Tomando Chá Com Os Mortos escrita por IFToldoTASilva


Capítulo 10
O orfanato- Primeiro contato.


Notas iniciais do capítulo

Gente esse capitulo ta realmente uma droga... Mas é isso ai, o próximo ficara melhor! eu espero... ok então! Boa leitura...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/263131/chapter/10

Fiquei lendo e relendo o bilhete varias de vezes...

Parece que ela sabia que algo assim poderia acontecer... E o pior... Eu não estava aqui! Eu não estava aqui para protegê-la! Não estava aqui para cuidar dela! Para ajuda-la! Para defendê-la! Eu não estava aqui...

“Se estivermos juntas tudo ficara bem...”

Essas palavras doíam, machucavam... Não estávamos juntas quando tudo aconteceu... E a culpa é minha!

Eu sabia que deveria ter ficado em casa, sabia que não podia sair e deixa-lá... Eu sabia...

Mas eu a deixei... Pensei que estava protegendo ela, mas só estava assinando o atestado de óbito da minha própria mãe!

Afinal, por que eu cai na deles? Por que eu fui ajudar eles naquele assalto? Eles não possuíam provas de que o Ethan batia na minha mãe! Se eles denunciassem ele, era só negar, eles não tinham provas...

Como eu fui idiota! Como eu me odeio!

Tudo isso é culpa minha! Minha mãe está morta por minha culpa! Eu a deixei... Eu a abandonei...

Eu quero morrer... Não a mais sentido na minha vida... E eu tenho nojo e raiva de mim mesma por ter deixado ela... Como eu pude?... Eu me odeio...

Com raiva joguei a xícara no chão. Vi ela se despedaçar em mil pedacinhos de porcelana... Igual ao meu coração, ela estava totalmente partida, quebrada, muída, não tinha concerto...

Respirei fundo... Não tinha mais volta... Agora era somente eu e nada mais...

Guardei o bilhete dentro da minha mochila e desci as escadas. Na porta estava parado um policial.

- Já está pronta?

Ele me perguntou e eu só acendi com a cabeça.

- Você está bem?

Essa pergunta me irritou completamente! Não consegui me controlar...

- COMO ASSIM BEM?! EU PAREÇO BEM?!

- Não eu só...

- VOCÊ O QUE?! MINHA MÃE MORREU! EU NÃO TENHO MAIS NADA! Nada...

As lágrimas desceram...

- Olha Samantha eu também perdi minha mãe muito cedo...

- Aposto que ela não foi assassinada pelo seu próprio pai.

A palavra pai era uma facada em meu coração, era muito estranho finalmente dizer está palavra me referindo ao Ethan.

- Não, mas a dor da perda é a mesma... Incomparável... Nada faz parar...

Sim, ele entendia tudo o que eu estava passando, e aquilo foi estranho pra mim, afinal nunca teve alguém que me entendesse, nem mesmo minha doce mãe.

- Eu só queria ti entregar isso...

Ele estendeu a mão e nela estava um colar de prata com um pingente escrito “Samantha”. Era o colar que eu tinha ganhado da minha mãe no meu aniversário.

- Ela estava segurando ele quando veio a falecer... Eu não deveria ti dar isso afinal é uma evidência do crime, mas achei que podia ti ajudar...

O colar estava sujo de sangue, sangue da minha mãe... Eu o peguei e vi minhas lágrimas limparem o sangue que o cobria.

Aquele pequeno colar era tudo o que mais me lembrava dela... E ele me confortou, me acalmou.

Então eu me lembrei do bilhete que ela escreveu pra mim...

“Se estivermos juntas tudo ficará bem... Para todo o sempre minha querida.”

Era para sempre... Mesmo sem poder vela ou toca-la ela estava comigo... Seja lá onde a sua alma descanse, mas eu sei que ela ainda estará aqui comigo... Cuidando de mim... Por que era pra sempre... E o sempre nunca acaba... Simplesmente não tem fim...

Eu tomei para mim aquelas palavras do bilhete, sempre acreditei no que minha mãe dizia, ela sempre cumpriu todas as suas promessas e aquele “Para todo o sempre” era mais uma promessa que eu agora acredito que ela cumpriria. Não sei como acredito e nem o porquê afinal ela não esta aqui, mas eu apenas sei que ela ainda cuida de mim aonde quer que ela esteja...

