Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 19
Capítulo XIX




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

 

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

 

 

 

Capítulo XIX

Pandora esperou Hyoga voltar para a quadra. Depois checou o visual no espelhinho de mão, retocou o batom e caminhou bem devagar em direção ao local. Embora estivesse em chamas por dentro, ansiando por um pouco mais de tempo com o russo, ela se esforçou para continuar parecendo entediada como estava antes.

Ao voltar para a mesa, encontrou Esmeralda tentando acalmar Stephen, que chorava a plenos pulmões, e Ikki ao lado dela, com cara de poucos amigos.

— Aí está você! – Ikki exclamou ao vê-la. – O garoto está chorando que nem louco! Aonde você foi, Pandora? Estava quase indo procurá-la!

— Precisei tomar um pouco de ar – ela respondeu, pegando o menino no colo. – Você está com fome, não é, meu príncipe? Acho melhor irmos embora. Você já tirou fotos com seu papai, já cumpri meu objetivo aqui. Pra mim já chega.

— Obrigado por ter vindo, Pandora – Ikki disse, suavizando a irritação. – Sei que você não queria.

— Eu só vim por causa dele. Stephen ainda não entende muita coisa, mas acho importante que passe essas datas festivas com o pai. Bom, um Feliz Natal para todos, mas agora vamos indo. Até amanhã, pessoal.

Os que estavam perto despediram-se, desejaram Feliz Natal a Pandora também, e ela saiu rapidamente, sem falar com os demais.

— Ela saiu quase correndo – observou June, baixinho. – Deve estar aprontando.

— Deixa ela, Ju... – censurou Shun. – Não coloca fogo...

— Por falar em fogo, acho que a gente devia ir embora também. – Ela pousou a mão na coxa de Shun, bem perto da virilha. – Isso aqui está chato. Em casa podemos deixar a coisa mais... quente.

— Vamos ficar um pouco mais, depois saímos de fininho.

Pouco depois, Hyoga aproximou-se da mesa deles.

— Natássia dormiu e a Eiri já está indo embora – ele anunciou. – Então eu vou também. Estou bastante cansado da viagem e amanhã quero passar o dia com a Nat. Preciso mesmo descansar.

— Esses artistas que vivem pra lá e pra cá... – Shun brincou.

— Pois é – assentiu Hyoga, sorrindo. – Um ótimo Natal pra vocês.

Ele despediu-se de todos calmamente e foi para casa esperar Pandora. Antes de ir, ela passou na casa de Ikki, amamentou Stephen, arrumou a bolsa dele, colocando também uma muda de roupa para si mesma. Depois atravessou a rua, certificando-se de que estava deserta, e caminhou rapidamente em direção à casa do russo. Bateu de leve na porta e ele abriu quase instantaneamente.

— Já estava achando que você desistiu – ele disse.

Estava impaciente, antecipando na mente as horas que passaria com ela e o que fariam. Os vinte minutos que ela demorou para vir pareceram uma eternidade.

— Não sou mulher de desistir do que desejo – ela disse. – E eu te desejo muito...

Instintivamente, Pandora olhou para os lados, verificando se ninguém a estava vendo, mas logo pensou que era bobagem e repetiu mentalmente: somos dois adultos solteiros, eu quero, ele também, está tudo certo.

— Entra – ele convidou, e deu um beijo de leve nos lábios dela, embora estivesse louco para começar logo a beijá-la inteira. – Vem, vou te mostrar o quarto da Nat. O Stephen pode ficar lá.

Pandora o acompanhou até o andar de cima. Esperava encontrar apenas um berço de armar para Natássia tirar um cochilinho da tarde quando estivesse com o pai, mas era um quarto completo, todo branco, com móveis da mesma cor, bem decorado, pronto para a menina morar ali e não para ficar apenas algumas horas.

Ela colocou Stephen no berço e ficou um pouco ao lado, esperando para ver se ele acordaria. Quando achou que ele ficaria bem, aproximou-se de Hyoga.

— Sou toda sua pelas próximas horas – declarou, tocando os lábios do russo com as pontas dos dedos.

