Persona: Odim escrita por Kain Legado


Capítulo 3
Capítulo 3




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A verdade que se esconde por traz de tua verdadeira faceta deve ser revelada. Mesmo que um dia ela se perca no mar que há em tua alma, por cair no esquecimento de teu verdadeiro eu.

Pois a arcana é o meio pelo qual tudo é revelado

Viver para morrer, morrer para renascer, renascer para viver... O eterno ciclo ao qual a humanidade foi atada. O homem, incapaz de ver além de seu próprio ser, jamais será capaz de compreender quais são os verdadeiros grilhões que o prendem, tornando assim inevitável a perda de sua preciosa e imoral liberdade...

Entretanto, ele não parece se importar com tamanho desconforto. Na verdade, eu me sinto feliz em saber que estarei preso a minha preciosa e única mãe durante sete ciclos. Não importa o preço que tenha de pagar a cada novo começo.

1° Ato:

Repetindo o Mesmo Erro

Em exatos quinze minutos, de acordo com o relógio de meu celular, a hora negra chegaria. Tudo que fazia, era ficar olhando do telhado do colégio, seu imenso e gasto pátio. Quantas memórias eu havia criado ali? Quantas eu desejava poder esquecer? Quantas eu desejava poder eternamente manter para mim?

Pressionei o dedão e o dedo indicador da mão direita, cada um em um canto dos olhos. Respirei fundo e tentei limpar minha mente de todos os pensamentos. Eu repetia aquilo já fazia mais de meia hora, evitando olhar para o relógio para não causar ansiedade.

Manter a calma era algo que, aprendera ser essencial em todos os filmes sobre guerras na idade média que vira. Manter sua mente limpa e vazia durante o combate faria a diferença entre, se manter agarrado à vida, ou abraçar a morte...

Mesmo que me esforça-se, aquilo não estava dando certo. Minha mente se enchia de pensamentos sobre tudo que acontecia, sobre ter de vencer Yami, sobre ter de salvar Jessica, sobre ter de desvendar a hora negra e o labirinto. Aquilo rodava minha mente como um planeta em orbita com uma grande estrela.

Havia conversado com Bianca há uma hora, mais ou menos. Revisamos novamente, que um assalto aéreo, poderia me dar certa vantagem. Sim eu sabia que ela tinha ataques de longe, mas eles perdiam eficiência na medida em que estava mais distante de seu alvo. O fato de ter sobrevivido a um ataque de vento daqueles, pois estava mais longe de Yami, era o que me motivava a acreditar na teoria.

Meu plano inicial era deixar que ela começasse atacando de longe, e no momento que se aproximasse, deixaríamos nossa vantagem para atacar mais de perto, pois ela estaria mais cansada.

Então, bateu a meia noite, e como se fossem portões para um baile de galã se abrindo, o coliseu mais uma vez se ergueu meio a um mar de gritos vindo de fora, e um mar de gritos vindo da platéia. E novamente, do outro lado da arena, em seu trono, estava Yami...

Notoriamente todo local havia se reparado dos demais danos provocados no último confronto, e Yami ainda sentada falou com toda soberania que possuía:

- Arthur-Kun? A que devo o enorme prazer de tê-lo em minha morada, nesta noite maravilhosa? – E com seus servos ao lado lhe alimentando com uvas, e a abanando prosseguiu. - Deixe-me adivinhar. Não resistiu ao meu charme e decidiu voltar para me servir como um gladiador. Estou certa? – E com as costas da mão esquerda na boca, deu uma risadinha debochada.

- Você sabe muito bem porque estou aqui Yami! – Falei, deixando claro que não queria brincar, o que acabou com seu bom humor aparente.

- Quem você pensa que é!? Creio que a lição que lhe dei da última vez não foi o bastante!

Já perdendo em parte sua compostura, ela se ergueu do trono e veio até a beirada de seu altar.

- Se anseia tanto assim pela morte, desça aqui.

- Não sou idiota Yami, é daqui que eu tenho toda vantagem que preciso!

Puxei então minha espada de duas laminas, que até então carregava em uma simples bainha de madeira, providenciada por Bianca, para fora. Respirei fundo, e a encravei no chão, torcendo-a para quebrá-la.

Novamente, como se fosse à coisa mais natural que havia em mim, a energia começou a fluir sem demora, e para chamar a frente meu eu verdadeiro gritei:

- Pendragon, faça jus ao vosso nome!

Então quebrando a espada, Uther surgiu novamente a minha frente já empunhando sua arma. Olhei em seus olhos, e como se olhasse para um espelho, vi a determinação necessária para vencer Yami. - Agi!

