Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 4
Capítulo IV




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/262807/chapter/4

 

 

Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

 

Capítulo IV

 

Santuário.

— Estamos de volta – Seiya disse quando pararam o carro no limite entre Rodório e a entrada do Santuário.

Ele desceu do carro e pegou Saori no colo. A deusa estava assustada e se agarrou firmemente ao pescoço do cavaleiro. Era bom sentir os braços protetores e o cosmo amoroso dele, mas ela ainda temia a reação de Julian a essa afronta, e não estava gostando de ver cavaleiros com família, especialmente aqueles prestes a serem pais, envolvidos nessa confusão.

Na pressa da fuga, ela não teve tempo de se trocar ou pegar seus pertences, por isso ainda usava uma camisola branca de seda que ondulava ao vento enquanto Seiya a carregava em direção ao décimo terceiro templo. Saori amou sentir de novo o cheiro característico do Santuário, uma mistura de terra seca, maresia e um leve odor de rosas que descia da casa de Afrodite. Ela não pensou nisso antes, mas agora parecia que sentir aquele cheiro era como estar voltando para casa.

Shiryu, Milo, Shura e Aiolia subiam a escadaria atrás dos dois, guardando distância para que o Pégaso e a deusa pudessem conversar sem que ouvissem o teor da conversa.

— Missão cumprida, pessoal – Shiryu disse a eles. Estava satisfeito por terem conseguido tirar Saori da mansão Solo do jeito que planejara, com alguns seguranças de Julian feridos, mas nenhuma morte. Apesar do sucesso da missão, ele soava preocupado.

— O que o aflige, meu amigo? – Shura perguntou.

— Eu não sei direito – respondeu. – Talvez eu esteja com medo da reação de Julian.

— Não se preocupe. Estamos todos prontos para ele.

— É o que espero, Shura – ele respondeu, mas ainda se sentia profundamente incomodado.

A cada casa zodiacal por que passava, Saori era recebida com aplausos e o guerreiro correspondente se juntava ao grupo, seguindo até o topo das Doze Casas, onde Shunrei e Dohko os esperavam, junto com duas senhoras desconhecidas pela grande maioria. Gentilmente, Seiya pôs Saori no chão. Ela olhou ao redor, para todos os cavaleiros reunidos outra vez, e por um momento sentiu-se confortável, segura e feliz, mas logo se lembrou de Julian.

— Pessoal, eu entendo que vocês queiram o meu bem – ela disse, com o olhar assustado, mas procurando manter uma postura firme –, mas por favor, me deixem voltar para a mansão...

— Chega, Saori! – Seiya gritou, interrompendo-a. – Esqueça esse Julian! Ele não pode fazer nada com você!

— É – Dohko concordou, aproximando-se da deusa. – Senhorita Saori, o selo de Athena ainda não enfraqueceu. Poseidon continua adormecido. Julian Solo é apenas um humano comum e o que ele fez foi se aproveitar do seu medo. Apenas isso.

Saori não se convenceu.

— Eu realmente preciso voltar... – disse.

— Deixem-me conversar a sós com ela – pediu Seiya, e todos atenderam saindo do templo.

— Não precisa mais ter medo – ele disse a ela quando ficaram sozinhos, acariciando-lhe os cabelos.

— Ele não vai deixar ficar assim, Seiya. Não vai. Eu sei disso.

— Não se preocupe. Podemos lidar com ele. Você não confia em mim?

Ela assentiu. Seiya abraçou-a ternamente e beijou-a na fronte.

— Ainda tenho muito medo – ela murmurou, tremendo. – Não por mim, mas por vocês, pelas famílias que alguns começaram a formar e especialmente pelo meu bebê.

Seiya abriu um largo sorriso diante da revelação.

— É meu, não é? – ele perguntou.

— Bom... eu acho que sim… Acho que foi naquela noite… Na nossa noite.

— E mesmo que não seja, eu serei o pai dele de qualquer forma porque nós vamos ficar juntos, não é?

— Seiya, é o meu sonho mas o Julian... – ela insistiu.

— Esqueça-o! – Seiya ordenou e beijou-a novamente, esperando que o beijo a fizesse esquecer.

