Persona: Odim escrita por Kain Legado


Capítulo 1
Capítulo 1




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A verdade que se esconde por traz de tua verdadeira faceta deve ser revelada. Mesmo que um dia ela se perca no mar que há em tua alma, por cair no esquecimento de teu verdadeiro eu.

Pois a arcana é o meio pelo qual tudo é revelado

O meu nome, é algo que tento esquecer, pois ele relembra o passado que a muito nego, mas que constantemente devo aceitar. Sigo pela alcunha de "Pendragon", aquele que aceitou meio a um mar de arrependimentos, carregar as expectativas de seus demais, jogando fora as suas próprias.

Em verdade, não há arrependimentos de minha parte, há sim, um mar de tristezas no qual continuo a me afogar, porem ainda há esperanças para os demais. Anda entre nós, aquele que um dia ira me puxar para longe deste interminável campo de mentiras que vós chamais de mundo.

1°Ato:

Lua de Cristal

O ano andava pelo fim de novembro. O tempo sofria sua lenta passagem da primavera para o verão, mesmo que o tempo na cidade fosse de uma maior constância para o frio e chuvas torrenciais ocasionais. Eu, assim como o tempo, ia mudando, mudando de pensamento. Ora pensava na política local, ora em minha vida...

Eu lentamente subia o morro que dava em frente ao colégio caso o descesse. Vestindo o moletom escolar por cima de uma camisa de manga comprida comum, usando a calça azul marinho, eu ia seguindo meu caminho, enquanto mudava de pensamentos.

"Hoje foi mais um dia entediante de escola" foi o que me veio à mente, ao lembrar que meu melhor amigo não comparecera a mais uma aula. "O que ele está pensando, estamos quase no fim do ano, e as provas vêm ai... Aquele folgado".

Perdido em meus próprios e amargurados pensamentos, eu não fui capaz de notar que uma pessoa me seguia já fazia algum tempo, e só fui me dar por conta no momento em que fui puxado para não colidir com um poste de luz. Pego de surpresa, virei para traz:

- Mas o que!? – Exclamei ao finalizar minha meia volta, antes de cair em silencio, encarando o ser que me puxara. Demorei algum tempo para reconhecer a garota a minha frente: mais baixa do que eu, olhos castanhos reluzentes, usando o uniforme feminino do meu colégio, e com um agora irreconhecível longo cabelo azul escuro, que ainda me causava confusão para reconhecê-la.

- Jéssica! – Exclamei quando seu nome pulou a minha mente. - Quase não te reconheci.

- Como assim? Nos falamos há duas horas na aula. – Falou com aquele jeito calmo e de tom baixo dela.

Jéssica, ou Yessica como a chamo, é como se fosse minha irmã menor. Morávamos no mesmo edifício quando éramos mais novos, e desde que entramos para o ensino médio, nos reencontramos. Desde então estamos sempre na mesma turma. Mesmo que eu não fale muito com ela, nos damos razoavelmente bem, e só discutimos por que...

- A sei... – Começou virando os olhos para cima. – Não me reconheceu por causa do cabelo azul lilás. – Completou me encarando com um rosto que dividia uma expressão séria, e ao mesmo tempo triste.

- Não, eu juro que eu estava distraído, é sério! – Tentei mentir, mesmo que inutilmente, a verdade é que minto muito mal. – Além do que um cabelo azul escuro como esse te torna reconhecível instantaneamente... Haha. – Forcei uma risada enquanto coçava a cabeça para disfarçar a mentira.

- É azul "lilás", e não precisa mentir, você mente muito mal, sempre coça a cabeça quando o faz.

Mais uma vez, uma de minhas manias me denunciou, obrigado corpo, obrigado...

- Igual, tome cuidado, você quase beijou o poste ai da frente... – Subitamente, Yessica ficou calada, olhando na direção do poste.

Lentamente virei minha cabeça na mesma direção, para "averiguar" a situação, e foi ai que eu vi minha deusa...

Vindo da direção oposta da rua, surgindo no horizonte como se fosse o sol de uma nova manhã, estava ela, a garota que todo garoto deseja ter para si: Yami. Descendência japonesa, com leves traços, acompanhados de graciosos olhos azuis escuros e uma pequena boca, formando o que parece uma máscara que esconde algo ainda mais bonito em seu interior. Tão bonito que se outra pessoa visse, tentaria roubar para si. Dona de um corpo modelado com uma voluptuosidade precisa, ela usava uma tiara preto escuro, que se escondia em seus longos cabelos de igual tonalidade, vestindo uma camisa branca solta de manga curta por debaixo da jaqueta do colégio, com uma calça, também, do colégio.

