Black And Blue escrita por Pequena Gafanhota


Capítulo 13
Capítulo XII




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Eu e Luke fomos até a cafeteria. Ele fazia gracinhas e sorria o tempo todo. Não trocamos nenhuma palavra sobre o trabalho, mas foi uma tarde divertida. No final eu nem lembrava de Nico ou de qualquer outro problema que ameaçava me assombrar quando eu estava sozinha. Eu me sentia livre ao lado dele, como se pudesse falar com ele sobre tudo.

Tem essas pessoas que te conquistam em tão pouco tempo que você até se assusta, não é?

Estávamos na praça, sentados na grama enquanto aproveitávamos a sombra de uma macieira. Meu celular vibrou e o visor mostrou uma nova mensagem de Annabeth.

“Tem planos pra hoje a noite?”

Eu queria responder que tinha e que podia passar a noite toda com Luke. Que eu podia ficar a madrugada acordada assistindo televisão. Que a gente podia jantar em qualquer lugar na cidade. Com Luke. Qualquer coisa com Luke.

- Hm... acho que a mamãe está preocupada. - eu disse para o garoto, que olhava para o céu que parecia uma palheta de cores misturada.

- Annabeth? Ela é super protetora, não é mesmo? - ele riu.

- Sim, é sim. - eu olhei para o celular mais uma vez. - Eu vou pra casa. - disse me levantando.

- Quer que eu te leve até lá? - Luke ofereceu com um sorriso malicioso enquanto se levantava.

- Não, não precisa. - respondi deixando um sorriso escapar.

- Tudo bem então. - ele esticou o braço e tirou uma maça da árvore. - Toma. Pra você. - ele me entregou uma fruta tão perfeitamente vermelha que parecia aquelas que se usa nos filmes.

- Obrigada. - peguei a fruta com as mãos e a joguei no ar e antes que eu a deixasse cair ele a pegou e a estendeu de novo para mim. - Ops. - Luke riu.

- Se você não quer que eu te acompanhe... tchau, Thalia. Te mando uma mensagem mais tarde.

- Tudo bem então, tchau. - eu fiquei na ponta dos pés e beijei sua bochecha. Eu fui para a esquerda e ele para a direita, cada um seguindo os caminhos de suas casas. A tarde estava linda, o clima estava bom e o céu parecia sorrir para estranhos.

Dias assim me acalmavam tanto quanto perfumes enebriantes de morenos. Como o de Nico.

15 minutos depois eu cheguei em casa e gritei por Annabeth.

- Porã-ão. - ela gritou. - Já tô indo, calma aí.

Joguei as chaves em cima da mesa e me larguei no sofá. Coloquei o braço sobre os olhos e fiquei mergulhada naquele silêncio durante algum tempo. Ouvi os passos de Annabeth e me sentei no exato momento que ela apareceu no começo das escadas, limpando o pó que havia ficado em sua saia.

- Oi. - eu disse.

- Oi, Thalia. - ela sorriu. - Bom, preciso conversar com você. - a loira se sentou no sofá e olhou para mim. - Percy perguntou se podia vir aqui para a gente assistir um filme. Ele, Nico, você e eu.

- Hm...

- Eu sei que você e o Nico estão meios... hm... enfim, eu queria falar com você primeiro. Tudo bem? - ela arqueou a sobrancelha.

- Ok, diga ao Percy que tudo bem.

- Obrigada. - ela jogou os braços em torno de meu pescoço num abraço e eu sorri.

- O Nico me beija. Depois me ignora. Esse garoto, ele é louco.

- Ah, eu sei. - Annabeth suspirou enquanto enviava uma mensagem de texto para Percy, confirmando a noite.

Subi para o meu quarto. Juntei alguns lençóis e fiz uma cabana com eles, como eu fazia quando era criança. Coloquei alguns travesseiros lá dentro, peguei uma lanterna e livros. Fiquei lendo durante horas e acabei dormindo. Annabeth me acordou e riu da minha cara. Uma adolescente. Dentro de uma cabaninha de lençóis. Dormindo. Com como cobertor. Uma cena um tanto memorável.

