Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 7
Capítulo VII




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

 

Capítulo VII

 

Tinos, Grécia.

Assim que o Nereida aportou em Tinos, Máscara da Morte correu com Shunrei para o hospital. Apesar do sangramento intenso, ela se mantinha serena e fazia uma oração silenciosa.

— Fique tranquila – Máscara da Morte disse a ela quando chegaram à urgência. – Eu vou ligar para o seu marido. Logo ele virá.

— Ele está aqui – ela disse, surpreendendo o cavaleiro.

Shunrei sabia o que era o cosmo, conhecia bem o conceito de tanto ouvir o Mestre e Shiryu falarem: era como fundir-se ao universo, à energia que emana dele, ser parte dele. E também sabia o que era na prática porque só podia ser através do cosmo que conseguia sentir Shiryu por perto. Embora inicialmente tenha ficado surpreso com a revelação, Máscara lembrou-se do que houve na casa de Câncer anos atrás, onde claramente ela usou o cosmo para se comunicar com Shiryu. E se funcionou àquela distância, estando na mesma ilha era infinitamente mais fácil.

Máscara da Morte ia prometer encontrar Shiryu e trazê-lo para o hospital, mas a equipe médica chegou para atendê-la e ele se afastou um pouco para que trabalhassem. Ouviu quando Shunrei contou aos médicos que estava grávida de cinco meses, foi sequestrada e colocaram algo na comida, possivelmente um medicamento abortivo. O movimento frenético dos médicos e a enorme quantidade de sangue que ela continuava a perder levaram-no a achar que só um milagre salvaria a vida dela.

— Senhor, precisamos fazer a ficha de entrada dela – uma enfermeira chamou assim que Shunrei foi levada para a sala de atendimento. – O senhor é parente?

— Não. Eu sou… – Máscara hesitou. Era o quê mesmo? Não era parente, muito menos amigo. – Sou vizinho.

— Qual o nome dela?

— Shunrei.

— Nome completo – pediu a moça, olhando para a cara de Máscara e fazendo um bico de insatisfação.

— Eu não sei.

— Idade?

— Dezoito, dezenove, sei lá…

— Não vou nem perguntar tipo sanguíneo…

— O marido dela já está vindo, falou? Quando ele chegar, ele faz essa maldita ficha.

Impaciente, Máscara da Morte foi para o lado de fora do hospital e concentrou seu cosmo para encontrar Shiryu. Além dele, captou Mu, Dohko e Seiya na ilha. Dos quatro, obviamente seria com Mu a comunicação mais fácil, pelas próprias características do Ariano, e pelo fato de Máscara não se entender muito bem com os outros.

"Mu, estou no hospital de Tinos, traga o Dragão para cá", ele disse através do cosmo. "É melhor que se materializem num local discreto, por isso estou indo para o bosque atrás do hospital. Aguarde meu sinal, depois siga meu cosmo e teleporte-se."

Mu compreendeu e aguardou. Pouco depois, teleportou-se para o local indicado levando Dohko, Shiryu, Seiya e Saori. Seiya pegou a deusa no colo e correu até a entrada da urgência, buscando socorro para ela. Shiryu, entretanto, avançou irritado em direção a Máscara da Morte.

— O que você está fazendo aqui? – ele perguntou, segurando-o pela gola da camisa. – Como soube onde Shunrei estava?

— Ei, ei, calma aí, Dragão! Estou aqui porque salvei a sua digníssima esposa.

A postura ameaçadora de Shiryu desfez-se imediatamente.

— Me desculpe – pediu, sinceramente envergonhado. – Onde ela está? O que houve?

— Não sei ao certo, mas pelo que vi, acho que deram a ela um remédio abortivo… ou coisa pior.

— Oh, não! – Shiryu lamentou, as lágrimas já escorrendo-lhe pela face. – Eu preciso vê-la.

— Estão cuidando dela lá dentro, claro que não vão deixar que você a veja agora. O que você tem de fazer é ficar calminho aí.

— Ele tem razão, Shiryu – Dohko disse, amparando o discípulo. –Vamos entrar no hospital.

Os rapazes seguiram para a sala de espera, onde se reencontraram com Seiya, enquanto Shiryu foi à recepção fornecer os dados para a ficha de Shunrei. Lá ficou sabendo que ela e Saori acabavam de entrar em cirurgia.

