Xeque-Mate! escrita por Queen of Hearts


Capítulo 2
O Clube de xadrez


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela a demora, aqui está o capítulo e espero que gostem. Tenho uns avisos para dar no final do capítulo, mas não se preocupem, são só algumas coisas esclarecidas sobre a fanfic, nada preocupante.



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Pov Rose Weasley

Já fazia um bom tempo que eu estava ali, e meu braço reclamava a mim por isso. Era o sexto pergaminho que pegava só naquela aula para tentar acompanhar o que o velho fantasma dizia, mas parecia que a guerra dos duendes havia sido longa e violenta e Binns precisava contar isso em detalhes. Alvo que estava do meu lado parecia vidrado, observando o rastro do velho fantasma por onde quer que passasse e vi seus óculos escorregarem até o meio do nariz, mas ele não se mexeu. Ver Alvo daquela maneira poderia ser um tanto assustador para quem não o conhecesse, mas por ser meu primo e por termos praticamente trocado fraldas juntos, aquilo era comum para mim.

Alvo Potter era uma interrogação para minha cabeça. Costumava usar o xadrez para comparar tudo e a todos e nunca soube bem em qual peça meu primo se encaixaria. Ele era esquisito, nada de elogios, nem críticas, ele simplesmente era esquisito. Por breves momentos, já presenciei Alvo parar em lugares e passar horas olhando algum ponto acima de sua cabeça que nunca descobri o que era. Seus óculos quadrados e gradeados me davam a sensação de estar sendo observada, mesmo que ele estivesse olhando para outro ponto e eu estivesse de costas. As roupas eram sempre largadas e isso me lembrava um pouco, nós dois éramos parecidos em alguns aspectos e talvez por isso a ala masculina parecesse não me notar.

Desviei meu olhar de Alvo e me virei para a última fileira da sala, na aula inteira senti um olhar queimando minha nuca, mas não tinha coragem o suficiente de olhar para trás, sabia o que iria encontrar e estava certa.

Malfoy. Loiro, alto, de pele tão branca que chegava a ser quase da cor do gesso, roupas cinza, pretas ou verdes, queixo pontudo e olhos acinzentados que olhavam para mim agora. Se Alvo era estranho, não sabia o que pensar daquele garoto. Nunca tivemos uma conversa civilizada e o máximo que já havia dito para ele foi “Então, aquele é o seu pai?”, não fiquei sem resposta “Advinha Weasley, é só olhar para mim.” Corei violentamente e saí de perto dele, estávamos na estação King’s Cross e o trem já começava a apitar, enquanto eu e Malfoy disputávamos a mesma janela para dar adeus aos nossos pais.

Após aquele dia, nunca mais trocamos uma palavra, e mesmo Alvo sendo seu melhor amigo, costumava dar qualquer desculpa quando ele se aproximava e ia vagar pelo castelo com um livro nas mãos. Quando senti seus olhos cravarem em mim, me virei novamente para frente e voltei a pegar outro pergaminho, mas não tive a chance de escrever uma palavra. Binns já atravessara a parede, e meus colegas já começavam a se levantar, todos sonolentos e segurando pilhas de livros nas mãos. Alvo se levantou de repente e quase derrubei o tinteiro que estava sobre a mesa. Porém, a única coisa que fez foi estender a mão para mim e me olhar com um brilho diferente nos olhos. Conhecia aquele brilho e sorri de volta para ele.

Nossos passos faziam eco nos corredores enquanto corríamos, mas eu não era tão rápida quanto meu primo e quase caí no chão, se Alvo não tivesse me segurado e me puxado até em frente de um quadro, onde havia uma mulher morena de olhos castanhos. Ela era bonita, seus cabelos possuíam longos cachos até abaixo da cintura, mas estavam presos por uma trança e havia um diadema sobre sua cabeça fazendo-a parecer membro de algum tipo de realeza. Suas roupas eram antigas e me lembrava as de Rowena, a fundadora de minha casa. Seu nome? Isobel de Provença.