Yami sempre foi considerada uma garota tímida dentro do colégio, conhecida por sua gentileza com todos os seres vivos, ela também não tinha muitos amigos, eu não sabia o porquê, já que éramos de turmas diferentes. Mas garanto que se estivéssemos na mesma sala, seria amigo dela há muito tempo... Quem eu quero enganar, eu possivelmente travaria violentamente na frente dela, parecendo quase uma maquina. O que iria me render uma má impressão e um péssimo começo, se não fim...

Na medida em que ela ia passando, minha cabeça se movia em sua lenta marcha. Ela virou na minha direção, e para o acelerar de meu coração, abanou graciosamente para mim. E eu... Eu fiquei parado ali com a maior cara de idiota... Acho que até babei um pouco.

- Você viu isso! Ela abanou para mim! – Exclamei com enorme entusiasmo. Viu, viu, viu! – Repeti até ficar sem ar.

- Sim eu vi... Você bancar o idiota foi isso que eu vi. Ela estava abanando para mim, Yami-chan é minha amiga desde o fundamental, só demos azar de não cair na mesma turma mais... Baka. – Falou acabando com toda minha alegria, e despertando minha curiosidade.

- Como assim você é amiga da Yami, e nunca me contou isso! E, han... O que "baka" significa? – Perguntei meio confuso com o termo.

Yessica ficou em silencio me encarando por um longo tempo, eu nunca fui capaz de dizer no que ela estava pensando, enquanto me encarava com uma sobrancelha erguida. Tudo que sei, é que ela erguia a sobrancelha, toda vez que estava analisando alguém ou algo, como se parasse para observar uma mudança de paradigma.

Então sem quebrar aquele silencio, Yessica deu meia volta, indo na mesma direção que Yami, falando alto o suficiente para que pudesse ouvir.

- Baka, é o que você é agora para mim. Arthur no Baka. – Finalizou sumindo ao dobrar na esquina do fim da rua vazia, ainda me deixando com a dúvida...

Foi quando notei que ficara parando tanto tempo, que o sol começava a se por aos poucos no horizonte. O que significava... Que tinha perdido o ultimo ônibus que ia para minha casa. "Droga", falei mal de mim mesmo por ser tão descuidado. Isso significava que eu teria de ir a pé até em casa, o que era do mesmo modo igual, a dizer que eu chegaria atrasado para o jantar. "Eu sei que vou ouvir da minha irmã, mas mesmo assim, é melhor ligar para avisar". Mas sendo sincero, eu temia pelo que podia estar me esperando como "janta" aquela noite. Vagas imagens de outras criações demoníacas de minha irmã rodavam minha memória.

Uma hora depois de ouvir pelo telefone, muito da minha irmã sobre responsabilidade, e de muito andar, eu vi o centro da cidade. A esta hora bem movimentando e cheio de vida. O que indicava que tinha percorrido um terço de todo caminho até meu destino. Decidi parar em um mercadinho para comprar algo para beber. Foi quando eu vi um pôster pendurado ao lado do caixa em um pilar.

Era o pôster dos "Cavaleiros" como ele se chamavam. Em teoria era um grupo/culto relativamente novo, eles veneram uma espécie de ideia sobre um equilíbrio entre os humanos, meio um socialismo ou comunismo... E no meio a tudo isso ainda havia uma espécie de entidade superior demoníaca, contra a qual os "Cavaleiros" lutavam.

Típica história de fanáticos religiosos. Não, que eu os conheça porque acredito neles ou algo assim, mas sim porque certo colega meu acredita, e vive repetindo a história do culto em sala de aula, uma grande bobagem isso sim. Isso me cheira a algo ruim, envolvendo forças maiores da cidade, possivelmente a máfia local ou alguns políticos corruptos, o tipo de gente que tira proveitos de qualquer um, e que você tentaria evitar em sã consciência.

Depois de pagar pela minha bebida, segui meu caminho. Aos poucos eu já podia ver a lua quase cheia indo lentamente para seu ápice de gloria, mesmo sabendo que ela não estaria completa esta noite, ela ainda assim seguiria para depois cair... Eu deveria dar um jeito na mania de perder a noção do tempo, não sei quando tempo parei para ver a lua incompleta, porque ao olhar o relógio, era quase dez horas da noite.

As ruas nunca foram muito seguras, e por isso eu decidi me apressar para chegar em casa logo, além do que meu estomago estava começando a roncar.

Assim que pisei dentro de casa, senti o vago cheiro de comida no ar, parecia de macarrão com molho vermelho, meu favorito! Corri para a pequena cozinha de nossa residência, e abri o forno só para me decepcionar. Não era macarrão, era uma panela de sopa de massa! Não que eu odeie, mas ao encarar a realidade que seria minha janta, senti vontade de ir dormir sem comer mesmo.

