My Last Memory!NewYork escrita por Porcelain


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Na minha opinião, esse capítulo ficou grande e bem chatinho no começo. Eu adoro escrever os capítulos com uma prévia do próximo, então vocês, assim que terminarem de ler, já poderão deduzir o que acontecerá.
Boa leitura! ^^



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1O.

Assim que a explosão do carro aconteceu, todos correram até o veículo na qual exalava uma grade fumaça negra que se estendia até o céu.

— MEIKO? MEIKO, ONDE VOCÊ ESTÁ? – Gee aproximou-se do carro procurando algum vestígio da garota. Puxou a porta – que estava quente – achando que a morena estaria abaixo dele. Mas não.

— DROGA! DROGA, DROGA, DROGA! – Mack repetia diversas vezes, batendo na própria cabeça. Lucky também a procurava, e notou que a garota loira de tempos atrás – Mitsuki – havia desaparecido no meio da equipe que manuseava as câmeras.

— FOI CULPA DELA! – Lucky apontou, e então se levantou do chão e correu em direção da garota. – PROCUREM A MEIKO ENQUANTO EU VOU ATRÁS DESSA GAROTA.

Mitsuki corria pelos corredores do estúdio de filmagem, percebendo que Lucky corria atrás de si. Um sorriso travesso estava estampado em sua boca, divertindo-se com a ideia de que Meiko poderia estar morta dentro do carro.

— PARA AÍ, GAROTA! – Lucky gritou. Deu passos largos até conseguir alcançar a garota. Pegou-a pelo braço bruscamente, parando-a. – O QUE VOCÊ FEZ NA PORTA?

— Nossa. – Mitsuki sorriu de um jeito safado. – Você tem braços fortes. Queria ver toda essa força na minha cama e...

— EU ESTOU FALANDO SÉRIO. – Lucky chacoalhou-a. – O QUE VOCÊ FEZ NA PORTA? DROGA!

— Eu coloquei travas e um imã na porta. Aí, quando a Meiko fechou, as travas se ativaram e os imãs se prenderam nelas. Sabe, pra não correr o risco de se soltarem. – Mitsuki disse, soltando-se de Lucky. – Agora vá atrás da sua namoradinha. Isto é, se ela tiver sobrevivido à explosão.

— Sua... SUA VADIA! – Lucky gritou, puxando os cabelos da loira. A garota simplesmente abaixou-se rapidamente e deu uma rasteira em Lucky, fazendo-o cair e bater as costas no chão.

— Não toque em mim. – Ela arrumou os cabelos e logo depois pisou com força na barriga do mesmo. – Nos vemos por aí, Luckynho.

Mitsuki retirou seu macacão bege, e continuou com o vestido preto de tempos atrás. Enquanto isso, Gee ainda procurava pela irmã. Aquela fumaça já estava causando ânsias de vômito, tonturas e tosse nas pessoas que ajudavam a procurar. O moreno sentia uma angústia aflorar em seu peito, não podia perder a irmã de um jeito tão tolo.

— MEIKO! GENTE, EU A ENCONTREI! – Gee gritou, correndo em direção ao corpo de Meiko. Ela estava a poucos centímetros do penhasco, e um filete de sangue escorria de sua testa. O maior ajoelhou-se ao seu lado, abraçando-a e tentando a acordar de qualquer jeito. – MEIKO, ACORDA!

— Ela... Ela tá desmaiada. – Mack disse, ofegante. Seus óculos estavam pendurados na gola de sua camiseta, exibindo seus lindos olhos cinzentos. Gee levantou Meiko nos braços, observando-a. Estava tão inofensiva em seu colo, como uma pequena garotinha em um sono profundo. – Gee, você percebe que não é hora de ter pensamentos eróticos com sua irmã desmaiada?

— Não estou tendo pensamentos eróticos com ela. – Gee resmungou. Uma sirene pode ser ouvida à distância, aproximando-se gradualmente. Os dois homens viraram em direção ao som, e puderam observar uma ambulância parando ao lado dos mesmos. Rapidamente colocaram Meiko em uma maca e a mesma fora colocada delicadamente dentro do veículo. Gee entrou também, fechando as portas traseiras e segurando nas mãos da irmã.

 .

