Caos. Tudo se resumia em caos. Eu corri em direção à Demi que estava gritando. Na verdade ela estava matando um demônio com um arco e flechas benzido. 

            Há alguns meses atrás eu, Sam e Demi iniciamos o apocalipse sem querer. Por algum motivo fomos escolhidos e por fim acabamos abrindo a porta do inferno que pra piorar qualquer situação, segurava lúcifer. Ele saiu. E para piorar ainda mais as coisas meu irmão Samuel era o verdadeiro receptáculo do diabo. Essa noite seria a noite de todas as noites, Lúcifer estava atrás de Sam para o tão esperado ‘’sim’’. Isso mesmo, Lúcifer só pode possuir Sam se ele aceitar. Infelizmente isso aconteceu.

            Já eu e Demi, somos vampiros. Na verdade a irmã de Demi, Bella, a transformou a alguns anos atrás, e eu pedi que Demi me transformasse. Com toda essa euforia de caça aos vampiros, nos camuflamos entre os humanos. Usamos anéis que nos protegem do sol e tentamos parece o mais normal possível. Eu e Demi não nos alimentamos de sangue humano a muito tempo, talvez seja por causa do resto de humanidade que nos restou.

            Mas naquela noite, tudo estava para mudar. Já estávamos em Detróide há umas duas horas, e já tínhamos matado uns cinqüenta demônios.

            Há exatamente dois anos atrás, houve um acidente, e o Sam morreu. Eu e Demi não podíamos deixar por assim. Sem o consentimento da minha irmã, eu fiz um pacto com um demônio pela vida do Sam, mas o demônio, nada generoso, me deu apenas um ano de vida. O prazo acabou eu fui pro inferno. Sam e Demi ficaram seis meses tentando me trazer de volta, mas nada dava certo. Até que um dia x, um Anjo do senhor, chamado Castiel me arrancou do inferno e disse que tinha uma missão para mim. No final de tudo, havia um demônio, uma mulher, chamada Lilith. Que estava tentando quebrar os 66 selos que prendiam Lúcifer no inferno. Eu, Sam e Demi tínhamos que impedir. Mas no meio disso tudo, pintou outro demônio, outra mulher, chamada Ruby. Ela tentou o Sam e começou a treiná-lo para matar Lilith, sim, ela era um demônio ‘’diferente’’, mas somente para o Sam, por que a mim e Demi, ela não enganava. Infelizmente travamos batalhas imensas, pessoas ao nosso redor morreram, e a batalha entre o céu e o inferno foi longa. Perdemos. Só perdemos. Talvez por essa pressão toda, eu e Demi brigamos com o Sam e ele se mandou com a Ruby. Depois de algum tempo, faltava apenas um selo, um único selo para abrir a porta. O ultimo selo devia ser quebrado, e eu e Demi sabíamos qual era o último selo. Lilith tinha que morrer pelo verdadeiro receptáculo de lúcifer. E Sam não sabia disso, mas estava disposto a matar Lilith. Eu e Demi não conseguimos contato com o Sam e não pudemos avisá-lo do que estava prestes a acontecer. Ruby era a grande vilã da história, aquela vadia mentirosa. Ela conseguiu o que queria. Sam matou Lilith, assim quebrando o último selo sem saber.

            A porta se abriu, e ele saiu.

            Desde então estamos tentando matar o diabo. Como pude ser tão ingênuo? Castiel havia nos avisado que tudo começaria em Detróide. Era lá onde estávamos naquela noite, à noite de todas as noites.

            Eu estava correndo o mais rápido que podia, estava exausto. No meio de todo aquele fogo e carros voando, havia anjos e demônios lutando. Os únicos humanos que estavam ali eram eu, Demi e Sam. E olha que nem éramos tão humanos. Eu corri em direção à Demi. Estava segurando uma colt que matava demônios, matava tudo que vinha em minha frente.

            - Demi, cadê o Sam? – Gritei.

            - Ele esta no cemitério Mike. – Demi atirou em cima do meu ombro com as flechas benzidas e acertou um demônio atrás de mim.

            Eu peguei Demi e corremos para o cemitério onde tudo estava incrivelmente quieto. Ouvíamos apenas o som abafado das grandes explosões e raios sobre o céu escuro. Realmente, Sam estava lá, com um cara que estava sendo usado por Lúcifer até Sam dizer o ‘’sim’’.

