Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 42
Colar




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Meu pé ainda doía, mas eu poderia fazer tudo como antes. Agora era a minha vez de caçar. Segui os rastros das duas, que não tinham ao menos se esforçado para escondê-los. Agora anoitecia mais cedo e as estrelas bordavam a textura do céu. Em pouco tempo consegui ver os dois corpos despreocupados caminhando em direção a floresta, estavam prontas para penetrar em suas sombras. O hino habitual começou a tocar e enquanto isso foram projetados os mortos. Giulliano e Hans. Automaticamente pensei em Adam torturando o garoto do 12 até a morte, sem piedade ou dó. Quis tirar as imagens que vi de minha memória, mas eu não consegui, eram marcantes de mais.

            O hino era alto e preenchia meus ouvidos, invadindo minha concentração. Eu preparei um dardo e mirei na nunca de Leia. Assoprei e ela caiu no chão com o líquido se espalhando por sua cabeleira destroçada e morena. Eu corri a tempo de Annie se virar e girar seu facão á centímetros acima de minha cabeça. Adrenalina penetrava em meu sangue.

            Peguei outro dardo e preparei para Annie. Desviei de sua lâmina mas ela me acertou na parte lateral de meu tronco e eu me contorci, sem tempo de cair.

            Joguei um dardo e ele penetrou em sua clavícula, ela fez uma cara de completa angústia, jogou sua arma para a outra mão e investiu.  Desviei e atirei, atirei, atirei. Três dardos. Afastei-me e coloquei a zarabatana na bainha, retirando minha espada. Eu escutava o barulho das lâminas cantando uma para a outra e via tudo, mas era como se meus movimentos não fossem meus, estavam apenas sendo produzidos com tal rapidez que nem eu mesma conseguia acompanhar.

            Ela acertou o nó de meus dedos e eu fraquejei. Sua lâmina correu para o meio de minha espada e ela caiu na neve fofa, longe do meu alcance.  Eu me atirei para pega-la, mas Annie a chutou. “Essa luta eu vou ganhar”, pensei.

            Girei no chão e chutei os pés de minha adversária, fazendo a cair com as costas dela fazendo um belo CRACK! Peguei a minha zarabatana, a retirei da bainha e corri minhas mãos direto a meus bolsos, procurar um dardo, mas eles tinham acabado, todos.

            Eu estava morta, Annie já tinha se levantado e seu pé estava posicionado sobre meu peito, o esmagando ao ponto de me fazer implorar por ar ou liberdade.

            Coloquei a mão no meu pescoço e senti o metal frio do colar. Senti a pontinha do pingente e as continhas que o enfeitavam.

-É uma pena que todas as vezes que lutamos, eu quase sempre saí ganhando, não é, Garota Lobo?

-Boa sorte. - eu arranquei o colar com toda a força e senti ele marcar meu pescoço, mas aquilo não me importava. Posicionei o dardo com meus dedos finos e de nós brancos. Atirei e atingi entre seus olhos verdes.

            Empurrei o corpo dela com minha perna e senti seu pé relaxar sobre meu peito. Suas costas se estatelaram no chão e ela permaneceu ali, imóvel, virando um cadáver a cada ponto que seu coração parava de bombear e seu cérebro parava de funcionar.

            Peguei a minha espada que exibia o mesmo sangue que estava escorrendo pela testa de Annie e a limpei em suas roupas. As marcas dela permaneceriam com ela. O canhão soou e finalmente o desespero que eu tanto esperava preencheu meus ouvidos, meu coração, meus pulmões ocupando o espaço de meu ar, e meu corpo. Eu me senti pesada. Meus passos pareciam ser fetos de chumbo e minha cabeça parecia cheia de preocupações. Ela estava cheia de preocupações.

            Eu era uma das finalistas. Eu poderia ser uma das vitoriosas, eu poderia voltar pra casa, mas o problema é que Adam também poderia ser o grande vencedor.


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