Mas encarando, também, o fato de que amanhã teria aula de educação física, decidi que não queria morrer no meio dela por fome, então esquentando a sopa, engoli sem grande vontade. Em seguida fui para a sala de estar, e me aconcheguei no sofá para ver TV. Novamente perdi controle do tempo, acordei repentinamente com algum som alto. Verifiquei a TV, mas ela parecia desligada, mesmo que eu não lembrasse de a ter desligado.

Lentamente me ergui esticando todo o corpo, como um animal que estivesse meramente se preparando para voltar a dormir, quando olhei pela janela da sala, que dava para a rua em frente a minha casa, notando por fim que a única luz de todo o local era a da lua. Esfreguei meus olhos com força, achando que ainda estava com sonolência, pois a lua parecia emitir um brilho, digamos, "maligno", como se gritasse "VA DORMIR AGORA".

Eu pensei comigo mesmo, "quem você pensa que é para mandar em mim lua", só para chegar à conclusão que deveria estar ficando louco, pouco a pouco. Tentando esquecer-me do ridículo que passara, ia me dirigir para meu quarto, porem parei na porta de entrada da residência. Por baixo dela, entrava uma sombra que dava a entender que alguém estava parado ali. Senti-me tentando a abrir a porta, mas algo ainda gritava em minha mente "VA DORMIR AGORA".

Porem minha curiosidade parecia querer falar mais alto, com o coração batendo a mil por hora, me esgueirei, dando toda a volta na sala, para ver através da janela quem estava ali... E como em um anticlímax, não vi nada ali... Tanto é que a sombra parecia ter até mesmo sumido! Achei estranho, porem sensato seguir o conselho que me davam anteriormente, e assim segui para meu quarto para repousar, caindo em um sono profundo...

Em meu sonho, eu estava parado em um local realmente alto, saindo de uma porta que sumia como a areia meio ao forte vento. Eu olhava para a mesma lua, só que agora cheia. E me sentia tentando a ir em sua direção, aos poucos, minha consciência ia me deixando, e meu corpo ia ficando mais e mais leve. Como se um caminho se formasse em minha frente, um longo e interminável caminho de escadas... Porem havia mais alguém ali, olhando para mim, acho que... Chorando por mim, gritando pelo meu nome.

Lentamente virei meu corpo já flutuando no meio do ar, e lá estava à sombra de alguém que não conseguia reconhecer, aos poucos outros milhares foram aparecendo ali. Todas pareciam tristes... Eu comecei a me sentir triste junto a elas, mas era tarde de mais para voltar, eu tinha que ir ao encontro de minha preciosa lua... Em meio às sombras, o mesmo ser que antes me chamara, agora parecia chorar de raiva por não estar indo a lua em meu lugar...

2° Ato:

Arcana do Amor Sombrio

E mais um dia amanheceu, acordado por meu sempre fiel despertador, retribui sua lealdade com uma leve pancada, para que assim parece de buzinar em meus ouvidos. Em seguida, sempre ágil, me preparei para mais um dia de escola, rezando para que meu "amigo" comparecesse a aula hoje, e me mantivesse entretido.

Em todo o meu tempo de vida escolar, só fiz um "verdadeiro" amigo. Sim eu me dou razoavelmente bem com a maior parte dos meus colegas, muito obrigado, e quase fui eleito ano passado para presidente da classe (mas, diga-se de passagem, prefiro passar a frente esse tipo de responsabilidade). Notoriamente, seria um cara meio popular, e tinha certo carisma, já que um dia pretendia atuar na área da politica. Porem eu aprendera há poucos anos o significado de "amigo"... Alguém que não te atira às cobras para poder passar e fugir do ninho delas.

Arrastando-me pelos corredores de casa, logo cheguei à cozinha, para notar que infelizmente não havia mais café, resmunguei algo, e me pus a preparar mais de meu néctar negro. E para não perder o costume, liguei a pequena TV nas noticias, ao mesmo tempo em que abri o jornal.

"Hum! Parece que as eleições vão ser bem disputadas este ano", pensei olhando para a TV e virando o jornal, enquanto tomava outro gole quente de café. Eis que uma pequena noticia e umas propagandas chamaram minha atenção no jornal. Aparentemente um garoto de minha escola havia sumido há alguns dias, sendo este o terceiro até então. Não me dei a ler o resto passando meu olhar para as propagandas, que tratavam de inscrições para um clube de armas e artes medievais.

Admito que tenho grande interesse na época medieval, e quando ninguém está olhando, finjo possuir uma espada invisível, a balançando no ar como se desferisse golpes em inimigos invisíveis. O tipo de coisa que uma criança de cinco anos faria, e não uma de quase dezessete, diga-se de passagem.