            - Demi e Mike. O que devo a honra dos dois aqui? Vieram ver o show? – Lúcifer estava segurando uma rosa e falava com um tom de muito sarcasmo.

            Meus olhos se encheram de raiva e podia ver que os de Demi também.

            - Viemos te mandar pro lugar de onde veio, seu inseto imundo. – Cuspi no chão de nojo.

            Sam já estava segurando uma arma em uma das mãos. E na outra estava segurando os anéis dos quatro cavalheiros do apocalipse que havíamos matado meses antes. Lúcifer sabia que Sam estava com os anéis.

            - Os anéis dos cavaleiros. Vamos lá, eu nunca menti para vocês. Eu e Sam, uma luta justa. Ele vence e eu sou preso? Acho que não. – O sarcasmo estava na ponta de sua língua. – Eu venço. – Agora ele tinha dado aquele sorriso arrogante, olhou para a rosa e ela ardeu em chamas. – Eu sempre venço.

            Eu olhei para Demi, não podia esconder que estava com medo. Todos ali estavam, exceto Sam, ele estava um tanto quanto calmo.

            - Sabe, não vai fazer diferença. – Disse Sam um tanto quanto triste.

            Demi o questionou.

            - Sam?

            O medo tomou conta dos olhos de Demi, e dos meus também. Lúcifer ainda estava com aquele sorriso sarcástico.

            - Dou lhe uma. – Lúcifer estava hesitando.

            - Deixa disso Samuel. – Agora eu estava muito brabo.

            - Dou lhe duas...

            Sam olhou para lúcifer, olhos nos olhos, respirou fundo e disse.

            - Sim.

            Lúcifer deu um passo à frente. – Não entendi direito.

            - Sim Lúcifer!

            - Ah, sim. – Lúcifer encostou a mão na cabeça de Sam, que ainda estava muito tranqüilo.

            - Sammy...  – Implorei.

            O Som estridente do fundo sumiu, e uma imensa luz branca invadiu o lugar num baque ensurdecedor. Eu e Demi cobrimos os olhos para evitar uma cegueira passageira. Quando a luz passou, pude ver Sam jogado no chão, estava tremendo e agonizando, suava e gritava.

            - Os anéis Mike. – Sam estava gritando de dor.

            Todos sabíamos que os anéis dos cavaleiros poderiam abrir a cela de lúcifer e poderíamos mandá-lo direto para o inferno. Esse era nosso plano, mas Sam não o seguiu.

            - Rápido Mike, eu não vou agüentar muito tempo. – Disse Sam pressionando os dentes com força.

            Por incrível que pareça Sam conseguiu assumir o controle, mais por quanto tempo?

            Eu joguei os quatro anéis na parede que se uniram e abriram um buraco muito claro na parede, o buraco começou a exalar vento. Depois começou a reverter e puxar tudo em sua volta. Eu me segurei em uma árvore e pude ver Demi agarrada em uma lápide. Uma luz branca parecida com um holofote brilhou em cima dos anéis e eles sumiram.

            Sam se levantou com força e começou a andar em direção ao buraco estacado na parede.

            - Sammy, NÃO! – Eu estava gritando o mais forte que podia.

            Demi também estava.

            Tudo foi muito rápido, Sam se jogou dentro do buraco que se fechou logo em seguida. Tudo estava em silencio, o barulho havia parado e a calmaria tomou conta do Lugar. A única coisa que pude ouvir diante do meu desespero foi o choro pigarreado de Demi.

            Sam estava no inferno. Onde eu estive a um tempo atrás.

            O inferno, o maldito inferno. A prisão feita de carne, sangue e ossos, onde o fogo toma conta de tudo. O lugar que não desejaria nem ao meu pior inimigo. E lá estava ele, a pessoa que eu mais amava no mundo, meu irmão. Tudo bem, que Lúcifer estava usando ele, mas mesmo assim, era o inferno, e eu não sabia nenhuma outra forma de abrir a porta. Então sim, eu estava mesmo assustado, era o Inferno!

            Castiel desceu com suas assas negras riscando o céu, estampando um barulho ensurdecedor.