Na medida em que ia gritando a mesma palavra, Uther fazia o local próximo a Yami explodir em chamas. Notei que havia um intervalo entre cada disparo, e tomei nota mental disto.

A vantagem que tinha com Agi, é que não importava a distancia, Uther poderia atingir aquilo que visse. Entretanto, quando mais longe mais impreciso a técnica ficava. Tanto que das, pelo menos, cinco vezes que a usei, acho que, somente uma acertou Yami em cheio.

Notoriamente mais irritada, ela saiu deslizando pelo ar, e veio para cima de nós. Isto confirmava minha teoria de que ela não andava no ar, mas sim, que voava por ele. No momento em que se aproximou o suficiente ordenei:

- Uther! Desça!

Entendendo minha ordem, mesmo que incompleta. Uther me agarrou e pulo do telhado para a arena. Em tempo de eu ver e ouvir Yami lançar seu ataque de vento, destruindo boa parte do velho telhado do colégio. Quando me largou em solo firme, ordenei mais duas vezes:

- Agi! Agi! – Entretanto os dois não eram dirigidos para Yami, um deles sim aconteceu atingido ela, porem o outro aconteceu não muito longe de Uther e eu. Sabia que era ariscado fazer algo assim, mas era uma chance de acabar com aquilo.

Não, eu não sou suicida, só louco. Yami recém-atingida e pairando no ar, olhou para a arena e viu um enorme campo de poeira erguido de meu ataque. Já irritada e perdendo a racionalidade, ela disparou seu principal ataque varias vezes:

- Zanma! Saiam de suas tocas seus ratos! Zanma! Ou morram como os ratos covardes que são! Zanma! – Bufando de raiva e agora cansaço, Yami ficou a olhar sua arena agora cheia de buracos, mas que devido ao vento estava clara de se ver.

Só havia eu parado meio aos buracos, Yami sorriu se preparando para lançar o ataque finalizador, mas esqueceu-se de alguém.

Usando de toda a agilidade que Uther tinha, o fiz disparar pelo portão da arena aberto, assim ele deu toda à volta para subir para o telhado pelo lado de fora da escola. Não estava em meus planos, mas acho que Yami se esquecera de fechá-los, uma vez que não esperava ninguém ali naquela noite. Yami sentiu sua presença tarde demais. Quando foi se virar Uther já estava com a espada erguida e pronta. Eu também estava com o coração a mil, afinal poderia ter morrido na hora que mandara Uther para longe, mas ainda consegui apontar na direção de Yami, e gritar:

- Esmagador de Crânios!

E como se voltássemos no tempo, Uther desceu do mesmo modo sua lâmina através de Yami, assim a partindo ao meio. E dos céus de onde Yami estava, a vi virar a gosma novamente e cair para o chão. Sabendo o que poderia vir, não parei:

- Agi! – E seguindo minha ordem, Uther fez o preciso local que a gosma estava explodir. Assim repeti a dose pelo menos três vezes por garantia.

Quando a poeira baixou, olhei fixamente para a cratera onde estaria Yami. E ali estava somente uma gosma rocha. Temendo pelo pior, acabei por cometer o primeiro erro, ordenei a Uther:

- Esmagador de Crânios!

Quando ele foi descer sua lamina sobre Yami, a gosma reagiu. Ela literalmente cobriu Uther em uma esfera de si própria. Eu senti uma imensa dor, que me pôs de joelhos gritando. Uther certamente estava sendo ferido, dentro do que, seja lá, o que fosse aquilo, e se continuasse eu certamente estaria acabado. Foi ai que lembrei, era arriscadíssimo fazer o que pensara, mas evitaria que perdêssemos daquela forma.

- Uther! Volte! – Gritei ainda de joelhos.

Senti quando a dor cessou. O que indicava que Uther regressara, mas que também significava...

Yami lentamente foi se refazendo, e tudo que pude fazer foi ficar olhando. Quando ela voltou a seu estado natural, a vi carregando minha espada, o que significava que não poderia invocar Uther.

Ela parou e admirou a arma, em seguida começou a rir de forma descontrolada:

- HAHAHAHAHAHAHA, então é isso? Sem seu brinquedinho você não consegue chamar seu cavaleiro? Você é digno de ser chamado de o mais fraco, acho agora que nem presta para ser um de meus gladiadores... Talvez um escravo... NÃO! Tudo que você merece é virar pó. – Ergueu a mão livre em minha direção. - Eu vou te dar o tratamento que um rato merece Arthur-Kun. Zanma!

Esforcei-me para rolar para o lado, entretanto o golpe foi mais rápido, me atingindo quase que em cheio, o que me fez o que fez meu corpo rolar para traz enquanto era puxado pela força do vento, parando quase do outro lado da arena.

