Histórias do Tio Kazui escrita por Phinderblast


Capítulo 5
Capítulo 5 - Espadas e Espadachins 2


Notas iniciais do capítulo

Continuação do primeiro capítulo de "Espadas e Espadachins"
 
Songfic dessa música http://www.youtube.com/watch?v=6jpXaZhezIo
 
Caetano Veloso - Você não me ensinou a te esquecer



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Kazui: Hoje eu eu não vou contar a vocês uma história, crianças.

 

Zylon: Porque? Eu fui um bom garoto, não amarrei bombinhas nos pés dos peco-pecos! Ç___Ç

 

Aki: Eu juro que comi todas as cenouras no almoço, não joguei embaixo da mesa! ç_ç

 

Kazui: ... Vocês são péssimos mentirosos... Enfim, não vou contar uma história para vocês, pois quem vai contar é ela.

 

Caminhando, vindo da mesma direção em que Kazui veio, vinha uma moça. Alta e bonita, de longos cabelos cacheados e ruivas que caiam pelos ombros. Era uma lady imponente e de pelo bronzeada.

 

Aki e Zylon: YUME! O__O

 

Kazui: O palco é seu, Yume... Eu te acompanho...

 

Kazui tirou o bandolin das costas e começou a dedilhar suas cordas, tirando um som triste e calmo. Yume começara a contar sua história, enquanto Kazui dava o tom de sua música.

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Espadas e Espadachins – A solidão de Yume


            Kaoran havia me abandonado aquele dia. Eu não conseguia aceitar que tudo o que vivemos um dia tinha acabado. Achei que não interessasse o que acontecesse, Kaoran sempre estaria lá quando eu voltasse, sempre estaria lá para me receber de braços abertos e fazer tudo aquilo ter um sentido.

            Eu rastejei nas mais profundas masmorras, enfrentei os mais hediondos monstros do mundo. Mas eu tinha um único objetivo em mente. Eu ia retribuir o favor de Kaoran, ia dar a ele uma espada, não qualquer espada, ia dar a ele a melhor espada que eu pudesse. Conversei com a lady do meu clã, Sophie, ela me disse que a melhor espada que já tinha usado era a Executora. Imbatível, indestrutível, inigualável, mortal. Era essa espada que eu faria para Kaoran, a melhor espada do mundo. A melhor espada do mundo, para o maior amor do mundo.

            Havia uma lista de itens que eu deveria pegar, se quisesse fazer aquela espada. E uma lista grande, com muitos itens difíceis de pegar. Primeiro deveria pegar cinqüenta amuletos. Eram os itens mais fáceis da lista, por isso. Mas engano meu, é muito difícil conseguir um amuleto de uma munak ou bongun, eles simplesmente queimam quando o monstro é derrotado, poucos deles são utilizáveis depois disso. Foram longos e solitários meses juntando-os no profundo da caverna de Payon. Eu tinha que conseguir cinqüenta e em uma semana tinha apenas três. Às vezes me pegava sentada nas ruínas da caverna, relembrando o passado. O campo de aprendizes, os rockers... Como era bom estar ao lado de Kaoran. Mas eu estava ali, sozinha, e ele... Quem sabe onde?


>~#~<


Não vejo mais você faz tanto tempo

Que vontade que eu sinto

De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços

É verdade, eu não minto


>~#~<


            Eu tinha que ser forte, muito. Estava sozinha em uma caverna recheada de zumbis e mortos-vivos. Não sei quanto tempo ao certo eu ficava caçando, mas eu dormia pouco, disso eu sei. Não podia me dar ao luxo de dormir muito, isso atrasaria ainda mais minha tarefa. Nunca tive dinheiro o suficiente para comprar nada muito bom, tudo o que tinha eram presentes de outras pessoas, a espada de Kaoran, a armadura que ganhei de Dratinor e mais tantas outras coisas. Eu deveria ao menos me esforçar, esforçar-me para retribuir, se não a todos, ao menos a quem abriu as portas do mundo para mim, me carregou nas costas e me fez subir, ficando o próprio embaixo enquanto eu ascendia mais e mais.

