Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 23
Terra


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, tive uns probleminhas no feriadão =S
Mas aqui está o/
Surpresa: É o último capítulo da parte 1.
Espero que gostem ^^



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― Se afastem do centro! ― gritou Larissa para os bruxos, que ainda estavam parados e perplexos com o alto estrondo que parecia reverberar em suas mentes.

Os bruxos, arrastando seus instrumentos o mais depressa que podiam, se afastaram do centro do salão. Todos ofegantes e assustados se reagruparam num canto oposto.Larissa, puxando Rodrigo pelo pulso, seguiu-os, quando outro estrondo se fez ouvir. Desta vez mais alto e mais profundo, como um bocejo vindo da terra. Nesse instante, todos os bruxos que antes atacavam o templo se retiraram o mais rápido possível dali.

Com a correria, Guerra se aproximou de Larissa sorrateiramente e fitou o centro do salão. Lá, uma cratera se formou, engolindo tudo a sua volta e lançando no ar uma brisa fresca e doce, que inundou as narinas de todos os presentes. Naquele momento, os bruxos da terra, antes apavorados, se encheram de coragem e majestade, recomeçando o louvor à Terra, desta vez mais intensamente, com uma energia nova. E então, da cratera,começaram a sair vários animais terrestres: gazelas; leões; tigres; rinocerontes; hipopótamos; crocodilos; serpentes; macacos; lobos; aranhas e até alguns animais pré-históricos; o que surpreendeu Rodrigo, que encarava um dentes-de-sabre. Os bruxos nem se importaram quando os animais começaram a se aproximar deles, fazendo sons agudos e graves, uma verdadeira algazarra. Naquele momento, eram bruxos e os animais entoando louvores, cada um do seu jeito. E então, da terra úmida e fria da caverna, começaram a brotar pequenas plantas, que cresciam rapidamente e logo se tornavam árvores. Árvores estas que cresceram até arrebentar e destruir totalmente o teto de rocha sólida, deixando o sol adentrar no que antes era uma caverna. O cenário agora lembrava muito um coliseu em ruínas. Algumas outras plantas continuaram pequenas, formando as plantas rasteiras de uma floresta recém-nascida que crescia.

― É o momento ― sussurrou Guerra com um meio-sorriso, enquanto fechava os olhos, se permitindo respirar fundo o aroma doce que ainda se espalhava.

E então se deu o ápice da ressurreição. A cratera se fechou do mesmo jeito que surgiu: repentinamente. Mais plantas rasteiras cobriram a terra úmida, formando uma clareira na floresta, onde antes estava a fenda. Lá, dois filamentos dourados se erguiam do chão. Eles se entrelaçaram como duas serpentes e logo formaram um esqueleto metálico de três metros de altura. Em seguida, pedaços de madeiras maciças começaram a se soltar das árvores próximas e a flutuar até o esqueleto, formando, claramente, órgãos. As plantas rasteiras e alguns cipós se juntaram às madeiras, formando artérias e veias verdes e viscosas. A terra também se ergueu e cobriu tudo aquilo, dando uma silhueta humana e feminina ao corpo que ali ressurgia. Outra camada de metal, juntamente com pedras preciosas, se ergueu do chão, formando um vestido longo e brilhante e uma coroa enorme, cheia de entalhes e de penduricalhos, que recaíam sobre a testa e as têmporas da Senhora Eterna. A Terra abriu os olhos e Rodrigo arfou.A íris de seus olhos eram dois pedaços de ouro perfeitamente lapidados. Ela tomou uma expressão divertida e ergueu as mãos para os céus. Do chão, outra coisa se erguia sobre a Terra. Começou a se formar igualmente à Senhora Eterna, porém, seus pêlos é que eram dourados e, a sela onde a Terra ia sentada, era de um vermelho-rubi. O ser formado ali era um camelo. Um camelo grande, dourado e robusto. A Senhora Eterna, muito imponentemente, incentivou seu camelo dourado a prosseguir até o grupo de bruxos e sorriu para Larissa. Um sorriso puro, infantil, doce e angelical. Neste momento, todos os presentes, inclusive Guerra, se ajoelharam diante da majestade da Senhora Eterna.

―Levantem-se, meus queridos― disse Terra. A voz era profunda e imponente, mas ao mesmo tempo gentil.

Todos a obedeceram. Colocaram-se de pé e a encararam. Ela ainda sorria e encarava Larissa.

― Meus parabéns, minha filha querida ― disse ela. ― Foi muito corajosa em reuni-los como pedi. Você foi realmente uma guerreira.

Larissa sorriu envergonhada e recolocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. Terra se virou para Guerra e sorriu ainda mais.

― Agradeço a você também, minha filha linda ― disse Terra e desceu do camelo, abraçando Guerra bem apertado. Vendo as duas, uma ao lado da outra, Rodrigo sorriu, pois Terra era muito mais alta que Guerra, o que lhe dava mais imponência ainda.

As duas se emocionaram, mas logo se soltaram.

― É muito bom vê-la, mãe ― disse Guerra secando suas lágrimas.

― A Guerra é... filha da...― Rodrigo estava boquiaberto.

― Sim, ela é minha filha ― respondeu Terra encarando o mestiço com um sorriso, que logo se desfez. ― Mestiço?

Rodrigo engoliu em seco e assentiu.

― É um prazer finalmente conhecê-lo pessoalmente ― disse ela voltando a sorrir. ― Mas temos que ser cautelosos e rápidos. Poder não descansa e já deve ter percebido que eu retornei. ― E ficou séria, voltando o olhar para o solo abaixo de si.