Ela foi uma heroína dos fracos e oprimidos em alguma década do século XIII e foi obrigada a se casar com o rei para salvar seu povoado, mas para isso teve que salvar a própria vida, uma vez que bruxas eram consideradas impuras naquele tempo e a família de seu futuro marido queria degolá-la em praça pública. Porém, o rei se apaixonou por ela e a escondeu da própria família, fugindo do povoado, mas não sem antes deixar toda a fortuna para o povo, e eles passaram a decidir o futuro da família do rei. Isobel morreu anos mais tarde com uma das doenças mais devastadoras daquele tempo em uma casinha simples com o rei deitado ao seu lado. Quando ele acordou, Isobel já não estava mais ali e estava branca como a neve que caía do lado de fora, o rei nunca mais conseguiu viver em paz depois daquele dia.

Ficamos um tempo olhando o quadro de Isobel, ela dormia, mas começou a abrir os olhos quando percebeu que estávamos em frente a ela. Deu um sorriso para nós e perguntou de uma vez.

— Senha?

— Xadrez bruxo — respondeu meu primo.

— Correta. Entrem!

Assim que o quadro de Isobel abriu a passagem, entramos por ela e só o que eu podia ver eram tochas nas paredes em cada um dos corredores por onde passávamos. Até que finalmente uma porta de madeira pôde ser visualizada e entramos por elas. Nunca me cansava de ficar impressionada com aquele lugar, mesmo que eu o frequentasse desde os onze anos. O chão onde pisava era todo preto e branco e havia ali uma lareira de frente a duas poltronas, sobre as quais já estavam sentados Alex e Henry. Eles olhavam para o tabuleiro em cima de uma mesinha e Henry parecia estar perdendo a partida. Atrás de cada uma das poltronas estavam Morgan Brown e Megan Campbell.

Morgan era a segunda “rainha” de Hogwarts e era irmã de Henry, mas apesar de dizerem que ela era do lado negro por ser de sonserina, não acredito nisso. A primeira “rainha” era de minha própria casa e minha vida havia se tornado um inferno por sua causa. Todos que estavam ali faziam parte do clube de xadrez bruxo da escola, nunca soube que existia tal grupo em Hogwarts, mas após eu e Alvo nos perdemos aos onze anos quando fugíamos de Filch, foi fácil achar esse lugar. O superior do clube era Jason Davies e além dele havia também Louis Weasley, meu outro primo. Cada um era de um ano diferente, a exceção de mim, Alvo, Morgan e Louis.

Assim que me viu chegar, Jason se levantou e me abraçou. Sorrindo logo em seguida e falando para quem quisesse ouvir que sua campeã bruxa havia chegado. Todos sorriram para mim e eu somente dei um aceno com a mão e fui me sentar em um sofá logo atrás de Alex e Henry, perto da parede. Alvo se sentou ao meu lado, esperando o momento em que também teria que competir com o vencedor da partida.

Em Hogwarts havia três clubes, todos clandestinos. O primeiro era o clube de xadrez feito para amantes desse jogo e o clube mais simpático em minha opinião. O segundo era o da irmandade criado por uma das “rainhas” e minha rival, feito para garotas perfeitas, magras e leves feito uma pena, mas com um cérebro tão pequeno quanto um ouriço-do-mar. O último grupo era composto somente por garotos e nunca soube bem o que eles faziam lá, são o grupo de delinquentes da escola e em minha opinião, babacas, combinam perfeitamente com as garotas lindas e perfeitas da irmandade.

Sentir Alvo dar um tapinha nas minhas costas e sorrir para mim em seguida, havia vencido mais uma vez e estava feliz com isso. Desta vez, havia competido com Morgan e quando lhe dei um Xeque sua expressão havia ficado séria de repente, mas quando disse a palavra final do jogo, ela apenas balançou a cabeça negativamente e estendeu a mão para mim.

— Parabéns Weasley! Parece que ninguém pode vencer a filha de Ronald Weasley em uma partida de xadrez.

— Não tenho tanta certeza, Brown — respondi olhando-a nos olhos e vendo um sorriso brotar em seu rosto.

Ela se abaixou até perto da poltrona que estava logo atrás de si e puxou de lá sua bolsa, juntamente com alguns livros de defesa contra as artes das trevas. Logo depois se virou para mim e sinceramente não esperava que ela fosse se despedir de mim, mas ela o fez.