Bem alimentado, me dirigi para a parada de ônibus com minha mala cheia de roupas para a aula de educação física. Senti que meu dia seria de sorte, quando meu ônibus chegou pouco depois de mim, e quando consegui um lugar para sentar nele. Certamente esse seria um dia de sorte. Ou era o que eu pensava...

Para inicio de conversa, avoado como sou, não notei que talvez fosse chover, o que não demorou muito para acontecer, felizmente acabou antes de eu descer do ônibus, entretanto, em seguida minhas vestimentas ficaram encharcadas devido a uma enorme onda de água, provinda de um carro em encontro com uma poça. De bom para ruim em poucos segundos novamente...

Já era hora do intervalo, e novamente meu "amigo" não aparecera. Então decidi que iria para meu esconderijo secreto, o telhado da escola. O único local aonde ninguém me acharia, ou foi o que achei ao menos, eu estava olhando para o pátio da escola, quando ouvi passos vindos de traz de mim. Curioso, me virei para ver quem era, e quase cai telhado abaixo, me segurando em uma velha antena, quando ela apareceu. Minha deusa Yami.

Instantaneamente, eu fiquei vermelho como tomate e tremulo como uma vara. E ela ficou ali me olhando com um risinho. Eu então consegui, mesmo que gaguejando falar:

- Y... Yami!? – Exclamei, antes de ter minha boca selada pela falta de eloquência momentânea, oh mundo cruel, por quê?

- Eu mesma. Você parece surpreso em me ver Arthur-Kun. – Eu não sei o que esse "Kun" significa, mas só o fato de ela saber meu nome, me fez sentir nos céus por um momento.

- Ahn... É que... Não é muito normal que outros além de mim venham aqui, haha. – Cocei a cabeça, indicando que estava mentindo, uma vez que eu e "ele" costumávamos vir aqui.

- Não é surpresa, afinal este é um local realmente alto... Seria uma pena que alguém caísse daqui. – Eu senti um tom de brincadeira com o fim da frase, mas estava tão concentrado em Yami, que esqueci que a pouco chovera, e que algumas poças d'água se estendiam pelo local, por isso nem liguei na hora. - Arthur-Kun, eu preciso fazer uma confissão a você... Estaria disposto a ouvi-la?

Meu coração nunca bateu tão rápido em toda minha vida, senti que ele poderia escapar de meu corpo a qualquer momento. Juntei toda minha força para fora, e respondi um quase inaudível "sim". Naquele momento, Yami disse para mim com um gentil sorriso, enquanto se virava para sair, o que eu não esqueceria em anos:

- Essa noite, após a meia noite, me encontre aqui, e você poderá ouvir minha confissão, mas não conte a ninguém. – Saindo assim do telhado e sumindo de minha vista.

O resto do dia, eu fiquei com a cabeça nas nuvens, não que os professores tenham gostado, mas parecia que minha sorte voltara a brilhar, e assim eles pareceram deixar-me de lado, possivelmente porque tinham mais com que se preocupar. Ao fim do dia, enquanto subia pela rua, senti um déjà vu, quando fui puxado pela gola da camisa, impedindo a colisão de meu rosto com o mesmo poste de ontem.

- Mas o que há com você em Arthur? – Não precisei olhar para saber que era Yessica que me puxara. - Segundo dia seguido que você quase beija o poste...

- Ah... É que eu estou meio distraído hoje, sabe como que é a vida. – Improvisei, sem saber o que dizer para a situação.

- Não, eu definitivamente não sei como é que é. – Falou, já tomando uma pose séria, com quem não parecia querer brincar. – Se você não se cuidar, hora ou outra vai acabar seriamente machucado!

- Deixa disso Yessica, tá parecendo a tua mãe agora. – Ações tomadas sem pensar, são sempre as que causam maior estrago.

Jessica foi pega de surpresa no ponto mais fraco dela, sua mãe. Eu não sei de todos os detalhes, e só a vi quando éramos vizinhos, uma mãe sempre cuidadosa, preocupada com sua única filha, que não gostava de vê-la machucada. Essa é a impressão que tenho da mãe de Jessica até hoje. Mas... Parece que algo aconteceu nesses anos que ficamos sem nos ver, e que culminou com sua mãe sumindo sem deixar pistas. É tudo que sei, e que momentaneamente esqueci...

Aquele olhar dela seria a segunda coisa que eu jamais esqueceria. O olhar de alguém traído, que foi esfaqueado de frente por um amigo... O olhar que já compartilhei um dia, e que achei ter esquecido.

- Jessica, eu não! – Fui interrompido por um tapa que surgiu como um relâmpago, e que , assim como um, sumiu repentinamente com Jessica correndo para longe.