Tudo ainda estava no lugar em meu corpo, graças ao equipamento de proteção que Bianca me fornecera. Não faço idéia de onde ela tirou aquela malha de ferro que agora usava por baixo da roupa. Entretanto, eu sentia que ela não me salvaria de mais um ataque direto. O pior é que sem Uther, eu não podia nem ao menos recuar daquele local... Novamente senti minha morte se aproximando, na medida em que olhava para os lábios de Yami proferir as palavras de meu fim.

Pensei em toda minha vida, em meus amigos, em minha família... Era assim que iria morrer? Sem nem ao menos poder dizer algo a eles... Quando ouvi a palavra ser proferida, pensei que o fim viria então, mas não foi isto que aconteceu:

- Ziodyne! – Abri meus olhos, ao ouvir uma voz que não pertencia a Yami, e neste momento, um enorme trovão foi disparado dos céus, iluminando todo o local com seu brilho amarelo esbranquiçado.

Yami foi atingida de modo direto, sofrendo toda a descarga de uma única vez sobre sua cabeça, ela caiu de joelhos, se apoiando com as mãos para não deixar o rosto tocar o chão, e se virou na direção de quem tinha lançado o ataque.

Parado acima do já destruído telhado do colégio, estava uma estranha figura. Vestindo o que parecia ser um conjunto de peças de couro preto, junto com um par de solados de couro, assim como um par de luvas, e uma touca ninja igualmente preta. Eu e Yami ficamos olhando para a figura, até que notamos que seguindo ela, estava o que parecia ser um homem a primeira vista, mas uma enorme roda de madeira, pegando fogo em suas pontas fixa no ar atrás de suas costas, denunciava que era um persona. Vestindo uma armadura nipônica clássica dos samurais, da cor vermelho sangue, sem capacetes, ela carregava uma lança de ponta única, com uma meia lua presa no sentido inverso da ponta. Seu rosto era de um guerreiro, de uma cor de barro, com olhos sem pupilas, ambos branco, e um cabelo verde musgo preso em um rabo de cavalo na nuca.

E como se não bastasse a confusão, uma terceira figura surgiu de trás do persona. Se eu já estava surpreso, admito que agora fique de olhos e boca arregalados. Andando com cuidado, como se tivesse medo da altura, Yami entrou em minha linha de visão.

Não era a mesma Yami que eu via e lutava, era uma Yami totalmente diferente a meu ver. Vestindo o uniforme do colégio, ela se aproximou da beirada e olhou fixamente para a Imperatriz, e como se quisesse parar aquilo exclamou:

- Já chega! Pare de machucar os outros, você sabe que não é isto que eu quero! – Yami parecia tentar ser firme em suas palavras, porem ela deixava escapar medo através delas.

- MENTIROSA! Você quer ver todos ao seu redor machucados! HAHAHAAHHA – Ao ver a verdadeira Yami, a Imperatriz pareceu ir à loucura, seus olhos tomaram uma cor de amarelo forte, e uma aura negra começou a surgir ao seu redor. - Por que... Porque todos ao meu redor querem me machucar? Porque eles não me deixam em paz... Se... Se é assim... Eu vou matar todos eles! É isso, assim eles finalmente irão me deixar em paz! HAHAHAHAHAAAHAHA – Antes de começar a rir freneticamente, a Imperatriz usava uma voz similar a de Yami, porem, aos poucos ela foi engrossando, pairando um ar sombrio em seus dizeres.

- Não é verdade! Eu não sou assim! Eu só quero ser amiga de todos! Eu só quero... Que alguém seja meu amigo. – Yami exclamou com toda sua vontade, vi que ela estava quase chorando.

- "Eu quero que alguém seja meu amigo" Ahun, que bonitinho, senhorita quero-ficar-em-paz. – A Imperatriz ainda ria, e muito, quando finalmente sua aura negra começou a se expandir.

- Eu não sou mais assim! Eu não quero mais negar a ajuda das pessoas! – Yami parecia ficar mais determinada, e assim conseguiu momentaneamente segurar suas lagrimas.

- Ahun, que peninha da pobre e solitária Yami. Se é assim que você quer, acho que vou matar sua única e preciosa amiguinha de uma vez por todas, HAHAHAHAHA... Mas antes, eu vou te consumir por inteira! Assim eu ficarei ainda mais poderosa HAHAHAHAAHHA!

No momento em que a Imperatriz ia pular na direção de Yami, ela foi puxada para traz pelo braço que segurava minha espada. Quando começara a conversa, eu me aproximei lentamente da Imperatriz, e agora finalmente tinha o que precisava, minha arma.

