Cavaleiro De Cristal escrita por LBeyond


Capítulo 2
A Festa


Notas iniciais do capítulo

Atenção nesse capitulo!
O que acontece aqui vai ser importante em futuros capítulos.
Aqui tem um pouco de consumo de drogas bebidas alcoólicas por menores, violência e assassinato.
Acho que um dos mais violentos da fic.



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No dia seguinte...

Micha e Joshua foram até a cerca ver de novo os cavalos selvagens correndo e, é claro, seu mais novo amigo Cristian.

Desceram com cautela o pequeno morro até a planície, que dava para o belo campo aberto, de grama verde esmeralda tão límpida quanto o quanto o céu azulado que fazia aquele dia, antes da densa floresta de verde escuro e tão densa quanto à noite.

Foram descendo, descendo e descendo

Com suas certas dificuldades de sempre,

Desceram o morrinho que levava a campina.


Não demorou muito para verem Cristian deitado no meio da campina, tão silenciosamente e tão calmamente que parecia estar morto. Não. Morto não seria a palavra adequada para descrever tamanha beleza. Mais parecia estar em um sono profundo, profundamente adormecido perdido em seus sonhos.

Havia outros cavalos na campina como de costume, e os outros cavalos corriam em volta de Cristian. Era como se o Cristian controlasse mentalmente os outros cavalos. Era uma coisa magnífica, algo mágico e inexplicável. Mas algo perturbava Joshua, era como se alguém estivese tentando falar com Joshua dentro de sua mente, mas Joshua não conseguia entender os zumbidos que vinham a sua mente enquanto se aproximava do local, zumbidos incomodantes. Quanto mais chegava perto, maior era o zumbido, mais alto, mais perturbador, mais ensurdecedor na mesma medida que ainda estava incompreensivo.

Ao chegar à cerca os zumbidos pararam por um segundo, mas logo deram lugar a um som de sussurros conversando uns com os outros, baixas vozes que, totalmente contrarias ao zumbido, eram baixas, melodiosas, tranqüilizantes, harmônicas como se todas fizessem parte de uma mesma sinfonia.

E o mais controverso elas eram totalmente compreensíveis, apesar de baixas, eram claras, tão claras que parecia que Joshua as ouvia sussurrar como se estivessem do seu lado, mas todas juntas, Joshua não conseguia se concentrar em uma só voz por vez, tornando-as, assim, indistinguíveis, entretanto Joshua não se importava achava aquilo belo de mais, mais belo que qualquer peça de opera que sua avó costumava a ouvir, mais bela que qualquer sinfonia de Beethoven.

E com aquela sensação tomando posse do corpo e da alma de Joshua, ele se sentiu atraído para próximo de Cristian, algo o puxava inconscientemente para aquele meio, como se cada respiração sua fosse um desejo de sua alma sussurrando para que chegasse mais e mais perto. Sem pensar duas vezes como um ato involuntário e instintivo, Joshua passou por debaixo da cerca de madeira junto com Micha e começou a andar em direção a ele, Micha parou e ficou por um tempo olhando para Cristian, esperando algum sinal para que pudesse continuar, Cristian levantou lentamente a cabeça como quem desperta de um longo sono de mil anos, olhou para Micha como se olhasse no fundo de sua alma e acenou a cabeça que “sim”, Micha passou por debaixo da cerca. Joshua fez uma pausa para esperar Micha quando os dois estavam juntos foram ao encontro de Cristian, os outros cavalos pararam de correr e entre relinchos de protestos, como um criado que cumpre a ordem de seu mestre fielmente mesmo protestando contra aquilo, e assim formaram um belo e organizado corredor em frente à Cristian enquanto os dois forasteiros passavam os cavalos olhavam desconfiados esses estranhos em seu bando. Joshua e Micha sentaram perto de Cristian que lhe disse:

– É tão bom ver dois irmãos sempre juntos. – mas ele não disse com a boca disse com a mente e os dois puderam ouvir aquela voz grosa e firme como a de um leão ecoando em suas cabeças.

– É bom ver você também Cristian. – disse Micha com um tom alegre.