Hyoga não disse nada, apenas tomou-a nos braços e beijou-a como se estivesse se apossando de algo que já era seu. Pandora correspondeu da mesma maneira e foram para o quarto dele aos tropeços, enquanto se beijavam e tentavam se despir, deixando pelo corredor as peças que iam tirando. Quando chegaram ao cômodo, estavam só com as peças íntimas de baixo.

Hyoga parou um pouco e admirou o corpo de Pandora com um olhar que ela classificou como faminto. A alemã achava que não estava em sua melhor forma apenas quatro meses depois de dar à luz, mesmo assim se sentia extremamente sensual e o modo como ele a olhou deixou-a ainda mais excitada. Queria ter tudo dele essa noite, queria deixá-lo querendo mais. E ia.

— Você é maravilhosa – Hyoga disse, e ainda reforçou, pausando sílaba por sílaba: – Ma-ra-vi-lho-sa.

Pandora sorriu satisfeita com o elogio e ajoelhou-se, admirando o volume que ele exibia sob a boxer de grife. Sem qualquer hesitação, ela abaixou a peça.

— Uau! – ela exclamou. – Ele é uma grande surpresa... Literalmente...

E o envolveu com os lábios sem a menor cerimônia. Sabia exatamente o que fazer, ele nem precisava dizer nada, não precisava guiá-la. Agora ele entendia o que Ikki não resistia nela... Apesar de estar adorando, ele a fez parar pois não queria terminar rápido demais. Respirou fundo um pouco, retomou o autocontrole e deitou-a na cama devagar. Tirou a calcinha dela e prosseguiu beijando e acariciando cada parte do corpo de Pandora, sem pressa, começando pelos pés. Quando apertou os seios, eles esguicharam leite, o que levou os dois a risadas.

— Desculpe – ela pediu ainda rindo, levando na esportiva o pequeno incidente. – Bebê de quatro meses, sabe como é...

— Tudo bem, eu gostei... – ele disse.

Na verdade, foi mais que gostar. Esse detalhe o deixou mais excitado. Aqueles seios grandes e cheios, seios de mãe... Não pensou conscientemente nisso quando a desejou na festa, mas achou que talvez seu subconsciente tenha feito essa correlação.

Hyoga demorou-se um pouco mais nas preliminares, mas estava ansioso para sentir-se logo dentro dela, então pegou o preservativo no criado-mudo. Tinha a impressão de que se encaixariam perfeitamente e assim foi, principalmente porque, ao invés de se intimidar, Pandora crescia, movia-se sem pudores, oferecia tudo a ele, enquanto sussurrava palavras provocantes.

Ela estava amando ter aquele russo sob, sobre, do lado dela. Queria aproveitar cada segundo de prazer. Sentiu tanta falta disso nos meses que passou sozinha na Alemanha, grávida, remoendo a mágoa pela forma como tudo acabou com Ikki, ansiando por um pouco de carinho e pelo calor de um homem.

Os meses de solidão e abstinência converteram-se nesse ímpeto incontrolável, que ela agora direcionava totalmente a Hyoga, e que a levou a um clímax intenso. Ele atingiu o ápice logo em seguida e então ficaram os dois quietos por alguns minutos, arfando, e pensando em como eram perfeitos um para o outro no quesito sexo, como se encaixavam bem um no outro. Imaginaram outras mil coisas que ainda gostariam de fazer. Havia tanto a explorar e descobrir... Mas teriam tempo. Por ora, ele apenas tirou o preservativo e levantou-se para jogá-lo fora.

Quando voltou do banheiro, admirou Pandora um pouco mais. Ela continuava deitada, nua, as pernas levemente abertas. Todas as outras rapidamente se cobriam com o lençol, ela não. Ela ficava com aquele corpo de mãe deliciosamente exposto e provocando-o. Ele se deitou ao lado dela, abraçou-a e beijou-a.

— Você é uma verdadeira força da natureza – disse.

— E ela foi bastante generosa com você. Deve ser o sangue russo… Mas agora vamos dormir um pouco porque logo o Stephen vai acordar.

—S-A-I-N-T-S-

Em casa, Shiryu tentava colocar Keiko para dormir enquanto Shunrei acomodava Yu Lin no quarto de hóspedes. Quando ela voltou para o quarto do casal, a bebê ainda estava  ativa e brincalhona mesmo àquela hora da madrugada.