— Agora, por favor, me conte direito o que houve – Shiryu pediu a Máscara da Morte quando o reencontrou na sala de espera. – Ainda não entendi como você se envolveu nisso e veio parar aqui.

Máscara deu um grunhido de impaciência, mas começou a falar:

— Me envolvi porque estava lá no hospital em Atenas bem na hora que levaram sua mulher. Fui visitar a Fatma e vi quando um cara puxou a Shunrei para dentro de um carro. Segui o maldito até o porto e vi quando embarcaram num iate. Dei um jeito de entrar, esperei a hora certa e matei os capangas. Pretendia voltar para Atenas mas a merda do barco não tinha combustível suficiente, então resolvemos vir pra cá. Só que no meio do caminho, sua mulher começou a passar mal e o resto você já sabe.

— Obrigado, Máscara – agradeceu Shiryu, apertando a mão do dourado. – E me perdoe por tê-lo julgado mal. Estou arrependido e envergonhado. Se você não estivesse lá e, principalmente, se não tivesse tomado uma atitude, ela não teria uma chance.

Máscara da Morte apertou de volta a mão de Shiryu e balançou a cabeça em concordância. Levantou a outra mão e quase a colocou no ombro dele para confortá-lo porque achava que ele terminaria o dia viúvo, mas interrompeu o gesto.

— Você fez um excelente trabalho, Máscara – parabenizou Dohko, dando um tapinha nas costas do italiano. – Não pode imaginar como estamos gratos pelo que fez.

— E a deusa? – ele perguntou a fim de mudar de assunto. Já estava ficando embaraçado por ver o chinês e seu discípulo se derretendo em agradecimentos. – O que houve com ela? Vi que estava ferida.

— Aquele filho da mãe daquele Julian a golpeou com um punhal – Seiya explicou, cerrando os punhos.

— E o que vocês fizeram com o cara? – Máscara quis saber.

— Shiryu o decapitou – Mu respondeu.

Máscara da Morte ergueu uma sobrancelha e deu um risinho sádico. Foi melhor do que pensava! Adoraria ter participado e obviamente teria gostado tanto de ficar com essa cabeça que seria a primeira cabeça de deus da sua coleção! Podia visualizar o local de destaque onde a colocaria, faria até uma plaquinha identificando-a: "Esta cabeça pertenceu a Poseidon".

— Bem feito – ele disse, ainda exibindo o risinho. – Ele mexeu com duas grávidas, sendo uma a deusa e a outra a queridinha do Mestre. Não podia dar em outra coisa. –Depois puxou Mu para um canto mais afastado e continuou: – Já mexeram os pauzinhos para encobrir o "incidente"?

— Ainda não – Mu respondeu. – O Mestre deve entrar em contato com as autoridades nas próximas horas.

Enquanto Máscara quis saber os detalhes da invasão à fortaleza de Julian, que culminou na parte mais interessante para ele: a decapitação do milionário, Dohko consolava Shiryu e Seiya, ambos desesperados por boas notícias vindas da sala de cirurgia. Somente cerca de duas horas depois, uma médica as trouxe. Saori passava bem depois da cirurgia que reparou o ferimento feito por Julian, o qual não atingiu seriamente nenhum órgão, embora tenha passado bem perto do intestino e do útero.

— Graças a Deus – Seiya murmurou, chorando de alegria, e foi abraçado pelos companheiros.

Shiryu aproveitou para pedir notícias de Shunrei mas soube apenas que ela ainda estava em cirurgia. Levou mais algumas horas até outro médico retornar à sala de espera.

— Fizemos tudo para salvar os dois – ele começou a falar.

Shiryu respirou fundo. Passou as últimas horas preparando-se para ouvir que perderam o bebê. Queriam muito esse filho, mas tudo bem, teriam outros depois, o importante era que Shunrei ficasse bem.

— Mas a hemorragia foi muito severa – o médico continuou. – Tentamos de tudo para controlar. Se ela tivesse chegado antes, talvez tivéssemos conseguido salvá-la...

Shiryu ficou olhando para o médico sem conseguir entender direito o que ele disse e quando finalmente conseguiu assimilar, deu um grito desesperado. Seiya amparou o amigo, abraçou-o fortemente tentando confortá-lo, mas assim que o médico se afastou do grupo, Dohko fez com ele o soltasse.