-Ob..ri..ga..da.

Tentei agradecer o policial em meio a soluços.

-Esta tudo bem, agora ela esta em um lugar melhor, descansando, sem medo e preocupações... Agora ela está bem.

Ele tinha razão... Seja lá onde ela está, ela está bem.

-Vamos?

Ele me perguntou me mostrando o carro na frente de casa. Eu apenas acendi com a cabeça.

Entrei no carro com as palavras do bilhete ainda correndo na minha mente.

No caminho, percebi que o tal orfanato era bem distante da cidade. Com uns 30 minutos de viagem eu já podia ver a floresta ao lado da estrada.

Era uma floresta densa e escura, toda formada por pinheiros. O vento batia nas árvores e eu podia ver as folhas voando.

Era de dar medo, uma floresta tão fria e escura como essa...

Já iria completar uma hora de viagem quando eu vi uma grande placa com a seguinte escrita:

“Orfanato de Greenwood para crianças traumatizadas.”

Nada especifico...

Entramos em uma estrada de chão, e de longe eu pude ver uma casa...

Casa? Casa não! Uma mansão! Era enorme, deveria ter no mínimo uns três andares!

Mais quando fomos aproximando eu percebi que não era lá essas coisas, pelo contrario era uma mansão caindo aos pedaços. Parecia aquelas casas de filmes de terror antigas, de um branco encardido e estatuas antiquadas cheias de plantas enroladas nelas.

-Chegamos.

Disse o policial em um tom um tanto animado mais assustado ao mesmo tempo.

Eu desci do carro. Na frente da ''mansão'' tinha uma escada e nela estava sentada varias crianças, muitas olhavam para mim surpresas já outras pareciam não estar nem ai. Porém todas aquelas crianças, e adolescentes possuíam os rostos pálidos e sem vida, sem esperança, sem sombra de felicidade, assustadas e assustadoras, com expressões sombrias e de medo.  Apenas uma garota, chamou minha atenção, ela possuía um rosto angelical e era muito bonita, ao contrario dos outros ela tinha um sorriso que animava as pessoas.

Descendo as escadas veio uma mulher alta, de pele branca e pálida, uma saia longa até o joelho e uma camisa social com um blazer, ela usava salto alto e o cabelo negro com alguns fios brancos presos em um coque. O seu rosto era sombrio e assustador, era muito pior do que os das crianças, ela dava medo. Tinha uma boca fina e usava um batom muito vermelho, e seu rosto continha a sombra de um sorriso irônico e maléfico, ela estava mastigando uma folha o que fazia com que seus dentes ficassem vermelhos como sangue, o que me deixou aterrorizada.

-Olá policial, e você deve ser a Samantha.

Ela disse me olhando de cima a baixo. Não respondi.

-Olá Diretora Margarett, essa é a Samantha e aqui está a sua ficha.

O policial respondeu me olhando de um jeito reprovátorio pela minha falta de educação. Foda-se.

-Bem vejamos: Mãe assassinada brutalmente; O suspeito é o próprio pai. É você se encaixa perfeitamente aqui.

Seu olhar me deu nojo. Ela continua lendo a ficha, movendo seus olhos rapidamente.

-Então é isso. Samantha se comporte e em breve volto aqui para ti ver e se eu tiver alguma noticia do caso do seu pai ti avisaremos, se cuida. Boa tarda senhora Margarett.

-Boa tarde, e não se preocupe ela vai se comportar.

Margarett respondeu acenando para o carro que agora saia da propriedade do orfanato.

-Então seu pai cortou sua língua?

Não respondi.

-Que bom continue muda assim, por que se você falar de mais, eu mesmo faço questão de cortar criança.

Isso com toda a certeza é uma ameaça.

-Hannah!

Margarett gritou e a garota de longas madeixas loiras de sorriso doce e animados olhos azuis veio saltitando pela escadaria, aquela que possuía o rosto angelical.

-Mostre para a novata aqui o dormitório das meninas e diga para ela todas as regras.

-Sim tia Margarett.

