This Is The Last Time I Will Forget You escrita por Bonnie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Escutem ao som da música mais melosa e triste que tiverem ai.



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Tóquio estava tomada pelo inverno, frio e cortante. A neve caía incessantemente pelas ruas, cobrindo, congelando, paralisando qualquer ser incapaz de se manter aquecido ou qualquer ser sem vida. Os grandes arranha-céus pareciam ainda mais monumentais, perdidos nos mais variados tipo de painéis luminosos.

O apartamento, localizado numa parte mais afastada de Chiyoda, era grande o suficiente para duas pessoas. Paredes e alguns móveis brancos, contrastando com outros em tom vermelhos escarlates, o assoalho em cedro polido coberto por um tapete em cor gelo. O lugar não ostentava riqueza alguma, era simples para aqueles que o viam pelo lado de fora, mas luxuosamente visto por aqueles que o habitavam. Da janela da sala tinha-se uma visão quase ampla do Palácio Imperial, o que fazia o seu aluguem ser bastante caro e a opção de compra quase que impossível – afinal, ninguém queria vender um apartamento que rendia muito e que poderia render mais quando bem se quisesse.

Sobre o sofá havia um corpo esbelto e esguio, maior do que costumava se encontrar pelas ruas daquela província. Pele extremamente clara, olhos profundamente castanhos, cabelos cor de mel. Sua pele misturava-se com o tecido no móvel sob seu corpo, assim como com suas roupas compostas por uma calça jeans de cor clara, um suéter negro como os olhos de seu amante e um logo e quente casaco branco. Não parecia animado ou menos eufórico, em seu rosto havia uma expressão de tédio e em seus lábios um bico. Se o outro estivesse ali com toda a certeza implicaria consigo o chamando de pato rabugento.

Como ele odiava aquele tipo de brincadeira infantil e irritante.

Aquele par de olhos negros era muito bem capaz de abalar qualquer estrutura em torno de si, qualquer estrutura que pudesse tentar construir como forma de se proteger daquele olhar. Olhar que retirava de si todo e qualquer sentimento que tentasse repelir ao acordar.

A neve ainda caía lá fora quando foi ouvido o barulho de um rodar de chaves na fechadura. Porém, nem isso pareceu animar o homem que ali se encontrava. Continuou na mesma posição, apenas um girar de olhos puderam ser notados por ele mesmo. Estava começando a ficar farto de tudo aquilo.

- Kouyou, você está aí? – Um corpo magro e mais baixo foi revelado por entre o vão da peça de madeira. O par de olhos negros e intensos brilhando, os lábios grossos se curvando em um sorriso amarelado. A pele amorenada escondida entre as veste totalmente negras.

- Sim, Stef. Eu estou. – Continuou ali. Em um cruzar de penas ajeitou-se sobre o estofado, sua postura demonstrando o quanto parecia incomodado com algo.

O moreno recém chegado aproximou-se, retirando o casaco preto que cobria seu corpo e jogando sobre a poltrona ao seu lado. – Desculpe-me pela demora, houve alguns problemas e eu tive que os resolver. – Sentou ao lado de Uruha, a mão enluvada indo direção ao rosto do rapaz ao seu lado. – Senti sua falta. – Aproximou-se tocando seus lábios sutilmente nos do outro. Grossos tocando peculiares. Porém, o mais alto não mexeu um único músculo, mas também não repeliu do contato, que parecia ser tão desejado pelo seu Aoi.

- Está tudo bem, você sempre faz isso mesmo. Me deixa esquecido nesse apartamento e nem ao menos dá um telefonema para saber se ainda estou vivo. – Uruha levantou-se de súbito, ignorando o outro e pondo-se a fazer o caminho em direção ao seu quarto.

- Você sabe que isso não é verdade. – Murmurou Shiroyama, em um tom baixo, porém suficiente para que o outro o ouvisse. Fazia algum tempo que ele vinha notando que o maior estava diferente, evitava alguns contados, evitava ficar perto dele por muito tempo, evitava o beijar. Achou que seria apenas uma fase e que alguns casais passam por isso. No entanto a fase não passou e ele chegava a se perguntar se Kouyou ainda o amava.

Pensar que seu loiro o estava esquecendo, esquecendo seu amor, fazia seu peito doer e o ar lhe sufocar. Não gostava de pensar nessa hipótese, não gostava nada de pensar em perder quem tanto amava.

- Yuu, você sabe que isso éverdade.– Fez o caminho de volta até a sala, pondo-se atrás do sofá, suas mãos apoiadas no encosto do mesmo. – Você passa horas naquele maldito escritório, quando não está lá está em suas malditas e infinitas reuniões de trabalho. – Passou uma de suas mãos sobre a pele alva de seu rosto, estava cansado. – Você sempre me deixa sozinho aqui, quando você estava na faculdade eu até tolerava esse tempo sozinho, mas agora você é um economista bem sucedido, tem empregados, não precisa viver para aquela empresa e deixar a sua vida pessoal cair em ruínas. Depois não reclame se eu arranjar outro que me dê mais atenção do que você me dá. Depois não venha me dizer que não avisei.

- Kou, não seja dramático. Quantas vezes eu já desmarquei reuniões por caprichos seus? Vamos, me diga. Se eu passo tanto tempo no trabalho é porque preciso, não ficaria lá fazendo nada, ao contrário de você que passa o dia aqui sentado olhando para as paredes. – Tentava não elevar o tom de sua voz, não era de seu feitio gritar ou brigar com quem amava. Sabia o quão sensível o outro era, não ousaria gritar com ele. – Não me venha com “arranjar outro”. – Fez aspas com as mãos. - Quem deveria estar reclamando aqui sou eu. Há quanto tempo nós não temos um contato maior do que um beijo. Kouyou, você está tornando isso difícil demais e ainda vem querer duvidar do que eu sinto. Quanto a você, será que me ama mesmo? Ou ainda está comigo por capricho e comodismo?