Tudo que pude fazer depois daquilo, foi sentir que meu dia mais uma vez fora jogado para baixo, junto com minha sorte. O caminho de volta para casa foi doloroso, tendo a dor que o tapa deixara em meu rosto como companhia eu não consegui esquecer o que fizera. Puxei meu celular varias vezes para ligar, mas ela não atendeu uma vez sequer, desligando o celular por fim como se dissesse: "Pare de me ligar". Eu novamente perdi o ônibus, mas não me importei, caminhei todo caminho até em casa, sempre de cabeça baixa.

Ao chegar, me joguei na cama, e me forcei a dormir, sem sucesso, peguei o celular para ver que já eram onze horas da noite. E foi ai que finalmente me lembrei... Yami, eu tinha feito uma promessa de que viria para ouvir sua confissão. Mas Jessica, ainda não deixava meus pensamentos. Eu poderia ficar em casa me amargurando, ou poderia correr atrás da garota de meus sonhos.

Não pensei mais, e decidi seguir meus sonhos, correndo com todas as minhas forças, eu estava decidido a evitar trair mais uma pessoa naquele dia. E assim, bati meu próprio recorde, chegando à escola minutos antes do combinado. Novamente avoado, nem me questionei do porque de as portas da escola ainda estarem abertas àquela hora...

Varias nuvens se acumulavam no céu, indicando que outra chuva torrencial iria desabar em questão de pouco tempo, como se fosse um sinal divino de que algo estava para mudar.

Chegando ao telhado, notei que Yami ainda não tinha aparecido, fiquei aliviado, e tentei me ajeitar o melhor que pude. Respirei fundo varias vezes, na esperança de conseguir ficar calmo, e assim evitar a situação que se passara pela manhã.

Fui para a beira do telhado, aonde poderia ver o pátio, e puxei meu celular para ver as horas. Eu vi precisamente quando a meia noite chegou. O relógio do destino começaria a partir daquele instante a caminhar em direção ao dia fatídico.

Notei que naquele instante, o mundo pareceu parar de respirar, um silencio absoluto tomou conta de tudo, para em seguida ser engolido por sons de gritos agudos, misturados ao som de paredes, que eu vi começarem a se erguer ao longo da cidade. "Que... loucura é esta!" foi o que pensei assustado. A cidade aos poucos tomava a forma de um enorme labirinto, que ia se fechando ao redor de si. Com paredes extensas que alcançavam os céus. Eu fiquei ao mesmo tempo admirado e temeroso com aquela obra prima que se formava diante de mim.

E quando o silencio voltou novamente, vi que o pátio do colégio havia sido fechado em uma enorme cúpula, muito bem iluminada, e que de certa forma lembrava uma arena, com arquibancadas e o trono do imperador posicionado acima de tudo no lado oposto ao telhado, para uma visão ampla.

- Então Arthur-Kun, o que você achou do meu coliseu. – Falou Yami, surgindo de traz de mim, usando vestimentas que lembravam a de uma imperatriz egípcia. – Essa noite você foi cordialmente convidado a participar dele, concorrendo a um grande premio.

Segui com meu rosto Yami andando de cima do telhado para o outro lado da arena, como se caminhasse em uma escada invisível. Logo que chegou ao outro lado se pôs a sentar em seu trono e neste instante, dois criados apareceram para servi-la.

- Vamos Arthur-Kun, desça para o palco, não posso esperar a noite toda. – Pôs uma mão na boca para "disfarçar" um risinho irônico. - Não me diga que você não é capaz de algo tão simples Arthur-Kun. – Como se descer a arena dali do telhado fosse algo como dar um pulo, ela voltou a rir. - Acho que se mostrar o seu premio da noite, você estará mais disposto. – Em um estralar de dedos, Jéssica apareceu desacordada sobre a mesa que havia a frente de Yami, me deixando completamente espantado.

- O que fez com ela Yami? – Gritei do outro lado da arena sem muito pensar, temendo o pior.

- Nada. – Yami foi simples e direta. - Ela só está desacordada. Também, pobre coitada. Depois de ser traída e passar o dia em prantos, nenhuma criança aguentaria ficar acordada por tanto tempo.

Como se fossem flechas, as palavras atravessaram meu coração, fazendo-o se apertar, engoli em seco, porem nada consegui responder.

Lentamente virei-me de costas, e me pus a descer todos os lances de escada do interior da escola, o único local ainda intacto, para assim poder chegar ao pátio. Olhei para as arquibancadas, e vi ali milhares de jovens, ao que parecia, todos estudantes do colégio, gritando para que se desse inicio ao combate. Ergui então a cabeça para olhar em direção a Yami, já exclamando:

- Estou aqui Yami, e agora? – Eu senti que sabia a resposta, entretanto preferi seguir com o roteiro mais obvio de todos os duelos entre mocinhos e vilões.

