Berrei para Kahinan correr. Descemos morro abaixo meio que cambaleando até chegar na floresta e nos dispersamos. Eu corria junto com o vento, dando graças a Deus por ter dormido por muito tempo. É engraçado porque quando você fica parado deseja sair e saltitar por aí, mas quando você sai só quer voltar.

Olhei pelo canto dos olhos e notei dois lobos me perseguindo. Meu passos se aceleraram até que me abaixei atrás de uma pedra.  Escutei as patas do lobo chegarem muito perto, ele ainda corria. 

Sangue escorreu das pernas do animal e um grande sofrimento ecoou de sua boca. Ele rolou e caiu no chão, eu parei aproximei e finquei a espada em seu peito, enquanto ele ainda agonizava. O coração do bestante parou de funcionar. 

Peguei a zarabatana e me virei. Foquei no outro que ainda vinha. Um dardo atravessou seu peito. Ele parou e caiu. 

Vi aqueles grandes corpos agora de pele negra permanecerem no chão. Mortos. 

Tentei refazer o caminho mas olhando através das árvores não existia nenhum sinal de Kahinan. Escutei um grito e rapidamente meu coração disparou. Eu sabia de quem era. Corri tão rápido quanto as batidas em meu peito. Galhos tentavam me arrastar para fora do caminho, mas eu persistia até que achei ele. 

Foi inútil conter as lágrimas. Três lobos estavam sem vida, deitado sobre o chão. As costas grandes de Kahinan estavam encostadas em uma árvore e Renata segurava uma faca enfiada na barriga dele. Sangue pingava no chão, como minhas lágrimas. 

Os olhos de Renata exalavam ódio assim que Kahinan aproximou seus lábios dos dela. Os lábios sem cor e quase mortos. Ele a beijou. Um último beijo. Renata ficou perplexa e retirou a faca da barriga do garoto e bateu em seu rosto. Ela virou de costas e saiu com Zeileen ao seu lado. A menina abriu a boca para fazer a mesma pergunta que eu. Mas ela encarou sua aliada e ela se calou. As duas sumiram entre as árvores.