Depois de Tiago ter ganhado a primeira corrida, Rony e Harry fizeram mais quatro competições, que é claro, Tiago e Fred sempre eram os primeiros.

-Ai, eu não aguento mais. –disse Rosa. –Tiago e Fred vão ganhar todas, para quê fazer mais corridas? Eu vou dar um jeito de sair daqui. Hum... Ai, ai! Minha barriga está doendo muito!

-Tudo bem, filha? –perguntou Rony.

-Eu vou lá para dentro...

-Ah, eu vou também... –disse Alvo contorcendo-se fingindo estar com dor também. –Acho que foi aquela torta que comemos no trem... Você vem Tiago?

-Não, Fred e eu ainda temos muitas corridas para ganhar! –respondeu Tiago.

-Mas talvez você tenha algo para fazer lá dentro, não acha? Sabe, tratar de alguns assuntos... –disse Rosa. –Aqueles deveres escolares, eu posso te dar uma ajuda...

-Ah, sim... Até mais, Fred...

E os três saíram do grande jardim e se dirigiam ao túnel.

-O que vocês descobriram? –perguntou Rosa.

-Não muita coisa... Mas tio Percy disse que trabalhou no Ministério.

-Sério, Al? –debochou Tiago. –Nossa! Agora você desvendou toda a história, acho que eu nunca descobriria sozinho, agora já sabemos de tudo.

Alvo deu um muxoxo, mas Rosa fez um sinal de impaciência e mandou ele continuar.

-Mas não foi só isso, ele disse que quando Voldemort estava no poder, o Ministério se recusava a... É meio estranho essa parte, mas se bem me lembro, o Ministério não acreditava. Todos os bruxos, inclusive mamãe e os outros tios, sabiam que era verdade. Tio Percy, como estava no Ministério, não ficou do lado de sua família, mas sim, apoiando o trabalho. Então brigou com os tios Weasley e com vovô, e só voltou quando teve certeza de que... Voldemort estava de volta.

-Agora já temos certeza de que Voldemort e Você-Sabe-Quem são a mesma pessoa.

-É o tio Gui contou como ganhou a cicatriz. Foi na última batalha, e ele disse aquilo com a maior naturalidade, e disse que não vira lobisomem por que...

-Por que não era lua cheia quando Fenrir Greyback o atacou. –completou Rosa.

-Mas como você sabe que foi Fenrir Greyback? –perguntou Tiago.

-Acontece que ao contrário de você, eu vou à biblioteca, e como frequento a biblioteca muitas vezes, eu tenho direito a ir a salas que os outros não podem, como por exemplo, a sala de livros que serão jogados fora.

-Hum... Tudo bem, mas o tio Jorge também falou do Voldemort. Começou a chorar quando eu perguntei como foi que o irmão dele morreu.

-Ah, por que será? –perguntou Alvo. –Você com essa sua sutileza... E você Rosa, o que descobriu?

-Eu? Bem, que tia Fleur é um veela, e que o Louis também... É por isso que ele vive doente.

-Só isso?

-É.

-E o que tem isso a ver com Bob Rondres?

-Nada agora, mas pode ter um dia, não é...

-Um dia? Ah, claro! Vai ver Bob Rondres também é veela! Ele joga charme pra cima das pessoas e as mata!

-Muito engraçado! Mas vamos ver, Bob Rondres quer tomar o lugar de Voldemort, o que significa que ele é da época dos nossos pais, ele deve ter uns...

-Como assim “ele é da época dos nossos pais”? Como chegou a essa conclusão?

Rosa deu mais um muxoxo. Alvo já estava acostumado com as perguntas que Tiago fazia e que ela sempre tinha uma reposta.

-Por que se ele quer tomar o lugar dele, é por que ele deve saber tudo sobre ele, e então tem que ter o conhecido, já que não tem nada sobre ele em lugar nenhum... –disse Rosa, num tom de voz de quem diz que um mais um são dois.

Tiago demorou um tempo, mas depois fez um “ah”.

-Como eu dizendo, -continuou Rosa. -ele deve ter no mínimo uns... Trinta e poucos anos...  Pode ter lutado na Última Batalha, mas... É, pode ser... Mas temos que descobrir o que o Rondres quer em Hogwarts e o que ele fez para ficar foragido...

-Com certeza ele matou alguém. Ninguém é mandado para Azkaban por fazer coisas boas, ele deve ter matado, sim... Mas por quê? Qual é o objetivo de Bob Rondres?

-Talvez alguma coisa que... Bem, provavelmente alguma coisa que o ajudaria a ter poder... –disse         Rosa pensativa.

-É, mas pode ser qualquer coisa... Um livro com todas as magias, talvez? –arriscou Alvo.

