Capítulo vinte e sete

Descobertas em plena madrugada

“Que o amor seja a melhor forma de começar e terminar o dia.”

(Autor desconhecido)

A colação acabou com o fofão e Ally sendo considerados os melhores alunos da escola. Robertha ficou em segundo e quase se descabelou, tudo isso por causa da surra que tinha dado no namorado. No discurso falaram sobre Cold e suas faltas por causa da bebedeira, Charlotte e suas danças sensuais, Anne e o boato de que fazia magia negra e os três novatos.

Ethan já sabia sobre ir a Harvard fazer administração, e como era bom em corrida ganhou a bolsa internacional, e trabalhar na firma deBoston. Acho que ter um ás do atletismo seria bom para a faculdade. Já a morena teve sorte de ter um pai bilionário.

— Parabéns tesourinho da mamãe, agora só falta comprar a passagem para visitar a universidade! — exclamou enquanto a beijava várias vezes.

Nada do que tentar recuperar o tempo perdido.

— Vamos quando? — questionou.

— Nessa segunda. Ficaremos até quarta para você conhecer os lugares ao redor. Não acredito que a minha menina já vai fazer medicina. — com animação, os olhos já cheio de lágrimas.

— Não chore. — disse com preocupação enquanto afagava seus cabelos.

— É que eu não me conformo de ter perdido tantos anos ao seu lado por causa de uma mentira. — confessou.

— O que importa é que estamos unidas novamente. — sussurrou enquanto a abraçava.

— Meu anjo, está tão diferente, mais alegre, animada, iluminada. — comentou o pai de repente.

— Culpe meus amigos e vocês, claro. Por não terem desistido de mim. — falou enquanto apontava para os cincos que estavam do outro lado.

— Então podemos ir ao shopping e comprar roupas mais vivas? Tem tanto preto lá que parece um velório.

— Não exagere mãe, eu tenho algumas coloridas sim. — respondeu.

— Mas não faz mal trocar o visual de vez em quando. E ainda fica fazendo aqueles shows com a peruca? — rebateu.

— Às vezes. Prefiro não ir as comprar por enquanto. — constrangida.

— Márcia, por favor, não a pressione a mudar tão radicalmente. O importante é que ela está diferente. — reprovou o moreno.

— Mas marido... — foi interrompida.

— Mas nada, agora vamos que eles querem arrumar o salão para o baile. — finalizou quando viu que todos estavam saindo.

James, Ethan e Max logo chegaram neles e foram jantar com eles. Comeram sushi em casa, pois dificilmente sujaria as roupas. Pareciam esfomeados e quando passou uma hora foram em direção a escola, mas não antes da Evans pegar um embrulho.

☮

O local estava divino, digno de uma festa. Mesmo que Anne tinha visto um pouco quando estava na equipe ficou surpresa por ficar tão bonito com a iluminação presente no local.

O palco tinha uma capa de glitter o cobrindo e um cartaz escrito “E a rainha e rei são...” e duas coroas dentro de um local com vidro. Estava bem protegido para o momento. A votação foi feito no último mês do ensino médio e foi bem comentado no blog do colégio.

Ashley, Ally, Charlotte e Penélope estavam competindo. O que já era de se esperar. E Robertha deu um chilique por receber apenas cinco votos e nem poder entrar na lista, que provavelmente eram da morena, Alex, James e de outros dois perdidos.

— E-eu contei para o Alex. — comentou a fuinha, água correndo por sua face.

— E o que ele disse? — estava preocupada com a nova amiga.

— Que vai assumir o filho e pareceu feliz com a notícia. — respondeu.

— E por que está chorando então sua desmiolada? Quer me deixar assustada é? — esbravejou.

— É que ele me pediu em casamento, e eu aceitei! — gritou, sorte que a música estava alta.

— E cadê o anel? — questionou.

—  Ele fez o pedido pelo que contei e do momento, mas compraremos logo. —  a felicidade estampada no rosto.

—  Faça o favor de não marcar no mesmo dia que o meu, não quero casamento duplo, mas sim exclusividade. — tom de superioridade.

— Pode deixar madame. Combinamos de casar só quando o bebê nascer e tivermos nossa casa.

E foi com esse assunto que se lembrou de algo.

— Tenho algo para perguntar a você Ro. — começou de forma constrangida.

— Ro? Gostei. Mas o que tem para me propor? — perguntou de maneira afoita.

