Afastei-me calmamente de Daylie. Tenho medo que isso possa estragar a nossa amizade, eu não quero me afastar dele tão cedo! Peguei tudo que me restava naquela casa. E como vingança ao meu pai, eu risquei um fósforo, e joguei pela casa.

Em poucos minutos o fogo tomou conta de lá. Eu senti um arrependimento no peito, mas eu já havia feito, e ele não ligava pra lá. Nós entramos no taxi, e fomos de volta para casa.

O taxi estacionou o carro, e eu paguei-o. Peguei a minha mala pequena e Daylie pegou seus pertences no porta-malas. O homem entrou no carro e deu a partida para ir embora.

Entramos na casa, e assim que a minha m... Pattie viu o garoto nos encarou feio. Eu também á encarei e Daylie ficou atrás de mim também olhando para Pattie.

– Quem é esse garoto, Anabelle? –Questionou.

– Esse é o meu melhor amigo. O principal motivo de eu não me cortar tanto quanto antes. E eu o trouxe para morar conosco. Se você não quiser, eu posso pegar minhas coisas e as dele e ir embora. E NÃO ME CHAMA DE ANABELLE!

– Não, não! Ele pode ficar! Desde que seja no quarto de visitas.

– Eba!!! Vem Day! Vou te mostrar o seu quarto! Você pode decorá-lo do jeito que você quiser. Essa casa também é sua! Vem, me siga!

Pattie nos olhou feio, mas eu ignorei e subi para o quarto de Day. Era bem grande, talvez por que quando os parentes da mamãe vêm pra cá querem conforto.

– Bela decoração! Haha. –Ele debochou.

– A mamãe não tem mesmo bom gosto, haha. –Sorri.

– Não acha que está sendo muito dura com ela?

– Ah não! Não vem você com esse assunto, Day! –Levantei da cama, irritada.

– El! –Ele me chama assim quanto está bravo. –Ela é sua mãe! Você dá as ordens pra ela, não ela a você!

– Não me importo! –Falei bufando. –Ela nunca se importou comigo mesmo. Agora que eu cresci, por que ela me quer?

– Isso é uma boa pergunta! Você não tem dinheiro, não tem nada, por que ela te quer?

– Eu não sei! Mas pouco me importa! Nunca havia provado as coisas boas da vida, mas agora posso tê-las.

– Roupas? Sapatos? Computador? Ser Social?

– Claro que não! Eca. –Fiz cara de nojo. –Me reviro a comida! Nunca comi tanto assim, e posso comer o quanto eu quiser. Eu não preciso caçar, ou arriscar a minha vida.

– Por um lado é verdade. –Ele disse se levantando. –Mas você uma hora ou outra terá que perdoá-la!

– EU NÃO VOU!!! NÃO QUERO, EU NÃO PERDÔO! NÃO TEM PERDÃO PRA ISSO. –Falei aumentando a voz, e ele me segurou pelo braço me prendendo contra ele. Uma das qualidades de Day, é que ele é muito forte.

– Acalme-se! É apenas a minha opinião! –Ele me soltou.

– O que houve? –Vi justin entrando no quarto.

– Nada! Agora vai embora!

– Quem é esse daí?

– Justin, TCHAU! Vai embora!

– Não! Quem é esse cara?

– Esse é o Day! Está satisfeito? Agora vai embora!

– Tudo bem! Mas talvez eu devesse ficar, pra poder conhecer mais sobre o Day!

– Deixa ele ficar. –Day olhou feio para Jus.

– Ótimo! Conte-me mais sobre você, “Day” –Ele fez um sinal como a mão quando falou Day.

– Não tenho nada pra contar.

– Não tem nada? Talvez você tenha, mas continua a se esconder.

– Você não sabe nada sobre mim. Devia ficar calado!

– Você deveria ficar longe da minha irmã, seu otário!

Ele partiu para cima de Justin, dando um soco no seu olho, e fazendo Justin desmaiar. Levei um susto na mesma hora, e encarei Day.