-Se ele quisesse saber de todas as magias, ele ia para uma escola. –retrucou Tiago.

-Hum... Bob Rondres... Quem é esse? –perguntou uma vozinha.

Eles se viraram. Hugo e Lilí estavam parados a frente deles, com a cara que faziam quando iam aprontar.

-E então quem é esse Bob Rondres? –repetiu Hugo.

-Não é ninguém! –disse Rosa depressa. –Por que não voltam a brincar lá?

-Por que queremos saber quem é Bob Rondres. –respondeu Lilí.

Alvo, Rosa e Tiago trocaram olhares.

-Ele é só um cara lá da escola, Lilí... –mentiu Alvo.

-Hum... Então está bem, já que não querem nos contar a verdade, acho que vamos perguntar a mamãe e papai.

-NÃO! –exclamaram os três em uníssono.

-Então nos contem...

-Não dá, é segredo! –disse Alvo.

-Então vamos contar aos nossos pais!

-Ah, deixa para lá, o que vocês querem para ficar de boca fechada? –perguntou Rosa.

Hugo e Lilí se olharam rindo. Depois Hugo falou:

-Quero sua máquina fotográfica.

-Feito.

Eles continuaram a seguir pelo túnel. Atravessaram o jardinzinho e a cozinha. Subiram as escadas da casa e se depararam em um corredor. Rosa entrou na quarta porta onde se lia “Rosa”. Hugo, Lilí Alvo e Tiago também entraram junto. Era o quarto de Rosa. Era extremamente organizado. Tinha uma enorme estante cheia de livros. Rosa abriu um armário e tirou de dentro uma máquina e entregou-a ao irmão que sorriu e foi embora. Rosa sentou-se na cama e fez sinal para Tiago e Alvo sentarem também.

-Tudo bem, Lilí, - disse Tiago à irmã. –já pode ir, já demos a máquina.

-Hugo tem a máquina, já eu...

-Você vai sair daqui agora! –disse Tiago apontando a porta

-Tudo bem, eu estou precisando bater um papinho com papai e mamãe.

-NÃO! –gritou Rosa. –O que você quer?

-Não quer nada! –disse Tiago. -Pode ir andando!

-Certo, vou andando direto para a mamãe! –disse Lilí, sorrindo para o irmão.

-Não, não vai! –respondeu Tiago.

-Se não me der o que eu quero, eu vou! –retorquiu a ruivinha, de braços cruzados.

-Sua chantagista! –disse Tiago.

-Deixa, Tiago, -disse Rosa. -o que você quer?

Lilí andou pelo quarto e parou bem a frente de uma prateleira de bonecas.

-Essa daqui é bem bonita... –disse apontando para a do meio.

Rosa deu um longo suspiro e foi até a prateleira. Pegou a boneca e a deu a Lilí, que a pegou e já ia sair.

-Não, Lilí. –disse Tiago, num tom severo. –Devolva.

-Não! –gritou Lilí, agarrando a boneca.

-Devolve a boneca agora, -disse Tiago, tentando arrancar a boneca das mãos da irmã, mas esta começara a correr pelo quarto.

-Você já tem um monte delas! –disse Alvo.

-Mas nenhuma igual a essa!

Tiago e Lilí ficaram um bom tempo correndo feito cão e gato no quarto de Rosa. Tiago era a pessoa mais rápida que Alvo já vira, mas Lilí estava dando um baile no irmão mais velho.

-Luna não iria gostar nada disso... –disse Tiago, ofegante. –Ela iria ficar muito triste...

-Você acha mesmo? –perguntou Lilí, parando de correr.

-Eu não acho, eu tenho certeza! –disse Tiago. - Isso é chantagem, Lilí. Não é coisa que se faça...

Lilí olhou para a boneca.

-Mas e se ele não souber?

-Eu farei questão de contar! –disse Tiago.

-Irmãozinho, não... –choramingou Lilí,

-Desculpe, mas se você quer a boneca... Terei de contar... –disse ele.

-Mas então a minha madrinha ficaria brava comigo... –disse Lilí, olhando para a porta, como se esperasse que a qualquer momento Luna chegasse e visse ela com a boneca.

-Ah, com certeza...

Lilí olhou novamente para a boneca e deu um longo suspiro.

-Toma... –disse entregando de volta a Rosa e saindo do quarto.

-Acha que ela vai contar? –perguntou Rosa, devolvendo a boneca à prateleira.

-Duvido. –respondeu Tiago. –Quando se trata da Luna, a Lilí faz tudo o que for preciso. Não sei por que, a Luna nem...

