recrutá-lo.

            Kaiba ficou surpreso com esse comentário. Não sobre a obstinação de Excelência em trazer Jack Atlas para a causa, mas em querer poupar Kaiba daquele trabalho. Primeiro Excelência me enche de missões, e agora quer me desafogar delas? Alguma coisa não estava sendo contada ali. Excelência tinha planos, que potencialmente envolviam Kaiba, e não os estava divulgando ainda. O portador do Olhos Azuis se perguntou o que mais faltaria para que Excelência dissesse quais eram suas reais intenções para ele na irmandade. Será que receberia alguma missão especial e diferenciada, como havia ocorrido com o Trio do Apocalipse?

— Bom, sua vontade deve ser atendida, Lorde Excelência – retomou Seto, afastando aquelas questões da cabeça, por enquanto. – Enquanto isso, devo falar-lhe sobre meu contato com outro grupo que certamente é do seu interesse... os Shadow Riders.

— Ah, claro – comentou Excelência, descontraído. – Então eles enfim nos deram uma resposta. Quatro anos foi um tempo de espera longo demais, até mesmo para os meus padrões.

— Perfeitamente, milorde. Já tínhamos Don Zaloog e Abidos ao nosso lado, mas sempre foi de nosso interesse estreitar ainda mais nossos laços com os Riders. Kagemaru nos cedeu seus melhores agentes, sem restrições, para as batalhas futuras. É claro que ele próprio encontra-se ainda indisponível, mas ele está movendo recursos para conseguir em breve sair dessa condição e se unir a nós no campo de batalha.

— Talvez eu deva levar isso a meu próximo briefing com nossos patrocinadores – comentou Excelência, mas aquilo pareceu mais um pensamento em voz alta. Ele olhava para o próprio prato, sem parecer se dirigir a ninguém em particular, como se tivesse se esquecido da presença de Kaiba e dos irmãos. – Se o Triunvirato conseguiu um novo corpo para Noah, é possível que consigam para Kagemaru também. Vou fazer esse contato entre as partes, então. Tudo para fortalecer nossa aliança.

— Milorde, o Triunvirato já tem sido muito atencioso em receber meus relatos periódicos. Não quer que eu mesmo me encarregue de levar essa questão para eles? – sugeriu Kaiba, mas Excelência lhe lançou um olhar gélido.

— Não é necessário, meu caro Seto. Eu mesmo me encarregarei disso. Preciso mesmo me reunir mais vezes com nossos amigos do Triunvirato... Você sabe, para solidificar os compromissos de nossa aliança com eles.

            Kaiba viu que Excelência não toleraria mais questionamentos acerca daquilo. Resolveu passar adiante em seu relato.

— Como queira, meu senhor. Voltando aos Riders, consegui que Camula, Amnael, Tania, Bhbss, Titán, e Nightshroud fossem encaminhados para nosso quartel-general, no Cairo, onde estarão junto dos nossos melhores duelistas. Assim podem praticar conosco, e nós aprenderemos tanto com eles quanto eles aprenderão com os nossos duelistas. Dessa forma, nossos poderes crescerão exponencialmente, diminuindo as chances de resistência de nossos inimigos.

— Ótimo. Agora nossos principais duelistas estarão todos reunidos num mesmo lugar. Como vocês sabem, estou me dirigindo ao Cairo em breve, só terei que me certificar de certos assuntos na América e na Europa antes de seguir até lá. Será um enorme prazer ter tantos duelistas excepcionais reunidos ao meu lado. Espero vê-lo lá em breve, Kaiba, bem como Noah e Mokuba.

— Sim, milorde, assim que Noah estiver totalmente adaptado a seu novo corpo, estaremos lá – garantiu Mokuba.

— E que seja o mais rápido possível – aconselhou Excelência. – Bom, Kaiba, agradeço pelo relato. Creio que agora...

— Perdoe-me, milorde, mas há ainda um detalhe. – Kaiba reuniu toda a coragem que tinha para interromper o líder, mas Excelência limitou-se a erguer as sobrancelhas. – Recebi há pouco a notícia de que o Trio Elementar teve sucesso em seu assalto aos Cavaleiros do Zodíaco.