— Onde está o objeto que lhe dei quando se casou com Shunrei? – ele perguntou num tom tão urgente que assustou os outros cavaleiros.

— Me deixe em paz! – Shiryu bradou de volta. – Não quero saber de mais nada.

— Controle-se, Shiryu! – exasperou-se Dohko, segurando fortemente o discípulo pelos ombros. – Olhe pra mim! Olhe pra mim agora! Onde está o vidro que lhe dei no casamento?

— Eu só quero ir com ela... – Shiryu murmurou aos prantos, caindo de joelhos.

Dohko deu-lhe um tapa forte na face.

— Só diga onde está o frasco! Vamos! Diga agora!

— Em casa! – ele respondeu, em meio às lágrimas.

— Que casa? Rozan ou Tóquio?

— Tóquio…

— Mu, você precisa ir buscar esse frasco – implorou Dohko.

— Preciso saber o local de destino ou de algo para me guiar. Não conheço a casa dele em Tóquio.

— O Kiki conhece bem... – Shiryu murmurou. Não estava entendendo o que Dohko queria com aquilo, mas ele estava tão desesperado que resolveu colaborar. – Ele conhece nossa casa, sabe onde está o frasco, Shunrei mostrou a ele.

Mu imediatamente teleportou-se aos arredores do Santuário para buscar Kiki. Juntos, teleportaram-se para a casa de Shiryu em Tóquio, onde ele rapidamente explicou a situação ao menino, que o encarava confuso por ter sido carregado daquela forma. O garoto foi direto ao quarto do casal, pegou a caixa de madeira que continha o frasco e os dois voltaram para Tinos.

— Aqui está, Mestre – Mu disse, entregando o frasco a Dohko.

Enquanto Mu buscava o objeto, o Mestre conversou com os médicos responsáveis e conseguiu acesso à sala de cirurgia onde ainda estavam os corpos de Shunrei e do bebê. Ele entrou na sala primeiro e viu os dois, Shunrei na mesa de cirurgia, totalmente coberta por um lençol, e o bebê numa bacia de inox.

Shiryu entrou logo atrás dele, dando passos vacilantes, com um aperto no peito e uma vontade de gritar de novo até não ter mais voz. Lembrou-se da tristeza que sentiu anos atrás, quando acreditou que achou que Shunrei havia sido morta pelo cavaleiro de Câncer. Agora ele se redimiu tentando salvá-la, mas foi inútil. Sabia que ela não gostaria que ele pensasse assim, mas Shiryu não conseguia evitar o desejo de ir com ela e com bebê para o outro mundo porque de todas as coisas tristes da sua vida, o abandono dos pais, a solidão na primeira infância, essa era sem dúvidas a pior. Perder Shunrei, seu amor, a coisa mais importante da sua vida, e perder o primeiro filho, era uma dor para a qual ele não estava preparado.

Enquanto Shiryu buscava coragem para levantar o lençol e ver o rosto de Shunrei pela última vez, Dohko pegou o minúsculo bebê morto no colo. Gentilmente abriu os lábios dele e derramou algumas gotas do líquido escarlate que estava no vidrinho, depois entregou o frasco a Shiryu.

— Vamos, dê isso a Shunrei.

Shiryu queria fazer o que Dohko ordenou, mas suas mãos tremiam e os olhos não viam com clareza através das lágrimas. Então Seiya, que os observava da porta, entrou e tirou o frasco da mão dele.

— Eu estou aqui, meu amigo – ele disse. – Meu irmão, eu estou com você sempre.

Com a ajuda dele, Shiryu descobriu o rosto de Shunrei, abriu-lhe a boca e Seiya verteu o líquido do frasco. Os dois faziam uma ideia do que se tratava, ouviram falar, mas não sabiam direito o que esperar daquilo, então olharam para Dohko. Ele estava tranquilo, com o bebê nos braços, e com um gesto contido pediu para Shiryu esperar. A calma dele deu um pouco de confiança ao Dragão, que olhou novamente para a esposa morta, fez um carinho no cabelo dela, e começou a rezar para que acontecesse um milagre.

Poucos segundos depois, ecoou na sala um choro fraco e lamentoso. Shiryu e Seiya olharam para trás maravilhados e viram Dohko sorrindo enquanto ninava a pequenina criança nos braços. O Mestre apontou para Shunrei e Shiryu voltou-se para ela a tempo de vê-la abrir os olhos.