Chegando ao hospital, Gee pode observar a cama de Toneide. A ruiva dormia calmamente em sua cama, coberta por um lençol branco. A maca de Meiko fora colocado ao lado da de Toneide, às pressas.

— O quê a Toneide faz aqui? – Gee perguntou perplexo. Toneide respirava lentamente, e parecia estar em um sono profundo. O moreno sentou-se em um sofá observando os médicos cuidarem de Meiko. Fora difícil encontrar alguma roupa que coubesse com aqueles seios enormes.

Depois de algum tempo, com o dia já anoitecendo, Gee acabou dormindo no sofá.

 .

Sophie, Gegaito, Lola, Guii, Lucky e Pierre permaneceram no apartamento. Gee continuou com Meiko e Toneide no hospital. Patch, depois de um tempo esperando Toneide dormir, foi embora. Joe seguiu o mesmo logo em seguida. Ainda era de noite.

— Eu estou preocupada. – Sophie disse cabisbaixa. Já havia chorado tudo que podia quando soube do acidente de Meiko, e sentiu-se ridícula por não poder ir ao hospital depois de sua pressão ter aumentado tanto. Pierre já havia preparado um chá de gengibre e hortelã para a garota, e depois de longas batalhas para obrigá-la a beber ela finalmente deu o primeiro gole. – Será que ela está bem? Se ela estiver sentindo dor, com frio...?

— Sophie, pare com esse drama. – Guii disse, tentando cortar a lagosta. – Você sabe que a Meiko está bem. Você devia se preocupar com você, depois de quase ter sido assassinada.

— Mas ela é minha melhor amiga. Quer saber? Eu vou ir lá agora. – Sophie retirou o guardanapo que estava preso na gola de seu vestido e levantou-se bruscamente da mesa. – Pierre, me leve até lá.

— Por que logo eu? Será que um simples cozinheiro não pode ficar sossegado nem para jantar? – O moreno protestou. Sophie fitou-o com o semblante sério como se estivesse matando-o mentalmente. Pierre suspirou e levantou-se de sua mesa. – Se eu voltar e a comida já estiver esfriada, coloque-a no microondas.

— Pode deixar, Pierre-san! – Lola disse. – Ah, Sophie-chan... Leva esse desenho pra Meiko-san pra mim, por favor?

Lola entregou um pequeno papel dobrado para Sophie, que sorriu levemente e guardou-o no bolso.

— Já voltamos. – Ela disse, puxando um casaco da Armani do cabide e saindo rapidamente junta de Pierre.

— Não sei, acho que deveria treinar mais drama com a Sophie. – Guii disse, ainda tentando cortar a lagosta. – Mas que droga! Essa lagosta não quer cortar!

— Talvez seja por que você está tentando cortar com uma colher. – Gegaito riu baixinho, dando uma garfada na salada de alface.

— Mas... – Guii olhou para a colher em sua mão. – Eu jurava que era uma faca!

— Você tá tão distraído, Guii-chan! – Lola exclamou, desenhando um coelho com molho em seu prato (coisa que aprendeu com Helena).

— Ah, é que eu não absorvi ainda a ideia de que um amigo meu do colégio é gay, e a minha amiga do colégio já foi alcoólica. – O garoto disse. – Eles me contaram tão tarde. Sem falar que o Nicholas tem um péssimo gosto pra escolher com quem vai namorar. E já posso falar que foi a Mel que bebeu as cervejas do Pierre, já que ele não está mais aqui.

— Que bom que eu nunca espalho gravadores pela casa, não é? – Gegaito gargalhou, fazendo Guii jogar um tomate em seu rosto.

— Será que dá pra vocês ficarem quietos? – Lucky resmungou. – Caso não perceberam, estou tentando jogar videogame e não estou conseguindo me concentrar com essa voz irritante do Guii e essa risada do Gegaito.

— Minha voz não é irritante. – Guii disse, dando uma colherada no arroz e enfiando-o na boca com raiva.

— Gegaito-san... Fiquei sabendo que você ia publicar um livro! – Lola disse, entusiasmada. Gegaito deu um pequeno riso e depois fitou a morena.

— Vou sim. Aliás, a editora em que fui aceitou o projeto e já está na lista dos livros que serão publicados. – Gegaito sorriu. Guii levantou-se e colocou o prato ainda cheio em cima da pia (pois já havia perdido a fome), pegou um chocolate no armário e sentou-se de volta à mesa.