— Ela não vai dormir agora – Shiryu disse, abraçando a esposa. Depois tocou carinhosamente o ventre dela. – Dormiu a tarde inteira para aguentar a ceia e esse é o resultado...

— Está pronto para isso? Para mais um filho?

— Totalmente pronto para a nossa família, nossos dois filhos, nunca mais noites de sono completas, com nossos dois bebês chorando, mais fraldas para trocar, mas muita, muita felicidade.

Shunrei sorriu.

— Falando desse jeito, parece mais um pesadelo, amor!

— Não... É bom que a gente enfrente tudo isso logo de uma vez. E vai ser bom para a Keiko ter logo um irmão.

— Ou irmãos. Quero encher essa casa de criança.

— Vamos com calma, amor… Deixa esse nascer pra ver como será, se vamos dar conta... E também vamos ver como a gravidez evolui, como vai ser o parto... Lembre-se de que no da Keiko tivemos imprevistos... Não está com medo?

— Não vai acontecer nada desta vez. A gravidez vai até o fim, e se tudo correr como espero, o bebê vai nascer aqui, de parto normal, como eu queria que fosse o da Keiko.

Shunrei deu um longo bocejo, que contagiou Shiryu. Estava cansado, com sono, com a cabeça doendo um pouco, provavelmente por causa do vinho que tomou na ceia, mas ela precisava descansar mais que ele.

— Vá dormir, amor – ele disse a ela. – Keiko está elétrica. Vou descer com ela, brincar um pouco, tentar cansá-la.

— Eu vou aceitar essa oferta – ela respondeu, e deu um beijo de boa noite no marido e outro na filha. Depois que ele desceu com a menina, ela aconchegou-se nas cobertas e logo adormeceu. Nem percebeu quando Shiryu voltou pouco mais de uma hora depois, com Keiko nos braços, dormindo tranquilamente.

—S-A-I-N-T-S-

Para Ikki e Esmeralda a ceia também chegou ao fim. Voltaram para casa e agora se preparavam para dormir, ele já deitado na cama, ela ainda tirando a maquiagem na penteadeira.

— Você gostou mesmo das joias? – ele perguntou.

— Eu amei – ela respondeu. – Mas sabe que eu não me importo com coisas caras. Se fossem bijuterias, eu estaria feliz do mesmo jeito. Além disso, onde é que eu vou usar essas esmeraldas tão caras, Ikki? Não precisava.

— Se eu posso te dar joias verdadeiras, dou joias verdadeiras – ele justificou. – É tudo dinheiro daquele Kido safado mesmo. Posso dar o que você quiser. É só pedir.

— Se você fizer todos os meus gostos, eu vou ficar mimada demais.

Ele levantou da cama e a abraçou por trás.

— Você merece ser mimada depois de tudo que passou.

Ela deu um longo suspiro.

— Às vezes ainda acordo no meio da noite e olho para você dormindo ao meu lado, de boca aberta, roncando alto, e me pergunto se é mesmo real… E preciso tocar você pra ter certeza.

— Acha que eu não sinto o mesmo? Pensei que a minha vida tinha acabado quando você… quando achei que você morreu. Aquilo tudo que eu vivi... aquilo foi o inferno e o me transformei em um demônio.

— Era como se eu tivesse mesmo morrido e ido para o inferno também. Mas ficou no passado, tudo ficou no passado. Temos que pensar no futuro agora. Você tem um filho, não devia gastar com joias sem pensar.

— Não se preocupe com isso. Tenho muito mais que o suficiente. Aliás, acho que vou dar uma olhada nele.

— Não vá... Deixe os dois quietos – ela pediu.  

— Está certo. Vamos dormir, meu bem.

—S-A-I-N-T-S-

Longe do condomínio, Jabu e Mino acomodavam a família em um hotel. As crianças dormiam, ainda com as roupas da ceia. Mino só tirou os sapatos deles, abriu as camisas dos garotos e tirou a meia-calça de Mimiko, na tentativa de deixá-los confortáveis. Depois cobriu os três com uma colcha grossa, para que ficassem quentinhos. Só então ela se trocou e deitou ao lado de Jabu.