— Meu amor – ele murmurou entre lágrimas.

— Shiryu... – ela murmurou de volta. Sentia-se confusa, como se tivesse caído num sono muito profundo, do qual tentava acordar, mas não conseguia, quando de repente algo a despertou como mágica.

Shiryu envolveu-a num abraço levíssimo, temendo que fosse uma ilusão e desvanecesse ao toque, mas era real, ela estava ali. Estava viva. Então ele a abraçou mais forte e os dois ficaram assim por alguns minutos, apenas sentindo uma profunda gratidão por ainda estarem juntos nesse mundo. Não disseram mais nada porque não era preciso, tudo que havia para ser dito estava sendo transmitido através do cosmo que brilhava fortemente e cobria os dois.

Era tão bonito de ver que Dohko deixou que ficassem assim um pouco mais, depois se aproximou dos dois levando a criança.

— Eu acho que vocês querem conhecer essa garotinha aqui – ele disse, bastante emocionado.

Shunrei e Shiryu desfizeram o abraço, olharam-se emocionados e em seguida olharam para a menina minúscula nos braços de Dohko. Se um bebê nascido no tempo certo já parecia frágil, a pequenina, nascida aos cinco meses de gestação, parecia que ia se desmanchar de tão delicada. Shunrei acariciou a pele quase transparente, que deixava entrever as veias, enquanto Shiryu teve medo de tocá-la e machucá-la.

O doce momento familiar foi interrompido por um enfermeiro que entrou no recinto.

— Vocês precisam ir agora... – ele começou a dizer, mas parou terrificado ao ver Shunrei sentada na mesa cirúrgica, pegando a filha no colo. – Mas... elas... elas estavam mortas!

— Milagres, meu filho – Dohko disse, orgulhoso. – Milagres. Nunca se deparou com um?

Em questão de minutos, a equipe que operou Shunrei estava na sala, todos perplexos por verem viva a mulher que declararam morta minutos atrás e ainda mais por verem que a criança, uma prematura extrema, estava viva e respirando sozinha.

— Não é possível – um dos médicos disse. – Nada disso é possível. Bebês de vinte e duas semanas não conseguem sobreviver fora da encubadora. Não respiram sozinhos. Não são capazes.

— Tudo é possível – Dohko lhe disse.

— Estou falando de ciência! – bradou o homem e foi até Shunrei. – Vamos levar as duas para exames agora. Tem de haver uma explicação pra isso.

— Não vai – Dohko interferiu, imperativo. – Agora elas precisam de descanso, sossego e carinho. Dê um tempo a elas.

O médico não queria ceder, mas Dohko falou com tanta autoridade que ele acabou concordando em deixar que as duas fossem levadas para um quarto. Lá receberam cuidados e foram limpas dos resquícios da cirurgia. A enfermeira que fez esse trabalho observou com assombro que a sutura no ventre de Shunrei não parecia fresca, começava a cicatrizar como se tivesse sido feita há dias e não há pouco mais de uma hora. A pequenina reclamou um pouco na hora do banho, mas logo em seguida dormiu tranquila no bercinho de acrílico, enrolada numa manta do hospital, enquanto o pai e o avô olhavam-na enternecidos.

— Quatrocentos e dez gramas de peso e vinte e seis centímetros de altura. – Shiryu leu na fichinha que colocaram no berço. – Nunca pensei que veria um bebê tão pequeno – ele continuou, finalmente arriscando-se a tocar na cabecinha careca da menina.

— Ela é um bebê em miniatura – Dohko disse. – Mas é muito abençoada, não acha?

— Demais – concordou Shiryu. – Acho também que o senhor me deve uma explicação para tudo isso, mas não agora. Eu não quero saber agora, só quero dizer muito obrigado. O senhor salvou três vidas, salvou nós três de uma vez só.

— Eu não ia deixar acontecer… não desse jeito. Agora vou deixar vocês três sozinhos, preciso sair para resolver a questão da morte do Julian.

— Sim… faça o que tiver de fazer. Estou pronto para enfrentar as consequências do que fiz.

Dohko assentiu e deixou o quarto. Já sabia exatamente como ia relatar os acontecimentos às autoridades locais e torcia para que tudo saísse como ele esperava.