- Não é obvio Arthur-Kun? Você agora terá que lutar para ter o que quer, já não havia dito isso? – Ironizou novamente. - Agora escolha sua arma, para que possamos prolongar nossa diversão. – Riu novamente de mim.

Então, uma série do que pareciam ser meus colegas de classe, apareceram carregando uma incrível diversidade de armas, das mais diferentes eras. E como por impulso, eu escolhi a espada de duas laminas, que devido a minha falta de força, teve de ser segurada, com minhas duas mãos.

Eu sempre quis sentir, a sensação do metal frio em minhas mãos. E como se praticasse, balancei a espada de modo meio descoordenado duas vezes no ar, fazendo um xis, acho que tudo aquilo começara a fazer meu sangue correr mais forte, pois comecei a ouvir um pequeno chiado em meus ouvidos. Comum, em todas as vezes que passei por algo estressante. Olhei firmemente para Yami e quase gritei:

- Estou pronto, mande o que tiver! Mas me prometa, que caso eu vença, você me dará Jéssica e nos deixará ir embora. – Tentei forçar um pedido meio a tudo, na esperança que Yami não se desse por conta.

- Certamente você a terá caso vença, mas não garanto que poderá ir embora assim tão fácil... Pois bem, que entre o desafiante. – Ergueu a mão, fazendo com que um enorme portão de metal fosse levantado do chão por correntes.

Eis que então, surgiu pelo outro lado do portão, o que parecia ser um gladiador, bem armado, carregando, uma pequena espada, e ao que me pareceu uma rede. Ele se aproximou do meio da arena, assim como eu, e fez uma referencia para Yami, a sua imperadora. Olhei com nojo para Yami e cuspi em sua direção. O que a fez retribuir com mais um de seus sorrisos sarcásticos, como se já estivesse acostumada com aquilo, ordenando assim, o inicio do combate com o erguer de sua mão esquerda, e com um "Comecem" audível.

Eu sabia que normalmente, em um combate formal, ambos lutadores se analisariam antes de pular para um combate mortal, e foi nessa esperança de que ele o fizesse que eu parti, sem esperar, para cima de meu oponente.

Ergui minha espada acima de minha cabeça, forçando sua descida na vertical, esperando atingir o capacete de meu oponente ou seus ombros expostos. Foi notório que ele foi pego de surpresa, mas mesmo assim, seus reflexos eram mais afiados que os meus, o que lhe deu espaço para se jogar e rolar para a direita, fazendo com que minha arma choca-se contra o chão,

Fiz certa força para desencravar a espada do solo arenoso e me posicionar. E novamente sem esperar, corri para cima de meu adversário, que já se encontrava de pé, mantendo minha espada abaixada para cortar na diagonal quando chegasse mais perto.

Porem, ele foi novamente mais ágil. Quando ia erguer a espada, ele a aparou com a própria espada curta, o que provocou um movimento involuntário de minha arma para a horizontal, e antes que pudesse voltar, ele desferiu um potente chute em minha barriga agora a muito vazia, o que me arrastou alguns centímetros.

Vi quando ele pulou de sua posição para cima de mim a tempo de poder, assim como ele fizera, rolar para o lado, deixando minha arma para traz. Querendo evitar outro ataque surpresa, me ergui o mais rápido que pude. Foi quando ele finalmente usou sua rede contra mim. Atirando de longa distancia, eu não consegui me tirar completamente da linha de trajeto, sendo atingido no braço esquerdo pelos pesos que a seguravam, mas ainda assim evitando ser capturado. Aproveitando do embalo que tivera para a falha tentativa de desviar da rede, corri contra meu inimigo.

Enquanto corria, segurei fundo a respiração, e senti quando meu coração deu uma batida, aquele mero segundo até a próxima batida, definiria se iria viver ou morrer. Assim que entrei em sua área de alcance, eu vi o corte na horizontal vindo a tempo da esquerda, eu senti minha camisa rasgar, e minha pele ser cortada. Mas eu havia conseguido. Movendo-me poucos milímetros eu evitara um golpe fatal me retirando parcialmente do trajeto da lamina. Improvisei mais um rolamento. O que foi o suficiente para chegar à minha arma.

Ao tentar ergue-la, senti que algo no meu braço esquerdo parecia se quebrar. Ignorando ao máximo que pude a dor, ergui minha arma. E nós dois ficamos mais uma vez a nos analisar. Quanto tempo mais eu aguentaria aquilo? Minha visão começava, aos poucos a ficar turva e minha respiração antes leve, se intensificava aos montes. Eu realmente precisava de um milagre para poder sair vivo daquela disputa.