— Sobre o que é esse livro? – Guii perguntou, devorando o chocolate sem piedade nenhuma.

— Sobre uma pedra escarlate que já pertenceu à um serial killer de décadas atrás. Essa pedra é protegida por uma das famílias mais influentes do mundo, e sempre que alguém rouba a pedra ou acaba tocando-a por muito tempo, comete um homicídio similar a um que já fora feito pelo serial killer. – Gegaito levou a taça de vinho à boca e deu um grande gole. – E assim, o ciclo nunca acaba. Alguém rouba, mata, a joia é recuperada, alguém rouba novamente, e assim todos os personagens vão morrendo de um por um.

— Traga um exemplar pra mim quando for publicado. – Guii ordenou, podia sentir seus olhos faiscarem.

— O que é um cereal killer? – Lola perguntou, com as bochechas e nariz sujos de molho. Guii riu.

 .

Sophie dava passos apressados no hospital, fazendo um eco quando seus saltos batiam no chão. Pierre a seguia em silêncio. Os dois já foram informados de onde ficavam os quartos de Meiko e Toneide, e seguiam para lá imediatamente.

A morena abriu a porta e entrou silenciosamente, observando Meiko dormir. Ela estava com três pontos acima de sua têmpora direita, que pareciam um pouco inchados. Havia um pequeno corte em sua boca também, mas era quase impercebível. Sophie aproximou-se da maca da amiga e acariciou suas mãos delicadamente.

— Você vai melhorar. Eu tenho certeza. – Sophie dizia com a voz trêmula, sentindo que iria chorar novamente. – Não se preocupe, sempre que precisar estaremos aqui. Por que... – Sophie deu uma longa pausa e limpou uma lágrima que teimava em cair. – Você é forte. Sempre foi.

Notou que Gee dormia confortavelmente no sofá. Nem queria imaginar a angústia que o garoto sentira no momento da explosão. Provavelmente seu coração não aguentaria.

Virou-se para Toneide. A ruiva parecia estar embalada em um sono profundo, se bem que não precisaria de nenhuma espécie de droga ou sonífero que a fizesse dormir profundamente. Sophie notou que as pernas de Toneide tremiam.

— Pierre... O que tá acontecendo? – Sophie perguntou. Logo alguns médicos entraram na sala.

— Por favor, vocês podem esperar lá fora? – Pediu um deles. Sophie assentiu e então saiu da sala junta de Pierre.

— O que houve? Ela vai ficar bem? – A morena virou-se pra Pierre, que aparentemente estava com sono e fome.

— Acho que sim. Estou mais preocupado com o prato de lagosta que deixei enquanto tem dois esfomeados que comem até pedra em casa. – Pierre resmungou, referindo-se à Lola e Lucky. Depois de alguns minutos esperando, os médicos lhes disseram que seria melhor voltar amanhã.

 .

O que Sophie mais queria era que aquele dia acabasse. Primeiro de tudo, descobriu coisas sobre sua mãe e ainda correu o risco de ser assassinada. Depois, Guii torceu o pé. Toneide bebeu algo e desmaiou. E, pra fechar com chave de ouro, Meiko sofre um acidente de carro.

Mas aquilo estava longe de acabar. Mitsuki não ia causar infortúnio para apenas três pessoas. Aquilo tudo era só um aviso. O pior mesmo ainda estava pra acontecer.

O dia amanheceu calmamente. Lola foi uma das primeiras a sair, tinha que sair para o Maid Café. Guii foi ao colégio reclamando desde a hora de acordar até chegar lá. Pierre fora aos ensaios da peça, com bastante preguiça.

Lucky estava no hospital junto de Sophie, esperando Meiko acordar.

— Não podemos entrar? – Sophie perguntou entristecida. O médico ajustou os óculos antes de responder.

— Por enquanto, só o Geovanne pode. Ele é irmão de um dos pacientes, e, pelo que eu sei, vocês não são parentes de nenhuma das duas. – Ele disse.

— Mas isso é um absurdo! – A morena protestou. Lucky apertou as mãos, apreensivo.

— A única coisa que vocês podem fazer é esperar. – Ele disse. – Daqui a uns 10 minutos vocês poderão entrar.