— Sabe que nos conhecemos esse ano e irei para Harvard ano que vem, mas você foi a única que tentou ser minha amiga e eu queria muito que fosse a madrinha do meu casamento. Então... aceita?

— Com toda a certeza, não sabe o quanto estou feliz. E quer ser a do meu? — respondeu, começando a chorar novamente.

— Engole esse choro, estamos comemorando a nossa formatura. E é claro que serei. — consolou.

E isso só fez com que o choro aumentasse.

— Por favor, recomponha-se no banheiro, tenho mais coisa para fazer. — declarou, indo a procura de Cold.

Quando achou estava com Charlotte, pensou se iria ou não, mas decidiu pelo primeiro. Estava no momento de encará-la, mas sabia que seria difícil. Andou a passos lentos até o local, dançando no ritmo da música. Quando a prima virou de costas pegou o bad boy e ele a rodou quando percebeu quem era. Ficaram rindo um para outro e Anne percebeu que a parceira dele a olhava com ódio, raiva e ciúmes.

E ela se perguntou se a de olhos azuis estava começando a amar seu amigo.

— Tenho algo para te mostrar, mas abra apenas em casa. — declarou enquanto ainda rodopiavam coladas pelo local.

James estava na mesa, e como sabia o que a noiva faria a apoiou. Seria bom que Justine assistisse o que aconteceu e lesse algumas mensagens que Char e ela trocaram sobre ele. Eram xingamentos do maior escalão.

— O que seria? — questionou.

— Nada de perguntas e pegue isso aqui. — declarou, estendendo o presente.

— É uma bomba? — brincou.

— Depende da sua reação. — séria.

— Não é agora que vou ter medo. — disse ao pegar o objeto.

Ela então deu um abraço nele e o deixou voltar para a companheira e sentou-se ao lado do ruivo. Nada falaram e então Anne voltou a olhar para a pista de dança. Charlotte estava se esfregando de forma sensual em Cold enquanto ele a segurava por trás. Pareciam estar em sintonia e felizes. E aquilo pareceubizarro para a pequena.

— James, quer dançar? — Questionou.

“Ashley?” Pensou a morena. Então ele foi por causa do puxo que recebeu da garota. Anne ficou magoada por isso, mas nada além disso. Era seu noivo, seu, mas não se casaria por amor.

Notou os dois dançando de forma fofa, como um casal, e seu parceiro estava rindo do que ela fazia. Quando posicionou a cabeça para o outro lado, cansando-se daquela cena, analisou Ethan e Ally. Estavam se beijando, mas de longe percebeu que ele não correspondia tanto quanto ela.

O baque então veio em sua mente, a ficha caiu. A guria era linda, inteligente, popular, legal e parecia estar gostando do de olhos cinzentos. Poderia ficar com ele e o faria feliz, mas não era isso que queria. Percebeu, depois de tanto tempo, que amava aquele gênio. Com a tua sua alma, coração e força.

Desejava-o tanto que o ciúmes que sentia chegava a doer. De todo o modo o perderia, até porque se comprometeria com o James. Isso a destruía, a dilacerava e a fazia querer arrancar o órgão que a fazia nutrir isso por ele. Lutar não adiantaria. Então ele olhou para a sua direção e sorriu. Uma expressão tão intensa e que aprender a se apaixonar, tanto por isso quanto tudo nele.

Perdeu-se tanto nisso que só despertou quando Cold e Charlotte estavam valsando por serem os coroados. Isso era mais que óbvio, entretanto ficou um pouco feliz por não ser seu amado lá.

— O que está fazendo aqui, Anne? — com escarnio.

Não, Bárbara não. Mentalizou.

— Sai daqui! — respondeu.

— Hey, vim em paz. Sei que fiquei te forçando a ficar comigo, mas é que fiquei com pena por te ver sempre solitária e pensei estar afim de você, entretanto estou namorando agora. Queria pedir desculpas por isso. — arrependida.

Então notou uma garota bonita do lado dela e ficou constrangida pelo escândalo que fez.

— Está bem. — compreendeu.

— Acho bom não chegar mais perto dela sua ridícula. — xingou a companheira dela enquanto mostrava os punhos.

— Pode ficar para ti. — sussurrou com receio.

— Eu só amo você. — declarou a outra enquanto a engolia com a boca.

Quando saiu do local ao som de “Thrift Shop” foi barrada por um garota com as maiores bochechas que já vira na vida. Era Saulo.

— Olá macumbeira. — brincou.