– É mesmo muito bom vê-lo Cristian. – disse Joshua, ele ficou mais espantado com a naturalidade com que tratou aquela situação do que a própria situação.

– Porque falam pela boca de um humano se podem falar pela mente de um de nos? – disse Cristian com uma metáfora para explicar que eles poderiam falar como os cavalos selvagens: pela mente.

E assim fizeram.

– Cristian, porque você tem essas marcas na pele? – perguntou Micha, com sua curiosidade natural de uma criança de 5 anos.

– Logo saberás. Mas antes vocês dois precisam fazer algo para mim. – disse Cristian.

– O que? – perguntou Joshua, mais curioso ainda, mas antes que Joshua pudesse fazer outra pergunta um carro preto chegou cantando pneus, e Dustin escondido entre as arvores saio de seu esconderijo em direção ao carro e apoiado na janela ficou conversando.

Joshua olhou atento, já havia visto aquele carro antes. Era o mesmo carro do dia em que conheceram Cristian. Boa coisa não podia ser. Nada que vinha de Dustin e seus amigos era bom.

– Amanhã saberá tudo o que necessitas, pois tudo tem seu tempo. – Cristian fez uma pausa olhando em direção a casa – E é melhor vocês irem logo, seus pais os aguardam para jantar. – Cristian empurrou os dois com o focinho para que eles se levantassem, mal tinham se levantado e já pode se ouvir a Sr. Clarent gritar:

– Joshua, Micha, Dustin venham jantar!

– Como você sabia? – perguntou Joshua tão surpreso que se esquecerá de falar pela mente e soltará essa exclamação quase como um grito.

– Como eu disse: Tudo tem seu tempo. E agora não é hora de responder essa pergunta. – Joshua e Micha passaram pelo majestoso corredor de cavalos que não havia se mexido desde que ele havia se formado, os cavalos, enquanto os dois passaram, gemiam e empurravam-se uns aos outros como se ainda não aprovassem a passagem dos dois, mas como bons soldados ficaram no mesmo lugar em obediência ao seu mestre, o ser superior a eles: Cristian. Quando terminaram de passar por debaixo da cerca os cavalos correram em uma ultima volta e adentraram na floresta, e um a um, desapareceram rumo ao seu ninho, no coração da floresta

Micha e Joshua passaram por debaixo da cerca novamente e enquanto Joshua ajudava suar irmã a passar por uma saliência no pequeno morro olhou para o meio da floresta onde ainda estava o irmão apoiado no carro preto, fazendo gesto em uma conversa silenciosa daquela distancia.

“Eu queria poder ouvir o que estão dizendo. Mas seja lá o que for coisa boa não é!” pensou. “O que será que ele está tramando?” perguntou-se Joshua perdido em seus pensamentos olhando o irmão se despedir de seus amigos e andar em direção a casa. “O que será que ele vai fazer...?”

– Joshua me ajuda aqui! – pediu Micha.

– Hã? O que? – perguntou Joshua saindo de seu mar de pensamentos.

– Me ajuda aqui! Eu não consigo subir essa parte. – disse apontando para uma subida pequena para Joshua e enorme para Micha.

– Desculpa, mas um vara-pau desengonçado poderia ajudar em que a Vossa Senhorita Agilidade. – brincou ele.

– Deixa disso Joshua – disse subindo com ajuda do irmão -, eu já pedi desculpas por isso.

– Ah, não pediu não. – provocou.

– Ah, pedi sim. – disse com as mãos na cintura fazendo pose de mandona.

– Pediu não. – provocou de novo.

– Pedi sim.

– Pediu não.

– Pedi sim.

– Pediu não.

– Pedi sim.

– Pediu não.

– Pedi sim.

– Pediu não.

– Pedi sim.

– Pediu não.

E assim continuaram brincando de se provocar até chegar em casa. Chegaram a porta da cozinha, sua mãe estava limpando as mãos no avental quadriculado, que usava por cima da camisa azul claro com calça de tecido leve; sua pose e modos de advogada da cidade grande não combinava nada com sua aparência atual de senhora do campo, dona de casa do interior.

– Cadê seu irmão? – perguntou ela, quando viu so os dois mais novos.

– Ele está vindo. – disse Joshua com seu tom frio de sempre.