Gee entrou no quarto das duas, carregando consigo um grande buquê de rosas vermelhas. Toneide acordou lentamente, sentindo uma grande pancada na cabeça assim que sentiu a claridade penetrar-lhe os olhos.

— Ah, Gee! – Toneide disse, feliz. Seus olhos brilharam ao se deparar com o buquê que o mesmo trouxera.

— Toneide, você acordou! – Ele disse, aproximando-se da garota. – O que aconteceu? Você tá melhor?

— Pelo que eu me lembre, eu bebi um suco e desmaiei. – Toneide disse, como se fizesse toda lógica do mundo. – E, estou com uma dor de cabeça forte. Mas vou melhorar, prometo.

— Estou tentando dormir. – Meiko falou. – Ou seja, calem a boca.

— MEIKO! – Gee abriu um grande sorriso e aproximou-se da garota, feliz. –Você já está melhor? O que aconteceu? Como você conseguiu sair do carro? Ah, eu trouxe esse buquê pra você.

Logo, o sorriso de Toneide desapareceu. Era como se ela não estivesse mais ali, e Gee só enxergasse Meiko.

— Não dava pra você vir me visitar mais tarde? E, flores? Por que não trouxe um PSP ou alguma coisa pra comer? – Meiko resmungou. Gee riu.

— Não, eu estava preocupado com você. E você sabe muito bem que não se pode trazer videogames nem comida pros hospitais. – O moreno disse, passando a mão nos cabelos de Meiko. Toneide sentiu seu coração se apertando e virou para o outro lado, cobrindo-se com o cobertor e chorando baixinho.

— Eu ainda quero dormir. – Meiko murmurou.

— Agora, falando sério, como você conseguiu sair do carro? Eu fiquei apavorado de você ter continuado lá dentro depois da explosão.

— Eu consegui quebrar a janela esquerda e pulei, mas aí bati com a cabeça e caí em cima dos cacos. – Ela disse. Este era o motivo de ter três pontos ao lado da cabeça.

— Mas como você foi parar perto do penhasco? – Gee ainda estava aflito.

— Sei lá, eu devo ter rolado pra perto dele. – Meiko deu de ombros. – Agora eu quero dormir, posso?

— Acho que não, a Sophie e o Lucky estão te esperando lá fora. – O garoto riu. Os olhos de Meiko se esbugalharam.

— A Sophie está aqui? Pede pra ela entrar! – Meiko sentou-se na cama subitamente, fazendo seus seios balançarem (e Gee ter uma hemorragia nasal). Depois de alguns minutos discutindo com o médico, Gee conseguiu convencê-lo a deixar Sophie e Lucky entrarem. – Ei! Eu disse Sophie, não Lucky.

— Meiko, você está bem? – Sophie correu em direção da garota e a abraçou fortemente. Meiko sorriu e abraçou também.

— Não, mas vou ficar. – Ela disse preguiçosamente. – Por que vocês vieram tão cedo? Vocês sabem que eu gosto de acordar tarde.

— Eu queria ver se você estava melhor. Eu vim aqui ontem à noite, mas você ainda estava dormindo. – A garota disse, segurando nas mãos de Meiko. Lucky aproximou-se com um sorriso travesso na face.

— Nem venha com essa cara de safado, Lucky. – Meiko ordenou, cobrindo-se com o lençol. O moreno sentou-se na beira da cama e olhou-a no fundo dos olhos.

— Ainda bem que você está melhor.

— Eu estaria melhor ainda se estivesse dormindo agora. – Meiko sussurrou, revirando os olhos.

— Não seja tão mal-agradecida, eu tenho certeza que você gostou da nossa visita. – Lucky disse, puxando as bochechas de Meiko. – Não é?

— Na verdade, prefiro sangue. – Meiko sorriu sarcástica, dando um tapa nas mãos de Lucky para que o mesmo soltasse suas bochechas. – Quer dizer, prefiro a visita da Sophie a vocês me atazanando.

— Senhorita Meiko? – Uma mulher com rosto angelical se aproximou do quarto, segurando uma prancheta e com um sorriso agradável no rosto. – Está na hora de trocar suas ataduras.

— Ah, que coisa. – Meiko reclamou, se levantando da maca permitindo seus pés tocarem o chão gelado.