– Day!!! O que você fez? –Perguntei preocupada, abaixando para olhar se Justin estava bem.

– Era pra calar a boca dele. Esse garoto é muito atrevido.

– Ele é meu irmão! E... –Antes que pudesse dizer uma palavra, fui surpreendida por Justin, que se levantou no mesmo momento socando a boca de Day o lançando pra trás. Pulei de susto.

– MENINOS! Controlem-se! Isso é loucura! Pra que tanta briga?

– Por que ele não vai ficar dando em cima da minha irmã não, ouviu?

– Calado! Eu sou quase maior de idade e sei me cuidar, agora saí do quarto!

– Não! Vou arrebentar esse idiota! –Ele falou partindo pra cima, mas com as duas mãos em seus ombros, tentava empurrá-lo para trás.

–Acalme-se! –Falei empurrando seu corpo para fora. Antes que ele pudesse entrar, tranquei a porta e ele ficou paralisado. Demorou um pouco para ouvir seus passos indo embora.

– Ufa, você está bem?

– Estou sim, só a minha boca que está sangrando.

Peguei um pano qualquer, e como o quarto era chique, tinha um banheiro. Molhei-o e cuidadosamente passei pela boca de Day, que gemia de dor.

– Está doendo muito?

– Não! Eu estou acostumado com coisa pior.

– Poisé!

Continuei a passar o pano, e aos poucos, eu ia aliviando a sua dor. Seus olhos encontraram-se com os meus, e sua mão percorreu o meu rosto levemente. O encarei, e ele estava prestes a me puxar para outro beijo, mas eu recusei.

– Desculpa, mas eu não posso fazer isso.

– Por que não?

– Eu não quero estragar nossa amizade.

– Nós não vamos estragar a nossa amizade, eu nunca a colocaria em risco.

– Então... A gente não deveria ficar juntos.

– Por que não?

– Por que amizade é amizade, amor é amor.

– Tudo bem... se você não quer.

– Não me leve a mal, mas eu amo ter você como amigo, e eu acho que depois que melhores amigos se envolvem, a amizade nunca volta a ser a mesma.

– Tudo bem!

– Vou te deixar sozinha. Já são quase 22:00, e tenho escola amanhã! Beijos. –Beijei o seu rosto.

– Beijos Elle! –Ele retribuiu o beijo.

Eu saí do quarto, dando um sorriso de leve pra ele. Eu voltei para o meu quarto, e tinha uma caixinha embrulhada em cima da minha cama.

Eu a abri, e era um celular, iPhone 5, segundo a caixa. Continuei á abrir, e ele já estava carregado. Olhei uma cartinha dentro da casa que dizia.

“Nossa relação pode não ser uma das melhores, mas eu te amo, Pattie”

Haha, tentando me comprar com presentes. Dinheiro não é tudo. Talvez esses sejam um dos motivos por que eu a odeio. Ela acha que dinheiro vai me comprar.

Despi-me, troquei o meu pijama, e deite-me na cama. Uma lembrança do beijo que havia acontecido hoje me veio á cabeça. Eu não sei se gosto dele, além de meu amigo, mas o único que me balançou, foi o tal Frandy. Que estranho.

Eu me virei na cama, e logo peguei no sono. Estava cansada da viagem de hoje a tarde.

Acordei com alguém pulando na cama. Foi difícil abrir os olhos, estava ainda com um cansaço no corpo. Quando os abri, levei um susto e dei um berro.

– AAAAAAAAAAAAAAAAH, QUE ISSO!

– ETA PORRA. –Ele também se assustou, e quase caiu em cima de mim, mas se desequilibrou e caiu no chão.

– Quantas horas?

– 5:30!

– AH, SEU DESGRAÇADO! TÁ MALUCO??

– Tô, eu falei que iria te arrumar pra aula hoje. Então levanta, e sem moleza.

– AAAAAAAAAAAH.

