A história se trata de algo atual; de algo triste, de dor, de paixão, de sofrimento. Trata-se de uma garota, ou melhor, de duas garotas; Cristine Whiterain e Sally Summerfield.

Cristine era a estrela de um colégio interno frequentado somente por garotas, até que Sally fora transferida para lá;

Cristine, alegre, agitada, gentil, e sempre disposta; Líder do clube de poesia, representante de sua sala.

Sally chegou de New York para a pequena cidade aonde se encontrava o colégio interno, Sally perdera os pais recentemente, sempre fora fechada, mas depois de sua perda, tornou-se praticamente ''inacessível''. Seus tios, a enviaram a este colégio para que aprendesse a ser uma dama, e agir como tal, afinal, ela sempre teve um jeito meio rebelde de agir e se vestir, e isso não era uma boa apresentação para ela, sendo que pertencia a uma família de alta classe e respeito.

Sally acordou ao som de Ramones em seu despertador com formato de caveira colocado bem ao lado de sua cama, ela tinha um sono pesado, e precisava de algo no mínimo escandaloso e alto para acorda-la, ela se esticou com dificuldade, enfiando o dedo no olho direito da caveira, desligando o despertador. Mas, acordar não é sinônimo de ''levantar'', ela apenas ficou ali parada, agarrada ao edredom por algum tempo, observando o teto enquanto pensava em porquê diabos seus pais a haviam abandonado tão cedo, tinha apenas 16 anos, e não suportava a idéia de ter que viver com seus tios, eles eram quase como monstros a moda antiga, e decidiram que ela viveria em um colégio interno até os 18 anos, ''bons dois anos de aprendizado decente farão bem para você''  disseram eles.

Cansada de ter pena de si mesma, Sally se sentou na beirada da cama, esfregando os olhos para espantar o sono do rosto e bocejando demoradamente.

Ficou mais alguns minutos sentada observando seu quarto. Seria a última vez que ela o veria nos próximos dois anos.

Levantou-se finalmente, e foi até o banheiro, tomar um demorado banho, e enrolar o máximo que pudesse.

Logo ela já estava pronta para ir, e foi mais rápido do que gostaria de ter sido, não demorou até seu tio entrar no quarto quase arrebentando a porta, pegar as mochilas dela prontas em cima da cama, e sair carregando-as para o carro, ela apenas ficou olhando enquanto escovava seus longos cabelos negros. Desceu as escadas e atirou-se para dentro do carro vermelho com bancos de couro do tio. Um carro sport velho, mas que ele tinha a mania de manter.

O caminho até o colégio não demorou mais de 15 minutos, e ela e o tio não conversaram sequer uma palavra, havia uma tensão no ar, e para evitá-la, Sally colocou seus fones de ouvido gigantes e olhou para fora da janela do carro, desejando ser como uma das andorinhas que voavam livremente pelo céu.

Era sábado, e ela não teria aula já no primeiro dia no colégio, oque era uma boa coisa, mas a coisa ruim, é que ela moraria lá, nos próximos dois anos.  

Dois anos jogados fora...  pensava no caminho para o colégio.

Mas pelos menos, ela teria dois dias para começar a se adaptar ao lugar, e conhecer as pessoas, quem sabe teria alguém legal ali.

Assim que chegaram, o carro vermelho sangue parou com uma freada brusca em frente ao edifício principal, os dormitórios; Sally perguntou se o tio iria com ela levar as mochilas ( e isso foi a primeira coisa que eles conversaram em mais de 12 horas ). Ele disse que não, porque homens não são permitidos por muito tempo nos arredores daquele colégio, além do mais, ela já era grandinha, e saberia se virar muito bem.

Sally retirou suas duas mochilas do carro, e as carregou com passos largos e rápidos até o prédio que sua etiqueta indicava.

- Hm... prédio A, Bloco 1, quarto... 4... é isso? - resmungava silenciosamente enquanto uma descuidada garota de óculos caiu em cima das costas de Sally, fazendo-a se desiquilibrar um pouco, mas nada que a fizesse cair, ou perder a pose de séria, ela apenas encarou a garota enquanto a ''quatro olhos'' desastrada se desculpava e se afastava para comentar com as amiguinhas se aquela seria a novata.

Sally jamais se importou com comentários sobre ela, e não se importaria agora. Ajeitou o cabelo atrás das orelhas, deixando a mecha vermelha solta sobre os ombros, e voltou a caminhar em direção onde deveria estar seu quarto.

- E você deve ser... Summerfield? - Uma garota um pouco mais alta que Sally, e com a voz visívelmente curiosa sorria para ela, esticando a mão direita em forma de cumprimentar 

- Sally Summerfield. E você é...? - Relutante, Sally também esticou a mão, apertando a mão da outra garota a sua frente 

- Cristine Whiterain, me chame de Cristie. Sou a representante da nossa sala, e meu dever é te levar até seu quarto, novata. - Sem mais diálogos, Cristine, começou a caminhar agilmente em direção ao prédio, puxando Sally pela alça de uma das mochilas.

Não demorou muito até que Cristine soltasse Sally em frente a um quarto, o quarto 4.

- E você fica aqui. Seja bem vinda, caso queira alguma coisa, ou queira uma guia pela escola por hoje, eu sou sua vizinha... - Cristine se virou de costas para Sally, e entrou no quarto ao lado, o quarto 5. Sally então pegou a chave que recebeu junto com a etiqueta e entrou no quarto. Nele haviam duas camas, uma próxima a janela, uma janela bem generosa, que iluminava todo o quarto com a luz do Sol recém chegado, que estava vazia, e outra, próxima ao armário também bem generoso, com uma mochila jogada em cima e algumas roupas espalhadas.

Summerfield jogou suas duas mochilas em cima da cama vazia, e fez um pequeno reconhecimento pelo quarto, parando para se olhar no espelho enorme que se encontrava no canto do quarto.

Sally tinha estatura baixa para a idade, cerca de 1,58, nada demais; Cabelos longos e escuros, com uma mecha vermelho sangue bem visível; Olhos castanho claros, e sombrancelhas bem definidas e posicionadas; lábios bem avermelhados, destacavam-se bem com relação a sua pele clara.

Trajava um casaco preto parecido com casacos de times de basquete de colégios (herança de seu antigo colégio ''normal'', que ela modificou, deixando-o mais com sua cara), uma calça jeans preta surrada e tênis até que limpos se comparados aos outros.

- É, Sally... guarde a imagem de quando você ainda é um ser humano. Quando sair daqui, vai ser um robô educadinho... - falava consigo mesma enquanto um sorriso triste brotava de seus lábios. -

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