            Eu me encontrava com Kaoran as vezes. Contava a ele sobre minhas viagens, os monstros que matava e os lugares que conhecia, afinal, eu tinha um clã e por mais que desejasse apenas retribuir a ele ainda tinha minhas tarefas. Não contei a ele que estava fazendo a espada, queria que fosse uma surpresa. Mas os poucos momentos que ficava com ele eram o suficiente para me dar o ânimo a recomeçar minha jornada. Até mesmo a escura e amaldiçoada caverna de payon parecia um lugar mais calmo depois de ver Kaoran. Eu sabia que ele estava lá, eu via o seu olhar, sabia que ele me amava e estava esperando por mim. Quando eu terminasse aquela espada nós finalmente poderíamos ficar juntos de novo.

            Mas o tempo passava e aquela busca parecia cada vez mais impossível. Estava agora com trinta e dois amuletos, mais da metade, mas a saudade era tanta... Quando se ama alguém que está longe seu coração nunca está em paz. Eu pensava nele todo dia. Imaginava o que ele estaria fazendo, como estaria comendo, onde estaria dormindo. Todo dia eu caminhava até aquela velha casa em ruínas e apoiada em minha espada, a espada que me dera, eu lhe desejava boa noite e só então adormecia. Kaoran não estava comigo, mas seu presente estava e eu imaginava que aquilo era um pedacinho dele.


>~#~<

 

E nesse desespero em que me vejo

Já cheguei a tal ponto

De me trocar diversas vezes por você

Só pra ver se te encontro


>~#~<


            Eu finalmente tinha conseguido os cinqüenta amuletos. Me deixei alegrar por algum tempo,mesmo sabendo que fora somente uma parte da lista de itens. Por mim eu nunca mais voltaria àquela caverna novamente. Muita dor e solidão estava dentro dela, tanto de seus habitantes, como a minha.

            Me dediquei um pouco aos assuntos do clã. Eles foram tão gentis em aceitar alguém tão fraca como eu, um clã tão poderoso. Nossas missões geralmente era de caça a algum monstro poderoso, por isso andávamos por todo o mundo. Numa dessas andanças eu encontrei Kaoran, na verdade ele me encontrou. Ele veio gritando pelo meu nome. “YUME! YUME!” Conversamos por muito tempo. Kaoran estava ficando cada vez mais forte. Eu havia acabado de me tornar uma cavaleira e ele já estava matando os insetos do Monte Mjolnir. Imaginava como ele conseguia aquilo sozinho. Imaginava como ele deveria ser forte por praticamente se igualar a mim tendo equipamentos inferiores. No fundo eu sentia muito orgulho dele, assim como me sentia fraca perante ele. Eu, com os melhores equipamentos e ajuda estava sendo equiparada por ele, sozinho. Aquele dia eu decidi que me esforçaria ainda mais, me tornaria a mais forte para poder ajudá-lo como um dia me ajudou. Mas eu realmente não esperava aquele presente. Uma armadura acolchoada. Era tão lustrosa e nova, com certeza a estava guardando para mim, ainda usando sua armadura de madeira. Como poderia eu aceitar? Depois de tudo o que ele me fez, depois de deixá-lo tanto tempo sozinho. Não, ele deveria usá-la, por mérito próprio. Recusei. Era um presente dele, mas eu recusei. Disse que minha armadura era melhor, e de fato era, mas eu recusei por que não podia aceitar outro presente dele e ter outra dívida. Já me sentia em débito pela espada. No entanto eu não contava com aquele olhar. Eu conhecia Kaoran o suficiente para saber que ele estava magoado. Esperava que um dia ele me perdoasse. Esperava terminar logo aquela espada, assim pagar minha dívida e em fim ficarmos juntos novamente.


