Vegas Girl escrita por AdeBieber


Capítulo 5
Capítulo 5




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*

O temperamento de Maisy estava aos pulos, fazendo com que a rapariga andasse de um lado para o outro no quarto. O relógio estava prestes a dar as 14h, e a mesma sabia que estava na hora de se encontrar com o tal de "Justin" . Estava nervosa em saber que em menos de meia hora teria que dar a resposta que a mais afectava. Sentia-se suja só no pensamento de se ver a deitar na cama com alguém para ganhar dinheiro. Sentia-se uma vadia e não tinha feito nada ainda. Ou tinha... 

Acreditou no que Justin disse na noite anterior e considerava-se agora uma vadia só ao dançar no bar.
Levou a mão à sua testa de tão confusa que estava, mas infelizmente não havia volta a dar. Não iria voltar a trás com a sua resposta e ia mesmo oferecer-se àquele homem para que a mãe pudesse sobreviver. 
Faria tudo por ela. Tudo para a ter ao seu lado durante longos anos. Rose sempre fora o ombro em que Maisy chorava, sempre a ajudou quando ela mais precisava. Era mesmo uma mãe empenhada. Maisy não podia deixar algo tão precioso escapar das mãos dela.

Um apito no seu relógio de pulso indicou as 14h05, e Maisy pegou na sua bolsa que estava em cima da cama. Rose tivera saído para poder vender alguns bordados que fazia, ainda que eles não dessem lucro o suficiente. Era mais uma razão porque Maisy queria ajudar a mãe, sentia-se sem uso ao saber que não podia fazer nada para ganhar dinheiro.
Fechando a porta de casa à chave, Maisy começou a andar até à esquina onde estivera ontem com Justin. E o seu coração batia cada vez mais fortemente ao pensar naquele homem.

*

Justin olhava para as poucas pessoas que passavam na rua enquanto esperava por Maisy. Era esse o nome da "menina" - pensou Justin sorrindo maliciosamente. 
Olhou para o seu relógio e percebeu que não tarda , Maisy estaria a chegar. Tinha pensado bem no que estava a fazer, era uma menor que ia para a cama com ele, isto é, se ela aceitasse a proposta. Realmente, não tinha considerado a hipótese de ela recusar até porque na sua mente, todos lhe obedeciam. Não sabia mesmo o que ia fazer se a rapariga o rejeitasse, seria humilhante para ele. Contudo, não iria obrigá-la a fazer algo que não queria, mas se ela aceitasse a proposta , então porque não aproveitar um pouco da sua inocência? Era um expert em seduzir mulheres, era uma das suas várias qualidades, e se Maisy dissesse "não" ele poderia muito bem seduzi-la. As raparigas mais novas eram as mais fáceis para ele. Tinha o seu jogo bem estruturado. 
Enfim, era um homem bastante inteligente.

Às vezes considerava o que ainda ia fazer ao visitar o bar. As mesmas mulheres, a mesma noite, a mesma dança. O mesmo ritual. Não se queixara, até há pouco tempo no entanto. Já tinha ido para a cama com Ashley e Tiffany, as mulheres mais desejadas daquele bar. Mas cansou-se pouco tempo depois. Os truques de sedução delas eram os mesmos, a noite era sempre a mesma. Queria algo diferente. Melhor... alguém diferente. E tinha encontrado essa pessoa mesmo na noite anterior.

Distraído pelas suas próprias fetiches, não reparou que alguém havia tocado no seu ombro. Olhou de repente para a sua frente e sorriu sem pudor.

- Pensei que não ias responder. - Maisy disse, sem expressão qualquer na cara. Estava contrariada com a sua decisão- pensou imediatamente Justin. Isso era uma ótima notícia.

- Estava distraído, desculpa. - sorriu, desviando-se um pouco da parede onde estava encostado. Tirou um momento para olhar para Maisy. Usava jeans azuis escuras, e uma camisola que parecia ser bastante velha. Porém, tinha que congratular a pessoa que a tinha feito. Fazia assentar na perfeição os seios de Maisy, os quais percorreu o seu olhar faminto. Percorreu-lhe o olhar pelo pescoço, notando um fio de ouro com um pequeno coração em torno do mesmo, e finalmente olhou para ela.

