Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 3
Capítulo III




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

 

Capítulo III

Ilha da Rainha da Morte.

— Mas só tem pedras aqui! – Ikki exclamou, desesperando-se ao ver o conteúdo do caixão onde esperava que estivessem os ossos de Esmeralda. – Não é possível!

Ele revirou as pedras na esperança de encontrar algum vestígio do corpo de sua amada, mas nada encontrou. Sem saber o que fazer, começou a socar o chão. Não podia acreditar que o corpo dela não estava ali. Queria sair em busca de alguém que pudesse lhe dar alguma pista do que houvera, mas quem? Então se recordou que do outro lado da ilha vivia o antigo dono de Esmeralda(1). Só de pensar na palavra "dono", Ikki sentia a raiva correndo-lhe no sangue. Era ultrajante lembrar que ela foi entregue ao homem pela própria família em troca de três sacos de farinha.

Andou pela ilha até encontrar o casebre do velho com aparência mais decrépita do que recordava, ainda com o chiqueiro ali perto, exalando seu cheiro característico. O homem não era rico, mas gozava de certo prestígio na ilha, pois detinha a criação de porcos e galinhas, e possuía contatos no continente com os quais conseguia negociar outros víveres, que vendia na ilha ou trocava por serviços. O próprio Ikki, a mando de Guilty, chegou a fazer pequenos trabalhos para o velho e foi num deles que conheceu Esmeralda.

O cavaleiro bateu à porta várias vezes. De dentro, veio um grito de "já vai" aborrecido e depois de alguns segundos ouviu passos se aproximarem.

— Vá embora! – o homem gritou ao ver quem era o visitante por uma fresta da porta.

— É melhor você abrir – Ikki advertiu, procurando manter-se calmo e não levantar o tom de voz – senão eu derrubo essa droga dessa porta.

— Vá embora! – o homem repetiu.

Ikki pensou em cumprir sua promessa e derrubar mesmo a porta, mas num lampejo de lucidez percebeu que seria mais prudente ter calma.

— Escuta, eu só quero conversar.

— Não tenho nada pra falar com você. Vá embora.

A recusa do homem fez Ikki acender o sinal vermelho. "Ele sabe de alguma coisa... e vai me contar!", decidiu, e empurrou a porta com força suficiente para abri-la. Encurralado, o homem ainda tentou fugir, mas Ikki o deteve, forçando-o a sentar-se numa poltrona carcomida.

— Eu avisei que só queria conversar, mas você não me ouviu por isso tive de usar meu método. Agora me diga, onde está o corpo da Esmeralda?

— Ora, você mesmo o enterrou, não se lembra? – o velho perguntou, claramente sendo irônico.

— Como eu poderia esquecer? Mas agora voltei para buscá-la e só havia pedras dentro do caixão que enterrei. Para onde a levaram?

O homem riu e isso provocou a ira de Ikki, que lhe apertou a garganta.

— Qual é a graça, seu maldito?

— Já estou perdido mesmo – admitiu o homem, sufocando. Ikki afrouxou a mão. – A graça é ver você, que se julga tão esperto e tão forte, ter sido enganado todo esse tempo.

Ikki tremeu ao ouvir o que o homem acabara de pronunciar. Enganado? Ele? Como?

— Conta essa história direito ou eu quebro o seu pescoço.

O homem tornou a rir.

— Guilty sempre foi muito engenhoso – começou. Olhava para frente, sem focar em nada, como narrando uma história de tempos remotos. – Ele viu seu interesse naquela pequena vadia loira...

Ikki tornou a apertar o pescoço dele com força.

— Preste atenção no que vai falar dele – advertiu. – Sou eu quem está no comando. Escolha muito bem as palavras.

— Desculpe – lamentou-se, pouco sincero. – Como dizia, ele percebeu. E no mês do seu teste final ele veio falar comigo, pedindo ajuda numa coisa...

— Que coisa? – a cada palavra do homem Ikki ficava mais ansioso.

— Você nem percebeu! – ele debochou e riu alucinado.

— O que quer dizer? Fale logo, seu imbecil!

— Quero dizer que tudo não passou de uma armação!