– Limpem os pés e vão lavar as mãos. – ordenou dura como sempre, mas sua posse logo foi abatida pelo olhar quente de Micha, ela se abaixou na direção de Micha e disse: - Micha! Sabe o que eu fiz hoje pra sobremesa – disse em um tom brincalhão, Micha fez que não com a cabeça – Eu fiz torta de Chocolate. – disse comemorando com Micha – É sua preferida não é?

– É!!! – respondeu alegremente.

– Então vai rápido, rápido, se não o seu pai vai devorar ela toda antes do jantar, corre, corre! - Micha saiu correndo para lavar as mãos, Joshua ficou para do naquela cena como um objeto de cenário esquecido pelos roteiristas – O mesmo vale pra você Joshua.

– Não gosto de Torta de Chocolate, é enjoativamente doce e... – foi interrompido pela mãe chamando Dustin.

– Limpe o tênis no tapete antes de entrar, Dustin. Vai! Os dois lavar as mãos.

– Sim mamãe! – disse Dustin bajulando a mãe – Hum! Que cheiro é esse? Torta de Chocolate. – ele ia passar o dedo na torta em cima da mesa, mas a mãe o repeliu batendo em sua mão.

– É para a sobremesa! – advertiu.

– Sim mamãe! – disse a abraçando e dando beijinhos. Joshua admirava aquela cena tão esquecido como antes, só que dessa vez mais enojado com a falsidade de Dustin e impressionado com o contraste que as suas roupas pretas, pesadas e cheias de correntes faziam com as roupas simples, claras e sutis que a sua mãe usava.

Dustin vendo que Joshua o observava, com a cabeça baixa apoiada no ombro da mãe ele o fitou com seus olhos verdes marcados por sua forte maquiagem preta ao redor dos olhos, e seu verde ficava ainda mais intenso por sua pele branca e seus cabelos recentemente pintados de preto.

Seu corpo e sua expressão não demonstravam, mas seu olhar revelava com a mais profunda intensidade a raiva que Dustin fitava o franzino Joshua, que assustado saiu da cozinha quase correndo, perturbado com aquele olhar.


No dia seguinte...

No dia amanhecendo bem cedinho o sol já batia na janela de Joshua despertando o menino sonolento, que abria os olhos com dificuldade por causa da luz que o incomodava, virou-se para um lado e para o outro esperando que o sono voltasse, mas foi em vão o sono já não estava mais com ele e a luz lhe incomodava cada vez mais.

Impaciente virou-se em direção a escrivaninha onde havia posto seus óculos na noite anterior antes do dormir, tateou a escrivaninha em busca de seus óculos (ser míope nunca havia lhe alegrado), quando achou colocou em seu rosto, sentou na cama e olhou em direção ao relógio que ficava em cima do móvel, que era menor que um armário, não havia portas só gavetas, maior que uma cômoda e o suficientemente grande para que coubesse mudas de roupas para três semanas.

No relógio marcavam vinte para as seis.

– Hã! – gemeu - Cinco e quarenta! – disse gemendo de desgosto e com um baque surdo se jogou na cama e puxou o travesseiro pondo-o em cima da cabeça tentando, em vão, bloquear os raios solares que entravam pela janela. Quando um pensamento lhe veio em mente o fez sentar novamente e olhar para as cortinas de blackout vermelho da janela. Levantou se descobrindo dos lençóis e pisando no chão fio do quarto andou em direção a janela.

– Eu tenho certeza de que fechei essa cortina antes de dormir! – exclamou baixinho curioso. Olhou para a paisagem lá fora, do morrinho até a campina e da campina até a... Floresta!