— Quer ajuda? – Gee perguntou levantando do sofá e aproximando-se da morena. Meiko fitou-o com um olhar gelado, o fazendo sentir um frio na espinha.

— Consigo me virar sozinha.

— Não. – Lucky passou o braço da garota ao redor de seu pescoço e a puxou pela cintura. – Eu vou te ajudar.

— Me larga. – Meiko pigarreou, mas Lucky não deu ouvidos.

— Vamos? – A mulher sorriu docemente e foi em direção a porta, enquanto Lucky ajudava Meiko a caminhar. Sophie e Gee iam atrás dela.

— Espera, Gee.

— Hã? O que foi? – Gee se aproximou da maca de Toneide. A garota virou o corpo, ainda deitada, e retirou um pouco do lençol.

— Eu te amo.

— Ah, não. Não vamos ter essa conversa de novo, Toneide. Me poupa dessa, vai. – Ele pediu. Toneide permanecia séria, ainda o encarando. Gee suspirou e sentou-se no banco que ficava ao lado da maca.

— Não vamos conversar. – Ela disse, com um pequeno sorriso se formando em seus lábios carnudos. – Eu só queria te lembrar que eu te amo.

— Não tem como esquecer. Você faz questão de me lembrar isso toda hora. – Ele deu uma pequena risada.

— Eu gosto de te falar isso. Mesmo não tendo o mesmo efeito. – Toneide deu de ombros. – O meu “eu te amo” parece que já virou rotina, de tanto te falar. Mas ele ainda é verdadeiro.

— Eu amo a Meiko. – Ele disse rápido. – Quando nós éramos pequenos, eu jurei que faria o que fosse pra ela ficar feliz. Então ela me pediu pra ser a única mulher na minha vida, que não queria ser trocada novamente.

Toneide ouvia tudo atenta, percebendo que seu coração seria partido mais uma vez.

— Por isso que ela te odeia. Ela percebe que tem uma rival. – Gee estava sério, olhando para os olhos azuis da ruiva. – Você sabe que ela sempre procura novos motivos pra te odiar. Mas eu não tenho nada contra você. Eu até gosto bastante de você, Toneide. Mas a Meiko é a única mulher na minha vida.

— Isso está errado. – Toneide disse. – Fazer o que ela quer só vai alimentar aquele ego idiota. Ela acha que é a rainha do mundo, principalmente com você e o Lucky fazendo tudo o que ela quer. A Meiko se acha no direito de tratar vocês como escravos. E vocês são tolos demais pra enxergar isso.

— Eu não me importo de ser tolo se for pra ver minha irmã feliz.

— ELA NÃO ESTÁ FELIZ! ELA SÓ VAI FICAR FELIZ QUANDO EU SAIR DA VIDA DELA! – Toneide gritou, com as lágrimas descendo de sua face e as sobrancelhas arqueadas. Apertou o lençol com força, com vontade de gritar tudo o que queria. Aquilo era apenas o começo de todo o amontoado de razões que a ruiva tinha para demonstrar que estava certa. Ela queria dizer que eles nunca ficarão juntos, e que esse era um pretexto que Gee usava para tentar conquistar a irmã. – Ela... Ela gosta de ver que vocês farão tudo o que ela quiser. Mas isso não a deixa feliz.

— Você não sabe nada da Meiko. E, aliás, você não sabe o que está falando. – Gee levantou-se e foi em direção à porta.

— Gee... GEE, ESPERA! – Toneide fora levantar de sua cama, porém notou que suas pernas não a obedeciam. – O quê...

A ruiva impulsionou-se para fora da maca, caindo no chão. Começou a arrastar-se em direção à porta.

— GEE, ME ESPERA!! – Ela gritava, quando notou que dois médicos entraram e a colocaram de volta à maca. – ME DEIXE SAIR! POR QUÊ NÃO CONSIGO ANDAR?

— Antonieta. – O médico começou sério, limpando o rosto da garota com um pequeno lenço. Ela olhava perplexa para o homem. – No suco que você bebeu, tinha uma quantidade muito grande de calmante. É um dos calmantes ilegais daqui, que causam muita dor de cabeça e até febre. Mas, além dessa calmante, também tinha uma pequena quantidade de droga que causa paralisia temporária. Você terá que ficar aqui recebendo medicamentos até que a paralisia acabe.