Saori ainda estava aterrorizada e ainda queria voltar para a casa de Julian, desfazer o estrago, tentar convencê-lo a não retaliar, mas sabia que não haveria modo de convencer Seiya, afinal a obstinação sempre foi a principal característica dele. Já que não havia escolha, que fosse como os deuses quisessem. Ela se entregava totalmente aos desígnios deles.

Ficou abraçada a Seiya por um longo tempo, ambos em silêncio, até se sentir mais calma. Depois, os dois foram até a parte externa do templo, onde os demais cavaleiros ainda estavam reunidos.

— Aê, pessoal, eu vou ser pai! – Seiya anunciou alegremente.

— Parabéns, Seiya – Shiryu cumprimentou o amigo. – Bem-vindo ao time!

— Você finge bem, Shiryu – disse Saori timidamente. – Aposto que já sabia. – Ela deu uma piscadela para Shunrei.

— Sim – Shiryu admitiu, envergonhado.

— Sinto muito, mas para ele eu tinha de contar – desculpou-se Shunrei. – Agora você precisa ser examinada pela médica que trouxemos. Precisamos saber se está tudo bem com você e com o bebê.

— Por que duas? – intrigou-se a deusa, olhando para as duas profissionais.

— Uma é a ginecologista que está cuidando da Eiri e de mim. A outra é uma psicóloga...

— Psicóloga? Eu não preciso de psicólogo, Shunrei! – Saori disse, levemente irritada. Até desejava ser examinada por um médico, queria saber se seu bebê estava mesmo bem, mas ser avaliada psicologicamente não estava em seus planos.

— Depois de tudo por que passamos, todos nós precisamos – amenizou Shiryu. – E vai ser bom para você conversar com alguém que está fora de tudo isso. Eu mesmo preciso resolver essa minha tendência ao pessimismo, não é, Shunrei?

— Claro. Não vai lhe fazer mal nenhum conversar, Saori.

Mesmo relutante, Saori deixou-se conduzir novamente aos antigos aposentos do Grande Mestre, onde primeiro seria examinada e em seguida conversaria com a psicóloga.

Enquanto ela passava por isso, Seiya, Shiryu e Shunrei sentaram-se nas escadarias. Os demais desceram para suas casas.

— Ela não está nada bem – Seiya disse. – Só pensa que o Julian vai nos atacar, que vai haver guerra, e que por isso ela deve voltar para a casa dele.

— Ela vai melhorar, Seiya – Shunrei disse. – O que ela precisa agora é de repouso e muito carinho.

— Isso você pode apostar que ela vai ter, Shunrei.

—S-A-I-N-T-S-

Lima, Peru.

Arrastando o velho fazendeiro consigo, Ikki voltou até o helicóptero e deu ao piloto a ordem para voltar a Lima.

— Helicóptero? – surpreendeu-se o velho. – Tô vendo que você tá mesmo montado na grana.

— É, eu tô, agora entra logo. Não se aproveite dessa paciência anormal que estou tendo.

Ikki afivelou o próprio cinto de segurança, enquanto o velho ficou olhando para o objeto sem saber o que fazer com ele. O cavaleiro não se deu ao trabalho de ajudá-lo.

— Quando chegarmos você vai me levar até o cara para quem entregou Esmeralda – Ikki disse.

— Primeiro a minha grana, depois eu levo. E quero garantias de que você não vai me matar.

— A garantia é a minha palavra, velho. Quanto à grana, você vai tê-la quando eu falar com o homem e comprovar se essa sua história é verdadeira. Agora cale a boca porque eu não suporto ouvir a sua voz. Não pense que eu esqueci o quanto a Esmeralda sofreu em suas mãos, seu desgraçado. Você nem pode imaginar o quanto é difícil olhar na sua cara sem enchê-la de porrada.

— Tá certo, tá certo – assentiu e se recostou no assento. – Contanto que me pague e me deixe ir embora, quem se importa com o que pensa?