- Pois. - Maisy cobriu-se com o casaco que usava, percebendo para onde Justin olhava com tanta precisão. 

- Já tens a resposta? - perguntou Justin, para se livrar do ambiente tenso em que os dois se encontravam. Maisy assentiu , puxando uma mecha de cabelo para trás da orelha.

- Sim. - respondeu, quase engolindo a sua própria palavra do quão nervosa que estava - decidi em... aceitar a "proposta"que me fizeste. - a garota sussurrou a última parte, com vergonha. A rosto de Justin iluminou-se de repente, e o mesmo não pode deixar de sorrir descaradamente.

- Fico feliz por teres aceitado. - respondeu com charme. Maisy revirou os olhos , olhando com um certo ódio para ele.

- Isso faz um de nós que está feliz. – retorquiu Maisy, tendo vontade de cobrir a sua cara.

- Bem…não irás dizer o mesmo depois desta noite . 

- Desta noite? – indagou Maisy, confusa.

- Sim. – disse Justin naturalmente - Esta noite levo-te para minha casa. - a sua cara de felicidade era bastante óbvia o que deixou Maisy agoniada pelo que acabara de fazer consigo própria. 

- Pensei que fosse noutro dia. - respondeu roendo a unha com nervosismo. Justin apercebeu-se da sua “vontade” de querer estar com ele, rindo-se .

- Pois, mas não queres despachar o trabalho? – perguntou o mesmo, fazendo ênfase na última parte para que Maisy se sentisse suja. Dando-lhe um olhar nojento, Maisy abanou a cabeça em negação.

- Está bem. – disse em seguida- Logo à noite depois de eu dançar, vamos. - murmurou sem motivação alguma. Justin explorou o seu olhar ao pormenor para que pudesse decifrar o que vinha na mente de Maisy. Mas falhou descaradamente. 

- Eu vou-me embora. - Maisy avisou, olhando para o chão – Não tenho mais nada a fazer aqui. - retornando ao seu passo, virou costas a Justin, deixando o mesmo sozinho encostado à parede, e surpreendido.
Afinal de contas, ela não vai ser fácil – murmurou para o chão, pegando num cigarro do bolso.


*

-Onde fostes? – uma Rose muito preocupada levantou-se da cadeira da cozinha, deixando Maisy com mais uma dor de cabeça.

- Fui dar um passeio – respondeu, tirando água do frigorífico. Rose pousou os seus bordados em cima da mesa, e olhou para Maisy séria à espera de uma reação da filha. 

- Que é? - perguntou Maisy, pousando o copo de água agora vazio em cima da mesa. Rose permaneceu calada, porém não convicta da resposta da filha.

- Mãe… - Maisy bufou, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado de Rose – estou a falar a verdade. Fui dar uma volta pela rua para apanhar ar. - sorriu amavelmente para a mãe para que a mesma acreditasse em si.

- Está bem… - Rose falou por fim, voltando aos seus bordados - Foi bom o teu passeio? – perguntou, mirando Maisy que por sua vez olhava para os bordados da mãe.

-Sim- disse Maisy simplesmente. Observou Rose a bordar e de repente a saudade de bordar veio-lhe à mente. Pegou numa agulha e em linho e olhou para a mãe de seguida.

- Posso? 

- À vontade. – respondeu Rose, sorrindo. Maisy puxou a cadeira para mais perto da mãe, e pegou na agulha que estranhamente não lhe assentava nas mãos. Já não bordava desde os onze anos , e agora era difícil pegar numa agulha e sentir-se a bordar à vontade como dantes. Rose ensinara –lhe tudo o que pôde com a culpa de Maisy não poder ter tido uma vida normal, com amigos e escola.

- Mãe? – Maisy olhou de repente para Rose, vindo-lhe um pensamento à cabeça.

- Sim querida? – Rose falou, continuando a bordar sossegadamente. Maisy estava indecisa sobre falar ou não, mas tomou a coragem, parando de bordar. 

- Já alguma vez pensaste onde o pai pode estar? - disse quase como um sussurro, temendo a reação de Rose. Olhando para a mãe, percebeu que esta havia pousado o bordado em cima da mesa, e que agora encarava a mesma com seriedade. 

