– Por que você ainda se esforça tentando fugir? - Ele disse me deixando com medo, virei de quatro e tentei me levantar pra correr, corremos pelo apartamento até ele agarrar no meu tornozelo e eu cair de quatro de novo no chão, meu corpo deve amar o chão e principalmente ficar nessa posição, inferno. Sacudi o meu pé violentamente para fazê-lo soltar mas ele não soltava, então começou a puxar o meu corpo de encontro com ele e eu me arrastava para longe, ele virou o meu corpo de forma que eu ficasse de barriga pra cima, ele ainda sorria mas agora estava todo suado, que nojo! Ele me puxou de novo e comecei a gritar novamente, tentei mais algumas vezes chutá-lo, e na última fiz com a maior força que eu conseguia juntar naquele momento e o chutei bem na cara. (liguem a música)

Levantei o mais rápido que eu consegui para olhar ao redor procurando algo para me defender, fui até a cozinha e peguei o cabo de uma vassoura, pensei não isso não serve, joguei para o lado, abri as gavetas e peguei a faca que me dava medo só de olhar e fui andando devagar em direção a ele no chão e apontei a faca, quando ele me viu soltou uma risada.

– O que a pequena e indefesa Lucy vai fazer? - Ele perguntou se sentando e rindo debochadamente.

– Não se mexa! - Falei e riu ainda mais alto.

– Por que? Vai me matar? Horas, me mate logo! - Minha mão vacilou um pouco então segurei a faca com ambas as mãos.

– Não duvide! - Falei confiante.

– A mas eu duvido, me mate, ande Lucy, ande, corte a minha garganta! - Ele disse se aproximando e encostando a ponta da faca em sua garganta, seu corpo estava tenso e eu sabia que ele não duvidava, ele estava blefando, sorri de leve então fui para as suas costas, com uma mão segurei seu cabelo, inclinando a cabeça para traz e com a outra encostei a faca em sua garganta, e antes de dar o golpe final, sussurrei nos seus ouvidos.

– Você devia ter me matado quando pôde. - Falei cínica na voz, eu não me reconhecia mais. Então, passei a faca do início ao fim da sua garganta, largando seu corpo no chão logo depois e vendo que havia sangue na minha camiseta. Corri para o Lucas, para tirá-lo de lá, escutei o som das sirenes da polícia vindo de longe, Diego havia chamado a polícia, peguei a mão do Lucas e o puxei para o chão, ele bateu a cabeça e acabou gemendo de dor, continuei o puxando para a porta.

– Que porra? Lucy? - Ele perguntou em uma voz assustada, ele olhou pra mim e então se soltou de mim e me olhou com medo.

– Vem! Não temos tempo pra isso! - Eu disse enquanto o agarrei de novo e o puxei escadas a baixo, não tínhamos tempo de pegar o elevador, quando chegamos no subsolo a polícia já estava parada e os policiais saíram do veículo e correram em direção ao edifício, até pensei em roubar a viatura, mas eles a achariam fácil, então fomos para a rua e corremos pela mesma nos escondendo dos postes de luz, chegamos em um bar onde um cara havia chego de moto, eu não pensei duas vezes e abordei o motorista com a faca, ele largou as chaves e saiu correndo, sentei na moto rápido e coloquei os óculos que por acaso estavam ali pendurados, que sorte. Lucas se sentou ainda receoso atrás de mim e eu liguei a moto, quase caindo de primeira mas com o tempo fui pegando o jeito, então como não tinha ideia para onde ir simplesmente peguei a BR.

– Lucy, você ta indo muito rápido! - Lucas gritou no meu ouvido e eu levei um susto fazendo a moto se descontrolar por um segundo.

– Não me assusta desse jeito! - Gritei de volta me concentrando no caminho, eu iria pra reserva natural que estava perto, em 15 minutos estaríamos chegando lá.

Parei a moto ao chegar na frente de um portão preto com musgos e sei lá mais o que era aquilo preso no portão. Descemos da moto e joguei a mesma e os óculos atrás de uns arbustos do lado do portão, nós dois pulamos e fomos correndo mato a dentro.

– Lucy, espera! - Lucas falou cansado então eu parei e me virei ofegante, percebendo que ele já estava se apoiando nos joelhos, então voltei, o peguei pela mão e fomos andando até procurar uma árvore alta com galhos grossos, acabamos achando, subimos com muita dificuldade a árvore até chegar no galho desejado, nos encostamos e como meu corpo tremia pela força exagerada exercida e pelo frio me encostei nele toda encolhida, ele tirou seu casaco e me cobriu, me abraçando também, ele tremia igual e eu sentia seu coração loucamente acelerado.

– Me explica isso tudo por favor! - Ele disse entre suas respirações.

– Ele... ele iria fazer aquilo de novo, eu não podia deixar, dessa vez ele passou dos limites e veio atrás de mim, Diego viu e chamou a polícia, eu passei dos limites também e enlouqueci na hora que ele duvidou de mim... então, eu, eu o matei. - Falei sentindo o peso de cada palavra nos meus pulmões, e vou te dizer, eles doíam, muito.

– Por que você não me acordou? Por que não me chamou? Eu estava bem ali do seu lado! Eu poderia ter ajudado, as coisas poderiam ser diferentes mesmo que você apenas tivesse me chamado! - Ele falou meio irritado no início, depois respirou com um ar cansado e derrotado.

- Você não acordava, eu tentei, juro que tentei! Mas estamos bem agora, e é isso que importa! - Falei, logo após me virando para frente de novo, simplesmente o abracei mais forte e deixei o cansaço dominar o meu corpo e eu cair em um sono profundo, sonhando com tudo o que poderia acontecer daqui pra frente, afinal, era ela e o Lucas, contra o mundo.