 

A viagem era rápida, pouco mais de meia hora, mas Ikki estava tão ansioso que pareceu-lhe uma eternidade. A possibilidade de Esmeralda ainda estar viva caiu sobre ele como se fosse o peso do mundo inteiro e agora um turbilhão de pensamentos revolvia-se em seu cérebro e agitava seu coração. Queria muito reencontrá-la, tirá-la da provável situação ruim em que estaria, ao mesmo tempo que temia a reação dela. Cinco anos se passaram desde “a morte” e ela podia estar magoada por ele, aparentemente, ter desistido. Culpava-se terrivelmente por não ter pensado antes em tirar os “ossos” dela da ilha. Teria descoberto a farsa muito antes…

Quando desembarcaram em Lima, o velho ligou para o negociante de escravos e marcou um encontro. Depois, ele e Ikki seguiram para um banco, onde o cavaleiro transferiu a quantia prometida ao velho e sacou mais uma enorme soma de dinheiro para comprar as informações com o segundo homem. Por fim, partiram para o local combinado com o negociante, que já os esperava.

— Eu quero saber sobre uma moça loira que você trouxe da Ilha da Rainha da Morte – Ikki disparou sem rodeios.

O homem fez-se de desentendido.

— Ah, foram tantas... – respondeu, com um sorrisinho que irritou Ikki.

— Vindas dessa ilha especificamente acho que não foram tantas assim, portanto é melhor você lembrar.

— Olha, cara, ele tem grana – o velho interveio, impaciente, e o homem logo passou a demonstrar interesse pelo assunto.

— Fala de quanto? – ele perguntou.

— De muita grana – Ikki disse, tirando da mochila que carregava um belo maço de dólares, em notas de cem. – Começando por isso aqui.

— Hum... vejamos... há algum tempo trouxe mesmo uma moça, mas me lembro que não serviu para trabalhar porque estava doente. Esse velho filho da mãe me vendeu uma escrava bichada!

Ikki esteve a ponto de socar o homem, mas refreou-se a tempo. Para ele, era extremamente difícil suportar o desdém com que os homens tratavam o assunto, entretanto precisava se conter agora que havia uma esperança e somente aqueles dois malditos poderiam ajudá-lo a descobrir onde Esmeralda estava.

— Só quero saber onde ela está – ele disse, respirando fundo. – E vou pagar bem por isso. Definitivamente esse não é o meu estilo e o velhote sabe disso. Portanto, acho bom vocês não me provocarem.

— É, ele é violento – disse o velho. – Já matou muita gente.

O negociante ergueu as sobrancelhas e abriu os braços, dando a entender que não se importava.

— Bom, como ela estava muito mal e não servia mais para negociar – prosseguiu –, abandonei-a na porta de um hospital. Não sei de nada depois disso, nem se ainda está viva.

— Você vai me levar lá agora – Ikki ordenou, num tom do qual o homem não poderia discordar. – E você, velho, vai junto. Enquanto eu não tiver certeza de que essa história toda é verdade, você não está livre.

Os três seguiram na caminhonete do negociante até o hospital, onde Ikki solicitou os registros de Esmeralda. Algum tempo depois, a atendente voltou com uma ficha.

— Sim – ela disse. – Esmeralda Hurtado(1) esteve internada aqui. Aqui diz que teve um problema sério no fígado, não descobriram a causa, e estava severamente desnutrida. Teve alta há vários anos.

— Alta... – Ikki murmurou, visivelmente emocionado. – Ela está mesmo viva... Não consta aí nenhuma informação de para onde ela possa ter ido?

— Não, senhor, mas como ela ficou vários meses internada é possível que as pessoas que a atenderam na época saibam de algo. Certamente se lembram dela.

— Eu preciso muito falar com essas pessoas – suplicou Ikki. – É extremamente importante.

A moça pediu que ele aguardasse e foi chamar alguém. Voltou minutos depois com duas enfermeiras que se lembravam de Esmeralda. Descobrira o óbvio: depois de ter alta, ela não teve para onde ir. Os médicos e enfermeiros juntaram-se e deram algum dinheiro a ela, além de orientá-la a procurar um abrigo do governo.

— Acho que não podemos ajudar em mais nada – o negociante de escravos disse.

— É, não podem – Ikki concordou.