— Até mais Weasley. Mande lembranças ao seu pai por mim — e saiu por entre a passagem secreta acompanhada de seu irmão Henry.

Senti algo estranho ao ouvir aquelas palavras. Raiva? Talvez, mas sabia que Morgan não era como Lilá, até mesmo seu estilo era diferente do de sua mãe. Roupas quase sempre pretas, uma mecha roxa no cabelo negro, um rabo de cavalo grande, preso por um elástico e uma meia que era sua principal marca, ao qual em uma perna ela usava até o meio do joelho e em outra só até o tornozelo. A outra “rainha” detestava o estilo de Morgan, já eu achava exótico, quem dera ter toda essa ousadia.

Quando Morgan se foi, me virei para Alvo e o vi parado olhando na mesma direção que a garota havia saído. Meu primo costumava ser esquisito, eu bem sabia disso, mas dessa vez percebi que não tinha a ver com ele e sim, com Morgan. Eu era a única a saber disso e me sentia constrangida por saber de algo tão pessoal da vida de meu primo, mas minha mãe havia transferido seus genes para mim, tonando impossível não sacar que seu primo era apaixonado pela a “rainha” negra de Hogwarts.

~~XXX~~

Uma grande parte das pessoas que estavam ali já havia saído do clube. Ficando apenas eu, Jason e Alvo. Jason estava fazendo floreios com a varinha, com a intenção de calar as peças de xadrez que reclamavam a ponto de estourar meus ouvidos. Alvo brincava com uma bola cinza simples, ao qual achei estranho, pois ele só fazia isso se estivesse concentrado em algo. Desejei saber o que estava pensando. Quanto a mim, estava sentada em uma das poltronas com as mãos ao redor dos joelhos e olhando a passagem secreta com interesse.

Talvez estivesse ficando paranoica, mas minha imaginação não chegaria ao ponto de inventar um som em minha cabeça e eu havia ouvido um barulho vindo lá de dentro. Olhei paras os lados em busca de ajuda, mas não obtive. Jason agora discutia com as peças de xadrez, perto da lareira, e Alvo voltara a ficar em seu torpor olhando vidrado para a bola cinza com a qual brincava há poucos minutos.

Abracei meus joelhos com força e continuei a olhar a passagem. Tinha certeza que passos agora vinham em nossa direção, poderia ser qualquer um do clube, porém todos estavam em aula agora. Quando escutei o arrastar da porta, me levantei rapidamente e fiquei atrás da poltrona. Sabia que não estava imaginando, havia alguém ali. Jason parou de discutir com as peças e olhou para a mesma direção em que eu olhava. Alvo também havia voltado ao normal, mas sua expressão era séria.

Foi quando apareceu quem eu menos esperava e quase me sentei novamente na poltrona, pois tinha medo de cair se ficasse em pé. Scorpius Malfoy estava parado ali, nos olhando e analisando o lugar onde estávamos. A única coisa que consegui pensar ao vê-lo, era em como ele havia descoberto a localização do clube e o principal, a senha do mesmo. Jason foi o primeiro a perguntar.

— O que faz aqui? — olhando com desdém o loiro de cima a baixo.

Seus olhos me lembravam os de um felino, fazendo com que eu precisasse desviar os meus quando eles ficaram sobre mim. Quando levantou as mãos em rendição, pude ver em uma delas um pequeno ferimento enfaixado, abaixo do pulso. Quando percebeu que eu havia visto, abaixou as mãos e se virou para Alvo. Meu primo permaneceu calado, mas sua expressão demonstrava que ele estava se divertindo com a situação.

— Que ótimo amigo você é, heim Potter? Precisei descobrir isto aqui por conta própria, graças a você — falou Malfoy, sorrindo e fazendo um sinal negativo com o polegar.

— Já lhe disse que cada membro deste grupo o achou sozinho e o mesmo vale para você, Malfoy — comentou Alvo.

— Muito bem então, mas não venha chorar feito garotinha quando McGraw me der a vaga de quadribol — rebateu, se jogando em umas das poltronas.

— Acho que quem ficará emocionado será você, quando eu estiver jogando, e você sentado na arquibancada.

— Não teria tanta certeza.

— Depois a garotinha iludida sou eu — respondeu meu primo fazendo Malfoy soltar uma risada e logo em seguida fazer um sinal positivo com o polegar.