— Oh, sim. Eu também já tomei conhecimento disso. Mas, realmente, é causa de celebração. Tanto tempo de vigilância intermitente sobre aqueles miseráveis Cavaleiros enfim valeu a pena. Robbie, Henri e Jonas cumpriram a missão que conferi a eles com primor. Assim, pelo menos, não teremos que nos preocupar com as ratazanas do Santuário interrompendo os planos do Trio do Apocalipse, começando pela missão de Meribá que está prestes a ser iniciada. E não, meus jovens, não irei compartilhar detalhes da missão de Meribá com vocês – acrescentou o líder, ao ver que Mokuba e Noah faziam menção de perguntar justamente sobre tal missão. – Tudo será revelado a seu tempo.

            Noah e Mokuba pareceram chateados, mas Kaiba entendia as razões de Excelência. Ele confidenciava seus planos a membros de seu círculo íntimo, isto é, Pegasus, Bakura, e por vezes, também Marik, Ishizu e o próprio Kaiba. Seus irmãos não faziam parte de tal círculo, portanto, tinham que esperar para receber as notícias das próximas missões da irmandade junto com todos os Guerreiros “inferiores”.

— É claro, milorde. Perdoe a ousadia de meus irmãos. Devo concordar que a compartimentalização das informações é a melhor solução. E confesso que estive um tanto preocupado acerca desse ataque aos Cavaleiros. Reconheço que os agentes que você designou para o trabalho souberam executar a tarefa com méritos.

— Os Cavaleiros são poderosos, Seto. Eu não mandaria qualquer reles soldado para lidar com eles. Depois que falharam de forma vexatória diante de Potter e de seus amigos, 14 anos atrás, Robbie, Henri e Jonas passaram por um treinamento intensivo. Meribá os instruiu, e eles inclusive o auxiliaram em sua missão em retorno. Por isso, não acreditei por um segundo sequer na possibilidade de eles falharem diante daqueles cinco Cavaleiros de Bronze imprestáveis... Pégaso, Dragão, Andrômeda, Cisne, Fênix. Eles se acham invencíveis por terem vencido já certo número de batalhas contra outros inimigos de Atena... Mal sabem eles que os estamos monitorando já há um ano, desde a Guerra Galáctica. O que eles enfrentaram até agora em nada se compara ao poder dos Guerreiros do Apocalipse. Se forem espertos, ficarão com suas fronteiras fechadas até acharem que nós nos esquecemos da existência deles, embora isso só os faça se tornar um alvo ainda mais fácil para nós. Se não forem espertos, e decidirem sair ao nosso encontro... Estarão caminhando para sua própria aniquilação. E o Ministério e a Ordem da Fênix jamais sonharão que os Cavaleiros de Atena terão existido um dia.

— Isso é fantástico, milorde – disse Kaiba. – Proponho um brinde ao fim dos Cavaleiros de Atena.

            Kaiba ergueu seu copo, juntamente com Mokuba e Noah. Excelência abandonou sua xícara de chá e conjurou um copo com sua bebida halal para se juntar ao brinde.

— Já dá quase para sentir o sabor da glória. – Excelência bebeu de um gole só, com uma expressão de júbilo evidente, e se levantou. – Meus caros, agradeço pela refeição e por essa pequena reunião informal. Preciso seguir meu caminho. Mas, antes... Seto, gostaria de trocar alguns últimos detalhes com você.

— Perfeitamente, milorde – disse Kaiba, se levantando e indo ao encontro do líder, que já se encaminhava para a porta do salão.

            Mokuba e Noah se levantaram rapidamente e fizeram uma reverência solene ao líder, que já aguardava Kaiba junto à porta. Excelência fez sinal para que ambos se sentassem novamente.

— Aproveitem a refeição – disse Excelência por fim aos irmãos, quando Kaiba se juntou a ele e abriu a porta para irem conversar em outro cômodo. – Em breve, estaremos todos juntos em nossa casa, no Cairo, para celebrarmos a queda de nossos inimigos.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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