Vi o sangue escorrer pelas minhas mãos quando segurei a lamina que quase foi puxada pela Imperatriz, felizmente eu fora mais rápido. Aplicando o movimento de torque, quebrei a espada pela lamina. O que se seguiu já era esperado, Uther apareceu instantaneamente e já pronto, descendo sua lamina sobre a Imperatriz que foi jogada um pouco para traz no meio do ar para se esquivar.

Uther ia pular para cima dela, quando ela balançou a mão direita, criando uma onda de vento, que nos empurrou para longe. Eu senti que aquele não era o golpe que ela usara até então, era mais forte que o anterior! Então ela tinha ganhado mais poder com tudo aquilo? Quis amaldiçoar alguém por tê-la deixado mais forte, mas não tive tempo, pois a Imperatriz proferiu:

- Mazanma! – Jogando novamente sua onda de ar para cima de nós. Se antes ela focava em um ponto especifico, agora ela atingia toda uma área quase que gigante, tornando impossível desviar do golpe. Tudo que Uther pode fazer foi bloquear o golpe parcialmente.

Quando o vento cessou, tive de olhar para cima, pois a Imperatriz se encontrava em pleno vôo na direção de Yami, porém mais uma vez seus planos foram frustrados pelo homem ao lado de Yami. Sem nada falar, o persona pegou ambos e se teletransportou em forma de raio, para o meio da arena, largando somente Yami ali.

Durante um breve momento encarei o homem que agora não estava muito longe. E ele me olhou diretamente nos olhos. Durante aquele breve e longo segundo senti parar de respirar para gravar a imagem dele em minha mente, e quando tirou seus olhos de mim, ele e o persona sumiram em um piscar de olhos da arena, me deixando ali com Yami.

E agora eu me via no dilema de ter de proteger Yami, alguém com quem antes eu batalhava. Eu sabia que a Imperatriz e ela eram pessoas diferentes, mas mesmo assim era difícil de sumir com a imagem de Yami me atacando e me machucando. Decidido a ignorá-la momentaneamente, voltei minha atenção para a Imperatriz.

- HAHAHAAHA, o que farão agora seus tolos? Vocês não são pareôs para mim, sem aquele outro covarde, HAHAHAHAHA. Querem saber, mudei de idéia, devorar a garota vai demorar muito, portanto vou é matar os dois, e depois me alimentar de seus corpos!

Se abraçando, a falsa Yami começou a ser coberta pela aura que a cercava, e rindo de dentro de seu casulo, eu a vi emergir. Totalmente diferente do que era antes, ela surgiu com enormes asas amarelo claro, ainda vestindo sua túnica, porem com um rosto que lembrava uma esfinge. Senti que seu poder havia crescido imensamente, e que agora a verdadeira luta iria começar.

2° Ato:

Imperatriz do Amor Sombrio

Querendo evitar um combate prolongado, vi que os lábios da Imperatriz iam se mover, possivelmente para falar alguma besteira, portanto disparei:

- Uther, Esmagador de Crânios! – Eu ficava mais e mais habituado com aquilo. Uther pulou para cima da Imperatriz com sua arma, porem ela teve seu percurso mudado.

Sem precisar de grandes esforços, uma das asas douradas da Imperatriz, serviu como uma grande espada serrilhada, parecendo até que cada pena era tão resistente como metal, desviando o curso natural da arma para baixo. Usando de sua asa livre, ela cortou superficialmente Uther de baixo para cima, o jogando no meio do ar.

Apertei a malha perto de meu coração quando senti que ele se apertara. Yami me olhava de meu lado esquerdo, quase entrando em desespero, ela agarrou um pedaço da manga de minha camisa:

- Desculpe Arthur-Kun. Eu não queria que isso acabasse assim, eu só queria ser amiga de todos. Desculpe, desculpe, desculpe... – Meio a soluços, ela ia pedindo desculpas pelo que acontecia. Não bastando à situação estressante ainda havia mais isso.

Eu estava a ponto de explodir, ficara com muita raiva quando a situação tomou aquela proporção de perigo. Virei meu rosto para Yami, e já ia lhe falar algo do qual me arrependeria, quando ao ver as lagrimas rolando por sua face, e continuo soluço saindo de seus pulmões, um flash de Jéssica e Bianca, ambas me dando um tapa no rosto passou pela minha mente.