-A Luna é diferente, só isso... Mas mamãe disse que quando ela era mais jovem era bem pior, agora ela está que é outra pessoa... Mas é claro, não perdeu a mania daquelas suas criaturas estranhas...

-Mas a Alice é em dobro.

-Como assim?

-Bem ela é bem parecida com os pais. O rosto do Neville, os cabelos da Luna, porém mais escuros... O ruim é que ela vive falando ou de plantas ou de criaturas... Ela é a estrela das aulas de Herbologia e Trato das Criaturas Mágicas, melhor que você, Rosa...

-E daí? –disse Rosa, com um quê de irritação na voz. –Não estou competindo com ninguém!

Alvo teve certeza de que ela mesmo não se convencera disso.

-Então para que vive estudando?

-Para eu ter um futuro, Tiago, ou você acha que isso se resolve num piscar de olhos?

-Veja bem, eu não estudo nem metade do que você, e no futuro serei rico, milionário! –disse o garoto, com os olhos brilhando.

-Ah, tá! –riu Rosa. –Hum... Deixa eu ver se entendi... Então você quer dizer que acha que um dia vai ser o Ministro da Magia?

-Não me rebaixaria a tanto! –disse Tiago, como se ser Ministro da Magia fosse a pior coisa que alguém pudesse ser. - É claro que serei...

-Um bruxo muito famoso! –completou Gina que vinha chegando acompanhada de Hermione. –Talvez um ótimo jogador de Quadribol!

-É, talvez... –disse Tiago pensativo. –Mas vou ser um Auror, igual ao papai...

-Um o quê? –exclamou Gina. –Auror? Mas nem pensar! Tiago, filho... É um emprego muito perigoso! Não quero você metido com essas coisas!

-Mas o papai é! –protestou Tiago.

-Mas eu não sou a mãe do seu pai, sou sua, e digo você não será um Auror!

-Claro que vou! –retrucou Tiago.

-Não, não vai! –disse Gina. - Enquanto eu estiver aqui para impedir!

-Que mal tem em ser Auror?

-Que mal tem? Só tem o mal nessa profissão! Não, não... Por que você não faz o teste para algum time, hein? É um ótimo jogador...

-Sei que sou, -disse Tiago, convencido. - mas eu vou ser Auror...

Gina deu um muxoxo e desistiu de tentar convencer o filho.

-E você, Rosa? –perguntou Hermione a filha.

-Não sei ainda... –respondeu a menina sentando-se na cama. –Quero dizer, são muitas opções e qualquer decisão errada pode influenciar e me levar a um futuro que não quero, por isso acho melhor pensar bem antes... Mas confesso que já pensei em dar aulas, é claro... Passar o meu conhecimento a diante, seria algo realmente proveitoso, não só para mim...

-Bem, é ótimo que você pense assim, Rosa, mas por que não pensa em um cargo no Ministério? Seria um grande passo para ficar conhecida... –disse Hermione.

-Talvez, mas o Ministério me parece tão... Hum... Não sei dizer, mas acho que não é assim que queria ficar conhecida, sabe... Há ainda outros meios...

-Acho que também vou querer ser Auror, deve ser bem legal... –disse Alvo.

-Legal? –perguntou Tiago incrédulo. –Cara, é brilhante! Lutar com os bruxos das Trevas... Hum, que foi mãe?

 Gina agora olhava feio para ele.

-Vou continuar sendo Auror, a senhora queira ou não! Papai vai me apoiar tenho certeza! –disse Tiago.

Mas Gina continuou o encarando.

-Tem que cortar os cabelos, sabia? –disse.

-Onde está escrito? –perguntou Tiago distraído.

-Eu estou dizendo. –respondeu Gina. –Você fica parecendo uma menina assim!

-Na verdade, Gina, querida, -disse Harry que acabar de entrar no quarto junto com Rony. –Lembro perfeitamente de você dizer ao Gui que os cabelos dele eram bem descolados.

-Eu? Quando?

-Quando era criança ainda.

-Exatamente, quando era criança, -respondeu Gina- Como é que ele vai arranjar um emprego assim?

-Ele só tem treze anos, Gina...

-Certo, então... Mas aposto que você não consegue nem ver com esses cabelos nos olhos, não te dá calor, hein?

-São menores que os seus! –respondeu Tiago.

-Mas você é menino, Tiago! –exclamou Gina. –Aposto que zombam muito de você com esses cabelos femininos, na escola...

-Ninguém se atreve a rir de mim. –disse Tiago, com o peito estufado.

-Mas está esquisito, Tiago! Seu cabelo é ondulado, ficaria tão bonito se cortasse!

-Deixa ele, Gina... –disse Harry. –É o que os meninos estão usando agora.

-Cabelo de menina?

 Todos riram.