— A Eiri queria que a gente ficasse na casa dela – ela disse, abraçando-o. – Mas com três crianças, nós somos uma visita bem trabalhosa...

— Eu também tenho uma casa lá no condomínio, mas como não pretendia usar, não tem nada lá. Vou providenciar móveis para as próximas vezes que viermos... Já devia ter feito isso.

— Você gostaria de vir morar aqui, junto com seus companheiros?

— Você gostaria? – ele retrucou.

— É um país tão diferente do Japão... Mas tem a Eiri e o condomínio é um bom lugar para criar nossos filhos. Infelizmente preciso desapegar do orfanato agora que tenho três crianças.

— Quando a papelada definitiva da adoção dos três sair, podemos vir.

— Antes eu preciso saber uma coisa. Nesse tempo juntos, evitamos o assunto como se ele nunca tivesse existido, mas é preciso falar nele. Diga, o que você sentiu quando viu a Saori hoje?

— Só se você me disser o que sentiu quando viu o Seiya.

— Eu não senti nada – Mino respondeu sem hesitar. – Ou melhor, eu senti sim... Percebi que as coisas acontecem como têm de ser. O sentimento que eu tinha por ele foi especial, mas só existiu para mim. Agora, com você, é real. Eu sinto que era para ser exatamente assim, eu, você e nossos filhos, uma casa cheia de amor e respeito.

— Eu te amo tanto, Mino... – ele disse, e deu um beijo nela. – E sabe o que eu senti ao ver a Saori? Eu senti pena dela... Ela é milionária, tem alguém que a ama, tem uma filha linda, e que claramente não é desse homem, mas parece que ele não se importa, então deve estar tudo bem quanto a isso. Mesmo assim, mesmo com tudo isso, com o vestido caro e o novo visual, eu vi a melancolia nos olhos dela... Ela não é feliz como nós somos. Ela está tentando, mas ainda não é… Eu só espero sinceramente que algum dia seja.

—S-A-I-N-T-S-

Depois de algumas horas de sono, Pandora acordou. Estava sozinha na cama de Hyoga e espreguiçou-se demoradamente, sentindo-se relaxada e feliz. Levantou-se e viu que as roupas que ficaram espalhadas pelo corredor estavam dobradas sobre a poltrona e que Hyoga tinha deixado sobre a cama uma toalha e um roupão. Ela sorriu diante da gentileza e aproveitou para tomar um banho rápido. Depois vestiu o roupão, que era a coisa mais fofa e felpuda que ela já tinha usado na vida, e foi checar o filho. Já passava das seis da manhã e ela estranhou que ele ainda não tivesse acordado para mamar. Antes de abrir a porta do quarto, ouviu as risadinhas de Stephen, e ao entrar viu Hyoga com o menino no colo, brincando. Olhou docemente para os dois e pensou que aquela cena bem que podia se repetir, que os três podiam ser uma família.

“O que estou pensando?”, ela se perguntou. “Sei muitíssimo bem que ele não é de se prender a ninguém… A Eiri que o diga. Ainda mais agora, com essa coisa toda de Hollywood… Tudo bem. Está tudo bem, Pandora. Isso é o que é… Foi só uma transa incrível e podem rolar outras, mas serão somente isso.”

Ele finalmente notou-a na porta e foi até ela carregando o bebê.

— Bom dia – cumprimentou-a com um beijo. – Estava descendo para fazer o café e resolvi dar uma olhada nele. Já estava acordando, querendo chorar, então troquei a fralda e estava distraindo ele um pouco até não dar mais e ele começar a berrar de fome.

— Eu estranhei ele ainda não ter chorado porque passou da hora de mamar...

Ele deu mais um beijo nela e entregou-lhe Stephen.

— Vou fazer o café. Chamo você quando estiver pronto.

— Ok – ela respondeu, sentando-se na poltrona. Não pôde evitar pensar novamente que a cena podia se repetir… Ela e Stephen no andar de cima, Hyoga preparando o café lá embaixo, como se fossem uma família... – Estou sendo boba de novo, né, filho? – perguntou, dando um beijinho no bebê. – Acho que é meu carma.