Eu estava prestes a repetir o acontecido, ferindo os sentimentos de uma pessoa que só buscava a compreensão, de alguém que pudesse chamar de amigo. Instantaneamente meu rosto se apaziguou, como se tivesse feito uma grande descoberta. Eu não precisava brigar com Yami, meu verdadeiro inimigo era a Imperatriz, portanto me agachei perto de Yami que agora estava quase de joelhos no chão, e botando meu melhor sorriso falei:

- Yami. – Chamei pelo seu nome colocando a mão em seu ombro, como se tentasse desperta-la. Ela então parou de chorar por um momento e me encarou com os olhos ainda marejados. – Você já é uma amiga de todos. Mesmo sem saber, há muitas pessoas que te admiram. Yessica foi à única capaz de te dizer isso... Mas... – Eu fiquei levemente corado com a situação. – Eu... Eu também... Eu também te admiro muito. O cuidado que você tem com as plantas, a sua delicadeza com os animais maltratados e jogados as ruas... Você é uma pessoa muito especial para todos... Especialmente para Yessica... E para mim.

Tudo aquilo que falei foi derivado de uma série de noites acordado, nas quais ficava a pensar como poderia definir a garota conhecida como Yami. Fiquei mais calmo por notar que tinha conseguido ser o mais sincero e claro possível, tanto que vi seus olhos pararem de lacrimejar por um instante, tendo as pupilas dilatas em uma expressão de surpresa na medida em que senti que seu espírito antes abalado, agora se fortalecia novamente.

- Ahun, que bonitinho. HAHAHAHAHA, o que ele diria se soubesse da verdade Yami-Chan? Ele nunca mais iria te olhar do mesmo jeito. Assim como os outros fizeram não é! HAHAHHAAHA – Temendo que Yami se abalasse novamente, tomei uma medida imediata, me virando para a Imperatriz e falando, pois já havia notado que quanto mais Yami se abalava, mais forte ficava a Imperatriz.

- É para isto que existem os verdadeiros amigos! Um verdadeiro amigo não é aquele que te apoia quando se faz algo errado! É sim, aquele que te mostra o seu erro, e te ajuda a seguir pelo caminho certo!

Olhei de lado na direção de Yami para ver seu estado. Constatei que ela parecia certamente estar se recuperando. Usando a manga de sua camisa, ela apagou as lagrimas que escorriam por seu rosto, borrando de leve sua maquiagem. Notei o ganho de firmeza que havia em seus olhos e em suas palavras.

- Arthur-Kun está certo... Eu não nego que tenha caído para um lado ruim de mim mesma, mas foi graças a Jessica-Chan que eu consegui ver novamente meu lado bom. Ela É minha verdadeira amiga! E eu me recuso a deixar que você a machuque ainda mais.

Como se fossem facas, sendo atiradas na direção da Imperatriz, a mesma colocou a mão perto do peito como se sentisse dor, e olhou com seus olhos amarelos para mim, como se fosse o principal responsável pela sua dor.

- É tudo culpa sua garoto! Agora vou ter que te matar para abalá-la de novo, e assim ficar poderosa novamente. MORRA! MAZANMA!

Encarei firmemente a Imperatriz, não era a hora de hesitar, pois se o fizesse perderia tudo conquistado até ali. Uther novamente tomou o golpe por nós, mais por Yami, pois eu sentia o que ele sentia. Quando o vento cessou foi minha vez:

- Agi! – Comecei minha seqüência de explosões em chama. Porem mesmo enfraquecida, a Imperatriz continuava tendo uma enorme vantagem com sua velocidade. Ela conseguia com enorme facilidade desviar das explosões sem sofrer um sequer arranhão. Eu já estava suando e ela ria de minha cara.

- HAHAHAHAHA! Seu peste, ainda acha que tem chances de vencer? Pois eu não. Vou encerrar isto de uma vez por todas. Carga Mental!

Era aquilo, o clímax da batalha. Uma grande aura azul tomou o corpo da Imperatriz, enquanto ela se abraçava com as próprias asas. O próximo ataque seria tão forte que Uther não conseguiria aguentar, e eu e Yami seriamos jogados para a morte pelas mãos de uma forte brisa da hora negra.

Temendo mais por Yami do que por mim, me senti inútil por não poder nem ao menos salvá-la. Olhei para ela como se fosse agora eu quem deveria pedir desculpas, mas seu rosto estava ainda sereno. O olhar dela não perdera nem um pouco do brilho de determinação que ganhara há pouco, então ela me olhou, olho no olho sem desviar um centímetro.

- Obrigado Arthur-Kun, obrigado por me mostrar o quão tola eu estava sendo. Você... Jessica... Meus colegas... Todos estavam lá por mim, mas eu não conseguia vê-los. Não, eu fingia não vê-los por medo de estar sendo traída. Mas agora, eu entendo... - Ela lentamente se virou e olhou para as pessoas da arquibancada, todas tinham parado de vibrar, mas seus olhares pareciam desejar que Yami vencesse aquele desafio, o que a fez abrir um enorme sorriso e fechar os olhos. Meu coração pulou uma enorme batida, pois abrindo seus braços, ela me fechou em um forte abraço, encostando sua cabeça em meu ombro, enquanto sussurrava "Obrigado".