Na beira da floresta ainda entre as arvores Joshua viu uma figura branca que cavalgava lentamente até a divisa entre a campina e a floresta. Era Cristian, Joshua tinha certeza que era Cristian, mais estava diferente, seu andar majestoso tinha sido substituído por um andar triste, abatido e manco; seu pelo branco e brilhoso estava quase todo coberto por sangue e de suas cicatrizes parecia emanar um brilho azul claro, no ritmo de um batimento cardíaco, só que mais lento e mais morto, de certa forma que Joshua não sabia explicar. O cavalo parou baixou a cabeça e deixou revelar sua crina que antes bela e sedosa estava suja e irregular, como se tivessem a arrancado mechas a força. O cavalo deu mais um passo e desabou no chão, parecia ter morrido. Joshua tentou não acreditar no que havia visto, mais era tão real. Joshua correu para pegar um casaco, quando voltou a janela para ver se Cristian estava bem, algo lhe surpreendeu, o cavalo não estava mais lá, havia desaparecido como se nunca houvesse estado lá. Joshua esfregou os olhos para ver se estava realmente vendo aquilo, mais não havia nada lá. E tomado por um sono intenso andou em direção a cama, tirou o casaco e o jogou no chão, tirou os óculos e o depositou em cima da cômoda, deitou na cama com um baque surdo se cobriu e adormeceu rapidamente entrando em seus sonos perturbados.

–Joshua! Joshua! – uma voz feminina doce, suave e delicada como um canto de anjos lhe chamava em seus sonhos, em uma escuridão tenebrosa ele abriu os olhos, não conseguia enxergar nada alem de trevas, um frio lhe passou pelo corpo.

Mas espere... Aquele não era o corpo de Joshua, ele sentia como se fosse, mas tinha certeza de que não era. Esse exalava confiança mesmo sentindo que Joshua morria de medo de mergulhar nas trevas. Em Joshua como mente e o outro Joshua como corpo, os dois confundiam mesmo assim diferentes.

– Joshua! – a voz feminina chamou-o de novo ele se virou na escuridão procurando a dona da voz, sua resposta veio em seguida com um segundo chamado – Joshua! – Uma luz azul pulsante surgiu atrás de Joshua, ele se virou e viu uma garota de costas para ele com um vestido negro, cabelos negros e escorridos uma tiara branca quebrava a escuridão de seus cabelos e exalava um brilho cintilante.

Seria a tiara de brilhantes talvez?

A garota estava coberta por uma chama azul, que emanava o brilho azul pulsante que Joshua vira. Ainda de costas ela estava parada como alguém que escolhe uma direção oposta hesita em olhar para trás, mesmo sabendo que fez a escolha errada.

De repente a garota começou a tremer, como quem luta contra um desejo de fazer algo. Sua cabeça foi aos poucos se virando, revelando aos poucos a sombra de seu rosto, e lentamente revelou sua face fria, gélida e sem emoções como a de uma mascara.

Mas era uma mascara o que ela usava.

Aos poucos começou a virar o corpo também em direção a Joshua para lhe olhar nos olhos, mas a garota não tinha olhos, a sombra da mascara impedia ele de ver os olhos da estranha, mas algo lhe chamou a atenção na mascara tinha uma enorme rachadura que ia desde a franja reta da garota, passava pelo olho esquerdo e descia até o final da mascara se dividindo em muitas ramificações.

Fez um estalo “creck”.

A mascara da garota estava se partindo, logo iria cair e revelaria o rosto da garota misteriosa a qual Joshua, sem perceber, criou laços afetivos.

Quem era ela? Quem era?

A mascara estava caindo como se o tempo passasse em câmera lenta. Um vento soprou delicadamente nos cabelos dela fazendo-os voar para cima de seu rosto a mancara caio no chão se despedaçando, com um barulho estridente, quando o vento havia aparado, seus cabelos estavam voltando à posição normal, e logo revelaria seu rosto.

Com esse pensamento o coração dele acelerou e...

De repente uma rajada de fogo surgiu entre Joshua e a garota estranha com um urro amedrontador. Quando o fogo cessou a garota não estava mais lá e Joshua se via encoberto pela escuridão de novo.

– Joshua! Joshua! Acorda. Café da manhã. – a voz de Micha o despertou daquele sonho, ele tateou pela escrivaninha a procura de seus óculos, achou-os e os colocou para ver melhor Micha – Que foi você está bem? – perguntou ao ver o irmão ofegante, agitado, pálido e suando frio.

– To, to legal! – gaguejou nervoso.