>~#~<

 

Você bem que podia perdoar

E só mais uma vez me aceitar

Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la


>~#~<


            Naquele mesmo dia nós fomos até Niflheim. Juntei o útil ao agradável. Nosso clã procurava o Senhor dos Mortos e eu os Serial Killers. Na minha lista de itens à pegar havia duas luvas do carrasco, item que ele carregava. Eu, cavaleira novata, jamais conseguia lutar contra um monstro daquele, incrivelmente resistente aos meus ataques. Parecia que sua pele era feita de chumbo e minha espada fosse de papel. Como agradeceria ao meu clã por aquela ajuda? Eles gastavam seu tempo me ajudando e treinando e nunca me cobravam nada, eu que me sentia em débito e ia nas missões ajudá-los, mesmo que apenas para carregar suas coisas e fazer comida. Não demorou para que eu conseguisse as luvas e muita experiência de batalha.

            “Se você quer um emperium eu posso lhe arranjar um, mas as lâminas terá que conseguir sozinha.” Foi o que disse Dratinor, líder do meu clã. Eu já tinha os amuletos e as luvas, precisava agora de dez lâminas sangrentas e um emperium. Graças aos deuses ele me ajudou, ou eu teria que ficar mais alguns meses enfrentando zumbis, agora na caverna dos orcs. Com as poucas economias que eu havia juntado consegui comprar o último item da lista, três colares de oblívio. Ao menos esses consegui comprar, mas lâminas sangrentas eram caras demais. Eu tinha que conseguí-las do jeito mais difícil, encarando um executor.

            Fazia sentido. Executor, uma espada viva, carregar consigo a lâmina que faria a executora. Mas este era um monstro raro e de difícil localização. Tive que me aventurar no mais profundo da caverna de Geffen e chegar até Geffenia, a antiga cidade dos elfos. Era diferente de qualquer caverna que eu tinha ido. Não era cheia de zumbis, com cheiro de podridão, nem com corredores escuros e mau iluminados. Haviam casas, em ruínas, mas mais conservadas que das cavernas de payon. Feixes de luz cortavam os ares e árvores cresciam em todo o lugar. O chão era cheio de gramíneas e, não fosse a fama, ninguém diria ser um lugar perigoso e amaldiçoado. Entretanto era só alguns passos para essa linda visão se desfazer. Demônios por todo o lado. Succubus, Incubus, deviruchis... Até mesmo falsos anjos. Ninguém sabe quanto tempo era daquele jeito, nem a verdadeira razão da cidade élfica ter caído, mas isso não importava a mim agora. Eu estava ali caçando um executor.

            Era incrível como nunca escurecia naquele lugar. Meu senso de tempo se perdia completamente ao redor de tantos demônios. Eu tentava, sempre que possível, me esconder e evitá-los, mas era difícil. Quantas e quantas vezes eu me vi encurralada por um Cavaleiro Sanguinário, ou mesmo um Cavaleiro do Abismo. Por sorte havia conseguido um cinto do teleporte por meios próprios. Uma das únicas coisas que consegui por mim mesma. Sempre que a situação apertava eu fugia, mas isso me fazia ir ainda mais fundo na caverna.

            Odin sagrado, os deuses haviam parado de olhar para mim. Não encontrava ajuda naquele lugar. Não via um humano sequer e a entrada ficava cada vez mais longe. O executor eu encontrei, mais de uma vez. Em mãos em já tinha três lâminas. Mas quanto tempo eu ficaria naquela caverna? Um ano? Dois? Eu queria ir embora, queria ver Kaoran... Mas a entrada estava terrivelmente longe, com dezenas de demônios entre eu e ela. Dormir era quase impossível. Dormia poucas horas por dia, com medo de ser pega desprevenida. Hugin e Munin são prova do quanto eu lutei e batalhei naquela caverna. Quantos perigos passei, quantas vezes escapei da morte e principalmente quantos dias chorava, querendo encontrá-lo mais uma vez.