O cavaleiro agradeceu à recepcionista e deixou o hospital acompanhado pelos dois homens. Do lado de fora, abriu a mochila e entregou alguns maços de dinheiro ao negociante, que entrou na caminhonete e se retirou apressadamente. Então Ikki se aproximou do velho e deu-lhe um soco que o levou ao chão.

— Estava querendo muito fazer isso. Não é um décimo do que você merece por tudo que fez com ela, seu velhote filho da puta. Toda essa armação com o Guilty, a venda dela para aquele ordinário, tudo, tudo.

Ikki abaixou-se com a intenção de dar outro soco no homem, mas ao invés disso atirou-lhe a mochila com o restante do dinheiro.

— Pode ficar com o resto do dinheiro – ele disse. – E seja eternamente grato à Esmeralda porque é só por isso que você vai ficar vivo. Porque eu quero encontrá-la sem o seu sangue sujo nas minhas mãos.

—S-A-I-N-T-S-

Santuário, Grécia.

Saori teve um dia foi tranquilo. A obstetra confirmou a gravidez, que aparentemente evoluía bem, mas de toda sorte ela recomendou que Saori fosse ao hospital fazer exames mais precisos. Já a psicóloga, depois de uma longa sessão, concluiu que Saori podia estar sofrendo de estresse pós-traumático e seu processo de recuperação seria lento. Recomendou que continuasse a ter sessões semanais.

Para ajudá-la, Shunrei e Shiryu resolveram passar alguns dias no Santuário, hospedados na casa de Libra.

— Essa será nossa nova casa pelos próximos dias – Shiryu disse à esposa quando adentraram o salão principal. Traziam duas malas com alguns pertences. – De Rozan para Tóquio, de Tóquio para Atenas... Muitas mudanças para recém-casados, não acha, minha querida?

Shunrei o abraçou com doçura.

— Sim, apesar de que, na verdade, me sinto casada com você há muito tempo.

— Sendo assim, é até boa essa mudança constante, não é? – ele disse rindo, e completou sussurrando ao pé do ouvido dela: – Muitas camas diferentes...

Shunrei corou mas assentiu com um sorrisinho travesso.

— Você está me saindo um belo safadinho – ela sussurrou de volta.

— Ah, cinco meses de casados... ainda estamos de lua de mel...

Dohko adentrou o salão, interrompendo os dois pombinhos, e os recebeu com um abraço.

— Parece um sonho ver vocês dois aqui – ele disse.

Estava adorando ter os dois na sua casa no condomínio e ainda mais agora na casa Zodiacal. Gostava da energia amorosa que emanava deles e o contagiava, sentiu muita falta disso durante os meses que passou longe dos dois.

— É bem real, mestre – Shiryu disse. – Bem real.

— Tão real – disse o cavaleiro de Libra – que essa senhorita precisa descansar depois de um dia atribulado como esse! O filhotinho de dragão que está aí dentro precisa de repouso.

— Eu estou absolutamente de acordo – acompanhou-o Shiryu.

— Ah, o filhotinho está ótimo, gente! – Shunrei sorriu. – Vocês dois se preocupam demais! Entretanto, admito que preciso mesmo descansar um pouco. Meus pés estão me matando!

— Acho que alguém quer uma massagem... – Shiryu disse, e Shunrei respondeu:

— Acho que alguém acertou!

— Ih, vou deixá-los a sós – Dohko disse, afastando-se –, porque essas massagens eu sei bem onde costumam terminar. Não se preocupem, vou demorar a voltar.

Os dois riram envergonhados e foram para o quarto, enquanto Dohko saiu da casa e sentou-se na escadaria frontal, dedicando-se à contemplação do céu estrelado e procurando nas estrelas sinais do que estaria por vir.

No quarto, Shiryu pegou a esposa no colo e gentilmente a colocou sobre a cama antiga, feita de madeira escura e com colunas nas extremidades, bem arrumada, coberta por belos lençóis azuis com estampas de mandalas brancas. Tirou as sapatilhas dela, uma de cada vez, e dedicou-se à massagem prometida. Depois beijou cada um dos dedinhos dos pés dela, subiu para as mãos, para os braços. Abriu a blusa dela e admirou os seios, maiores por causa da gravidez. Tocou-os por cima do sutiã simples de algodão branco, brincou um pouco com eles, depois abriu o sutiã e deixou-os livres.

