My Last Memory!NewYork escrita por Porcelain


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi gente (: Este capítulo ficou bem longo. Espero que tenham paciência pra ler e comentar -qq
As músicas que são tocadas neste capítulo:
Some People - Cantada por: Nathan & Guii /Glee Cast
Fly Butterfly - Cantada por: Blood Demon/Blood Demon
Já coloquem Some People pra carregar, pois infelizmente só temos a letra da música do Blood Demon T-T



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Sophie acordou de madrugada. Todos dormiam calmamente, e o silêncio prevalecia no apartamento. Foi até a cozinha beber um copo d’água, já que sentia a escassez em sua garganta. Deu os primeiros goles, sentindo o prazer do líquido gelado percorrer toda sua laringe. Colocou o copo na pia, e resolveu olhar as estrelas da janela, como sempre fazia. Passando pela sala, sentiu sua visão ficar embaçada gradativamente. Logo após, caiu desacordada no chão. Não muito perto dali, outro assassinato ocorrera.


— Sophie? Sophie, você tá bem? – Meiko chacoalhava a garota, desesperada.

— O que aconteceu? – Pierre correu até a sala, onde Meiko tentava acordar a garota. Eram 5 da manhã. Ainda estava escuro e fazia frio. Meiko sempre acordava à essa hora para escrever músicas, parecia que ela usava os sonhos que tinha como inspiração. Mas, obviamente, ela ia dormir novamente e só acordava depois das três da tarde.

— Eu vim beber meu café e vi a Sophie desmaiada no chão! – Meiko gritou. Parecia que por mais que ela tentasse, Sophie continuava no mesmo estado.

— Que gritaria toda é essa? – Lucky, que trajava só uma cueca boxer, foi até a sala coçando os olhos. Meiko virou para olhá-lo por um minuto, ficando corada ao deparar-se com o corpo definido do rapaz.

— LUCKY, VAI VESTIR ALGO DECENTE! – Meiko resmungou.

— Isso é decente. Indecência seria eu ficar andando pelado pela casa. – Lucky disse, adorando ver a expressão embaraçada de Meiko. Ajoelhou-se ao lado da garota desmaiada, que aparentemente continuava do mesmo jeito.

— Esperem aqui, vou preparar um chá de gengibre com folhas de hortelã. O aroma pode acordar a Sophie. – Pierre disse, puxando as mangas do seu moletom surrado que usava para dormir. Foi em direção à cozinha e pegou um bule de porcelana que estava dentro do armário. Colocou a água para ferver e escolheu o melhor gengibre que estava na geladeira. As folhas de hortelã eram bem conservadas em um pequeno pote que ficava nas prateleiras.

— Isso vai dar certo? – Meiko perguntou, aproximando-se do chef.

— Acho que sim. Sempre que a Sophie ficava doente eu preparava esse chá pra ela. Ela detesta gengibre, mas quando está doente, sabe que não há outra alternativa sem ser beber o chá todo.

— Eu lembro de quando você fez esse chá pro Guii quando ele estava gripado. – Meiko aprofundou-se na sua lembrança, dando uma grande gargalhada ao lembrar-se do ápice daquele dia. – Ele cuspiu o chá na sua cara.

— O Guii é muito fresco, você sabe disso. – Pierre revirou os olhos. Pegou três folhas de hortelã e colocou-as dentro do bule. Pierre triturou as raízes de gengibre e colocou duas colheres de sopa dentro do bule, mexendo com uma colher. – Pronto.

Despejou um pouco do líquido bege esverdeado em uma xícara de porcelana. Aproximou-se do corpo da garota desmaiada e deixou que o aroma do chá penetrasse nas narinas da mesma.

— O que aconteceu? – As pálpebras de Sophie abriram-se lentamente, exibindo dois orbes cor de turquesa que trouxeram alívio para todos. Meiko abraçou-a fortemente.

— Fiquei preocupada com você. – Ela disse. Sophie fitou os olhos vermelhos de Meiko, confusa.

— Me desculpe, mas... Eu não me lembro de nada. – Ela disse. – Quer dizer, eu fui beber água ontem à noite e...

— Você drogou a água dela também? – Meiko gritou para Gegaito, que estava atrás das garotas em silêncio. Ele estava apenas com uma regata branca e uma cueca boxer preta. Sophie corou-se rapidamente ao notar a presença do loiro.

— Desculpa, não uso nem drogo as pessoas. – Gegaito ajoelhou-se perto de Sophie.