>~#~<


Agora, que faço eu da vida sem você?

Você não me ensinou a te esquecer

Você só me ensinou a te querer

E te querendo eu vou tentando te encontrar

Vou me perdendo

Buscando em outros braços seus abraços

Perdido no vazio de outros passos

Do abismo em que você se retirou

E me atirou e me deixou aqui sozinho


>~#~<


            Mas eu não reclamei. Eu estava traçando o caminho que escolhi para mim. Estava me tornando forte, estava no caminho para retribuir o favor de Kaoran. Sentia que a cada dia eu ficava mais forte, até o ponto em que não havia demônio daquela caverna que eu não derrotasse. Eu sentia, como guerreira, que havia chegado a hora de transcender. Não agora, não enquanto eu não estivesse com a dez lâminas na mão.

            Os executores são monstros raros de aparecer, feitos da energia demoníaca do lugar com os sentimentos mundanos de uma espada normal. Terrivelmente diabólicos e fortes, mas já não eram inimigos para mim. Nenhum monstro ali era. Em pouco tempo eu saí da caverna, vitoriosa em minha jornada, tanto pessoal quanto profissional. Atingi o ápice do meu poder como cavaleira e sem pensar duas vezes segui até Juno, onde me transformei em uma transcendental.

            Voltei até o meu clã, depois de meses sem os encontrar. Para minha surpresa eles ficaram contentes em me ver. Perguntaram sobre minha jornada e eu contei a todos. As felicitações foram muitas e um deles, Kazui aqui presente, me levou até o homem misterioso em Payon. Ele me disse muitas coisas, mas no fim aceitou todos os meus itens e em pouco tempo eu estava com ela, a Executora. Uma espada linda e terrível. Afiadíssima, que emanava medo só de tocar. Com a ponta curvada no fim, perfeita para decaptações. Era realmente uma espada perfeita. Qualquer monstro cairia por ela se bem usada.

            Agora eu tinha a tão sonhada espada em mãos. No entanto não tinha poder algum. Como uma relez aprendiz eu não podia encontrar Kaoran, não mesmo. Eu ia o encontrar forte e linda, para que ele tivesse orgulho de mim e que visse como sua espada me ajudou, para que eu retribuísse finalmente o favor à ele.

            Eu olhava para aquele poring, com lágrima nos olhos. Não por pena dele, nunca tive pena de monstro algum, mas como encarar aquilo, aquela jornada, idêntica à de alguns anos atrás agora sem meu Kaoran? Era como começar a andar sozinha depois de dar os primeiros passos com ajuda da mãe. Cada ataque era como se fosse em mim, cada monstro que via me lembrava ele. Mesmo depois de tanto tempo eu não o esqueci, mesmo de tanto e tanto tempo longe, sem o vê-lo, meu coração palpitava quando lembrava dele.

 

>~#~<


Agora, que faço eu da vida sem você?

Você não me ensinou a te esquecer

Você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou tentando me encontrar

 

E nesse desespero em que me vejo

já cheguei a tal ponto

de me trocar diversas vezes por você

só pra ver se te encontro


Você bem que podia perdoar

E só mais uma vez me aceitar

Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la


>~#~<


            Uma dura e longa jornada me aguardava. Sozinha. Deveria me tornar forte, forte como nunca antes fui. É claro que jamais empunhei aquela executora. A levava para todo lugar que ia, mas jamais a usava. Polia-a todo dia, poeira nunca se via em sua lâmina, quem dirá sangue. Ela ficaria intacta, assim como aquela armadura acolchoada ficou, a armadura que recusei. Será que ele havia me perdoado por aquilo? Será que ainda estava triste pela desfeita? Não... Kaoran não guarda mágoas, ele me amava, era o que eu pensava. Mas depois de tanto tempo longe. Tanto tempo, muito tempo, será que ele ainda me amava como eu o amava? Essas perguntas martelavam em minha mente todo dia. Tinha medo de vê-lo com outra, de, talvez quem sabe, ele achar que eu tinha morrido, ou desaparecido. Havia ficado tanto tempo longe, não seria difícil.