Estupefato, Ikki soltou a garganta do velho, que tornou a gargalhar de forma insana.

— Guilty sabia que para despertar o ódio em você, a moça devia morrer. Ou pelo menos parecer morta.

Ikki sentiu-se nauseado. As cenas da morte de Esmeralda misturavam-se àquelas das duras batalhas que enfrentou nos últimos anos e ao pesadelo que teve muitas vezes, onde Hades trazia sua amada à vida para poder tirá-la outra vez(2).

— Não pode ser, você não pode estar falando sério – ele disse.

— Você mesmo viu que só havia pedras no caixão.

— Onde ela está? – perguntou, sentindo um nó formar-se na garganta. Controlava-se com muito custo para não matar o velho, a única pessoa que podia lhe esclarecer toda essa história surreal.

— Bom, isso eu não sei.

— Como não sabe? – Ikki explodiu.

— Depois de tudo, ela já não servia para muita coisa, sabe? A poção que demos para que ela parecesse morta deixou-a meio ruim da saúde, meio lelé da cuca, sei lá. Já que não tinha mais muita serventia, vendi.

Ikki cerrou os punhos. A cada frase que o velho dizia, ele sentia mais vontade de estraçalhá-lo com as próprias mãos.

— Vendeu a quem? – perguntou e respirou bem fundo, buscando controlar a vontade sombria de trucidá-lo.

— A um negociante de escravos do continente.

— Continente… – Ikki repetiu pensativo. – Quer dizer que ela não está mais na ilha?

— Claro que não.

— Você vai me dizer direitinho o nome desse cara e onde eu posso encontrá-lo.

— E o que eu ganho com isso?

— Eu podia dizer que ganha o direito de continuar vivo, mas vou lhe oferecer algo mais: dinheiro. Muito dinheiro.

O velho deu uma gargalhada debochada.

— Ah, desde quando você tem algum pra me dar?

— É sério, agora tenho muita grana. Dou quanto você quiser.

— Um milhão? – perguntou em tom de brincadeira, mas Ikki retrucou muito sério:

— Feito. Você vai comigo para o continente, me leva ao tal negociador e, se estiver tudo certo, eu pago o milhão que você quer.

O velho arregalou os olhos, um brilho de ganância reluzindo neles, e disse:

— Vamos encontrar sua Esmeralda.

—S-A-I-N-T-S-

Atenas, Grécia.

Em frente ao condomínio Olympus, Shiryu, usando sua armadura de Dragão, fala aos companheiros que também usam suas respectivas armaduras.

— Então é isso, pessoal. Seiya e eu vamos invadir a mansão Solo. O plano é entrar rápido, pegar a Saori e sair, com o mínimo de danos e, se possível, sem mortes. Vamos levá-la para o Santuário, onde vocês deverão estar a postos.

— Que palhaçada – Máscara da Morte comentou.

— O que foi, Máscara da Morte? – indagou Shiryu.

— Estou dizendo que isso tudo é uma palhaçada! Nós somos cavaleiros de ouro! Não vamos ficar bancando as babás da garotinha louca. Quando a coisa é séria, tudo bem. É para isso que estamos aqui. Mas loucuras da mimada? Faça-me o favor.

— Acho bom você ter respeito pela Saori, seu maluco de merda – irritou-se Seiya, e avançou para Máscara. Shiryu segurou o amigo.

— Vamos deixar as coisas claras por aqui, senhor Emanuele – Shiryu disse, enfatizando o verdadeiro nome de Máscara da Morte. – Ninguém é obrigado a ir. Chamei vocês aqui para expor o nosso plano. Quem quiser nos ajudar, será muito bem-vindo. Quem não quiser, não vai e pronto.

— Ótimo – disse o italiano e virou-se de costas, tomando o rumo da sua casa.

— Mais alguém não quer ajudar? – Seiya perguntou, mas todos permaneceram em seus lugares.

— Precisamos de alguém para dirigir até lá e mais um ou dois para nos dar cobertura – Shiryu disse e recebeu respostas positivas de Shura, Milo e Aiolia.