Foi quando o chiado que eu ouvia, até então em uma amplitude quase inaudível, começou a tomar maiores proporções. Se tornando insuportável, finquei minha espada no chão, e pus as mãos em minha cabeça, urrando de dor. Uma dor maior do que a de meus ferimentos, uma dor que parecia estraçalhar minha mente e espirito. Agarrei o cabo da arma e o apertei firmemente. E instantaneamente, todo zumbido cessou saindo pela minha boca em forma de voz. Uma voz que parecia não me pertencer, mas que fazia parte de mim:

- Eu sou tu, e tu és eu... – Tive a impressão de ouvir Yami gritar algo de seu altar, mas foi pouco o que entendi.

- ... Acabe com isso agora servo! Não deixe que ele... - Yami não conseguiu terminar de falar, pois fora pego de surpresa pelo que aconteceu então.

Como se fosse dono de uma força extraordinária, meu corpo se moveu sozinho, e em um movimento de chave segurando a base da espada, foi capaz de parti-la em dois. O que provocou uma onda de choque ao meu redor, fazendo o gladiador voar longe, seguido pela volta da mesma voz de antes.

- Ergo-me das profundas escuridões de vossa alma, para que assim, eu, Uther, faça jus a alcunha dos Pendragons.

Mais duas ondas de choque, e uma intensa luz se formou a minha frente em forma de pilar. O gladiador, de pé novamente e já próximo a mim, foi agarrado pelo pescoço, por uma mão coberta de uma luva cinza de couro, que saiu do pilar de luz, arremessando-o para longe, contra a parede da arena.

Então, como se tivesse saído de um filme de fantasia, misturando a idade média e os tempos modernos, um gigante de quase dois metros e meio, com um curto cabelo castanho espetado, pisou na arena. Vestindo peitoral, braçadeiras e perneiras de metal prata, por cima de um conjunto formando por uma longa camisa azul escuro, com um dragão vermelho nas costas. Uma calça marrom presa por uma longa cinta preta, junto a um par de sapatos também pretos. Usando um capacete da cor dourada, que deixava a vista além da nuca, olhos da cor vermelha, que pareciam refletir as chamas do campo de batalha.

Puxando de sua cintura uma grande e fina espada de duas laminas, que brilhava intensamente como seus olhos, ele literalmente voou até o local onde Yami estava pronto para qualquer ataque, o qual nunca viria, uma vez que a Imperatriz estava muito espantada para agir de qualquer forma naquele momento. Como se obedecesse a meus desejos, ele pegou Jéssica em seu colo, deslizando de volta pelo ar até onde eu me encontrava. Assim que a largou em meus braços, ele sumiu na mesma posição que estava, no momento em que me desconcentrei dele, para me focar em Jéssica, deixando para traz a espada antes quebrada, agora intacta, fixa ao chão.

Observei aliviado que Jéssica realmente estava bem, e se encontrava somente dormindo, mas eu sabia que aquilo não acabaria ali. Vi de longe Yami aparecer na beira de seu agora destruído cômodo real, não conseguia ver seu rosto, mas senti que não estava nem um pouco feliz. Ignorando o fato de estar correndo perigo, me virei para tentar sair, porem o grande portão atrás de mim fora selado enquanto eu não via. Yami ia novamente descendo aquela escada invisível que usara anteriormente, vindo para minha direção.

Eu estava completamente exausto. Somente de segurar Jéssica, minhas pernas já queriam ceder. O milagre do dia já havia acontecido, quando eu dei imensa sorte de seja o que for aquilo, aparecer para me ajudar... E mesmo assim, eu sentia que agora dentro de mim, algo me dizia o que deveria fazer. Dizia que se fossemos cair, pelo menos iriamos cair lutando para sair dali!

Larguei Jéssica no chão, com todo cuidado que pude, e corri em direção ao local onde ficara a espada. Yami percebeu, e pronunciou, saindo de seu estado de choque:

- Zanma! – Erguendo assim sua mão direita para os céus.

No que eu coloquei minhas mãos na espada, segui somente com meus instintos, de modo que pareceu que eu já nascera sabendo o que fazer. Pensei fortemente que precisava vencer Yami para me manter vivo e gritei enquanto torcia o cabo da espada para quebra-la:

- Uther! – Como se fosse novamente chamado a campo de batalha, Uther Pendragon, apareceu para meu auxilio.

No instante que Uther surgiu, um pequeno tornado apareceu vindo em nossa direção, com tamanha força, que ia destruindo o chão ao seu redor. Uther me pegou e voou para longe, esquivando do tornado.

Pousamos um pouco distante de Yami, agora em terra firme como nós, que parecia rir da situação:

- Então você aprendeu um truque novo é? Pena que ele não ira te manter vivo por muito tempo. Zanma! – Gritou novamente, invocando o mesmo tornado de antes contra nós.

Uther não desviou desta vez, bloqueando o tornado com sua espada. Percebi que eu sentia o que ele sentia, no momento em que uma parte da força do tornado atingiu seu corpo, como se fosse o meu próprio.