- Não, nem prefiro saber Maisy. - admitiu, quase bufando. Maisy consentiu a resposta da mãe, e voltou-se de novo para o seu bordado pronta para não falar mais sobre o assunto.

- Porque perguntas? – a voz tremenda de Rose perguntou. 

- Só por curiosidade. - mentiu Maisy. A verdade era que sentia saudade de ter um pai ao seu lado que a abraçasse. Mas como se pode ter saudade de algo que nunca vimos? – Maisy dizia sempre para si própria. Apesar de nunca ter falado com Rose sobre o assunto, Maisy gostava de sentir a sensação de ter uma família normal, constituída por um pai e uma mãe. Contudo, sentia-se maluca ao pensar em tal coisa. Sabia que o pai não se tinha interessado um mínimo por ela, e que se ele tivesse casado com a mãe e criado uma filha, as coisas não estariam famosas. Provavelmente Maisy teria que assistir a discussões todos os dias entre os pais, e isso não queria. Mas também não queria viver só com a mãe. Rose certamente era uma boa mãe, até assumia papel de mãe e pai ao mesmo tempo e Maisy não se queixava nem um pouco que fosse, mas sempre fora difícil viver com dificuldades. 
Arrumando o seu bordado numa saca que permanecia ao lado da mãe, Maisy levantou-se da cadeira e decidiu ir para o quarto. 

- Já te cansaste ? – Maisy virou-se para Rose, que se encontrava espantada.

- Sim. – sorriu – vou para o quarto . - saiu da cozinha, sem expressões no rosto e entrou no quarto. Para se esquecer do passado decidiu colocar-se em frente do espelho e dançar mais uma vez. Talvez fosse a sua única salvação enquanto não tinha nada para fazer.
Enquanto se movia em frente do espelho começou a pensar no que iria acontecer depois de acabar de dançar nesta noite no clube.
Sentia-se tão insegura consigo e com o que iria fazer, apetecia voltar atrás pela 100º vez com a decisão mas tinha medo do que Justin lhe poderia fazer se ela recusasse. Após um longo tempo a dançar, foi tomar banho e vestir uma roupa interior que pudesse ser atraente aos olhos de Justin. Mas infelizmente, não havia nenhuma. Revirou as gavetas à procura de algo que pudesse ser “sexy”, e por fim encontrou um par de cueca pretas, e pegou num sutiã preto a combinar. Foi o melhor que pôde arranjar, apesar de nem ter vontade de se arranjar para alguém. 
Ao estar completamente vestida, notou que era hora do jantar. Estava sem apetite, todavia teria que arranjar uma desculpa para que não jantasse em casa. Uma mãe como Rose era severa quanto à alimentação de Maisy, o que fazia com ela se sentisse como uma criança por vezes. Além do mais, Maisy iria mais cedo para o clube a fim de se preparar melhor mentalmente para o que iria acontecer.
- Mãe, vou trabalhar. – Maisy avisou encostada à ombreira da porta da cozinha - Não sei a que horas chego. - virou-se para a porta de saída, mas fui detida para Rose.

- Primeiro vais jantar Maisy! - Rose ordenou para que Maisy se sentasse na mesa. Por sua vez, Maisy bufou.

- Não posso. Hoje a padaria vai precisar de mim cedo. - explicou Maisy, apontando para a porta de saída – e sinceramente não sei a que horas volto .

- Maisy… - Rose colocou a mão sobre a cintura, enervada. Maisy soltou um “desculpa” rápido, e deu um beijo na testa da mãe. 

- Fica bem. - sorriu para a mesma, saindo da porta e deixando Rose parada e atónita .