— O QUÊ? MAS... EU TENHO UM EMPREGO! EU TENHO QUE CUMPRIR TUDO O QUE ESTÁ NA AGENDA, NÃO POSSO FICAR AQUI! – Toneide gritava, parecia que estava descontrolada e faltaria pouco para ela matar alguém com as próprias unhas.

— Me desculpe. – O médico disse, arrumando seu jaleco. – Daqui a pouco voltaremos pra lhe dar a primeira dose do medicamento.

Assim que os dois homens saíram, Louis, Patch, Luka e Ângela entraram no quarto. Louis vestia um chamativo terno verde-limão com um lenço laranja preso ao pescoço. O alargador branco em sua orelha quebrava um pouco mais a imagem “angelical” de seu rosto.

— Toneide! O que aconteceu? – O ruivo se aproximou, segurando nas mãos dela. Apesar de serem amigos, Toneide sabia que a relação que tinha com Louis era a mesma que ele tinha com todas as novatas.

— Eu bebi um suco, desmaiei, estou com uma puta dor de cabeça e não consigo mexer minhas pernas. Vou ficar aqui até a paralisia passar. – Ela disse cabisbaixa. – Tenho certeza que vou ser demitida por não conseguir cumprir o que tem na agenda agora.

— Não. – Louis disse. – Eu vou preparar um atestado médico pra te afastar por um tempo da Vogue. Garanto que a Annie não vai gostar, mas pelo menos você não perde seu emprego.

— Você vai ficar bem, Toneide! – Ângela segurou nas mãos da garota, com os olhos lacrimejando. – Logo logo você estará desfilando nas passarelas com roupas extraordinariamente bonitas!

— Espero que sim. – A ruiva fez um pequeno sorriso nos lábios como forma de agradecimento. Luka continuava no fim da sala com nenhuma expressão aparente. – E você, só veio aqui de acompanhante?

— Eu só vim por perda de tempo mesmo, já que o Louis me obrigou e eu não posso contrariar minha chefinha. – Ele arqueou uma das sobrancelhas com um sorriso provocativo.

— E sua chefinha acaba de abaixar o seu salário, que tal? – Louis cruzou os braços com um sorriso irônico.

— Patch, obrigado por ficar aqui comigo durante a noite. – Toneide virou-se para o moreno que estava recostado à porta. Ele aproximou-se lentamente da ruiva com um sorriso no rosto.

— Não tem problema. Já que o idiota do Joe não quis ficar, eu me senti na obrigação de esperar você dormir. – Patch deu uma grande ênfase à palavra “idiota”.

— Depois eu vou querer retribuir o favor.

— Não precisa.

— Own, se os namoradinhos não se importam, eu vou pra casa. – Luka disse impaciente, passando pela porta. – Até mais, chefinha.

— Quer que eu abaixe seu salário mais ainda? – Louis arqueou uma das sobrancelhas e fechou a porta assim que o garoto saiu. – Toneide, vamos ter que voltar pra Vogue agora. Espero que você melhore.

— Obrigada.

 .

Poucas horas depois, Sophie e Pierre retornaram a casa. Lucky resolveu ficar no hospital, junto de Gee. Ainda eram 6h30 e Guii e Lola ainda se arrumavam para o colégio e o Maid Café, respectivamente.

— Bom dia! – Lola disse sorrindo, enquanto amarrava seu grande espartilho. Sophie aproximou-se e a abraçou.

— Bom dia.

— Lola, por acaso o Maid Café virou um puteiro? – Pierre pigarreou, observando a roupa da garota. Além do espartilho rosa, ela usava uma saia de babados preta e um scarpin rosa. Sem falar na tiara preta com as orelhas de gato.

— Não, Pierre-sama! Este é apenas meu uniforme normal... – Lola comentou entristecida. – Joseph-kun disse que precisamos usar roupas curtas pra atrair mais clientes!

— Daqui à pouco a única coisa que vai restar vai ser a tiara. – O moreno pigarreou e foi à seu quarto. – Vou levar a Lola e quando voltar, durmo mais um pouco.

Guii finalizou sua roupa subindo o zíper de sua jaqueta vermelha pela metade. Já estava com a camiseta preta, a calça jeans escura e o seu allstar vermelho de cano alto.