Propelindo o restante do tornado para longe com sua espada, Uther disparou para cima de Yami com a espada erguida, e com a perfeição de um mestre deslizou a lamina pelo ar em direção ao frágil corpo da Imperatriz.

Mesmo que parecesse fraca, Yami na verdade possuía um poder tremendo, sendo capaz de segurar a ponta da espada de Uther como se segura uma carta, para em seguida gritar novamente:

- Zanma!

Aquilo fez com que Uther fosse atingido em cheio, sendo jogado a metros longe, parando próximo a parede. Eu então cai de joelhos, tamanho fora o impacto sofrido por Uther. Sentia-me mais e mais fraco, como se para manter Uther eu precisasse gastar minhas próprias energias, decidi que ira usar tudo que tinha para um golpe final:

- Agi! – Grite de longe para Uther, olhando para Yami.

Uther já de pé ergueu uma das mãos na direção de Yami, o que provocou, a milímetros dela, uma intensa explosão de chamas. A qual em nada a afetou. Ela ficou olhando para mim, com aquele sorrisinho sínico antes de falar:

- Como ousa um mero mortal achar que seria capaz de ferir uma imperatriz, uma deusa como eu! Vou criar um pouco de juízo nessa sua mente infantil. – Acabou enfim, erguendo a mão em minha direção. – Zanm...!

- Quem vai criar juízo em alguém aqui sou eu Yami! Esmagador de Crânios!

Surgindo meio a fumaça erguida pela explosão de fogo, uma grande lamina brilhosa, veio na direção superior esquerda de Yami. Tamanho era o brilho, que a lamina parecia estar cortando a fumaça para que se abrissem as cortinas do sol de uma nova manhã.

Yami tentou inutilmente bloquear o golpe da arma com os braços, porem era tarde demais para se proteger. Pois dono de uma extrema maestria, Uther permitiu a lamina despencar. Parando sua queda, próximo à altura da cintura de Yami, para assim impulsioná-la em uma meia lua na diagonal, cortando-a como se cortasse uma gelatina; sem que deixasse sequer uma gota de sangue ser derramada.

Seguindo o impulso da lamina, Uther a deixou girar para que levasse seu corpo junto. E de costas para Yami, ele puxou a bainha da arma deslizando lentamente sua lamina para dentro dela. E quando soou o encontro da proteção de mãos da espada com a bainha, Yami, até então congelada como uma estatua, pareceu acordar de seu transe. Tendo assim metade de seu corpo jogado para o chão na direção oposta que foram suas pernas.

Uther lentamente se aproximou de mim, antes de sumir novamente, pois assim desejei. E novamente a espada intacta ali ficou. Decidi recolhe-la, só por precaução. Virei-me na direção de Jéssica, e segui para pega-la novamente, em sequencia me dirigindo para a saída da arena, que ficou vazia com a morte de Yami. Eu pensava seriamente como este fato iria repercutir... Porém meus pensamentos foram interrompidos novamente, ouvi um estranho som vindo de traz, e me virei para ver do que se tratava.

O então cortado corpo de Yami aos poucos se unia. Assustado com tamanha estranheza, eu fiquei parado observando, para ver por fim ela se erguer intacta, como se nada tivesse acontecido. Porém antes que ela pudesse fazer algo, corri pelo portão em direção à saída do colégio, e de longe ouvi:

- Zanma! – Era a voz de Yami com certeza.

Senti o vento se aproximar com toda sua força, e no momento que atravessei a porta de saída do colégio, fui atingido nas costas, sendo jogado contra o chão da rua. E assim, finalmente comecei a perder a minha consciência a centímetros de Jéssica. Estiquei minha mão para alcançá-la, porém a força me faltou. E enquanto era forçado a fechar meus olhos, vi na distancia alguém se aproximar, meio a uma intensa chuva morna que começara a desabar sobre nós...

Inicio do Capitulo

Sobreviveis o primeiro, de inúmeros embates...

Eterno Brilho / Infinita Escuridão


Yo pessoal o/, esse foi o primeiro cap. da minha nova história, meio shounen eu sei, mas tentei especialmente fazer assim, para agradar a um publico maior, então espero ter agradado ao maximo, você, leitor ^_^. Ao que interessa: Eu pretendo publicar mensalmente cada cap. da fanfic, devido ao tamanho deles, e a minha inconstancia em escreve-los (não se preocupem, temos muitos capitulos prontos, em caso de perda de vontade prolongada _\), mas eu sempre busco estar melhorando nesse meio tempo, no sentindo de existir o maximo possivel de "sentido" no que ocorre em cena. Acho que é isso, fica aqui um grande abraço, e até a proxima.

Kain_Legado


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