Olhando para um horizonte sem fim, eu vi o que parecia um sonho se realizar. Eu estava ali abraçado a Yami... Conseguia quase que ouvir seu coração bater, tão calmo, tão sinfônico. E olhando para este mesmo horizonte, que foi que me vi no vagão de trem com Igor.

- Parabéns meu rapaz, despertando um lanço, mesmo que momentâneo com a Arcana do Amor, você fortalece nosso contrato e sua carta selvagem. Seu verdadeiro poder, entretanto só despertou em um pedaço. Mas fortificando este e outros laços, você será logo mais, capaz de atingir alturas maiores nunca vistas por você mesmo. Então até breve...

Voltando a realidade, como se tivesse a deixado por um tempo eterno, eu sentia que algo dentro de mim se fortificava, era... Era a carta selvagem que Igor falara, eu definitivamente conseguia a sentir, mesmo que estivesse fraca! Eu sabia que agora era capaz de mudar mesmo que só um pedaço, o meu destino. Olhei então para Uther que se encontrava parado em minha frente, e acenei com a cabeça. Ambos sabíamos o que devia ser feito.

- Ahun, que fofinhos. Se abraçando para poderem morrer juntos HAHAHAHAA. Então fiquem assim e desapareçam deste mundo! MAZANMA!

Surgindo com o dobro de poder do que seu sucessor, uma rajada de vento ia se aproximando, como se fosse diversos dragões enfurecidos rugindo para nós. Olhei, não para a onda de vento, mas sim para a Imperatriz, e ela me olhou de volta. E neste momento ela foi capaz de notar, que naquele breve segundo, eu havia atingido um novo patamar, o que encheu seu rosto de pavor e surpresa. Erguendo uma de minhas mãos, sem desfazer o abraço pronunciei minha vitória:

- Devolva aquilo que não nos pertence Uther. Repelimento de Força!

E assim, antes que a onda de ventos chegasse até nossa posição. Uther esticou seus braços para frente, segurando sua lamina com total firmeza. Ela então tomou um estranho brilho branco. O ataque de vento teve todo seu movimento mudado, sendo literalmente puxado para a lâmina da espada de Uther, que foi tomada de um brilho verde muito forte.

A Imperatriz entendendo o que estava por vir deu meio volta, e tentou voar para longe, saltando para meio caminho do teto da arena, porem internamente ela sabia que tinha perdido e que já estava morta.

Girando uma lua completa com a espada acima de sua cabeça, Uther desceu a espada cortando o ar a sua frente em diagonal. E como se fosse uma arma de grande calibre sendo disparada, o brilho deixou a espada para tomar asas próprias. Cobrindo o vazio que havia entre Uther e a Imperatriz.

Tamanha era a ironia de ser morta pelo mais forte de seus ataques. Tive a impressão de ouvir a risada sínica da Imperatriz uma ultima vez antes de ela ser consumida por seu próprio poder, literalmente virando pó, e rasgando ao meio o teto da arena, deixando a vista um mar de estrelas brilhantes que iam surgindo mais e mais no céu à medida que a hora negra se encerrava e desfazia o restante do teto.

Sorri, e mentalmente agradeci Uther por toda sua ajuda. E como se fosse um espelho, ele baixou e ergueu a cabeça, como se dissesse: "A sua disposição sempre"; retornando novamente para a espada que caiu no chão do pátio do colégio.

Reforcei o abraço com Yami, feliz por finalmente ter vencido a Imperatriz, e aliviado por no fim, ter conseguido salvar não só Jessica, mas Yami também. Aquele momento também ficaria marcado em minha memória para sempre, assim como o doce aroma dos cabelos de Yami.

Em pouco tempo notei que Yami não desfizera o abraço, pois estava dormindo. Ela devia ter desmaiado no momento em que a Imperatriz sumiu... E olhando pelo portão que dava acesso ao pátio, vi Bianca entrar correndo. Ela mostrava estar certamente preocupada, então querendo aliviar sua preocupação sorri, em sinal de que tudo ocorrera bem...

Vi logo em seguida que Klaus e Olivia adentraram o pátio, um trazendo uma caixa de primeiros socorros, e o outro trazendo, o que parecia ser uma maca. Sem demoras Klaus tratou dos ferimentos mais superficiais de nós dois, enquanto Olivia preparou a maca para levar Yami. Durante todo o percurso, ao que supus ser a biblioteca/café, o silencio reinou. A verdade é que nenhum de nós precisava de palavras para descrever o alivio de que todos desfrutavam, pois no fim daquela noite, estávamos vivos e a salvo.

Fim do Capitulo

...Mas a Guerra há de prosseguir...