— Mas colocou calmante no chá dela, seu idiota. – Meiko disse, fitando-o com raiva. Sophie fitou Gegaito séria.

— Quer me explicar sobre isso? – A morena perguntou, sentando-se no chão. Gegaito deu um longo suspiro e fitou Sophie, com a aparência séria.

— Eu coloquei calmante no seu chá, lá no Maid Café. – Ele disse. Sophie arqueou a sobrancelha. Meiko levantou-se do chão e sentou-se no sofá. “Agora quero ver a explicação dele de camarote”.

— Por quê?

— Bom... – Gegaito engoliu em seco. – Eu percebi que você ficava acordando de madrugada e ficava bebendo chás e olhando nas janelas. E isso me irrita. Pode não parecer, mas eu tenho sono leve. É irritante ver você rindo e conversando com... Estrelas? Então resolvi colocar um calmante no seu chá pra ver se você conseguia dormir uma noite toda.

— Seria bem mais prático colocar um sonífero, sua besta. – Meiko pigarreou.

— Eu não iria carregar a Sophie adormecida até o carro, pra pensarem que eu a droguei e que iria sequestrá-la. – Gegaito revirou os olhos.

— O que tem de errado em ficar acordada de madrugada? Eu só acho que é a melhor hora de observar as estrelas. No silêncio. Só eu e elas. – Sophie fechou os olhos lentamente e um pequeno sorriso se formou eu seus lábios.

— Não acredito que acordei cedo pra ouvir essa baboseira. – Guii disse, coçando os olhos. O garoto usava uma grande e folgada camiseta branca com um pequeno short azul claro.

— Ninguém te obrigou à acordar, pra começo de conversa. – Meiko revirou os olhos. – Por que você não segue os passos da nossa amiguinha Toneide e durma até alguém gritar pra você se levantar?

— Hmpf. – Guii não disse nada, apenas voltou à sua cama. Passaram-se algumas horas. Guii foi para o colégio, Toneide para a Vogue, Pierre para o “Chevalier Theater”, Lola foi para a “Eat Me” e Meiko, Lucky e Gee para a gravadora. Gegaito foi cochilar um pouco no sofá de dois lugares, e Sophie ficou lendo um livro, deitada no outro sofá preguiçosamente com, obviamente, uma xícara de chá na mobília ao lado do mesmo. De repente, ouviu batidinhas na porta.

Levantou-se do sofá e ajeitou seu vestido com estampa floral, que estava amassado. Calçou as pantufas, colocou os cabelos lisos por cima de seu ombro direito e abriu a porta.

— Sophie? – Brandon perguntou. Um sorriso cresceu na sua face, e o maior abraçou a garota. – Que saudades! Você não mudou em nada!

— Brandon? – Sophie afastou-se um pouco e fitou seu rosto. – O que você faz em Nova York?

— Eu moro aqui há dois anos, já! – Ele disse. – Quando soube que você viria, fiquei querendo te encontrar! E olha, somos vizinhos!

— Sério? – Sophie disse, animada. – Podemos ir visitar um ao outro quando quisermos!

— Vocês podem falar mais baixo? Tem uma pessoa irritada e ranzinza tentando dormir aqui. – Gegaito resmungou. Fitou Brandon por alguns instantes, como se tivesse a sensação de já ter o visto antes. Sophie voltou a fitar Brandon, desta vez reparando em sua roupa. Ele usava um terno preto com uma rosa branca no blazer.

— Nossa, Brandon. Você está com olheiras grandes... Quer tomar um pouco de chá? – Sophie perguntou. Brandon sentou-se no sofá com um rosto triste.

— Eu estou triste porque... Minha mãe foi assassinada. – Ele disse, com lágrimas nos olhos. Os olhos de Sophie esbugalharam-se. Ela não sabia da notícia no dia anterior, pois estava agonizando com febre em sua cama. Megan Scott era sua tia favorita, pois, diferente de sua avó Elizabeth, vivia mimando-a e tratava-a carinhosamente. Além de que, era sua única tia. Seu pai, Charlles Allster era irmão mais velho de Megan Scott. O mesmo não recebeu o sobrenome Scott, pois sua mãe era separada de seu pai. Portanto, Charlles recebeu o sobrenome da mãe enquanto Megan recebeu o sobrenome do pai.

