Desejos. escrita por RafaFraga


Capítulo 6
Capítulo 6 - Skate


Notas iniciais do capítulo

Será que vai rolar algo entre Jane e Jonh?
Será que Jane vai mudar o Luke? Isso seria certo a fazer?



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Preciso admitir que senti raiva pelo Carlos e o namorado no telefone, eles estavam sendo fofos, mas eu fiquei com ciúmes. O meu amigo estava me trocando, não passávamos mais horas rindo, ou fazendo um milhão de planos para quando nos formássemos.

Em menos de dois meses eu estaria livre da escola. Não estou preocupada com o vestibular, pra ser sincera, eu nem sei o que quero pra meu futuro, acho que vou ficar um ano aproveitando a liberdade e depois me prenderei ao meu futuro, que agora parece tão longe.

Eram exatamente cinco horas da tarde, quando o telefone tocou.

– Jane. – Minha mãe falava suavemente ao telefone. – Como está sendo o seu dia?

– Oi, mãe. – Suspirei. – Está sendo legal, a manhã pelo menos foi.

– Ah, que bom, querida. Estamos voltando para casa, deixe tudo arrumado ai, viu?

– Com certeza maê. – Olhei ao redor e tudo estava bagunçado, resto de pizza, garrafa de refrigerante, pipoca no chão. – Vai estar tudo um brinco quando a senhora e o Luke chegarem, alias, posso falar com ele?

– Claro, ele está alegre hoje.

Minha mãe passou o celular para Luke e ele estava respirando forte.

– Oi Luke! – Eu não esperava resposta, então continuei a falar. – Estou com saudades meu...

– Oi. – Luke me respondeu. Uma voz doce e suave, como a de um garotinho deve ser.

– Luke, você disse oi? – Eu estava surpresa. – Oi, Oi!

Mas, não tive mais nenhuma resposta e o telefone desligou. Fiquei parada com o celular na mão sem saber o que fazer, não era a primeira vez que ele me respondia, mas isso podia ser uma ótima coisa, já que ele evitava falar com a gente, quase sempre. Eu não entendo muito o autismo para poder falar sobre isso, mas o Luke se fecha no mundo dele e às vezes fica difícil.

Carlos apareceu na sala e me disse que ia sair com o namorado, eu disse que tudo bem, já que tenho que arrumar a casa e ele me olhou serio.

– Você pode arrumar tudo em um segundo, Jane. – Ele piscou o olho e saiu.

Ah, claro. Não que eu tenha me esquecido do poder, claro, que não, é só que esqueço que posso fazer tudo o que quero nunca vou me acostumar com isso. Então, num piscar de olhos a casa estava limpa, arrumada e cheirosa. Minha mãe vai me parabenizar por isso.

Eu adoro andar de skate no fim da tarde, a sensação do vento contra o seu rosto e a emoção de pular as coisas, é incrível. Como já tinha dias que eu não andava e não via o Jonh, eu resolvi andar um pouco. Peguei o meu skate, coloquei meus fones e fui pra frente de casa. Andei por mais ou menos meia hora quando o vi. Correndo com o seu cachorro, lindo como sempre. Só que dessa vez, ele veio na minha direção, diminuiu a corrida e começou a andar.

– Oi, Jane. – Ele sorriu.

– Oi, Jonh. – Eu desci do skate.

– Como você está? – Jonh bagunçou o cabelo um pouco e eu quase derreti.

– Estou bem, obrigada. – Sorri. – E você?

– Ah, estou bem! – Ele olhou para o skate. – Não consigo aprender a andar disso, já cai varias vezes.

– Não é tão difícil. – Eu peguei o skate na mão. – Eu cai varias vezes antes de aprender a andar direito.

– Posso tentar? ­– Ele me olhou confuso. – Juro que se eu quebrar lhe pago outro.

– Claro. Se quebrar eu vou cobrar hein?

Ele colocou o cachorro amarrado na grade da frente de minha casa e subiu no skate, no começo foi engraçado, o Jonh não conseguia se equilibrar e caiu duas vezes, eu não aguentei o riso e depois pedi desculpas. Acho que ele desistiu, pois sentou na calçada e começou a rir.

– Sou péssimo, nisso, cara. – Ele olhou pro chão e alisou o cachorro.

– Não é tão ruim assim, Jonh. – Eu sentei do lado dele. Como ele era cheiroso, mesmo correndo. – No começo é difícil.

– Estou no começo há anos, então. – O sorriso dele era lindo, perfeito.

O dia poderia congelar ali, eu ficaria por horas e horas olhando aquele garoto e tentando adivinhar os segredos dele.

O carro da minha mãe virou a esquina e Jonh levantou correndo.

– Eu tenho que ir. – Ele de repente ficou nervoso. – A gente se fala depois, tchau Jane.

– Já? – Eu o olhei preocupada. – Tudo bem, Jonh. Até mais.

Minha mãe estacionou na frente de casa e a Sam estava batendo no vidro e gritando “Jan, Jan”. Luke dormia na cadeirinha dele, como ele estava pálido, odeio quando ele vai para o hospital, sempre volta sem vida. Acho que amanhã vou realizar um desejo do Luke, o que ele quiser. Só quero que ele fique feliz, ele é apenas uma criança e agora eu posso torna-lo uma criança normal.


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