Como uma menina tão doce como essa pode ser sobrinha de uma coisa monstruosa como aquela?

-Olá meu nome é Hannah e você deve ser a Samantha certo?

-Pode me chamar de Sam...

Sei lá, eu apenas gostei dela.

- Tudo bem então. Vamos lá, os castigos aqui são realmente duros, então você simplesmente deve fazer aquilo que a Margarett mandar.

Prestei bastante atenção, pois as consequências, parecem ser drásticas. Me guiando Hannah, me mostra o dormitório das meninas que possuía varias beliches e minha cama que era também a  mesmo que a dela, então ela comemora dando pulinhos de alegria.

- Sam coloque aqui suas roupas, e não se esqueça sempre deixe elas extremamente organizadas.

Antes minha mãe que arrumava meu quarto, afinal ela ficava o dia inteiro trancada naquela prisão. Então eu permitia que ela o fizesse, sempre que chegava da escola, estava lá minha cama arrumada, meu quarto limpo, e minhas roupas dobradas separadas por cor, porém não eram muitas.

- Tudo bem, mais alguma regra para acrescentar? É contra as regras de se matar?

Ela ri e se afasta.

- Não sei, muitas crianças se foram antes disso.

Ela sussurra, dizendo para se mesma. Sem compreender eu pergunto, o que ela queria dizer com isso.

- O que você está falando?

- Nada, desculpe, apenas comporte-se. Tenho que terminar a comida.

- Tchau!

Coloco o meu colar junto aos meus lábios e o beijo lembrando de imagens da minha mãe. As lágrimas não aparecem, elas se esgotaram. Digo para mim, "Se estivermos juntas tudo ficara bem". Me dirijo para o refeitório, onde algumas crianças trocam olhares quando me veem, outras acenam para mim. Tento achar uma mesa separada de todos, mas não todas estavam com crianças famintas por liberdade. Então Hannah acena para mim, ando até ela. Sento em uma mesa com algumas crianças, ela me apresenta a todos, porém não presto atenção em nenhum nome. A comida era nojenta, tinha um cheiro e gosto ruim. Faço vômito, e consigo segurar. Não seria nada bom ser chamada de fresca, logo no meu primeiro dia.

-Então essa é a novata?

Ouso uma voz cruel e irônica atrás de mim. Me viro e vejo a autora da voz, uma garota de cabelos longos de um loiro acinzentado, de boca vermelha e olhos cinzas como o pó de carvão, sua pele é um tanto bronzeada comparada a das outras crianças e o seu perfume me da ânsia de vomito.

-Olá Laisa, essa é a Samantha.

Hannah respondeu a garota em um tom um tanto “saia daqui imediatamente!”, parece que elas não se dão muito bem.

-Calma Hannahzinha, não vamos morder, só estamos curiosos.

Um garoto muito bonito apareceu atrás da Laisa comendo uma maçã, seu olhar se encontrou com o meu e me pareceu um tanto esnobe mais interessado. Ele era muito bonito, sua aparência lembrava muito a Laisa, mesmo tom de pele, cabelo, boca e olhos, só que ele me pareceu um pouco mais “bonzinho”.

-Olá Pietro, por que você e a sua irmã não vão procurar uma mesa vazia ou outras pessoas para infernizar?

Hannah pareceu nervosa agora como se fosse ataca-los se eles dessem mais uma palavra, cadê a garota doce de mais cedo?

-Vamos mano parece que a Hannahzinha se estressou.

-é parece mesmo, mais só um recado Samantha se quiser sobreviver por aqui, é melhor deixar esse povinho e se juntar a nós, senão daqui a pouco você vai ficar igual ao Pucco, fracassado e deprimido.

Ele imitou uma pessoa cortando o pulço e chorando, a irmã dele rio como uma criança e ele a acompanhou ainda rindo e comentando sobre a sua ultima fala.

Hannah deu um soco tão forte na mesa que ela rachou.

-Ah como eu odeio esse dois!

Ela gritou.

-Sempre mandando em todo o mundo, se achando! Só por que a Margarett dá um, certo ibope para os dois, na verdade eles vivem dedurando todo mundo! São uns trairás isso sim!

-Calma Hannah...