 

Enquanto isso, Seiya foi ver Saori. Estava ansioso para contar-lhe tudo que aconteceu com Shunrei, Shiryu e a filhinha deles, mas a deusa ainda dormia e ele só ficou ali, velando o sono dela e agradecendo por tudo ter terminado bem.

Quando finalmente acordou, Saori sorriu ao vê-lo. Ainda se sentia sonolenta e meio tonta, mas ter Seiya ali era um conforto.

— O bebê está bem? – foi a primeira coisa que ela perguntou.

— Julian não conseguiu o que queria – Seiya respondeu, radiante de alegria. – O bebê está ótimo, você está a salvo, Shunrei e o bebê dela também. Hoje foi um dia de muitos milagres, Saori.

— Julian fez o que prometeu? Devolveu-a?

— Bom, não... Mas o Máscara da Morte conseguiu resgatá-la. Ela também está aqui no hospital e já teve o bebê.

Saori sobressaltou-se.

— Como assim teve o bebê, Seiya? Ela só estava com cinco meses de gravidez!

— Pois é! Mas já nasceu. É uma menina!

— Que os deuses a ajudem. É muito difícil um bebê sobreviver a um parto tão cedo.

— Ah, mas ela está ótima! Já está no quarto com a mãe e o pai babão.

Saori olhou para ele com desconfiança.

— Explica isso direito, Seiya. A história não deve ser como você está me contando.

— Ah, eu só sei que vieram depois da cirurgia e falaram que as duas estavam mortas. Então o Dohko começou com a história de um frasco que ele deu a Shiryu e o que tinha nesse negócio salvou Shunrei e a bebezinha.

— Frasco, Seiya? – ela perguntou. Ele assentiu com a cabeça. – Faço uma ideia do que seja…

— Também faço...

— Que bom que deu tudo certo. Quero vê-las assim que puder.

— Claro, claro, mas agora você precisa descansar. Você também teve um dia duro.

— Bastante – ela disse.

Pensou em tudo que passou nas últimas horas enquanto estava nas mãos de Julian. Todo o sofrimento, toda a humilhação e a punhalada final, a tentativa dele de matar o filho que ela carrega no ventre. Por sorte ou graças aos deuses, o bebê continuava dentro dela. Essa ferida em seu corpo não era nada se comparada aos danos que ele causou em seu espírito. Teria uma bela batalha pela frente para esquecer tudo mas estava certa de que o amor de Seiya era a chave para a cura.

—--S---A---I---N---T---S---

Depois de reportar às autoridades locais que o assassinato de Julian era assunto do Santuário, Dohko voltou para o hospital.

— Aquilo era o que estou pensando? – Mu perguntou ao reencontrá-lo na recepção.

— Sangue Sagrado(2)? – retrucou Dohko. – Mas é claro que sim.

— Você sabia que ia acontecer...

— É, eu sabia que alguma coisa ia acontecer – Dohko admitiu. – Guardei o frasco porque eu sabia que ia precisar dele um dia. E dei a Shiryu quando soube que era ele quem ia precisar.

— Mas o sangue não teria esse poder com uma humana comum. Curaria feridas, é verdade, mas ressuscitar uma pessoa?

— Eu achei que valia a pena tentar. Além do mais, você acha mesmo que a Shunrei é uma humana comum? Ela não chegou a mim por acaso. Cuidar dela fazia parte da minha missão. Porque ela também veio ao mundo com uma missão só dela. Ela é Nike, ela é a deusa da vitória. Sempre que a Athena vem à terra, Nike vem com ela. E Shunrei é a segunda Nike de quem cuido. A primeira foi a minha amada Yue (3), que perdi no parto do meu filho, junto com ele. Eu simplesmente não podia deixar que a história se repetisse e Shunrei morresse da mesma forma. Eu tinha de estar preparado. E eu estava.

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

(1) Eu não lembro se Mu já foi ou não na casa deles de Tóquio, e fiquei com preguiça de reler os quarenta capítulos de Escute Seu Coração.

(2) Essa coisa do sangue de Athena veio do Episódio G, onde o Garan, criado do Aiolia, tenta roubá-lo para salvar a mãe.

(3) A história de Yue está no capitulo XI da fanfic "Escute seu Coração". Pretendo transformá-la numa fic à parte, porque sinto que ainda tem história ali...




Reescrito em março de 2019 (depois de uma novela, várias semanas mexendo no cap, ele finalmente ficou como eu queria)



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