— Oi para você também fofão. — rebateu com um sorriso falso.

— Eu queria te propor algo. — começou.

— Não quero nada que venha de ti. — respondeu com raiva.

— Por favor, é que hoje será a nossa noite especial e não temos lugar para onde ir. Será que podemos fazer isso na sua casa? — questionou.

— Tenho cara de motel por acaso? — revidou.

Ao olhar para Feliciana se assustou, ela estava vermelha.

— Pelas vezes que te ajudei nos trabalhos e provas. — implorou.

Realmente, quando era mais novo ele fez com que não rodasse várias vezes.

— Só se lavar o lençol depois. — decretou.

— Faço tudo que desejar Anne, obrigado. — disse e beijou seu rosto.

— Obrigada Evans, sabia que era legal. — respondeu a menina.

— Ah! Quando eu ir mando mensagem. Então passem seus números. — gritou.

Por sorte ouviram e trocaram os telefones. “Até ele se dá bem com quem ama, menos eu”. Com isso na cabeça passou pela multidão até ver Alex com sua parceira de xadrez.

— Onde está o James que não do seu lado? — começou o garoto.

— Dançando com a Ashley. — respondeu dando de ombros.

— Mas não sabe que ela o ama? Disse para todos. — berrou com a boca escancarada a fuinha.

— Isso nunca foi novidade, mas ver a intimidade deles me assustou. — declarou.

— Ele era da minha sala e ouvia uns boatos de que ela o ajudou muitas vezes, tantos nas tarefas quanto no esporte. Teve um dia que ele estava triste e ela foi correndo ajuda-lo. — disse o namorado da Ro.

— O quê? Como eu não percebi isso? — perguntou.

— Talvez estivesse muito ocupada prestando atenção em outra para não notar. — disse a ruiva.

— Tem razão, pensei que apenas Charlotte me traria ameaça. — disse em tom alto por causa do som.

— Há alguém com quem tenho de me preocupar? — perguntou a garota para o companheiro enquanto o abraçava. Automaticamente o outro a enlaçou na cintura.

— Não, eu aprendi a te amar e nada nos separará. — declarou.

Melação não. Pensou.

— Tenham pena de mim, por favor. — gritou quando eles começaram a se beijar.

“Só falta o meu noivo ficar se amassando com aquela faladeira.” Eles não pararam com isso e foi até o jardim, tinha que respirar e não ver casais felizes fazendo juras. Isso era muito para a sua sanidade. Eram 2h15 e só Ethan estava em sua cabeça nesse momento. Ethan, Ethan e Ethan. Não cansava de repetir esse nome e relembrar cenas com ele.

Quando o instante que a ajudou quando estava chorando por causa da foto que viu com sua prima sorriu. E era muito bom para o gato Wonka. Logo alguns passos foram escutados atrás dela, como estava sentada no tronco da árvore nem se importou em levantar.

Mas ao ver um movimento ao seu lado notou que era o homem de seus pensamentos. Ele.

— Precisamos conversar. — a voz dura e rouca ao mesmo tempo.

— Pode falar. — respondeu com dificuldade.

A respiração estava descompassada, o coração martelando, as pernas bambas e nada poderia fazer para parar com esses atos.Não queria dar bandeira.

— Não aqui, em casa. — sussurrou.

— Então quando formos embora você me conta. — rebateu enquanto tentava voltar para o salão.

— Agora, é importante. — foi bruto em sua ação enquanto a pegava pelo pulso.

— Está bem, mas se for alguma gracinha vai se ver comigo. — brigou, mesmo não desejando.

— Acha que tenho medo de uma criança? — brincou enquanto levantava as sobrancelhas.

— É melhor ter. — revidou, quase rindo.

Então quando estavam voltando para a festa viram Cold e Charlotte se beijando, e parecia ser um daqueles que transmitiam. Anne ficou estática e assustada, ver seu amigo com ela era no mínimo aterrorizante. O gênio a abraçou pela cintura com o intuito de acalmá-la, mas com algo em sua mente.

— Ethan, vou mandar uma mensagem para o fofão, quer dizer, Saulo. Ele vai embora com nós. — comentou.

“Estamos indo, vamos os esperar na porta da frente do colégio”. — Anne

Então ele logo respondeu dizendo que logo estaria lá, aproveitou para enviar para James e Max, e os dois escreveram que ficariam no baile. Então quando o casal chegou, e o Zacky parou na frente deles, foram para a mansão.