            Eu batalhei, por mais meses eu batalhei. Me tornei uma espadachim e logo em seguida lady. Linda e gloriosa, poderosa e temida, como sempre quis. Uma lady como havia planejado e com a espada. Finalmente, finalmente depois de tanta provação, poderia ir até ele e tudo estaria resolvido. Finalmente ficaríamos juntos, juntos para sempre. Imaginava eu se ele teria mais algum presente para mim. Talvez algo mais singelo, talvez ele também houvesse transcendido. Um belo e formoso paladino, com certeza ele seria muito belo, com aquele sorriso radiante que consegue curar qualquer ferida do meu coração.

            No entanto... Onde o encontraria? Não fazia a menor idéia de onde começar a procurar. Glast Heim? Hugel? Comodo? O mundo é enorme, ele poderia estar em qualquer lugar.

            “Procurando por Kaoran? Está na Torre de Thanatos”. Foi o que me disse outro membro do clã. Modragor era seu nome, um grande paladino. Ele tinha acesso a todas as missões dos templários, não foi difícil para ele descobrir onde Kaoran estava, sendo ele um templário. Fui tomada por uma ansiedade e alegria sem tamanho. No mesmo dia fui para Hugel e no mesmo dia estava na porta da gigantesca Torre de Thanatos.

            Vasculharia andar por andar, canto por canto. Comecei do primeiro andar, de baixo. Os monstros eram fracos e fáceis para mim, que bom, isso ajudava muito. Não o achei, por isso subi e continuei minha busca. Era demorado achá-lo, era um lugar incrivelmente grande e labiríntico. Tinha medo de me desencontrar, então segui meu coração e com fé nos deuses, eles me guiariam.

            “Yume?” Meu coração bateu tão forte que achei que amassaria a armadura. Aquela voz, aquele timbre, aquela pronúncia. Era ele, depois de tanto tempo. Estava tão feliz, tão radiante. Abracei-o e impulsivamente comecei a contar sobre tudo o que vivi, queria compartilhar com ele cada sentimento, cada emoção, tudo o que passei. Falei tanto, mas tanto. Pobre Kaoran, nem ao menos o deixei falar, acho até que o sufoquei, pois ele olhava para os lados a todo o momento.

“Eu queria lhe dar isso” Disse a ele, contendo a empolgação. “É uma executora!” A melhor espada do mundo, a melhor espada do mundo para o melhor namorado do mundo, era o que eu queria dizer, mas contive minha empolgação. “Eu não posso aceitar” foi o que ele disse. Ah, meu Kaoran, tão meigo, tão... Tão... É claro que não aceitaria. Ele, sempre acostumado a ajudar, nunca ajudado, claro que negaria, não sabia lidar com presentes, ainda mais um tão grandioso. Eu insisti, claro, afinal batalhei duro por aquela espada, era meu presente para ele, meu presente mais precioso.

            “Eu sou um templário, Yume, não uso espadas grandes.” Fiquei sem saber o que falar ou fazer. Como não pensei nisso? Em minha ânsia em corresponder o presente nem notei esse detalhe. Olhei para a espada de Kaoran, a mesma espada surrada que ele usava. Eu também, a mesma espada que ele me dera. Tão diferentes, a dele tão frágil e pequena, a minha tão robusta. Ele podia brandir sua espada apenas com uma mão, sem problemas, enquanto na outra segurava seu fiel escudo. Mas eu... Precisava das duas mãos sempre no cabo da espada, jamais conseguiria com uma mão só com todo aquele peso. A executora era assim, sem duas mãos firmes para empunhá-la é uma espada inútil.

            Tudo o que tinha feito até agora, todo o esforço, tudo aquilo. Tudo, tudo foi por água abaixo. E o pior, por minha culpa. Em minha fúria descontrolada por retribuir eu nem me toquei que era um presente inútil para ele.