— Você gostou deles assim, não foi? — ela perguntou.

— Sim… — ele respondeu corando um pouco.— Você está tão linda grávida.

— E você está um safadinho – ela disse porque notou a ereção.

Ultimamente, era sempre assim, bastava encostar nela. Antes de começar a namorá-la, Shiryu habituou-se a sufocar seus impulsos e a evitar pensar em Shunrei de modo sexual porque se sentia desrespeitando-a. Nem sempre funcionava e, em algumas madrugadas, acabava tendo que se aliviar sozinho. Mas agora que estavam casados, o desejo aflorava ao menor toque e ele não precisava mais se esconder ou se envergonhar. Podia vivenciar sua sexualidade de modo pleno e aprender junto com ela, experimentar coisas novas, descobrir do que mais gostavam.

Amava fazer amor com ela, tê-la em seus braços, em seus lábios, estar entre as pernas dela, dentro dela, deixar seu sêmen nela. Amava o fato de ela ter ficado grávida logo nas primeiras vezes, talvez na primeira. Era como se o útero fértil dela também ansiasse pela semente dele, e em quatro meses, o fruto estaria nos braços de ambos.

Fizeram amor despreocupadamente, sem pressa, até que o orgasmo dela veio e o dele, quase em seguida. Então Shiryu ficou um pouco mais nela, depois rolou para o lado e puxou-a para si.

— Eu te amo – ele disse depois de alguns minutos e fez um carinho na barriga dela. - Eu amo vocês mais do que posso exprimir.

— E nós também te amamos – ela falou, aconchegando-se melhor no colo dele.

Ficaram deitados ali, extasiados, protegidos pelas paredes de pedra da casa de Libra, completamente alheios ao caos que estava por vir.

O que essas paredes testemunharam ao longo das centenas de anos?, perguntou-se Shiryu pouco antes de adormecer. Concluiu pensando que o amor deles era só mais um ponto na longa história daquele local sagrado para os cavaleiros e deixou-se envolver pela paz que Shunrei sempre significou para ele.

—S-A-I-N-T-S-

Na casa de Áries, Mu, Milo e Aiolia estavam reunidos, conversando sobre a possibilidade de deixarem o Santuário para passarem a noite em casa com suas respectivas esposas, quando Kiki apareceu, ofegante e coberto de fuligem, informando que havia um grande incêndio no condomínio. Mu teletransportou todos até a entrada do condomínio, onde suas mulheres e criados esperavam, à exceção de Máscara da Morte, que ainda estava lá dentro. Quando eles começaram a se preocupar com o amigo, ele apareceu no meio da fumaça, trazendo Fatma nos braços.

Os cavaleiros começaram a se mobilizar para apagar o fogo. Pouco depois, chegaram os bombeiros. Rapidamente conseguiram debelar o fogo, enquanto outra equipe atendia os feridos, quase todos com ferimentos leves, menos Fatma, que precisou ser levada para o hospital.

Mu teletransportou-se de volta ao Santuário para comunicar o fato ao Mestre. Todos os outros moradores do condomínio também acabaram indo para lá. Assim que todos se acomodaram, os dourados reuniram-se com Dohko e Shiryu na casa de Áries.

— Quer dizer que o fogo foi criminoso? – Dohko perguntou a Máscara da Morte, depois que todos terminaram de relatar suas impressões.

— Tudo indica que sim – ele respondeu. – Notei que não havia um só foco, mas vários, como se alguém houvesse ateado fogo propositalmente.

— Só pode ter dedo do Julian Solo nisso – Shiryu afirmou. Internamente, sentiu-se extremamente agradecido por Shunrei não estar na casa de Dohko àquela hora. Pelos relatos, ficou sabendo que ela foi a casa mais afetada e se não fosse por Máscara da Morte, Fatma não teria sobrevivido. Mas se Shunrei estivesse lá... ele estava certo de que o cavaleiro de Câncer jamais a salvaria.