Uma garota na mesa diz, não me lembro do nome dela, tentando inutilmente acalmar a furiosa Hannah.

Então um garotinho se aproxima da mesa e Hannah automaticamente se acalma e finge que nada aconteceu.

-Olá Pucco... Como vai?

Então esse é o tal Pucco de quem Laisa e Pietro estavam falando.

Pucco era baixo e tinha uma expressão de pura tristeza no rosto, ele tinha a pele pálida e o cabelo de um castanho claro e seus olhos verdes com grandes olheiras e sua boca de um rosa desbotado... Ele parecia que nunca tinha sentindo felicidade na vida....

Ele se sentou ao lado de Hannah e nem disse uma se quer palavra.

-Quem eram aqueles dois?

Perguntei tentando entender o que estava acontecendo...

-Ham... Pucco fique aqui e almoce depois eu volto ok?

Hannah perguntou para o Pucco e ele apenas assentiu com a cabeça.

-Vem!

Hannah me puxou pelo braço e me levou para os corredores.

-Olha tem algumas coisas que eu não falei pra você por que achei que você acabaria descobrindo sozinha, mas vou ti dar uma ajuda...

Ela parou na frente do dormitório das meninas olhou em todos os buracos possíveis para ver se não tinha ninguém então voltou a me olhar com uma expressão de “não me faça muitas perguntas”.

-Preste atenção...

Ela se sentou na cama e deu um grande suspiro, eu me sentei ao seu lado prestando atenção.

-Esse orfanato foi criado pelo Alexander marido da Margarett e pai do Pucco. Ele faleceu já faz uns 6 anos e desde então Margarett assumiu o orfanato como o ultimo pedido do marido, mas Margarett não gosta nem um pouco daqui, das crianças e desse lugar. Ela é uma mulher fria e cruel, se você a desobedecer ou fizer algo que ela não aprove você é torturado.

Isso explica a infelicidade das crianças e os machucados que muitas possuem.

-Mas você não deve dizer isso a ninguém! Senão ela é bem capaz de ti matar!

Ela continuou me dando medo agora.

-Laisa e Pietro chegaram aqui um ano antes da Margarett assumir, assim como eu e outras crianças. Eles sempre ajudavam Margarett a pegar aqueles que faziam coisas “erradas” como comer fora de hora ou até mesmo tentar fugir, por isso eles são os favoritos da Margarett tirando é claro o filho dela Pucco que é tudo o que ela mais ama nesse mundo. Pucco é um tanto infeliz por causa da morte do pai que era um herói pra ele, e Laisa e Pietro sabem muito bem disso e vivem infernizando Pucco com isso, quando Margarett não está por perto é claro.

Ela respirou e continuou em um tom mais baixo...

-As coisas aqui são complicadas, mas só não desagrade a Margarett e tudo fica um pouco melhor, quanto a Laisa e Pietro os ignore, eles são cruéis e maléficos estão aqui para piorar com as nossas vidas, como se elas já não fossem ruim sem a ajuda deles. De todo o jeito Sam, Tome cuidado com tudo e não confie em ninguém.

Ela se levantou e colocou o sorriso doce no rosto.

-Então, você é sobrinha da Margarett?

Perguntei de um jeito inofensivo.

-Sou, depois que os meus pais morreram em um acidente de carro ela e Pucco são minha única família, fazer o que nem tudo é perfeito.

Ela deu um rizinho e estendeu a mão para me ajudar a levantar.

-Olha não se preocupe você não está sozinha nessa...

Não sei o porquê mais as palavras da Hannah me confortaram e de uma certa forma me ajudaram. A vida por aqui deve ser difícil mais eu não estava sozinha como eu pensava, aqui estamos todos juntos sofrendo igualmente com os mesmos problemas e dores, aqui todos somos iguais, todos nos entendemos, todos sofremos... Todos vivemos ou morremos... Juntos...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, meus órfãos... Eu apenas queria pedir para que deixem comentários! vocês não sabem o quanto é importante pra nós escritores... E sempre que possível eu responto todos os revewes! então deixe um cometário nos ajude a continuar a história, nos de ideias isso é realmente importante queridos!
Então até o próximo chá! e Beijos sabor Pietro loiro e mal *-*