            “Eu preciso ir agora”. Não! Não! Definitivamente não! Agora que havia finalmente encontrado meu amor, não podia perdê-lo.


>~#~<

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar


Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou

E me atirou e me deixou aqui sozinho

 

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho


>~#~<


            “Por favor, não vá...” Eu estava com vergonha de mim mesma. Sempre pensando em mim, mim e mim, apenas em mim, em retribuir, em ficar forte. Não pensei em quem ele era.

            “Talvez... Se eu tivesse falado isso da primeira vez que você disse que ia embora... Acho que não terminaríamos assim...” Terminar? Terminar? Não não não! O que ele estava falando? O que ele queria dizer com aquilo?

            “Eu não vou conseguir te alcançar mais, Yume, mesmo que treinasse dia e noite... Eu desisti disso há algum tempo.” Eu não conseguia me segurar com aquilo. Eu tremia, as lágrimas desciam, embaçando minha visão. Eu não queria escutar aquilo, não queria escutar tudo aquilo o que ele me dizia, ainda mais com aquele sorriso. Aquele sorriso, Odin... Aquele mesmo sorriso de sempre.

            “Eu te libero de qualquer compromisso que tenha comigo, não quero ser sua âncora.” Meu mundo estava desmoronando. Tudo o que tinha passado me pareceu tão vão, tão inútil. Perda de tempo, perda de tempo que eu poderia ter passado ao lado dele, ou escolhido melhor, usado a cabeça e esquecido meus desejos mesquinhos de tirar a carga de um favor dos ombros.

            “Você não me ama mais?” Eu perguntei. Tinha medo, muito medo da resposta. E se ele dissesse que sim? E se não me amasse mais, o que eu faria? Não tinha outro objetivo na vida, não tinha outros planos senão ao lado dele.

            “Eu amo sim, amo muito... Sofria muito quando você ia embora e me deixava... Mas eu não morri e aprendi a viver sem você.” Aprendeu a viver sem mim. Ele conseguiu algo que eu não consegui. Ele foi capaz de viver sem mim, mas eu não sou capaz de viver sem ele. Imediatamente comecei a convencê-lo do contrário. Deveríamos esquecer tudo aquilo e nos amar juntos, ele ainda me amava, isso me dava esperanças. Ele me amava, isso o que importava.

            “Estamos fadados a andar separados o resto da vida.” Que Thor jogasse seu martelo em cima de mim, que Fenrir me engolisse inteira, mas que meus olhos não vissem ele se virar e ir embora... Exatamente como eu fazia sempre com ele.


>~#~<


Agora, que faço eu da vida sem você?

Você não me ensinou a te esquecer

Você só me ensinou a te querer

E te querendo eu vou tentando me encontrar


>~#~<

 

            Naquele dia em entendi o que Kaoran sentia sempre que eu lhe deixava. Naquele dia em compreendi muitas coisas, muitas coisas que deveria ter compreendido muito tempo antes. Descobri que Kaoran não queria presentes, não queria retribuições, nem uma namorada forte e linda. Kaoran apenas queria que eu ficasse perto dele, assim como agora eu desejo desesperadamente ficar perto dele. Mas Kaoran me abandonou e nunca mais me aceitou de volta. Ele ainda me olhou com aqueles mesmos olhos, ainda me dá aquele mesmo sorriso, mas agora meu coração está quebrado e ferido, porque ele simplesmente não me quer por perto. Ele me ama, eu o amo, mas ele não me quer por perto. Eu me pergunto se um dia ele vai me perdoar e voltar para mim. Até lá eu espero, apenas espero, por perto, vendo-o caminhar junto daquela bruxa e desejando do fundo da minha alma ter a mesma sorte que ela.

 

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            Kazui: Nunca desista, Yume...

 

            Aki: Yuuumeeee ç____ç

 

            Zylon: Eu não vou chorar, eu não vou chorar... T^T


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