Megan era uma mulher muito bonita. Tinha olhos cor de avelã, com uma pele branca e cabelos castanhos claros (que tinham alguns fios loiros aqui ou ali). Seu queixo era fino e o nariz era um pouco arrebitado. Tinha um pescoço fino que sempre era enfeitado com diversos colares. Ela sempre presenteava Sophie com bonecas, brinquedos, e anos mais tarde, vestidos, sapatos... Para ela, Sophie era uma linda boneca.

— A... A tia Megan... – Sophie gaguejou e logo em seguida pousou a mão em sua boca, ainda com a expressão de surpresa. Inevitavelmente várias lembranças de sua tia inundaram sua mente, provocando as lágrimas que caíram na face da garota logo depois. Brandon levantou-se e foi abraçá-la.

Isso era difícil para Sophie, já que sempre viveu seu sua mãe (que ainda está desaparecida) e nunca mais teve contato com seu pai, que viaja pelo mundo. A única pessoa que restara era sua avó Elizabeth, que sempre a tratou com desprezo. Para ela, Megan era como uma mãe.

— Eu preciso ir ao enterro dela. – Sophie disse. – Por favor, Brandon.

— Ok, vamos... Antes eu queria ver se o endereço que a Lola me deu estava certo. – Ele disse, tentando sorrir. Sophie deu um pequeno sorriso lembrando de sua amiga fofa e ingênua, que deveria estar atendendo os clientes neste momento.

— Vou me trocar, espere só um instante. – Sophie disse, entrando em seu quarto. Gegaito abriu um dos olhos e viu que Brandon olhava-o com o semblante sério.

Alguns minutos depois, Sophie voltou. Ela usava um vestido preto com rendas brancas embaixo que iam até acima do seus joelhos, e um broche de rosa branca enfeitava-o. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, e sua franja continuava penteada para frente. Usava uma tiarinha branca. Calçava uma bota preta que ia até a metade da panturrilha.

— Você está linda. Nem parece que vai pra um enterro. – Brandon disse.

— Então é melhor eu trocar? – Sophie perguntou preocupada. Ele riu.

— Você está perfeita assim. – Ele sorriu. Sophie corou levemente e olhou para o chão.

— O casalsinho se importaria de falar mais baixo? Tem um cara bastante incomodado aqui tentando dormir. E acho que estou avisando pela segunda vez. – Gegaito pigarreou, com raiva.

— Calma cara. – Brandon disse. – Nós já estamos saindo.

— Já vão tarde. – O loiro remexeu-se no sofá e puxou a coberta para cima dos ombros.

— Gegaito, fale direito com o Brandon. – Sophie repreendeu-o. – E cuidado com a casa, não sei se posso confiar em deixar você sozinho.

— Fica fria, não vou queimar nenhum vestido seu nem os livros da Meiko. – Gegaito riu e Sophie arqueou as sobrancelhas. Suspirou e foi até a porta.

— Cuidado. – A morena disse, e saiu junta de Brandon. Os dois foram até o portão de entrada do condomínio, onde um carro preto os esperava. Brandon abriu a porta para que Sophie entrasse, e logo após o mesmo entrou.


Pierre estava no Chevalier Theater. A lista dos aprovados estava preso no mural da bilheteria à uma semana, e todos que fizeram as audições sabiam se tinha passado ou não. Obviamente Guii não tinha passado. Hoje era o primeiro ensaio, na qual todos os aprovados deveriam comparecer. Os mesmos receberam o roteiro, e já sabiam o papel que iriam interpretar.

— Como vocês leram no roteiro, o musical só terá três atos. A história é sobre um grupo de pessoas que vivem numa mesma rua, e que se relacionam entre si. Em cada do primeiro ato cena um personagem será apresentado. No segundo ato, vai ser representado o modo como a vida deles se cruzam. O terceiro ato é um fechamento pra mostrar o que acontece com os personagens. – Pierre disse, no centro do palco enquanto segurava o seu roteiro. – Entendido?

Os atores assentiram. Eram sete atores no total. Maddison foi aceita, Pierre gostava do estilo e da voz dela. Além da sua personalidade encantadora. Ela foi escalada a fazer o papel de Lizzie, a moradora misteriosa que vive bebendo chás e tranquilizantes.

Ravenna também foi aceita. Ela faria o papel de Joanne, uma moradora calma e gentil que esconde um lado obscuro por trás do sorriso e das roupas de “boa moça”.

Daisuke foi aceito também. Seu papel era de Jonny, um homem do interior engraçado e bem humorado. Tirando os três, os outros quatro eram secundários que tinham suas devidas importâncias na peça. Os atores ensaiavam na ordem das cenas, e também treinavam suas vozes para cantarem.