Pandora abriu o roupão e colocou o menino no seio. Quando ele terminou de mamar, ela o fez arrotar e o colocou no berço novamente. Pegou a muda de roupa que trouxe na bolsa de Stephen e guardou as sujas. Vestiu a calcinha e quando ia colocar o vestido, Hyoga entrou no quarto.

— O café está pronto, mas nem sei mais se quero comer… – ele disse, olhando para ela do mesmo jeito faminto de horas atrás.

— Pois eu quero comer! – ela exclamou, e se exibiu para ele um pouco mais, rodopiando pelo quarto. – Você é maravilhoso, mas estou morta de fome! Lembre-se que Stephen depende de mim para se alimentar. – Ela segurou os seios, balançou-os para provocá-lo e riu. – Ele depende desses peitos aqui e para eles continuarem tendo muito leite preciso me alimentar bem.

— Eu sei… – ele disse. – Por isso fiz um café reforçado.

Ela vestiu o vestido lentamente, prolongando a provocação. Depois o acompanhou até o andar de baixo.

— Isso que aconteceu hoje… – ele disse enquanto servia o café. – Não vamos rotular.

— Eu não sei mesmo se estou pronta para rótulos… – ela afirmou, embora não fosse completamente verdade.

— O que eu sei é que adorei o que houve e gostaria muito que se repetisse, assim mesmo, sem compromissos, sem cobranças... Queria muito que não fosse uma noite apenas.

Eu só não quero que você crie expectativas além disto… Vamos deixar rolar e ver o que acontece.

— Assim está perfeito pra mim – ela disse, procurando demonstrar segurança, e começou a comer os ovos mexidos que ele preparou.

Na verdade, não era bem isso que desejava. Seu lado racional estava decidido a evitar que a história equivocada com Ikki se repetisse. Mas o outro lado, o da mulher o que ansiava pelo amor que nunca teve, desejava que Hyoga se apaixonasse perdidamente, que ele a amasse como ela achava que merecia ser amada e que ela o amasse da mesma forma.

—S-A-I-N-T-S-

Ikki estranhou não ouvir o choro de Stephen nenhuma vez durante a noite, nem agora de manhã. Estranhou ainda mais quando Pandora não desceu para o café. Resolveu checar e bateu à porta do quarto. Como ela não respondeu, abriu-a. A cama estava arrumada e ele percebeu que nem ela nem o menino passaram a noite lá. Quando desceu, ele comentou com Esmeralda.

— A Pandora não passou a noite aqui. Ela te falou alguma coisa?

— Não me falou nada. Acha que ela foi embora?

— Não. A mala está lá no quarto... – ele respondeu, pensando em qual das casas do condomínio ela estava e com quem.

Já estava saindo à procura dela, quando a alemã voltou com Stephen nos braços. Estava alegre, corada e, como ele bem observou, de cabelos molhados.

— Estava preocupado – Ikki disse. – Não passou a noite aqui.

— Pois não devia se preocupar… Estamos ótimos.

— Vai tomar café? – ele sondou.

— Eu já tomei.

— Ah, é? E onde?

— Não interessa – ela respondeu, com um largo sorriso no rosto.

— Interessa se você levou meu filho junto.

— Eu passei a noite com uma pessoa, algum problema? Stephen estava seguro, dormiu tranquilamente em outro quarto. Não que ele fosse entender o que estava rolando entre mim e o cara gostoso com quem eu estava, mas eu não ia fazer nada com meu filho no mesmo quarto. E por que é mesmo que eu estou lhe dando satisfações? Não somos mais nada um do outro. Você é só o pai do Stephen, não é nada meu.

— Eu me preocupei com vocês. Só isso. Gostaria de ser avisado quando for sair assim com ele. Se tivesse dito que ia sair para dar para alguém, a gente ficava com ele na boa.

Pandora franziu a testa, sem acreditar na grosseria que estava ouvindo. Depois lembrou que esse que estava falando com ela era o velho Ikki, o Ikki antes do retorno de Esmeralda do mundo dos mortos.

— Então eu deveria te avisar quando estiver com vontade de “dar para alguém”?

— Só para que eu fique com o Stephen...