Eterno Brilho / Infinita Escuridão

...

...

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Infinita Escuridão

Ato Único:

Por Detrás das Mentiras

Já fazia quase meia hora desde que a hora negra se encerrara e parado no topo de um prédio de dois andares, eu vislumbrava as pessoas lentamente voltarem às ruas, sem nem ao menos se darem por conta do que havia acontecido ali.

Sentia-me muito exausto, aquilo tudo tinha me consumido uma imensa quantia de energia... Ficar usando meu persona para teleportar de um local a outro era imensamente exaustivo. Retirei uma de minhas luvas de couro e a máscara ninja. Passei a mão por meus cabelos, bagunçando-os novamente, para em seguida ajeitá-los então limpado o suor da testa com as costas da mão.

Quando ouvi sons de passos se aproximando, rapidamente pus a máscara e a luva novamente, temendo ser algum desconhecido, mas minhas preocupações se mostraram ser inúteis. Uma leve silhueta ia se aproximando ao longe, vestindo uma roupa similar a minha, porem deixando algumas indicações obvias de que se tratava de uma mulher.

A única diferença em sua roupa, é que ela carregava atadas aos seus punhos, duas pulseiras de metal, com furos na direção oposta do outro braço adjacente. Eu sabia que aquilo era uma arma, entretanto eu preferia como ela estava agora, desarmada.

Me virei de costas para ela, voltando a olhar para a cidade iluminada mesmo a aquela hora da noite, sabia que ela iria me questionar sobre minha performance e ações:

- Não me enrole Beta... Todos sabem o que você fez. É realmente muita irresponsabilidade pegar a garota, que tinha a sombra controlando o coliseu, para ir sela-lo em seguida... Nós tínhamos tudo sobre controle! Em três dias a sombra da garota estaria fraca o suficiente para...

- Para o que Gama! Para podermos derrubá-la e deixar aqueles caras tomarem posse de mais uma área? Para deixar que eles instaurem uma nova sombra para controlar o trono? – Me virei novamente em sua direção, e me dirigi a ela. - Nem eu, ou você, ou qualquer outra pessoa aqui é cega! Aqueles caras não são a nossa salvação! Manter o equilíbrio uma ova! Todos sabem o que eles querem de verdade, mas não fazem nada por nada. Se Alpha se sentir incomodado, que venha me expulsar do grupo, ele sabe muito bem que o deixo ser o líder porque, não quero ter de lidar com "eles". Caso contrario já o teria destronado há muito tempo.

Fiquei encarando Gama por alguns segundos, até que ela desviou seu olhar do meu, ela também sabia da verdade, como eu dissera; todos sabiam, e aquilo lentamente me levava à loucura.

- Beta...

Gama ficou a olhar o horizonte por alguns instantes segurando os próprios braços em forma de colo. E foi quando percebi que tinha cometido um erro ao gritar com ela. Mesmo que todos soubessem o que se passava, todos sabiam os motivos pessoais de cada um, que nos impedia de tomar alguma ação. E quem mais sofria com tudo isto era Gama.

Cheguei mais perto dela, e a abracei, juntando nossos corpos. Olhei diretamente em seus olhos, de um azul escuro profundo, e lentamente fui desviando minha visão para baixo, movi delicadamente minha mão esquerda para seu queixo e puxei sua mascara ninja só um pouco para cima, assim podendo ver seus lábios avermelhados. Ela então com ambas as mãos fez o mesmo.

Ergui levemente seu queixo, e passei o dedão por baixo de seus lábios, os contemplando momentaneamente:

- Desculpe Gama. Você sabe que eu sei que isto não é culpa sua. – Dei um leve sorriso, o que a fez sorrir também. - Enquanto eu tiver você, não há Alpha no mundo que me faça querer algo mais... Você é para sempre...

- Meu eterno amor, meu único amor. – Falou ela se erguendo levemente nos próprios calcanhares, cobrindo a diferença de altura entre nós, assim alcançando seus lábios nos meus. Naqueles momentos, nós ignorávamos tudo, e a todos. O mundo era somente nosso, para nossa felicidade. Como eu gostaria que estes pequenos minutos se transformassem em horas... Eternas horas.

Lentamente afastamos nossas cabeças um do outro, mas ainda abraçados, ficamos a nos encarar por um breve momento, quando ela retomou sua fala:

- Beta... Eu... Eu não sei por quanto tempo mais aguentarei esta situação também. – Vi uma ponta de tristeza tomar a expressão de Gama. - Quanto tempo mais teremos de fingir e mentir para aqueles que amamos? Eu não quero uma posição de prestigio, tudo que eu quero e sempre quis foi uma vida comum, uma família comum...