— Está tudo ficando lindo. – Guii disse, entrando no teatro e aplaudindo. Pierre fitou o garoto com um rosto irritado.

— Você não deveria estar na escola? – Pierre perguntou grosso. Guii sentou-se em uma das poltronas em frente ao palco.

— Hoje não teve aula, parece que teve um assassinato ontem de madrugada dentro do colégio. – Guii disse. – Estão procurando pistas, mas parece que só encontraram um pedaço de lã preto.

— E então você estava sem fazer nada e resolveu vir pra me perturbar? – Pierre revirou os olhos. Os atores permaneciam em silêncio.

— Na verdade eu vim porque queria ver o ensaio. Já que não fui aprovado, posso pelo menos ajudar em alguma coisa? – Guii perguntou.

— Reclamar o tempo todo não ajuda nada.

— Posso ajudar com os figurinos. – O garoto disse. – Ou você já tem algum figurinista?

— Não. – Ele suspirou. – Ok, você pode ajudar.

— Ah, olá novato desinteressante e chato! – Brenda aproximou-se.

— O que você está fazendo aqui? – Guii perguntou ríspido. Brenda passou as mãos no cabelo e sorriu ironicamente.

— Eu fui aprovada no teste. E, pelo visto, você não foi. – Ela riu. Guii fitou Pierre com raiva e notou que um garoto saíra de trás de Brenda. Ele tinha a mesma altura que Guii, seus cabelos eram castanhos como os de Brenda. Porém, seus olhos eram azuis.

— Quem é ele? – Guii perguntou. Ele não sabia o por que, mas já não fora com a cara do garoto.

— Nathan Lopes. – O garoto disse. Ele tinha a pele branca e um sorriso aparentemente malvado. – Eu também fui aceito, e sou irmão da Brenda. Ela me disse que você não tem talento nenhum, e estou começando a acreditar nisso.

— Como alguém pode ser tão burro em acreditar nas palavras dela? – Guii cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas.

— Ela não mente. Fico feliz em saber que tenho mais talento do que um mero figurinista amador e aspirante a cantor. – Nathan sorriu sarcástico.

— Hm. Já vi de onde a Brenda puxou tanta idiotice. – Os olhos verdes de Guii analisavam o garoto de cima a baixo. – Se você se acha tão bom, que você cantar?

— Claro. – Os outros atores se distanciaram fazendo o moreno ficar no centro do palco. Guii distanciou-se também, indo para o lado de Pierre. – Orquestra.

As pessoas da orquestra viraram as partituras e se prepararam.

[Nathan]

Algumas pessoas podem se emocionar

Tricotando suéteres e ficando parados

Isso é bom para algumas pessoas

Que não sabem que estão vivos


[Guii]

Algumas pessoas podem prosperar e florescer

Vivendo a vida na sala de estar

Isso é perfeito para algumas pessoas

De cento e cinco anos


[Nathan]

Mas pelo menos eu tenho que tentar

Quando eu penso em todos os locais que eu tenho que ver

E todos os lugares em que eu tenho que tocar

Todas as coisas em que eu tenho que estar

Vamos, papai, o que você acha?


[Guii]

Algumas pessoas podem se contentar

Em jogar bingo e pagar aluguel

Isso é cafona para algumas pessoas

Para algumas pessoas que se entretém

Mas essas pessoas não são eu!


[Nathan]

Eu tive um sonho

Um sonho maravilhoso, pai

Todo sobre junho no circuito de Orfeu

Me dê uma chance e eu sei que posso fazer dar certo


[Guii]

Eu tive um sonho

Tão real quanto pode ser, papai

Lá estava eu no escritório do Sr. Orfeu

E ele estava dizendo para mim, "Rose

Compre umas novas orquestras para você

Novas rotinas e cortinas de veludo vermelho

Compre um chapéu de penas para o bebê

Tire fotos em frente ao teatro

Contrate um agente e no gabarito do tempo

você estará reservada no grande momento"


[Nathan]

Oh, que sonho

Um sonho maravilhoso, papai

E tudo que eu preciso é de oitenta e oito dólares, papai

Isso é o que ele disse, papai

Apenas oitenta e oito pratas


[Guii]

Adeus à torta de blueberry

Deus abençoe os eventos sociais aos quais eu tinha que ir

Todas as apostas que eu tinha que fazer

Todos os templos que eu tinha que cumprimentar

Hey, LA, estou indo à sua direção!