— Aqui é onde ficarão, aproveitem. — disse quando abriu a porta do quarto de hóspedes.

Os dois então foram direto para o local e dava já de ouvir alguns barulhos. Pareciam coelhos na opinião dela. E ela sabia que perder a virgindade era dolorido, e só.

— O que queria falar comigo? — questionou quando o viu com um pé escorado na parede da sala.

— Amor é lindo, mas tão sofrido. Não concorda? — começou.

— Depende o ponto de vista. Mas por que vir com esse papo? — estava irritada.

Parecia que estava brincando com a sua cara. Fazendo de propósito para ferir seus sentimentos e que já sabia o que nutria.

— Me sinto tão arrependido. — declarou de repente.

— Do quê? — perguntas, nenhuma resposta.

— James. — balbuciou.

— O que tem ele? Ele vai fugir com a Ashley? Fala logo o que quer! — exclamou.

— Quero dançar contigo, que nem como fez com Cold. — confessou.

Isso foi no mínimo estranho.

— Pirou? — a expressão horrorizada.

Nada disse e simplesmente a pegou pela cintura para depois a rodopiar. Como seu vestido era solto o movimento ficava mais belo. Eles se olhavam a cada segundo e pareciam conectados. A música, o ambiente, nada importava. Quando ficou distraída ele a grudou na parede e ficou a mirando de forma penetrante.

— Por que sempre me olha assim? Foi tão rude comigo ontem por qual motivo? — tantas dúvidas.

Seu peito estava batendo a mil, a boca seca. E ela se questionava pela milésima como pode se apaixonar por alguém tão proibido. Queria simplesmente gostar do James e se casar com ele, como uma pessoa normal.

Mas não, tinha que contrariar.

— Está certa, estou mais que louco. — respondeu simplesmente.

“Como ele...” Seu pensamento foi interrompido por uma boca colando a sua, o que a fez fechar os olhos. Sabia quem teve esse ato de atrevimento. Mas gostou. Por céus! Adorou.

Pensou ser apenas um selinho, como da última vez. Mas quando abriu os lábios por causa da surpresa, ele a invadiu com sua língua. E com toda a certeza era magnifico, como só um ser mágico poderia proporcionar. Ele apertou sua cintura com desespero. Foi intenso, quente. Tanto que ela ficou medo de não lembrar mais seu nome e apenas apertou o cabelo macio do moreno com força.

Ele gemeu com essa ação, já a garota deu um suspiro. Parecia não ter fim, e também não queria. Quando o ar se fez necessário tiveram que se afastar.

— Ah Anne! Você me provoca tanto, não sabe o quanto. — confessou quase sem folego enquanto distribuía beijos por seu pescoço.

— É... — foi cortado.

— Me ouve primeiro, por favor. Fiz o que não tive coragem naquele dia no seu quarto, estava tão sensível que achei errado. Parecia que ia cometer um pecado. E realmente trai meu amigo. Não sei se estou errado, entretanto foi por amor. Foi sim. Por te amar Evans, tanto. — comentou, parecia nervoso.

A morena ficou paralisada no primeiro instante. Não assimilou as palavras de imediato. Lágrimas começaram a correr por sua face. Uma por uma. E ao perceber o quão importante é o que foi dito mirou o jovem. Ele parecia triste e até arrependido, porém ela sorriu para consolá-lo.

— Eu... — interrompida.

— Não responda nada, apenas depois que souber de tudo. Mas tenho um pedido: durma comigo? E não faça isso, odeio ver mulher chorando. — questionou.

— O quê? Eu não vou perder minha virgindade agora. — assustada.

— Sei disso, apenas vamos nos deitar, prometo. — declarou aos risos.

— Só se jurar que não fará nada.

— Está bem. — finalizou.

Foram para o quarto dela e na cama ficaram lado a lado, ele a abraçou por trás e ficou beijando seu cabelo de forma carinhoso.

— Eu te ani, incondicionalmente. — disse novamente o gênio.

— Te...— eu ia dizer, juro que ia, mas ele me cortou.

— Tenha uma boa noite criança. — cortou-a.

— Não me chame assim. — berrou.

Não queria saber o que ela ia dizer, apenas depois do que contar. Sem nada a esconder. Então saberá depois se o quer ou correr o risco de perde-la. Se ela o amar, até porque poderia estar apaixonada pelo Cold ou James. Com isso em mente, e segurando-se para não chorar, adormeceu.