– Então ta vem, o café da manha está pronto. – disse ela antes de sair correndo ainda com uma camisola cor de rosa e de mangas compridas como as de antigamente, parecia uma princesinha. Joshua sorriu com esse pensamento, e mais tranquilo saio de baixo das cobertas para ir tomar café, antes que não sobrasse mais nada para ele comer. Mas aquela garota estranha não sairia tão cedo de sua cabeça.

Continuaram suas atividades normais de férias como todos os outros dias, aquele dia estava sendo estranhamente normal, normal até de mais, talvez a desconfiança toda de Joshua fosse so por conta de que aquele fosse o dia mais normal vivido por ele e Micha depois do que aconteceu.

Exatamente as 16:30 eles voltaram a descer o morrinho e refazer a pena caminhada ate a cerca passando por debaixo dela para ver seu amigo Cristian.

– Cristian! – gritou Micha.

– Aproximem-se, por favor. – disse o corcel branco que estava deitado próximo às arvores as duas crianças esperaram os outros cavalos pararem de correr para prosseguir, não estavam tão agitados com a presença deles como antes, mas ainda dava para sentir a não aprovação deles sobre Joshua e Micha, Joshua mais que Micha.

– Bom dia Cristian. – disse alto Micha com um grande sorriso.

– Bom dia Micha, Joshua. – disse alegremente o corcel pela mente.

– Bom dia Cristian. Como vai? – perguntou Joshua do mesmo jeito que Cristian.

– Bem. E vocês?

– Nada mal. – respondeu o garoto meio desanimado, a imagem da garota misteriosa não lhe saia da mente.

– Cristian? – perguntou curiosa Micha.

– Sim, jovem criança? – respondeu Cristian.

– Você parece feliz hoje.

– E estou. Hoje está um belo dia não acha? Tem tudo pra dar certo.

– E agora você pode responder a nossa pergunta? – perguntou Micha indo direto ao ponto que lhe interessava.

– Qual pergunta? – respondeu ainda feliz, mas indiferente.

– A de disser por que tem essas marcas pelo corpo? – concluiu Joshua, também curioso.

– Logo, logo. E também poderei responder a sua pergunta Joshua. Se você quer saber.

– Qual pergunta? – perguntou Joshua.

– A de o que tens que fazer antes de responder a primeira pergunta.

– O que agente têm que fazer para saber? – o corcel parou pensativo por um momento como se procurasse as palavras certas ou o momento mais adequado, mas logo respondeu...

– Segui-lo! – um carro chegou cantando pneus e Dustin saiu de seu esconderijo e entrou no carro, Cristian falou com tanta certeza como se soubesse que aquilo ia acontecer, porém Joshua e Micha ficaram parados sem saber o que fazer, mesmo sabendo o que tinham que fazer – Não percam tempo, ele é essencial! – Falou com uma voz tão serena, calma e forte que os dois sem pensar duas vezes saíram em disparada em direção à estrada, pois Dustin já tinha entrado no carro e o carro havia começado a andar, em menos de um minuto eles chegaram a estrada e deram de encontro com o carro, por pouco não foram atropelados. Dustin desceu do carro com uma cara de espanto.

– Como... Como vocês sabiam que eu... Mas eu... – disse Dustin gaguejando, confuso com o que estava acontecendo.

– Dustin joga eles no porta-malas do carro se não eles vão atrapalhar os nossos planos – disse o cara que dirigia o carro e ele pelo visto estava um pouco bêbado, logo depois Dustin e os dois caras que estavam no banco de trás do carro saíram os agarraram.

– Vocês dois não vão atrapalhar minha diversão. – disse Dustin com um tom diferente, como se um ser ruim e maléfico se apoderasse dele. De maneira nunca vista antes.

E assim os três os jogaram no porta-malas e trancaram. Em seguida o carro acelerou. Muito tempo eles ficaram trancados no carro, cerca de 10 a 20 minutos dentro do carro perderam a noção de tempo. Micha estava com muito medo, ficou agarrada à Joshua o tempo todo, e ele nela, ele no fundo sabia que aquilo só podia piorar, mas preferia acreditar que tudo ia passar.