Os garotos iam chegar dali a meia hora. Tomei banho e vesti uma calça preta junto com uma regata branca. Quando desci as escadas, Annabeth e Percy estavam sentados no colchão em frente ao sofá vendo os títulos dos filmes. Nico estava sentado no sofá e não parecia muito interessado.

- Olá. - eu disse me aproximando. Cumprimentei Percy e Nico e me sentei no sofá junto com ele. - Qual filme vocês escolheram?

- Clube da Luta, pode ser? - Percy me estendeu o DVD com Brad Pitt e Edward Norton na capa, segurando um sabão rosa onde estava escrito “Fight Club”. Eu já havia assistido esse filme.

- Tudo bem. Legendado, por favor. - eu disse sorrindo. Ele retribuiu meu sorriso e foi colocar o DVD no aparelho.

- Como o cliente quiser. - Percy disse mudando de dublado para legendado.

Annabeth foi na cozinha e trouxe dois sacos de pipoca de microondas junto com quatro latas de refrigerante.

- Me sinto um homem prestes a assistir um jogo de futebol quando você trás comida assim, Annabeth. - resmunguei. Os garotos riram e se serviram e então o filme começou com o nome dos atores.

- Você já assistiu esse filme, né, Thalia? - perguntou a loira franzindo o cenho para a tela.

- Sim. - respondi. - E você tinha passado duas noites em claro estudando para uma prova. Dormiu logo depois da frase “As pessoas estão sempre me perguntando se eu conheço Tyler Durden.”. É a primeira frase do filme.

Continuamos em silêncio, exceto pelo barulho das pipocas sendo mastigadas. Quando Helena Bonham Carter apareceu, Nico se inclinou para frente como uma criança e disse:

- Belatriz! - eu sorri.

- Não, Nico. Marla. Marla Singer.

Eu estava no meio do filme e meu celular vibrou. Uma mensagem de Luke, como ele havia prometido. Nossa conversa por sms foi:

- Tá fazendo o quê, Grace?

Assistindo um filme que já assisti algumas centenas de vezes. E você? -

- Tô de bobeira. Qual filme?

Clube da Luta. -

- O filme mais foda que o ser humano já foi capaz de inventar. Leu o livro?

Sim. Tão bom quanto o filme. Chuck Palahniuk virou meu autor favorito depois disso.-

Olhei para Annabeth e Percy no chão, um casal feliz e próspero. Awn. Que lindo, o amor.

Não.

Certamente que não.

Olhei para Nico.

Olhei de novo para Percy e Annabeth.

Nós nunca seríamos um casal como aquele. Nunca.

Tá afim de uma visita? - Mandei para Luke. Ele me respondeu cinco minutos depois.

- Sua? Sempre.

Ok, tô indo. -

Me levantei, vesti os coturnos e fui até a porta. Peguei o meu casaco camuflado de tecido fino, já que a noite estava simplesmente com um clima ótimo.

- Onde vai? - perguntou Annabeth. Virei para trás e os três esperavam resposta. Coloquei o braço na outra manga e o ajeitei em meu corpo.

- Casa do Luke. - Abri a porta e saí sem esperar a resposta deles.

Fui andando devagar, sem nenhuma pressa nem vontade de correr. Uma brisa fez meus cabelos se esvoaçarem e eu sorri para o céu, sem nenhum motivo.

Tudo parecia bem. Tudo estava bem. Até aquele momento.

- Thalia! - alguém gritou atrás de mim.

Era uma voz conhecida. Era aquela voz que faziam as borboletas em meus estômago ganharem vida. Era aquela voz que me deixava com vontade de derreter.

Virei ao mesmo tempo que Nico di Angelo se aproximava de mim.


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Notas finais do capítulo

Eu deixo vocês me xingarem por causa do final desse capítulo, vai.