[Nathan]

Algumas pessoas ficam sentadas

Tenho o sonho, sim, mas não a coragem

Isso é vida para algumas pessoas

Para as pessoas que se entretém fácil, acho

Bem, elas podem ficar e apodrecer!

Os dois garotos se fitaram com raiva nos olhares.

[Nathan e Guii]

Mas não Rose!

— A música teria sido melhor se você não se intrometesse. – Nathan pigarreou.

— A música teria sido melhor se você não tivesse cantado. – Guii respondeu. Saíam faíscas dos olhos dos dois, parecia que iam lutar com unhas e dentes à qualquer momento. – Então, Pierre, eu já vou. Preciso comprar tecidos, agulhas, linhas...

— Ok, ué. – Ele revirou os olhos mais uma vez. Guii desceu do palco bufante e atravessou todo o corredor entre as poltronas com passos barulhentos e firmes. – Continuem os ensaios, ato 1, cena 4. Adolescentes... Tão problemáticos...


Meiko estava na gravadora, junto de Lucky e Gee. Gee tinha uma bela voz, que servia de um bom acompanhamento ou backing-vocal. Eles iam gravar o primeiro single, entitulado “Borboleta Negra”. O estilo das músicas de Meiko eram sombrias e poéticas, uma pequena amostra da confusão que se passa em sua mente.

— Estão prontos? – O dono da gravadora perguntou. Meiko assentiu com indiferença. O mixer esperou alguns segundos e então apontou para Meiko, indicando que a garota deveria começar a cantar.

(Nota: As frases sublinhadas representam o backing-vocal de Gee).

Ela estava perdida

Como nunca esteve antes

Sua mente era confusa

Como pedaços de barbantes.

Não tinha para onde fugir

Ela estava no topo da montanha

Então voe borboleteta! Mas não,

ela estava presa na teia de uma aranha.

Se solte, crie asas

Voe livre pelo céu...

O horizonte é o limite

e não um mapa de papel

Borboleta negra...

Borboleta negra...

Sinta-se livre para voar

O azul do céu não pode impedir

Você... De sonhar!

Será que vale a pena?

Pensar grande demais

Realidades distantes

Mas desistir, jamais!

Se solte, crie asas

Voe livre pelo céu...

O horizonte é o limite

e não um mapa de papel

Borboleta negra...

Borboleta negra...

Sinta-se livre para voar

O azul do céu não pode impedir

Você... De sonhar!

Borboleta negra...

Borboleta negra...

Sinta-se livre para voar

O azul do céu não pode impedir

Você... De sonhar!

Ela estava perdida

Como nunca esteve antes

Sua mente era confusa

Como pedaços de barbantes.

O azul do céu não pode impedir...

Você... De... SONHAR!

— Vocês foram ótimos. – O mixer elogiou. – Parece que temos um grande sucesso nas mãos.

— Ficamos felizes eu saber disso. – Lucky disse, percebendo que Meiko não agradeceria de forma alguma.


Lola estava lavando a louça no Maid. Eles ainda não abriram, e era por cerca das 11 horas. As garotas arrumavam as mesas e preparavam os doces e tortas para as vitrines.

— Fofa-chan... – Lola chamou.

— NÃO ME CHAME DISSO! – Arya resmungou, com raiva.

— D-Desculpe! Como quer ser chamada, então? – A morena perguntou constrangida.

— Arya.

— Arya-chan, o que foi esse corte no seu braço? – Lola aproximou-se e olhou o corte com cautela. Ele já havia cicatrizado, mas parecia que foi recente.

— O Paul tava brincando de jogar facas em alvos, mas eu estava perto e uma das facas acabou escapando da mão dele. – Arya respondeu, hesitante. – Agora sem conversa, ainda tem muita louça pra lavar, dona “Lolita-chan”.

— Pelo visto o Paul não tem muitas habilidades com faca. – Helena riu, colocando os pratos em cima das prateleiras.

— Engano seu, eu é que fui muito distraída em ficar na frente de um alvo. – Arya suspirou. – Modéstia à parte, eu sou bem melhor que o Paul em arremessar facas em alvos.

— Helena, o que foi isso? – Luisa apontou para uma grande mancha de sangue no vestido da Maid.

— Ah, droga. – Ela suspirou. – Ontem um cliente derrubou ketchup no meu vestido sem querer. Eu esqueci de lavar, perdão.

—... Ou você pode ser a assassina e acabou manchando o vestido com o sangue da vítima. – Luisa fez um sorriso sugestivo.