— Com certeza – Dohko concordou e foi acompanhado pelos outros.

— O senhor acha que ele vai tentar fazer algo aqui? – Milo perguntou.

— Não vai ser tão fácil assim – Dohko respondeu. – Sem a influência de Poseidon ele é só um humano qualquer, não pode fazer nada aqui.

— Ele que não se meta com a minha Shunrei – Shiryu disse. – Se ele ousar, eu o mato.

— Não tenho a menor dúvida disso – Mu afirmou.

— Nem eu – concordou Dohko. – Mas não se preocupe, ela está segura aqui. A propósito, lamento pelas coisas do bebê que estavam lá em casa.

— Eram apenas objetos – Shiryu disse. – Teremos tempo de comprar tudo novo. O que realmente importa é que Shunrei não estava lá.

Shiryu voltou-se para Máscara da Morte.

— Parabéns pelo que fez – disse. – Arriscar-se para salvar a Fatma foi um gesto muito nobre.

O cavaleiro de Câncer, entretanto, ignorou as palavras de Shiryu e dirigiu-se a Dohko.

— Mestre, eu preciso de permissão para ir ao hospital visitar a Fatma.

— Claro. E eu irei com você.

— Certo – ele concordou, meio contrariado. Não gostava da companhia de Dohko, mas era obrigado a ceder diante da situação. – Também preciso de permissão para que a Nicoletta fique aqui conosco. Ela estava morando lá em casa, agora não tem para onde ir. É só por uns tempos, até ela arrumar outro lugar.

Dohko riu.

— Aquela sua amiga divertida? Tem toda permissão! Pelo menos ela vai animar isso aqui! Nós vamos precisar.

— Obrigado, Mestre. O senhor não é tão ruim quanto eu pensava.

—Digo o mesmo sobre você – Dohko respondeu. – Vamos?

— Claro, vamos.

Assim que o Mestre e Máscara da Morte partiram, Shiryu subiu apressadamente para a casa de Libra. Ao chegar lá, encontrou Shunrei ainda dormindo tranquilamente como ele a deixou, totalmente alheia ao caos que começava a se instalar. Sentou-se ao lado dela e começou a acariciar-lhe a face delicadamente.

"Graças a Deus você não estava lá", ele pensou. "Graças a Deus."

Ele tirou a roupa, deitou-se ao lado dela cuidadosamente, procurando não acordá-la e logo adormeceu. No dia seguinte, quando acordou, Shiryu encontrou a mesa do café posta e Shunrei esperando por ele e pelo mestre.

— Nunca pensei que me sentiria tão bem aqui no Santuário – ela disse alegremente.

— E eu nunca pensei que você gostaria daqui – ele retrucou, com uma expressão muito séria.

— As coisas são como são. Você é um grande cavaleiro. Eu sofri muito por isso, admito, mas também tenho muito orgulho de você, de tudo o que você fez, de todas as façanhas das quais ouvi falar, dos milagres que você fez, desse lugar que é tão sagrado pra você. Eu vou contar pro nosso filho tudo isso. Ele vai saber do que o pai é capaz.

— Ah, Shunrei, como é bom ouvir isso. E sinto-me feliz por ajudar a Saori mais uma vez. Ainda mais agora, que ela está grávida. Acho que estou muito suscetível a mulheres grávidas.

Shunrei riu, mas Shiryu continuou com o semblante fechado.

— O que foi? – ela perguntou, acariciando a face do marido. – Aconteceu alguma coisa?

— Sim... eu estava procurando um jeito para contar isso pra você, mas acho que o melhor é ser direto. O condomínio foi incendiado.

Shunrei soltou um gritinho de susto, depois quis saber se alguém se machucou.

— A maioria não se feriu, alguns tiveram ferimentos leves. Só a Fatma que não está muito bem, mas salvou-se graças ao Máscara da Morte que entrou na casa em chamas para buscá-la.

— Bom, isso foi realmente uma surpresa pra mim, mas que bom que ele fez isso. Eu gostaria de visitá-la, Shiryu.