Chegaram ao local da tal festa era em uma casa com ar de abandonada. Os cinco garotos saíram do carro, quando já estavam na porta quando Dustin parou havia lembrado-se das crianças no porta-malas do carro e disse:

– Esperem um estante. – Dustin abriu o porta-malas do carro e tirou os dois do carro – Eles podem está atrapalhando tudo, mas ainda são meus irmãos. – como se um ser bondoso e carinhoso, que nunca havia sido visto antes, tomasse conta do ser maléfico e ruim. Levaram os dois para dentro da casa que estava “arrumada”, na verdade a casa só tinha dois cômodos firmes, os outros estavam destruídos ou caindo aos pedaços, em um ficava uma espécie de sala, tinha uma TV de plasma enorme na parede, uma maquina de videogame das grandes, outro videogame ligado na TV, um sofá preto, uma mesa com um notebook em cima, o outro Joshua so viu em partes pela porta entreaberta, era uma sala com instrumentos pretos, e tudo da banda, provavelmente aquela era a sala onde eles ensaiavam, Joshua duvidou que com tanta coisa preta eles conseguissem envergar alguma coisa.

Levou as duas crianças para um canto vazio, o mais claro da sala e foram para a outra extremidade do lado mais escuro.

Beberam, conversaram, usaram drogas, e mais drogas, mais bebidas; quando já estavam bêbados e altos de mais para lembrar se aquilo era real, Micha e principalmente Joshua preferiam que o que estava e iria acontecer fosse só um pesadelo, mas não era.

Estavam com medo, agarrados um ao outro, Micha estava quase chorando de tanto medo e Joshua estava quase tendo um ataque de pânico mesmo tentando se controlar, ele sabia que se tivesse um ataque, Micha iria se desesperar, e ele não seria capaz de acalmá-la, muito menos de protegê-la.

Um amigo de Dustin chamado pelos amigos de GB começou a olhar para Micha, como um lobo morto de fome olha para a presa, com certeza aquilo era efeito do álcool e das drogas. Até que ele disse para Dustin:

– Hey, Dustin. Traz a garotinha aqui.

Dustin como se fosse um cachorrinho treinado saio de onde estava sentado cambaleando e rindo como se soubesse o que GB pretendia fazer, agarrou Micha pelo braço e disse:

– Vamos Micha. Ta na hora de brincar.

Naquele momento Joshua percebeu que o que eles pretendiam não era coisa boa, agarrou Micha tentando com todas as forças puxa-lá de volta, mas não conseguiu impedir que Dustin á levasse ao amigo, pois assim que tentou puxar a irmã de volta ele o empurrou contra a parede, fazendo-o bater coma cabeça. Ele sentiu um fio de sangue quente escorrer por sua nuca.

– Cai forra, tapinha – como ele o chamava freqüentemente. Ele levava Micha em direção ao amigo, enquanto Micha caia em seu pranto, chorava e gritava chamando pelo nome do irmão.

– Joshua! Joshua! Joshua!!!

E como se o tempo andasse em câmera lenta, Joshua olhou em volta e viu uma barra de ferro escondida e jogada entre duas caixas, não pensou duas vezes, agarrou-a e bateu com toda a sua força na cabeça de Dustin.

– Solta ela!!! – gritou. Dustin bateu com a cabeça novamente no chão, Joshua puxou Micha para o lado, mas GB a agarrou antes, puxando-a de volta para si, então Joshua enterrou, como um ato de desespero, a barra de ferro em GB o sangue espirou e fluiu do peito de GB.

Joshua saiu correndo com Micha, a fim de que ela não visse aquela cena, em disparada na direção à floresta e onde o seu instinto lhe levava, mal haviam adentrado na floresta quando surge aquele corcel brilhando a luz do sol, Cristian.

– Subam em minhas costas. – disse ele parando bruscamente fazendo a terra ser jogada para o lado oposto das crianças.

Foi isso que eles fizeram quando Cristian se abaixou. Joshua ajudou Micha a subir primeiro, depois subiu rapidamente atrás de Micha que se agarrou ao pescoço de Cristian, como se previsse que ele iria dar uma arrancada tão forte que fez Joshua quase cair, antes de se agarrar na crina de Cristian.