Nesse momento, percebi finalmente o que aqueles dois estavam fazendo com o restante do clube, vulgos eu e Jason. Eles estavam brincando com nossa cara! Senti meu sangue subir a cabeça e empurrei a poltrona para o lado, indo me postar na frente de Malfoy, que parecia mais preocupado com um abajur que tinha ao seu lado do que com uma garota ruiva e furiosa em pé a sua frente, meu sangue parecia prestes a entrar em erupção agora. Mas antes que pudesse me pronunciar, alguém fez isso na minha frente.

— Ainda não respondeu o que faz aqui — começou Jason, quase tão vermelho quanto eu.

— Quero fazer parte do clube oras, ou acha que passei meia hora chutando a senha, à toa?

— E por que acha que deixaríamos você entrar? — as palavras simplesmente saíram de minha boca sem que eu percebesse, e Malfoy finalmente pareceu perceber quem estava em sua frente.

— Por que são acolhedores? Generosos? — deu um sorriso, quase joguei o abajur em cima dele.

— Vai ter que mostrar que sabe jogar xadrez Malfoy. E vai ter que vencer nossa campeã bruxa. A propósito, ela está na sua frente agora — respondeu Jason.

Foi minha vez de rir e me sentando na poltrona a sua frente, dei um sorriso vitorioso. Malfoy arqueou as sobrancelhas e percebi que ele havia ficado um pouco tenso, porém nem um pingo menos debochado. Quando Jason montou o jogo em nossa frente, pude ver as peças brancas sendo postas em meu lado do tabuleiro e as peças negras de Malfoy no lado oposto. Logo após a montagem das peças, Jason fez um sinal positivo para mim, sorrindo. O jogo havia começado.

~~XXX~~

— Então Weasley, já descobriu quem é meu pai? — perguntou, tirando uma com a minha cara e fazendo sua rainha derrubar minha torre.

— Sim. Só espero que você não saiba quem é o meu. Bispo na H2! — rebati, dando o troco no loiro e mandando seu cavalo para o inferno.

Atrás de nós, Alvo e Jason observavam a partida, sentados no sofá e fazendo apostas sobre o vencedor da mesma. Não admitiria isso nem sobre tortura, mas a pior partida que já tive em minha vida estava acontecendo agora. Não me achava a melhor do clube, mas aquilo era minha vida, eu era filha de Ronald Weasley. Não conseguia acreditar que iria perder para um Malfoy. Porém, quando Scorpius disse a palavra final da partida, peguei minha mochila e saí correndo dali.

Naquele castelo, só era conhecida por uma coisa, a única que me fazia pelo menos existir naquele castelo sem ser somente a nerd sem graça e motivo de chacotas Weasley. Porém, Scorpius Malfoy havia tomado meu lugar e eu ainda não conseguia acreditar nisso.




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Notas finais do capítulo

Bem, em primeiro lugar gostaria de informar que mudei a censura da fic, está agora com +16, infelizmente um dos sites onde também posto esta fanfic, o potterish, não existe nos dados da fic censura +13, apenas livre, + 16 e +18, então resolvi igualar em todos os sites, uma vez que também não posso colocar essa fanfic como sendo livre. Não vai ter cenas tão chocantes, pois é +16 e não +18, mas em compensação terei a liberdade de escrever de acordo com a censura. Espero que continuem a acompanhar a fanfic apesar dessa mudança e agora vamos esclarecer algumas coisas sobre os personagens.
A história vai ser contada normalmente com os personagens sendo bruxos, apesar de Scorpius ter dito no prólogo que seu pai trabalha em uma empresa e isso pode parecer um tanto trouxa, vocês irão entender essa história melhor ao longo da fanfic, é um dos enigmas da mesma. A história também vai ser contada com os povs de Rose e Scorpius, a cada capítulo será um dos dois, se eu resolver colocar um novo Pov avisarei a vocês.
Bom, acabo minhas explicações por aqui e espero realmente que comentem, os reviews de vocês me incentivam a escrever e quero agradecer agora aqui a Lady Luli, Luna Love e Katniss Mellark. Obrigada pelos três primeiros reviews da fanfic.
Espero que gostem do capítulo e até mais.