— Acha mesmo que, se eu cometesse um assassinato, eu usaria meu vestido de trabalho? – Helena arqueou as sobrancelhas. – Luisa, você deve parar de ler romances policiais por um tempo.

— Não dá, estou próxima de saber se a Paula e o policial Robert vão ficar juntos! – A morena rodopiou seu vestido com os olhos brilhando.

— Ah, olá Maids. – Joseph entrou na “Eat Me” com seu típico casaco marrom desbotado e seu chapéu velho. – Desculpem o atraso, meu cachorro acabou fugindo pra casa da vizinha e eu tive que tentar levá-lo pra casa de novo.

— Problemas com cachorro? – Luisa perguntou. – Mas eles são obedientes contanto que você o puna e depois dê algo que lhe agrade. E depois, puna-o de novo. E, depois de novo, dê algo que ele goste tipo um biscoito.

— Você trabalha num Maid ou num petshop? – Arya perguntou sarcástica.

— Qual é, eu gosto de cachorros! Tenho 13 na minha casa. Eu teria 26, mas como não coube eu tive que colocá-los pra adoção. – Luisa fez um biquinho demonstrando sua tristeza. Lola notou, de relance, que a mesma mancha vermelha continuava na luva branca de Arya.

— Pronto, troquei de vestido. – Helena disse, exibindo um belo vestido verde-limão com sapatinhos amarelos.

— Que vestido kawaii! – Lola disse.

— O que diabos é kawaii? – Arya perguntou, puxando uma cadeira e sentando-se largadamente.

— Kawaii é... Fofo. – Luisa disse. – Lola, você é de onde?

— Eu nasci no Japão, mas vivi a maior parte da minha vida em Londres! – A menor respondeu. Arya fitou-a com desinteresse.

— Isso explica seus olhos puxadinhos e vozinha irritante. – Arya sorriu fofamente.

— Que fofa! – Joseph disse, puxando as bochechas de Arya.

— Me larga, seu doido! – A garota pediu, tentando empurrá-lo.

— Com licença. – Paul disse, entrando no Maid. Helena e Luisa podiam sentir facilmente que estavam prestes à ter um orgasmo quando viu o homem másculo entrar pela porta. Arya sorriu maliciosamente, como se Paul fosse sua propriedade e que podia controlá-lo do modo que quiser. – Arya, tem problema se eu usar estrelas ninjas pra jogar nos alvos em vez de facas? Elas são bem mais leves e...

— Tanto faz. – A garota respondeu com indiferença.

— Se você quiser, eu posso ser o alvo... – Luisa disse, aproximando-se de Paul.

— E eu posso ser as estrelas ninja. – Helena disse, agarrando o braço do mesmo.

— Eu iria gostar que vocês fossem me ver atirando nos alvos com a Arya. – Ele mordeu o lábio inferior, fazendo as duas garotas corarem.

— Nós adoraríamos. – Elas disseram, em uníssono. Paul, então, saiu.

— Fala sério, ele conseguiu seduzir vocês com um sorriso? – Arya revirou os olhos.

— Ele não me seduziu. – Helena pôs as mãos na cintura e arqueou as sobrancelhas.

— Ele me seduziu. – Luisa admitiu. – Aquelas cicatrizes dele são tão demais!

— Algumas dessas cicatrizes fui eu quem fez. – Arya passou as mãos pelo cabelo e sorriu satisfeita.

— Você escolheu bem o lugar, viu? – Helena disse, rindo.

— Vocês parecem ser bem amigos, Fofa-chan. – Joseph disse, rindo.

— Se me chamar de Fofa-chan de novo, vou fazer uma cicatriz no meio da sua cara. – Arya disse. – E somos apenas amigos de infância.

— Acho que não tenho nenhuma amiga de infância. – Lola disse. – Sophie-chan foi minha única amiga. Depois, a Meiko-sama virou minha amiga também! E logo depois, a Toneide e o Guii. Depois o Gee-kun, e então o Pierre-kun!

— Lola, ninguém está interessado nisso. – Arya murmurou.

— Arya pega leve. – Helena repreendeu-a, sentando-se na mesma mesa que a garota.

— Mais leve que isso? – A morena riu.

— Bom, vamos abrir, Maids? – Joseph perguntou, levantando-se e fitando as quatro garotas.

— Vamos, né. – Helena suspirou e levantou-se. Joseph deslizou as portas de vidro para o lado, e virou a plaquinha para “Aberto”.