Foram galopando rapidamente floresta adentro, Cristian era mais rápido que qualquer cavalo que ele já havia visto antes e em poucos segundos eles já haviam percorrido toda a floresta e chegaram a um campo aberto de grama verde vibrante, ao longe se via o sol cair atrás das montanhas rochosas e nuvens alaranjadas, e a direita o lago onde uma vez ele foi pescar com a tia pela margem contraria aquela, aquela lembrança lhe trazia bons sentimentos; e a esquerda ao longe se via o penhasco que caia a lugar algum, aquilo parecia refletir como eles se sentia por dentro naquela situação, caindo de um penhasco, rumo à lugar nenhum, totalmente sem destino. Lá naquele mar raso de verdes gramas era onde os cavalos selvagens repousavam.

Tinham passado tanto tempo lá assim que o sol já estava se pondo?

Joshua desceu de Cristian e ajudou Micha a descer, os dez centímetros que ele havia crescido desde o ano anterior ajudaram bastante naquele momento por que Cristian era bem alto, Joshua ouviu cavalos relincharem, eram os cavalos guerreiros questionando a presença dos dois jovens, relinchando e batendo os cascos no chão, mas Cristian logo os acalmou dizendo:

– Guerreiros acalmem-se. – e os cavalos pararam para ouvir o que Cristian tinha a dizer - Esses dois humanos são um de nós agora. E quem é do bando é um irmão. Nos os protegeremos como se fossem nossos irmãos puros. – após um curto silencio isso todos os cavalos relincharam de alegria e voltaram suas atividades normais. Joshua e Micha se deram as mãos em frente à Cristian, e dois cavalos de cor chocolate se puseram ao lado dos dois, para mostrar o caminho de onde eles ficariam. Um belo e luminoso raio de sol cobrira aquele campo como se fosse um lugar sagrado. Joshua e Micha se deitaram junto aos filhotes que queriam brincar com eles.

Era com certeza o lugar mais mágico e alegre de todos.

A paz reinava, como se aquele lugar fosse uma floresta encantada de Nárnia.

Se fechasse os olhos e se deixasse levar pela brisa leve de verão, a paz e a magia do local seriam capazes de ouvir as flautas dos faunos tocando sentados perto de uma fogueira cuja as ninfas e fadas dançavam em volta.

Toda a felicidade que eles nunca iriam ter estava lá.


Enquanto isso na cabana abandonada os outros amigos de Dustin após do choque recuperaram sua percepção normal de mundo vendo tanto sangue, esconderam as drogas e as garrafas de bebidas vazias e cheias nos fundos destruídos da casa de baixo dos destroços, ligaram para policia relatando falsamente o que tinha acontecido e ligaram também para os pais de Dustin que tinham a casa mais próxima da região.

Desesperados o Sr. e a Sra. Clarent saíram correndo de onde estavam em rumo ao local indicado pelos adolescentes, chegando lá a familia Clarent viu seu filho mais velho que pouco antes estava jogado no chão em uma poça de sangue ainda vivo, sendo levado à um hospital, alem de dois filhos sumidos, os amigos de Dustin disseram que eles tinham ido aquela casa para ensaiar e que haviam levado as duas crianças junto, por insistência das mesmas, mas que Joshua havia enlouquecido e tentado matar com uma barra de ferro todos eles e levado Micha como sua refém. O Sr. e a Sra. Clarent como não achavam Joshua mentalmente bem acreditaram nos absurdos daqueles adolescentes facio.

A policia chegou logo depois da ambulância partir foi iniciada uma busca a um menino de 12 anos chamado Joshua psicopata perigoso e sua irmã e refém uma menina de 5 anos chamada de Micha.


Ao entardecer daquele dia os cavalos selvagens não saíram para correr, pois precisavam proteger seus dois novos irmãos: Joshua e Micha. Estava anoitecendo, Micha já havia pegado no sono, mas antes de Joshua ir dormir ele perguntou a Cristian:

– Cristian? – disse sonolento.

– Sim? – disse com sua voz tão poderosa quanto a de um leão.

– O que vai acontecer com a gente? – perguntou sonolento e preocupado.

– Tudo tem seu tempo, criança. – disse firme.

– Eu não entendo Cristian. –disse confuso.