— Não acho prudente, Shunrei. Não agora. Melhor esperar um pouco. Aqui dentro você está protegida, lá fora não.

— Está bem, está bem – ela concordou, mas estava decidida a tentar de novo quando ele estivesse mais calmo. – Depois do café quero ver o pessoal, falar com a Eiri, com a Marin. Quero ver se estão bem, se precisam de alguma coisa.

— Você sempre querendo ajudar – ele disse e finalmente sorriu, embora ainda fosse um sorriso tenso e cheio de preocupação.

—S-A-I-N-T-S-

Los Angeles, EUA

Hyoga recebeu um telefonema de Mu, informando-o da situação em Atenas, desde o resgate de Saori da casa de Julian Solo até o incêndio no condomínio.

— Mas está tudo bem com a Eiri? – ele perguntou, apreensivo.

— Sim, está tudo bem – Mu respondeu. – Ela não se machucou. Estamos no Santuário agora. Felizmente só perdemos bens materiais.

— Fico muito aliviado por saber. E como está indo a gravidez, Mu?

— Está ótima. A barriga dela está enorme. Faltam só dois meses para a nossa menininha vir ao mundo.

— Estou me programando para estar aí quando minha filha nascer – disse, enfatizando o 'minha'. – Espero que dê tudo certo.

— Estaremos esperando, Hyoga.

— Obrigado, Mu. Agora preciso desligar. Diga a Eiri que estou feliz por não ter acontecido nada com ela.

— Eu direi – garantiu Mu.

Hyoga desligou o telefone e saiu correndo de casa. Já estava atrasado para uma sessão de fotos, a qual se estendeu até o começo da noite. Quando terminou, passou no shopping e comprou novos presentes para a filha a fim de repor tudo que se havia queimado no incêndio, inclusive uma nova Cruz do Norte igual àquela que ele havia enviando meses antes. Presumiu que como Shiryu estava na Grécia há um tempo, também deviam ter sido perdidas algumas coisas do bebê dele e comprou uns presentinhos para enviar também.

Combinou de buscar Elise quando ela saísse do restaurante, mas telefonou para ela e cancelou o encontro. Não sentia a menor vontade de ver ninguém. Então voltou para casa, trancou-se e começou a escrever no diário que fez para mostrar à filha.

"Minha querida,

Hoje eu soube que por pouco não perdi você. Que sensação horrível... Você nem nasceu ainda e quase a perdi. Sinto um remorso inacreditável ao pensar nisso, no risco que sua mãe correu... Sinto que devia estar aí… Sim, eu devia estar aí, minha pequena. Eu devia estar protegendo você e sua mãe... Eu..."

Hyoga parou de escrever porque as lágrimas que afloraram anuviavam sua visão. Em meio ao pranto, tomou uma decisão: iria imediatamente para a Grécia.

—S-A-I-N-T-S-

Alguns dias depois, os cavaleiros tiveram a confirmação dos bombeiros: o incêndio foi mesmo criminoso. E eles sabiam muitíssimo bem quem era o responsável.

Uma vez que o condomínio tinha sofrido danos impossíveis de reparar em pouco tempo, os cavaleiros e suas famílias resolveram permanecer no Santuário por tempo indeterminado. Pouca coisa foi salva do condomínio e eles precisavam repor o que se perdeu, porém com a ameaça de um ataque de Julian pairando, apenas os cavaleiros estavam autorizados a deixar o Santuário, exceto Marin, que estava grávida. Sendo assim, sobrou para Shina a tarefa de comprar roupas para todos, o que não a agradou nem um pouco.

Apesar da proibição, Shunrei decidiu ir sozinha ao hospital para visitar Fatma. Iria e voltaria rapidamente. Entretanto, na saída do hospital, enquanto ela esperava um táxi para voltar ao Santuário, um carro preto parou abruptamente perto dela. Um homem estranho desceu, empurrou-a para dentro, entrou logo em seguida e o carro saiu pelas ruas de Atenas em alta velocidade.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(1) Hurtado é o sobrenome que eu vou usar para a Esmeralda.
Revisado em fevereiro de 2019



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Esperando O Fim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.