Toneide chegou no estúdio onde faria sua primeira sessão de fotos oficial para a Vogue. Louis já estava esperando-a com Ângela. Parecia que Patch e Luka não tinham chegado ainda. Ela retirou seu casaco e permaneceu com o suéter preto e seu short jeans desfiado.

— Está nervosa? – Louis perguntou, sorrindo.

— Na verdade não. – Toneide respondeu. – Estou bem tranquila depois de passar no teste.

— MAS NÃO PODE, MULHER! – Louis pegou-a pelo braço e chacoalhou-a. – VOCÊ NÃO PODE RELAXAR, SE NÃO PODE SER DESPEDIDA! NÃO QUEREMOS QUE VOCÊ SEJA DESPEDIDA E ACABE GRÁVIDA EMBAIXO DA PONTE DO BROOKLYN!

— Ah. – Toneide simplesmente disse. – Como vamos fazer a sessão de fotos se os fotógrafos não chegaram?

— Correção: O Patch não chegou. – Luka disse, aproximando-se.

— Droga, eu avisei pra ele que a sessão de fotos seria às nove! – Ângela disse. – Até anotei na agenda dele.

— Vamos ter que começar sem ele. – Louis disse, em tom de reprovação. – Ângela, vá procurá-lo e diga que irei puni-lo pelo atraso.

— Ok. – Ângela assentiu e saiu correndo em busca de um táxi.

— Não acha que está exagerando? – Toneide perguntou à Louis, que entrou no estúdio sumindo no meio de inúmeros cabideiros.

O estúdio era impecável. Um campo de verdade se estendia até onde os olhos pudessem ver, e árvores se espalhavam por lá. O único defeito era um céu artificial pintado no teto, que apesar disso era bastante realista. Havia um banco de praça do lado de uma longa árvore, e algumas flores coloridas o rodeavam.

— Não. – Louis respondeu, voltando com um longo sobretudo preto, um espartilho vermelho, um short jeans desfiado e galochas amarelas.

— Vou usar roupas coloridas pra uma coleção de inverno? – Toneide arqueou as sobrancelhas quando imaginou-se dentro daquele espartilho. Quando trabalhava no clube de striptease, sempre haviam espartilhos espalhados pelo chão do camarim.

— Sim, este inverno não terá cores frias e monótonas, as cores quentes estão na moda. – Louis disse. – E por isso o sobretudo preto, pra “quebrar” um pouco o exagero de cores.

— Você sabe que eu não faço ideia do que você disse, né? – Toneide suspirou, sabendo que se Guii estivesse lá poderia facilmente explicar a ela (obviamente com seu jeito irritado e sarcástico de ser).

— Não se preocupe, o seu único papel por enquanto é posar e fazer cara de sexy para as câmeras. – Louis disse, procurando mais figurinos. – Ah, eu acho que ficaria bem legal esse suéter verde-limão com uma calça jeans preta e um scarpin rosa com spikes atrás. E uma echarpe branca.

Louis ia pegando as peças de roupa e colocando-as separadamente em cima da mesa. Luka apenas observava os dois em silêncio.

— Você sabe que quando a Vogue estrear o desfile da coleção de inverno 2013 em Nova York, você desfilará, não é? – Louis sorriu malicioso, com um lenço laranja na cabeça.

— Desfilar? Mas eu mal sei andar em linha reta! – Toneide protestou.

— Mas desfilar é basicamente andar em linha reta, oras! – Louis riu. – Hm, touca de tricô branca com um casaco rosa, um short branco e botas azuis...

— Vou precisar treinar... – A ruiva suspirou e sentou em um banquinho que estava perto da mesa. Alguns minutos depois escolhendo as roupas, Toneide começou a sessão de fotos com o primeiro look, o do espartilho.

— Pra esse, deita no banco e estica uma das pernas, pra dar destaque às galochas. – Louis mandou. Assim, Toneide fez a pose e deu um olhar fatal para a câmera de Luka, que fotografava várias vezes de ângulos diferentes. – Agora se senta com as costas apoiadas em um dos braços do banco e cruze as pernas.

E foi assim, até o último look. Toneide estava exausta. Não sabia que para uma sessão de fotos precisaria retocar a maquiagem de 5 em 5 minutos e trocar de roupas de 3 em 3 minutos. Sem falar nas poses cansativas que Louis descrevia.

— Porquê você não ficou excitado quando me viu só de calcinha? – Toneide perguntou chateada à Louis, que riu alto.