– Vai pro banheiro tomar banho!

Me arrastei até o banheiro, despi-me e tomei um banho rápido.

Voltei para o quarto e Justin estava me esperando com uma roupa na mão.

– Sinceramente, você parece um gay, aqueles estilistas.

–Ei! Deixa de ser ridícula. Só quero te ajudar!

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– Ficou ótimo, agora vamos!

– Não vai nem me avaliar, querido estilista?

– Para com isso! Eu só escolhi uma roupa para eu não ficar conhecido como o irmão da garota que se veste mal. –Engoli seco, aquelas palavras me doeram.

Ele me puxou, e eu tentava me equilibrar naquele salto. Eu parei e tentei ser o mais grossa possível com ele. Não sei o que está havendo comigo, eu estou tão sensível e calminha ultimamente.

– Espera! Tenho que dar bom dia pro Daylie!

– Anda logo!

– Se você está tão apressado, não precisa me esperar, eu vou a pé! Muito obrigada por tudo, agora vai embora.

– Ugh. –Ele bufou e desceu as escadas.

Eu bati na porta, e Day abriu.

– Bom dia!

– Bom... WOW. –Ele me olhou de cima embaixo.

– Haha, seu bobo!

– Você está linda, perfeita! Nunca te vi assim antes.

– Tudo idéia do Justin! –Sorri de orelha á orelha.

– Está linda de qualquer maneira. Boa aula.

– Vai ser difícil ter uma boa aula. –Sorri, e ele retribuiu. Surpreendeu-me com um beijo no rosto, e eu o abracei.

Desci as escadas, e a múmia do Justin estava parado com cara de tédio me olhando.

– Vai ficar aí parado?

– Anda logo.

Ele fez sinal para que eu pudesse segui-lo, e ele subiu na moto. Eu sentei atrás e segurei na sua cintura. Seu perfume era perfeitamente gostoso, era como uma droga pra mim. Seus cabelos eram macios, sua pele era bem cuidada e lisa. Ele era lindo. Eu nunca havia reparado nele de tal forma.

Ele estacionou o carro e eu voltei ao meu normal. Eu estava meio viajando no meu irmão? Que horror! Eu desci da moto, e todos me encararam novamente. Essa não era a impressão que eu gostaria de causar. Mesmo assim, os olhares eram diferentes. Eles me desejavam, não queriam me jogar no lixo, como ontem.

Continuei a caminhar pelo corredor tentando ignorar os olhares. Peguei tudo que precisava e coloquei na mochila, e então me lembrei que tinha trago minha faca.

Vi uma menina me olhar com intimidação. Ela chamou outras amigas, e bem na minha cara, começou a rir de mim. Ficou falando mal de mim, enquanto eu estava parada fingindo que não ouvia.

Peguei a faca de dentro da minha bolsa. Não deixei ninguém vê-la, e coloquei-a atrás de meu corpo. Enquanto a menina se divertia comigo, eu peguei a faca e lancei no caderno em que ela segurava, e todos pararam de falar, me olharam assustados, e fizeram um grande coro de “OH” e a menina me olhou completamente espantada.

Eu sorri maliciosa. Passei por ela e peguei a faca se seu caderno, que estava por um fio em acertá-la. Felizmente, ela terá que comprar outro caderno. Todos me olhavam com medo, desta vez. Até eu ser surpreendida por Justin voando em cima de mim. Ele pegou na ponta da minha blusa e me puxou com força contra o armário.

Nós nos entreolhamos, e foi aí que eu percebi os belos olhos que tinha, ele era perfeito, lindo. Do que eu estou falando? Ficamos algum tempo em silêncio, até ele soltar :

– Ficou maluca?

– Fiquei!

– Você é completamente maluca.

– Assuma que gostou!

– Foi legal... Mas você é maluca!

– Tá, eu já entendi! Pra que tudo isso? Não pode me soltar?

– Eu até soltaria, se eu não estivesse com uma vontade de te beijar...