— Vai se foder, Ikki – ela retrucou, e subiu para o quarto com o filho. Colocou-o na cama, protegendo-o com travesseiros ao redor, e deitou-se também. Agora estava duplamente satisfeita porque a noite com Hyoga tinha sido maravilhosa e Ikki estava se rasgando de raiva. Aproveitou que Stephen dormia e resolveu dormir um pouco também. Só acordou horas depois, quando o menino chorou. Amamentou o bebê, arrumou suas coisas e as dele, e desceu levando-o. Encontrou Esmeralda na sala, lendo uma revista. Ikki aparentemente não estava em casa e ela sabia o que ele fazia: estava sondando por aí, tentando descobrir onde ela passou a noite.

— Boa tarde, Esmeralda – Pandora cumprimentou.

— Ah, boa tarde, Pandora. Está com fome? Já almoçamos, mas a Pani esquenta o seu almoço rapidinho.

— Não, estou bem, obrigada. Tomei um café bem farto no lugar onde passei a noite.

— Ah, sim? – indagou a loira. Estava curiosa mas não perguntou nada. – Hum… Espero que seja uma ótima pessoa. E já que foi aqui, só pode ser algum dos cavaleiros!

Pandora deu um sorriso enigmático.

— Só garanto que foi um dos solteiros!

— Pelo visto ele estará solteiro por pouco tempo.

— Tomara... Bom, eu vou chamar um táxi. Já está na hora de voltar para a minha casa.

— Ah, pensei que ia ficar um pouco mais no condomínio, agora que está interessada em alguém...

— Não... Eu quero que ele sinta saudade e vá me procurar.

Esmeralda assentiu com um sorriso, enumerando mentalmente os cavaleiros solteiros que podiam ter ficado com Pandora. Não eram muitas as opções e ela logo lembrou que um saiu da ceia logo depois da alemã.

—S-A-I-N-T-S-

À noite, já em seu apartamento, Pandora surpreendeu-se com a campainha tocando. A única visita que costumava receber era de Ikki, porém combinaram que ele sempre telefonaria antes. Imaginou se ele estaria tão irritado a ponto de aparecer sem avisar, mas quando abriu a porta, recebeu um beijo ansioso e urgente de Hyoga.

— Não consegui parar de pensar em você o dia inteiro – ele disse. – Passei o dia com a Nat, mas só pensava em te ver de novo…

Ela também não conseguia parar de pensar nele, mas resolveu não admitir.

— Eu ia jantar agora... Tenho aprendido a cozinhar porque logo o Stephen vai começar com as papinhas e eu quero que ele se alimente bem. Está a fim?

— Estou com fome de você… – ele declarou, e a segurou firme pela cintura.

— Vamos resolver isso daqui a pouco – ela disse. Queria provocá-lo, fazê-lo esperar para que a desejasse ainda mais. – Depois que você provar o meu jantar.

— Não vou poder ficar duas semanas na Grécia como pretendia. Preciso voltar para os Estados Unidos logo depois do Ano Novo. Quero aproveitar bem esses dias porque vou sentir muita, muita falta de você.

— Vai nada, Hyoga!

— Até lá, posso ficar vindo te ver?

— Pode. Mas da próxima vez, telefone antes. Não quero que você e o Ikki se encontrem aqui.

— Certo... Ainda é cedo para ele saber...

— Vem, vou servir o jantar – ela chamou. Aquele seu lado racional dizia para ter cuidado, mas o lado romântico já estava vendo um comecinho de namoro nessa urgência toda, já estava achando que o que quer que estivesse rolando entre ela e Hyoga, começava a ser um pouco mais que apenas sexo casual.

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Foi uma novela, mas o cap saiu!

Pand e Oga, do jeito que eu queria! Tô muito apaixonada por eles! Acho que funcionam muito bem no contexto desta história. Thaiane, obrigada mais uma vez pela luz no fim do túnel! :3

A cena do Shiryu com a Keiko acabou virando uma side story chamada “Do Jeito Dela” porque eu quis me adiantar e publicar no aniversário da Keiko-chan.

Agora acho que estamos bem perto de um grande salto temporal... Shizão que se prepare...

É isso!

Obrigada a todos que estão acompanhando!
Beijoooooo



Chii



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