- Você sempre me culpa por tudo e sim, eu tenho dúvidas sobre o que você sente por mim. – Bufou. – Está sempre tão ocupado, um homem de negócios e eu apenas um boneco esquecido sobre a cama, é assim que eu me sinto ao seu lado, um boneco sem vida.

 Você sabe muito bem o motivo de eu passar os dias traçados em casa, eu estou em plena crise criativa, esqueceu? – Levou as mãos ao próprio cabelo, bagunçando-o.  

- Tudo que eu faço é por você. Se eu não te amasse com toda a certeza você já estaria largado em um beco qualquer de Tóquio, atirado aos ratos e misturado aos mendigos. Eu posso dizer com toda a convicção do mundo que você é a pessoa mais importante para mim, a mais importante da minha vida. Eu faria tudo para te ver feliz. – levantou-se deixando o outro sozinho no cômodo. – Mesmo que esse tudo custasse a minha própria ruína.

Kouyou apenas engoliu em seco, girando o corpo e indo em direção ao grande quarto. Abriu a grande peça de madeira revelando uma grande cama no centro do cômodo, as paredes em um tom areia, os móveis em madeira de mogno esculpida, a cama coberta por uma grande colcha de cetim branca e almofadas em mesmo tecido, alguns quadros eposter’s adornavam as paredes dando um ar mais jovial ao local. Ao lado direto da cama havia uma porta que dava acesso ao closete ao lado esquerdo uma que dava acesso ao banheiro, e foi para lá que ele se dirigiu. O banheiro por sua vez tinha as paredes ladrilhadas em branco, os ladrinhos mesmo assim ainda tinham detalhes em azul marinho que mais lembravam pinturas portuguesas, uma grande banheira à direta e um box de vidro esfumaçado à esquerda, um grande balcão de mármore branco e um grande espelho acima deste.

Takashima começou a desfazer-se lentamente das peças de roupas que cobriam seu corpo. Uma a uma foram tomando lugar ao chão. Quando apenas a roupa intima preta cobria seu corpo foi até a banheira ligando a torneira que indicava a água quente e quando esta estava cheia retirou a boxer a imergiu seu corpo sob o líquido quente, sentindo seus músculos relaxarem quase que imediatamente.

Sua cabeça estava tomada por pensamentos. Ele nunca realmente duvidara do amor que Aoi dizia sentir por si, mas duvidava do que realmente ele próprio sentia pelo o outro. Quando tudo entre eles começou sentia a paixão correr por suas veias e achava que logo ela cederia o seu espaço a um grande amor, mas isso agora parece não ter acontecido. Com moreno ao seu lado ele se sentia protegido, amado, mas em momento alguma sabia ou conseguia retribuí-lo da mesma forma. Estava travado, estagnado em seus sentimentos e sentindo-se cada dia mais mal por isso. Após todo esse tempo sentia-se como um empecilho na vida do outro e talvez ele próprio estivesse melhor ao lado de outro alguém, já que não era capaz de amar alguém que lhe daria a vida se fosse preciso.

Não se importou em contar os minutos que passou ali, isso realmente não importava. Estava finalmente relaxando e só queria sentir aquela sensação de ter seus ombros livres do peso que parecia carregar sobre eles diariamente. Seus dedos e sua pele já estavam enrugados quando decidiu que já era hora de acabar com aquele banho. Levantou-se e pegou a toalha que jazia ao lado da banheira e se pôs a secar o corpo e cabelos, terminada a tarefa enrolou-a em torno de sua cintura. Houve um choque térmico quando os pés aquecidos foram de encontro com os frios azulejos, causando-lhe um arrepio que lhe subiu a espinha. Retirou-se do local, voltando ao quarto.

Mesmo depois de um banho e de por suas idéias em ordem, ele ainda sentia uma grande vontade de chorar, mas para mostrar-se forte ele não ousaria render-se ao pranto, não quando Yuu estava em casa. Precisava mostra-se forte aos olhos do outro, não poderia fraquejar, ou acabaria piorando completamente a situação em que o relacionamento deles se encontrava.

Ao pôr o pé sobre o carpete, já de volta ao quarto, encontrou o outro deitado sobre a cama, ainda vestindo as mesmas roupas as quais havia chego a casa, mergulhado em um sono profundo, mas este não se parecia nem um pouco calmo e sim perturbador. Sua face adormecida contorcia-se frequentemente, demonstrando o quanto aquele sono não o estava fazendo bem. Não tinha o sorriso de sempre plantado em seus lábios carnudos, suas pálpebras pareciam pressionadas um contra a outra como se forçassem a se manterem fechadas. O loiro mel não gostava de ver o outro daquela forma, gostava de vê-lo sorrindo e fazendo piadas que ainda assim o irritavam.

De gatinhas sobre a cama alcançou o corpo e menor q        ue o seu, a mão foi de encontro ao rosto de feições fortes e dedicou-lhe um afago terno, com receio de acordar o outro por mais que desejasse o tirar daquele sonho.

Novamente as lágrimas lhe vieram aos olhos e sem que percebesse uma escorreu-lhe pelo rosto andrógeno. Estava fazendo mal a quem tanto o amava e nem se quer poderia dizer que sentia o mesmo por ele. Não sabia se sentia o mesmo, não sabia.

Frustrado, deixou-se cair sobre o colchão macio e ainda coberto apenas por uma toalha adormeceu. O corpo aconchegado ao do outro, sem saber se queria proteger ou ser protegido.


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Notas finais do capítulo

Assim que tiver tempo e revisar posto o próximo capítulo. :D



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