– Lembre-se aqui você pode fazer tudo o que quiser agora você é um cavalo selvagem. Abra sua mente, eleve seu espírito.

– A Micha também é? Um cavalo selvagem? Quer disser isso é mais por ela que por mim. – perguntou Joshua a Cristian como se conversa se com um pai, que ele nunca teve.

– Sim ela também é. Pois ela tem um coração puro. Você se preocupa muito com ela, eu entendo. – respondeu Cristian.

– É, mas e eu? Tenho um... coração puro?

– Não mais. Infelizmente. – respondeu Cristian triste.

Já havia escurecido quando a policia achou as duas crianças dormindo entre os cavalos selvagens. O policial que os achou tentou se aproximar, mas os cavalos guerreiros atacaram e acordaram os outros para protegerem as crianças, fizeram uma formação um tanto estranhas para quem nunca viu aquele bando, sua formação era: as duas crianças no meio, os filhotes em volta das crianças, às fêmeas em volta dos filhotes e os guerreiros à frente. Como os policiais não podiam atirar nos cavalos, pois eles eram protegidos por leis protetora dos animais e contra a extinção dos cavalos selvagens que eram raros. Então eles tiveram que chamar a sociedade protetora dos animais pra tranqüilizar os cavalos selvagens para “resgatar” a Micha.

Chegado os guardas ambientais, em suas verdes fardas, carregaram as armas com que dardos tranqüilizantes, miraram por muito tempo e atiraram em um cavalo que cambaleou e caio no chão quase sem forças, aquele era o líder do bando (não sei como, mas eles conseguiam achar e acertar o líder do bando), isso fez com que todos os outros do bando debandassem, fugindo em debandada os cavalos selvagens correram e o líder que estava caído cambaleou de novo para se levantar e fugiu, somente um cavalo ficou para proteger as crianças, esse era Cristian que olhou para Joshua, fazendo-o lembrar do que havia lhe dito pouco antes:

Lembre-se aqui você pode fazer tudo o que quiser agora você é um cavalo selvagem

Joshua olhou nos olhos do corcel, e sentiu uma sensação estranha, como se ele e Cristian fossem um só. Ventos fortes começaram a soprar do Norte com tamanha força que quase arrancava as pessoas do chão, os ventos sopravam como se fosse começar um furacão, Micha conseguiu um intervalo e assustada correu para seus pais. Os olhos de Joshua e Cristian brilharam em um azul cristal, e quando alguém tentava se aproximar Cristian/Joshua atacava ferozmente. Até que vários dardos tranqüilizantes acertaram Cristian e o corcel foi derrubado, e Joshua que estava conectado à Cristian adormeceu.

Joshua foi para o hospital, pois a dosagem para adormecer um cavalo era muito forte para uma criança de 12 anos. Ao acordar Joshua estava em uma cama de hospital tomando soro em um leito, ele tentou se levantar, mas o enfermeiro o impediu:

– Hey, hey, hey. Calminho ai. Fique deitado, por favor, o medico já vaio lhe dar alta.

– Quanto tempo eu fiquei desacordado?

– Umas doze horas.

– O que? Que horas são?

– Sete da matina.

– Ai minha cabeça.

– Não é de me admirar – disse um homem alto, um pouco gordinho, de cabelo grisalho e jaleco branco escrito Dr. Hogger - , parece que você recebeu uma dose muito alta de tranqüilizante, do mesmo tipo que usaram no cavalo perto de você, aqueles idiotas da policia ambiental, devem ter errado o alvo e acertado um em você Sr... – deu uma olhada na prancheta em sua mão virando algumas folhas pra trás procurando o nome do paciente – Joshua Clarent. Esta sentindo alguma coisa? Tontura, vista embaçada, luzes, desorientação, algo do tipo?

– Não, so a vista embaçada, eu uso óculos de grau 3.

– Hum, seus óculos estão na recepção junto com as suas roupas e pertences, você já vai ter alta, aguarde um pouco e depois os policiais vão lhe acompanhar a delegacia Sr... Joshua Clarent – ele demorou um pouco para lembrar o nome de Joshua.



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Notas finais do capítulo

Espero reviews!