Maisy sentia vontade de chorar. Ia fazer algo horrível, desumano na mente dela. Ia vender-se por dinheiro, e não podia fazer mais nada senão continuar com o trabalho. Havia guardado o dinheiro da noite anterior na mesinha de cabeceira e esperava que não desse curiosidade a Rose de ir vasculhar o seu quarto. Não podia sequer imaginar ter que explicar à mãe como ganhou apenas duzentos dólares numa noite pois com certeza que as padarias não pagavam essa quantia, e apenas numa noite.
Metendo as mãos no bolso do casaco de malha que usava, Maisy olhou de relance para um casal que passava com a filha bebé. Pareciam viver bem, e pior que isso pareciam viver felizes. Não conseguiu deixar de sentir inveja daquela menina pequena que eventualmente iria crescer e começar a revoltar-se contra os pais. Se ela soubesse que eles vão-lhe fazer tanta falta não faria o mesmo. Olhando de novo para a frente, Maisy deu passos apressados para que pudesse chegar ao bar viva. Ainda não confiava nas ruas de Las Vegas, nem um pouco.
Vendo o lugar em letras brilhantes e atrativas, Maisy empurrou a porta de entrada e entrou no clube. A diferença de temperatura lá dentro, e na rua forneceu-lhe um arrepio na espinha, o qual a faz tremer de repente. Andando pela multidão de sempre, tentou ser o mais educada possível murmurando um “com licença” mas nem assim seria dada resistência por parte dos homens. Então, apenas empurrou-os sem pensar nas pragas que eles iam soltar. Reparando na porta rosa que a iria levar ao camarim, Maisy apressou-se mais a andar, e ouviu de repente assobios da multidão que se encontrava sentada nas suas respectivas mesas. Percebeu o que se estava a passar quando reparou em duas strippers a dançarem sedutoramente para o público, e desvendou que as duas strippers eram respetivamente Stephanie e Gracie. Não era surpresa nenhuma para Maisy os assobios por parte dos homens. Gracie era de certeza a rapariga mais atraente e mais bonita do clube. Aliás, não se comparava a Stephanie, apesar de a moça ser bonita. 
Puxou a porta para poder entrar no camarim, mas uma mão sobre a sua congelou-a das suas ações.

- Olá Maisy. – a voz rouca contra o seu ouvido permitiu-a saber quem era o homem que a havia parado. Maisy afastou-se de Justin, intrigada pela sua aparência.

- Olá. – respondeu, seca. Justin sorriu pressentindo que Maisy não tinha qualquer vontade em meter conversa.

- Estou ansioso para que a tua noite de trabalho acabe, sabes. –sussurrou, encostando-se ao seu corpo de novo. Maisy engoliu lentamente a saliva que tinha na boca, arrepiada com as palavras de Justin. 

- Pois. - murmurou, sem qualquer outra resposta que lhe pudesse vir à mente. Maisy pressentiu que Justin estava a dar o seu melhor para tentar ser charmoso com ela, mas a sua indiferença a ele fê-lo ficar sério.

- Não posso esperar para te fazer gritar o meu nome vadia. – Justin sorriu ironicamente contra os lábios de Maisy. A expressão do mesmo rapidamente se desfez em um olhar de desprezo.

- Como podes ser capaz de fazer algo tão cruel? – Maisy alertou Justin, desta vez ignorando a proximidade entre os dois. Justin encolheu os ombros, sem interesse qualquer nas palavras de Maisy – não te dá remorsos o que tu obrigas as raparigas a fazer? - Maisy literalmente cuspiu as palavras na cara do rapaz.

- Por favor – interviu Justin, ainda encostado contra a cara de Maisy - eu proponho, elas aceitam. Não preciso de sentir remorsos - sorriu. 

- Tu propões sabendo que elas não têm alternativa senão aceitar. – Maisy retorquiu, sentindo que a conversa entre os dois estava a ser virada para a situação dela. 

- Elas podem recusar se quiserem. - Justin repostou, olhando nos olhos de Maisy. Sabendo que poderia morrer só em dizer o que estava pensar, Maisy não hesitou.

- E se eu recusar? - indagou, cruzando os braços. Justin rapidamente amarrou nos seus ombros claramente frustrado.

- Perdes mil dólares querida. - vitoriosamente sorriu. Maisy resmungou, afastando-o de si. Sabia que a batalha entre eles os dois tinha terminado com a resposta de Justin. 
Abriu a porta para entrar no camarim, mas a mesma foi fechada pelas duas mãos de Justin que agora a encurralavam. 
- Custa ouvir as verdades. - Justin provocou-a, sussurrando-lhe no ouvido. Apenas teve tempo de empurra-lo, e finalmente disse, abrindo a porta.

- Não. – respondeu simplesmente encarando Justin por completo – custa saber que precisas de raparigas inocentes para te satisfazerem. – e com as últimas palavras Maisy fechou a porta na cara de um Justin irritado.

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