Antes de ir, Shiryu despediu-se de Shunrei.

— Espero que esse seu plano dê certo – ele disse depois de dar um beijo na esposa.

— Vai dar, meu amor! – ela respondeu e arrumou a franja dele sob a tiara da armadura. – Esperarei por vocês lá no Santuário.

— Isso se não formos presos...

— Você já sabe, se vocês forem presos, eu vou visitá-los na delegacia. Boa sorte, meu amor. Que Deus o proteja.

— Obrigado – ele disse, beijou Shunrei novamente e correu até o carro onde os companheiros já o esperavam.

No caminho para a mansão Solo, Shiryu foi explicando melhor a situação de Saori para os três cavaleiros de ouro e o que fariam depois que a resgatassem. Seiya permanecia calado e pensativo.

— Até quando vamos ter de ficar no Santuário? – Aiolia, que dirigia o automóvel, quis saber.

— Sinceramente, não sei... – Shiryu respondeu. – Vai depender de como a Saori reagir e, principalmente, do que o Julian vai fazer.

— Acha que ele vai tentar fazer alguma coisa? – Shura perguntou.

— Não tenho a menor dúvida que vai.

— Só espero que não precisemos ficar muito tempo no Santuário – confessou Milo. Estou curtindo minha casinha no condomínio, minha esposa.

— Sabe, Milo – Shura disse –, eu ainda não me acostumei com esse seu novo estilo.

—S-A-I-N-T-S-

Mansão Solo.

Julian saiu cedo e deixou Saori trancada no quarto, que transformou em uma pequena residência, equipada com tudo que a deusa poderia precisar, e deu ordens claras para que os empregados não a deixassem sair sob nenhuma hipótese.

Na metade da manhã, Saori sentiu os conhecidos cosmos de Shiryu e Seiya aproximando-se, além dos de Shura, Aiolia e Milo.

— Oh, não! Eles estão vindo – apavorou-se. – Se o Julian estiver sentindo isso também a coisa não vai prestar.

Sentia os cavaleiros mais e mais perto e precisava dar um jeito de pará-los. Tentou comunicar-se com eles através do cosmo, ordenando que parassem, mas não adiantou, continuava a senti-los cada vez mais próximos. Pouco depois, ela começou a ouvir sons de briga do lado fora da casa, seguidos de tiros.

— Não, não e não! – desesperou-se. – Não era pra ser assim!

Depois, ouviu Seiya gritar seu nome:

— Saori! Fique longe da porta! Eu vou derrubá-la!

— Seiya! Não! Volte para casa, Seiya! Isso não vai dar certo, o Julian...

— Esqueça esse maldito, Saori! – ele cortou. – Faça o que eu disse, afaste-se da porta.

Saori o fez e, com seus meteoros, Seiya pôs abaixo a pesada porta de madeira maciça. Sem pensar em mais nada, ele a tomou nos braços e beijou-a.

— Vamos embora daqui, meu amor – disse e pegou-a no colo.

Saori sorriu por alguns segundos, orgulhosa do seu cavaleiro, grata por ser amada com tanta intensidade, mas logo seu medo voltou.

— Seiya, ele vai começar uma guerra. E não é isso que eu quero.

Seiya beijou-a outra vez e fez um carinho no rosto dela, procurando acalmá-la.

— É para isso que nós servimos, não é? Para proteger você. Se for para haver guerra, então que haja. Estamos todos prontos e vamos lutar de novo se for preciso.

—S-A-I-N-T-S-

Empresas Solo.

— Mas que diabos! – Julian exasperou-se ao telefone quando lhe contaram o que acabou de acontecer em sua casa. – Eles fizeram o quê? Era só o que faltava! Aqueles soldadinhos de merda invadirem minha casa! Eles vão ver com quem se meteram! Posso não ter mais poderes divinos, mas ainda tenho dinheiro, e isso conta muito!

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

(1) No mangá, Esmeralda não é filha de Guilty, é uma escrava vendida pela família a um criador de porcos da Ilha da Rainha da Morte.
(2) Esse sonho aparece em algum capítulo de "O Casamento".
Revisado em fevereiro de 2019



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