Gama era na verdade, a sucessora por direito a liderança de nosso grupo, entretanto por ter nascido mulher, fora vetada de tal privilegio, o que significava que deveria conceber a este mundo um filho com o membro mais forte do grupo, para que assim este sucedesse a posição de líder, a posição de Ômega. Se desejasse, como já havia dito, eu poderia facilmente tomar a posição de Alpha... Mas nada era tão simples assim em nossas vidas...

Há gerações, o grupo, a família Von Karma era conhecida por ser uma entidade poderosa. Agindo por detrás das cortinas, eles estavam presentes em diversos lugares, desde as épocas mais remotas do mundo. Mas devido a uma série de tradições, a meu ver, ridículas, ela tinha se enfraquecido. Do que um dia fora um grupo formado por mais de mil homens e mulheres, hoje em dia nos limitávamos a cinco pessoas...

A verdade era que não foi culpa somente das regras, pela decadência que a família Von Karma passara ao longo do tempo. Sendo vista como um perigo iminente pelo seu poder sempre crescente ao usar das sombras e das arcanas, diversos grupos que uma vez foram nossos aliados nos atacaram, com medo do que poderíamos vir a ser...

Agora éramos forçados a trabalhar para um dos poucos grupos que ainda nos apoiavam. Eles promoviam que o equilíbrio entre o mundo das sombras e o nosso mundo era necessário para que a divisão entre os dois se mantivesse...

E por isto nos deveríamos sempre buscar manter o poder, dentro do labirinto, equilibrado. Por uma razão maior que até o momento nos dizem ser secreta. Que tipo de confiança é esta que esperam de nós, ao fazermos um serviço do qual nem sabemos o que pode acontecer no fim? Aquilo tudo era muito frustrante para todos. Em especial por culpa de nosso Alpha...

Aquele que um dia fora meu melhor amigo, agora se isolava de todos nós, dando ordens e só. Sem também nunca nos contar o motivo para tanto. Por quê? Porque aquele com quem eu fizera um pacto, prometendo sempre proteger, agora virava suas costas para mim? Porque eu tinha de continuar aceitando tudo aquilo? Foi o que pensei naquela noite, quando decidi tomar alguma providencia.

Nossas ordens eram de esperar por três dias, para que assim pudéssemos atacar a sombra, quando ela estivesse mais fraca. Ela estaria assim, pois seu eu verdadeiro estaria aos pedaços por ver sua amiga morta. Foi então que a várias noite atrás eu vi um garoto entrar na arena...

Aquele garoto certamente iria morrer, mas... Não foi isto que aconteceu. Eu o vi conseguir evocar seu persona com tamanha maestria, como se ele tivesse nascido para isso. Eu senti, depois de muito tempo, esperança... E ódio.

O seu persona, aquele que representava seu verdadeiro eu. Era um persona de origem Britânica. Algo extremamente raro, mas com um profundo significado. Se eu estivesse certo ele, hora ou outra, seria chamado por aqueles, que tanto odeio, mas que somos "aliados" para que fizesse parte de seu grupo em constante procura por "equilíbrio".

Foi ai que a idéia me surgiu, eu poderia usar o garoto para meus próprios interesses... Por isto, naquela noite, eu o salvei, impedindo sua morte certa na mão da Imperatriz do Amor Sombrio. Eu sabia que ele voltaria para arena cedo ou tarde, e foi por isto que no dia que o vi regressar, trouxe a garota, dona da sombra, para a arena.

Eu nunca esperaria resultados tão bons, pois o garoto foi capaz não somente de vencer a Imperatriz, mas de também selar o trono ao fazer a garota encarar e "superar" um de seus lados! Aquilo era perfeito, eu sabia que certas pessoas ficariam extremamente incomodadas, mas também sabia que as engrenagens começariam a se mover para que algo finalmente acontecesse.

- Eu sei Gama... Eu também há muito anseio por uma vida pacifica e feliz ao seu lado. Eu muito desejo um dia poder ver nossos filhos crescerem livres para serem o que desejarem. E foi por isso que eu fiz o que era necessário...

Mais uma vez a envolvi em um terno abraço, desejando que pudéssemos ficar assim para sempre. Porem logo mais, teríamos de voltar para a base, eu sabia que não era Alpha que gritaria comigo, mas na verdade Pi ou Rho, por não ter chamado ambos para ajudar. "Aqueles dois" foi o que pensei sorrindo, e vendo que lentamente a lua descia para dar espaço ao sol que viria iluminar a todos nós, eu e Gama deixamos o telhado, para mais uma vez nos misturarmos as sombras e para em mais um dia, viver nossas falsas vidas...

Inicio da Procura

...Ainda estamos longe de finalmente poder ver o horizonte...

Eterno Brilho


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