— Vou ter que ir a pé de novo? – Guii apontou para Gegaito, que dormia na cama. Geralmente era ele quem o levava para o colégio. Sophie pode notar uma pequena mancha de sangue sobre o cobertor. – Ora ora, agora o Gegaito menstrua?

— Guii, não faça piadas. Menstruação é um pesadelo. – Sophie corou de leve. – E, sim, você terá que ir a pé. Quer que eu faça seu café da manhã?

— NÃO PRECISA. OBRIGADO, TCHAU. – Guii pegou seu fichário e correu para fora do apartamento. Sophie nunca fora uma boa cozinheira e todos naquela casa – infelizmente – descobriram isso das piores maneiras possíveis.

 .

— Bom dia, Lolita-chan! – Luisa aproximou-se de Lola e abraçou-a fortemente.

— Bom dia, Sádica-san.

— TCHAU PIERRE! – Luisa mandou beijos e acenou para o moreno, que girava a chave e religava o motor para ir embora. – Não acredito que você ainda não deu mole pra ele.

— O que é “dar mole”? – Lola arqueou uma das sobrancelhas.

— Menos papo e mais ação. Pode ser? – Arya colocava as toalhas de mesa enquanto Helena recolocava os pequenos cestos com ketchup, mostarda, açúcar, palitos de dente, etc.

— Por que vocês são sempre as primeiras a chegar? – Luisa coçou a cabeça em dúvida.

— Por que não somos preguiçosas iguais vocês, oras. – Arya resmungou.

— ELA FICA TÃO FOFA RESMUNGANDO! – Luisa disse corada, rodopiando. Arya pousou a mão no rosto com raiva.

— E aí, Maids? – Paul entrou no Maid Café vestindo um terno, com uma gravata borboleta vermelha e um avental. Luisa e Helena sentiram seus corações dispararem.

— Olá Paul-kun! – Lola disse. Paul sorriu e deu leves tapinhas na cabeça da garota. – Você está trabalhando de garçom em algum lugar por aqui?

— Não, ele só vai ficar ajudando aqui por uns dias. Ele disse que é por causa dos pais, que não querem que ele fique vagabundeando por aí. Mas eu tenho certeza que é só pra seduzir algumas clientes. – Arya limpava uma faca com um olhar fatal para Paul.

— Mas nossos clientes são homens! – Luisa protestou.

— Por isso que ele está aqui. Ele quer atrair mulheres pra cá, também. – A morena deu de ombros e adentrou à cozinha do Maid, sumindo de vista.

— Paul, você está bem? – Helena sorriu docemente enquanto arrumava a gravata do maior.

— Ei, para de tentar tirar uma casquinha dele! – Luisa pôs as mãos na cintura e agarrou um dos braços de Paul.

— Vai começar tudo de novo... – Arya disse entediada.

— O Maid já está funcionando? – Brandon entrou com seu típico sorriso cavalheiresco, encantando a maioria das garotas. Cumprimentou Paul antes de se sentar.

— Já estamos sim. O que o senhor vai querer? – Helena perguntou, debruçando-se um pouco sobre a mesa de modo que seu decote ficasse mais visível.

— Um café e uma porção de pão de queijo, por favor. – Ele pediu, exatamente o que Sophie pediu no dia em que visitara o Maid com Gegaito. Assim que Helena virou as costas para pegar o café, uma mulher entrou.

Ela era alta, tinha seios e o busto volumosos. Seu semblante era sério, e tinha cabelos negros e cacheados presos em um perfeito rabo de cavalo. Seus olhos eram amarelados e os lábios eram carnudos e vermelhos.

Assim que Arya a viu, lançou um grande facão em direção à mulher (tomando muito cuidado para não acertar Brandon ou Lola). Quando a faca ia atingindo seu rosto, a mulher pegou-a com dois dedos, parando-a à 2 centímetros de seu rosto.

— Finalmente encontrei o Maid Café. – Ela girou a faca nos dedos pelo cabo. – Onde está o Joseph? Quero assinar logo o contrato e trabalhar aqui.

— Quem é você? – Lola perguntou. Brandon estava abismado com a habilidade de Arya de arremessar uma faca com tanta precisão e força. E mais abismado ainda com a mulher que conseguiu parar a faca com dois dedos.