— Toneide, gays não se excitam com mulheres. – Ele limpou uma lágrima que escorria de seu olho direito, continuando à rir.

— Você é gay? Eu pensei que estivesse apaixonado por mim! – A ruiva disse num tom choroso. Louis riu mais alto ainda.

— Você é bastante ingênua. – Ele parou de rir por uns instantes e fitou os olhos azuis da garota. – Por acaso você está gostando de alguém?

— Não. – Ela disse, rápida. – Eu estou amando alguém. Esse alguém mora comigo, mas só repara nos seios da irmã.

— Por acaso a irmã dele é a Meiko? – Ele perguntou, retirando do bolso uma revista na qual Meiko, Lucky e Gee estampavam a capa. Os olhos de Toneide esbugalharam-se. – Ela foi considerada a cantora com maiores seios naturais.

— “Naturais”. – Toneide fez aspas com os dedos e revirou os olhos. – Como sabia que eu falava dela?

— Na entrevista eles disseram que moravam com você, e na capa dá pra perceber claramente que os dois garotos estão olhando discretamente pros seios dela. – O ruivo folheou as páginas até onde tinha a entrevista.

— Ah, legal saber que a Meiko agora é cantora... Ela está realizando meu sonho. – A ruiva levantou-se com um rosto entristecido.

— Você queria ser cantora? – Louis arqueou as sobrancelhas.

— Sim, mas eu tenho uma voz magnificamente horrível e não sei dançar. Como eu disse, eu mal sei andar em linha reta. – A ruiva recolocou seu suéter e pendurou sua bolsa no ombro. Luka foi o primeiro a ir embora, impaciente. – Até a Lola canta melhor que eu.

— E esse tal de “Gee”, ele não liga pra você? – Louis sentou-se em cima da mesa e cruzou as pernas, ignorando totalmente a existência de Lola.

— Bom, ele diz que não tem nada contra mim, mas não passa disso. – Ela disse, chateada. – Sem falar que vive me dando falsas expectativas.

— Não tem nada mais deprimente do que ver uma mulher de 20 anos com desilusões amorosas. – Louis choramingou. – Bom, vamos? Preciso fechar o estúdio e pensar na punição pro Patch, aquele irresponsável.

— Pega leve, não acho que ele tenha se atrasado... Ou melhor, faltado de propósito. – Toneide fitou os olhos cor de esmeraldas de Louis tentando fazê-lo desistir da ideia de punição.

— Toneide, ninguém falta na Vogue sem ser punido. – Ele sorriu. – Espero que isso te motive ainda mais à chegar nas horas certas.

— Droga.


Sophie descia do carro com Brandon. Ela notou, curiosamente, que o garoto segurava uma boneca de porcelana indiscutivelmente parecida com sua tia. O nariz levemente arrebitado, o queixo fino, os fios de cabelos castanhos que estavam arrumados em um coque, os olhos de vidro cor de avelã... Ela usava um vestido preto e um pequeno véu que ia ate o nariz de porcelana.

— Que boneca linda... – Sophie disse, maravilhada. Brandon sorriu.

— Minha namorada que fez. Ela tem uma loja de bonecas de porcelana, e tem apenas 19 anos. – Brandon disse. – Acho que irei pedir pra ela fazer uma sua.

— Faria isso por mim? Não se preocupe, eu pago e...

— Não precisa. – Brandon segurou na mão de Sophie delicadamente. Os dois foram em direção à igreja, onde o corpo estava sendo velado. Megan estava dentro do caixão, com um elegante vestido branco e os cabelos limpos e arrumados. Sua pele continuava perfeita, branca e limpa como sempre foi. Várias rosas rodeavam o caixão, e Sophie não pode conter as lágrimas ao ver sua tia. Não era uma coisa legal, depois de dois anos sem ver sua tia, vê-la novamente em um caixão. Podia-se notar facilmente que Brandon segurava as lágrimas. O garoto colocou a boneca delicadamente sobre o seio esquerdo de Megan e, logo após, fecharam o caixão.

Os dois acompanharam até o cemitério, onde a cova já tinha sido cavada. O caixão foi colocado delicadamente no grande buraco escuro. Sophie limpou suas lágrimas com a luva branca e então jogou a rosa branca que tinha presa em seu vestido por cima do caixão.

— Adeus, tia.



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Tá, eu sei que estou enchendo a fanfic de personagens e vocês não vão conseguir decorar todos... DESCULPEM MESMO Ç___Ç
Então, mereço reviews? u_u