Bateu o pé com força no chão, causando um leve tremor ao seu redor. Logo, uma espécie de pequeno cupinzeiro se ergueu do chão e cuspiu uma fumaça negra no ar, que rodopiou e se agrupou numa silhueta humana que logo tomou cor. Rodrigo estava novamente boquiaberto. A pessoa ali parada à sua frente era Júlia e ela carregava o corpo inerte do bruxo.

― Júlia? ― perguntou ele confuso.

A Senhora Eterna, que parecia tão confusa quanto ele, olhou para o corpo em seus braços e logo o depositou no chão.

― Helena vai me matar ― disse de sobrancelhas franzidas e encarou Terra, suavizando a expressão logo em seguida. ― Por que me trouxe aqui?

Terra ergueu as sobrancelhas e colocou as mãos para trás, caminhando em direção à Morte. Com esse movimento, seu vestido e seus penduricalhos tilintavam como mil pequenos sinos. Terra encarou Morte nos olhos, o que significava que ela tinha que curvar a cabeça.

― Você faz parte do plano, querida ― disse Terra com um sorriso malicioso. ― Você, juntamente com o nosso falso mestiço, irá para o planeta Terra. Lá, devem buscar pela criança da profecia. Vão precisão de muita coragem. E de mais uma coisa ― e então a Senhora Eterna se abaixou, pegando um punhado da areia úmida sob seus pés. ― Irá guiá-los. ― E estendeu a mão cheia de areia para Júlia, que abriu a mão sob a dela. De repente, Júlia segurava um instrumento de puro ouro.

― Obrigada ― disse Júlia sem questionar, com um sorriso.

Terra sorriu assentindo e voltou a colocar as mãos para trás, se afastando do grupo.

― Agora, vocês precisam que Sonho recoloque a consciência de Rodrigo em seu devido lugar ― disse Terra de costas para eles. ― Eu estarei abrindo o portal para a Terra. ― E começou a cantar uma canção na linguagem antiga de Atlantis, gesticulando com os braços e aumentando cada vez mais o som grave de sua voz.

Morte encarou Rodrigo, que assentiu.

― Sonho, precisamos de você ― disse Rodrigo quase num sussurro.

Imediatamente, o Senhor Eterno apareceu ao seu lado, ainda esvoaçante e majestoso. Porém seu olhar era preocupado enquanto encarava Terra ao longe.

― Vamos rápido com isso, ok? ― disse Sonho engolindo em seco e encarando o mestiço. Rodrigo assentiu. ― Pelos poderes investidos a mim, como Sonho, devolvo a consciência deste bruxo para seu devido corpo. ― E tocou em sua testa.

Naquele exato momento, Rodrigo acordara, já em seu corpo. Apalpou o abdômen e encarou Júlia com um sorriso eufórico.

― Não sinto nada ― disse ele.

― Que ótimo, amor ― disse Júlia o ajudando a se levantar e lhe dando um beijo apaixonado. ― Agora, de olho nela. ― E acenou com a cabeça na direção da Terra, que acabara de bater com o pé no chão outra vez.

Rodrigo voltou e concentrou seu olhar em Terra, que agora dera um grito excruciante. Era como se estivesse dando a luz. Porém num portal de pura escuridão. Pois o que surgira do chão fora um enorme umbral dourado. Porém, dentro dele, onde deveria estar a porta, nada era possível ver, apenas breu. O mestiço engoliu em seco quando Terra respirou fundo e gesticulou para que ele e Júlia se aproximassem. Mas, quando o bruxo deu seu primeiro passo em direção à Senhora Eterna, uma explosão se ouviu, às portas do templo. Terra endureceu o rosto e encarou a entrada.

― Rápido, entrem! ― gritou ela sem tirar os olhos da entrada.

Júlia e Rodrigo correram na direção do umbral, porém uma explosão aconteceu no meio do caminho, os jogando para trás.

Na entrada, onde havia árvores chamuscadas, estava um ser que Rodrigo não conseguia ver o rosto. Alto, porém não tanto quanto Terra, pele morena e usando um terno completo. Além de estar segurando um cetro dourado com a famosa cabeça de naja entalhada nele.

― Ninguém vai fazer viagens intermundiais hoje ― disse o homem parado à entrada. Sua voz era firme e poderosa.

Terra não se abalou.

― Poder ― disse suavemente. ― Quanto tempo não nos vemos, não é?

E mais duas pessoas apareceram atrás de Poder. Um homem e uma menina. Júlia derramou lágrimas de ódio ao notar que a menina era sua irmã. Já o homem, como todos já esperavam, era o Destino.

― Faremos de tudo para impedi-la ― disse Destino entre dentes.

Terra deu de ombros e pisou forte no chão novamente, fazendo uma ondulação de terra ir em direção dos Senhores Eternos, que foram atingidos em cheio, sem tempo para revidar. Num piscar de olhos, Terra pegou Rodrigo e Júlia pelas mãos e os carregava em direção ao portal. Foi quando quatro sombras entraram na frente e se atiraram no portal antes deles.

― Essa não ― disse Terra boquiaberta. ― Vocês precisam ir agora! Guerra, vá com eles! Entrem! ― E empurrou as duas Senhoras Eternas e o mestiço para dentro do breu.

Fim da parte 1


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram da Terra? E do final? Mande reviews comentando.
Vocês querem a segunda parte? Mandem reviews para eu saber... E aí eu posto aqui ^^
Até algum dia meus queridos o/
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Bem... Eu já postei a segunda parte, aqui está: http://fanfiction.com.br/historia/295550/Sombras_No_Espelho_Parte_2_-_A_Crianca/