— Ela... – Arya deu uma pausa. – Ela é Lola Bucksworth.

 .

Guii “corria” rapidamente pelos corredores do colégio. Não era a primeira e provavelmente nem a última vez que o garoto se atrasava. O barulho de sua muleta batendo no chão ecoava por toda a escola. “Droga, se eu pudesse correr chegaria mais rápido.”, pensou.

Sem querer, acabou tropeçando no pé de alguém e caiu. Virando-se para ver quem era, deparou-se com uma garota que usava um típico uniforme escolar japonês. Ela tinha cabelos loiros e uma face aparentemente meiga. Mas Guii estava totalmente enganado em relação à Mitsuki.

— Me desculpe! – Mitsuki estendeu a mão ajudando o garoto à se levantar. A esta altura, o mesmo já havia esquecido completamente a dor que sentira no pé torcido quando caiu.

— Ah, não tem problema. – O garoto equilibrou-se novamente nas muletas e colocou a alça de sua bolsa por cima de seu ombro. O que estava havendo com ele? Geralmente ele responderia “será que esse seu nariz enorme te impossibilitou de me ver na sua frente?”, mas dessa vez foi diferente.

— Será que você poderia vir à Feira de Atividades que ocorrerá sábado? – Mitsuki retirou um panfleto de sua mochila e entregou-o à Guii. – Terão várias coisas legais, tipo karaokê, labirintos com prêmios espalhados, também terá umas lojinhas com lembrancinhas. Qualquer pessoa pode ir, sendo do colégio ou não. Quem arrecadar mais pontos nas brincadeiras pode escolher dentre os três prêmios.

Guii abriu o panfleto e viu os três prêmios destacados: Um urso de pelúcia de 2 metros, um amplificador de guitarra e um cachecol com listras cor salmão e um tom de chocolate. Os olhos de Guii brilharam ao ver o cachecol.

Ao subir o olhar, Mitsuki não estava mais lá.

Algumas horas de sono depois, Pierre foi ao teatro. Era mais um cansativo e entediante ensaio, mas que era muito preciso também. Ravenna atravessava a avenida da Broadway em direção ao Chevalier Theater, com pressa. Pela direção de onde a garota andava, ela teria que entrar no teatro pelas portas do fundo, que ficava ao lado de um beco. Quando parou na frente da porta, notou que alguém estava atrás de si.

— Olá! – Mitsuki sorriu falsamente. – Como é seu nome?

— Ravenna... Desculpa, mas... Quem é você? – Ravenna ajeitou a alça de sua bolsa e arqueou uma das sobrancelhas.

— Eu quero que você saia da peça. E serei seu pior pesadelo se você não me obedecer. – A loira retirou uma faca do bolso e fez um pequeno corte na bochecha de Ravenna, que rapidamente começou a sangrar.

— Eu não vou sair da peça! Eu nem te conheço! – Ravenna virou-se e girou a maçaneta. No mesmo tempo, sentiu uma terrível dor percorrer-lhe as costas e se espalhar pelas pernas. Também pode sentir um líquido escorrendo.

Assim, Mitsuki retirou a faca das costas de Ravenna e limpou o sangue do objeto na camiseta da garota. Chutou-a até perto de latas de lixo, cobrindo-a com caixas e restos de lixos espalhados pelo chão.

— Olá, eu sou Mitsu. A Ravenna me pediu pra avisar que não poderá mais participar da peça, e eu vim aqui substituí-la. – Mitsuki disse, entrando no teatro e fitando Pierre com seus olhos heterocromáticos. Enquanto isso, do lado de fora, Ravenna dava seu último suspiro.


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Notas finais do capítulo

LEIAM ESSA MERDA:
Sim, eu precisei do draminha da Toneide pra ver se vocês entendiam mais esse amor que ela sente pelo Gee (apesar de ele amar a Meiko).
A Mitsuki começa a fazer novas vítimas neste capítulo. Primeiro se passa por uma estudante no colégio do Guii e resolve entrar para a peça do Pierre. Mas será que ela só fará mal à esses dois?
Ok, nem precisam dizer o tesão que vocês sentiram ao imaginar o Paul trabalhando no Maid Café. -QQQQ
O que vocês acham que vai acontecer na Feira de Atividades? :3